segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ruas às ESCURAS

Não sei se é só na minha zona mas desconfio que não é e que outras por este país a fora também ficam ÀS ESCURAS durante a noite toda.

Mais alguém tem presenciado que a sua rua tem as luzes DESLIGADAS durante a noite por dias seguidos?
Desconfio que alguém anda a tentar economizar na conta da luz à custa da SEGURANÇA dos cidadãos. É para compensar os gastos nas iluminações natalícias? Não gastassem!

Prefiro ter a rua sempre iluminada durante a noite. É que se acontecer algum acidente eu vou mesmo enviar a conta para a EDP.
Vejo os automobilistas atrapalhadíssimos a tentar entrar dentro de um parque de estacionamento e fazer as necessárias manobras sem dispor de nenhuma luz a não se as dos faróis. E se algum malandro aproveitando a obscuridade decide fazer uma espera a esse motorista e o assaltar? Podendo mesmo matar? Não dá para ver nada! Seria outro homicídio misterioso, facilitado pela ausência de luz electrica nas ruas.

Amanhã já vou querer saber o que se passa. E vocês? Têm notado "apagões estratégicos"?

domingo, 29 de dezembro de 2013

Suspeita atrás da orelha

Uma vez uma pessoa sentiu-se mal num transporte público e escutando o seu grito de ajuda fui acudi-la. A pessoa havia caído por um desfalecimento súbito mas depressa recuperou a normalidade. Porém o motorista ligou de quase de imediato para o 112. Surgiu uma ambulância e com ela vieram dois polícias. A pessoa foi auxiliada a sair da viatura para entrar na ambulância, relutante que estava, mais pela vergonha e embaraço da situação que outra coisa qualquer. Aparentemente já estava recuperada. Falava bem e articuladamente. Cheguei a pensar para mim mesma que conseguia articular os raciocínios melhor do que eu, mesmo tendo acabado de sofrer de um mal estar súbito.

Enquanto o inem não chegou, fui acalmando-a, sossegando-a para que não se incomodasse com o atraso que a situação impunha a outros, pois podia acontecer a qualquer um de nós. Essencialmente tentei tirar do seu pensamento a sensação de vergonha e constrangimento por ter causado a paragem da viatura e ter tido um desfalecimento em frente de toda a gente. Era o que realmente a incomodava. Ela lá me explicou que estava sujeita a este tipo de situação e que sempre se sentia muito embaraçada. Explicou-me que não tinha ninguém a quem contactar porque vivia sozinha, estava a viver longe da família com a qual não tinha contacto porque, segundo ela "ás vezes é melhor assim". 

Fiquei com dó nesse momento, porque consegui compreender que existem famílias que é mesmo melhor não as ter, mas ao mesmo tempo só me apeteceu foi mostrar afecto por meus pais, tão cheios de imperfeições e defeitos, mas presentes para mim numa situação destas, aos quais eu podia ligar se algo do género me acontecesse. Pela sua solidão, por ter de regressar a um apartamento vazio, com receio que a doença voltasse a repetir-se, sem ter quem a acudir a não ser uma vizinha um pouco amiga, fiquei com dó da rapariga e, conforme expliquei, valorizei mais o que eu tinha. 

Tive vontade de lhe dar o meu contacto para que entrasse em contacto comigo no dia seguinte para confirmar que estava tudo bem. Mas nisto chegou a ambulância e ela foi encaminhada para o veículo. Para trás ficou a mochila e o saco de compras de mercearia a pingar - com algumas frutas já transformadas em suco devido à queda. 

Segui atrás dos enfermeiros com estes pertences da pessoa para que seguissem com ela. Os dois polícias perguntam nessa altura o que a pessoa transporta consigo. Ao que lhes estico o braço com a mochila e o outro com o saco. Os dois, com a pessoa plenamente consciente e já a pisar o interior da ambulância, pegam na mochila e logo abrem o zipper da pequena bolsa. Removem a carteira e bisbilhotam o interior. Fiquei ali com o outro saco na mão, estranhando não pegarem nele de imediato também.

Reviraram a carteira e depois reviraram novamente o conteúdo da mochila. Fazem isto depois de espreitar para a ambulância e repararem que a pessoa e os socorristas já está no interior. Fiquei com uma sensação de alarme nesse instante. Juro que fiquei a desconfiar que aqueles polícias procuravam mais do que saber a identidade da pessoa. Pretendiam furtar o que esta tivesse de valor, aproveitando-se da vulnerabilidade e distração desta. E se o fizessem e a pessoa só muito mais tarde desse conta, poderiam sempre afirmar que encontraram a carteira como a entregaram e se existiu roubo só podia ter sido efectuado por alguém dentro do transporte público.

Peço já desculpa a quem é polícia e honesto, a quem está por dentro dos procedimentos policiais ou vive ou tem quem viva no corpo policial e possa sentir que a suspeita não faz sentido. Mas estranhei mesmo. Algo na postura pareceu desadequado e impróprio. A pessoa não estava morta. Não estava inconsciente, nem gravemente ferida! Era só lhe perguntarem o nome e pedir permissão para lhe abrirem a carteira e remexer nos seus pertences. 

E agora que estava aqui a ler uma breve notícia sobre "Polícias no Crime", policiais que ao invés de estarem do lado do bem se juntam à bandidagem para praticar roubo, extorsão e tráfico, subitamente este episódio voltou ao de cima. Tenho pena não ter dado o meu contacto à pessoa, porque sempre poderia sossegar sobre o seu estado de saúde ao invés de ficar este tempo todo a imaginar se tudo terminou bem. E atrás da orelha ficou a sensação estranha que a visão dos policiais a remexer na carteira me causou. Ainda hoje não sei se a pessoa ao receber os seus pertences de volta, notou que algo lhe faltava e se por acaso logo associou que se alguém a poderia ter roubado, esse alguém seria eu, que a auxiliei. Porque nunca poderia ser a polícia... pesamos nós!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Como foi o Natal? OK...

Veio e foi rapidamente sem deixar lembranças de maior.
A única coisa que sempre deixa são os restos de muitos doces para engordar e dar dor de barriga.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Natal vai trazer baratas?

Ouvi dizer que os trabalhadores da recolha do lixo estarão em greve até dia 5 de JANEIRO!!

Espanta-me que o governo aparentemente pareça estar indiferente aos efeitos de 15 dias sem recolha de lixo das ruas. E não são 15 dias normais não: Apanha o Natal e o Ano Novo. Apanha quilos de papel amarrotado de presentes desembrulhados, toneladas de restos não comestíveis ou parecíveis de refeições e muita, mas muita embalagem de tudo e mais alguma coisa, a maioria de plástico.

Procuro todos os anos conseguir arrumar o maior número de coisas possíveis a fim de colocar o que descobrir que é para o lixo o quanto antes no respectivo contentor. Primeiro começou como uma forma de não "entupir" em excesso os contentores nesta época Natalícia. Mas logo depois começou pela necessidade de sentir que a casa está toda limpa e organizada até o Natal. Claro que, nunca consigo cumprir este último objectivo. Os restantes afazeres e as situações "empata" não o permitem. Mas tudo o que sentir que está a encher e irá para o lixo, tento colocar lá antes do Natal.

O governo aparentemente não vai fazer nada, não vai garantir serviços mínimos e vai deixar os grevistas ter direito à greve. Dia 6 voltam ao trabalho e terão de colectar tantas toneladas de lixo fedorento com mais de uma semana de idade que o melhor será repensar se os antigos métodos de queima no quintal e enterrar lixo num buraco não devem ressuscitar.


Questão:

Como pode uma pessoa que não fez mal algum a alguém estar constantemente a relembrar o passado e ser torturada por ele?

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Aparencias

Tenho reflectido na importância da aparência e do status.

Quando era criança encheram-me que nem um peru de Natal a ser recheado de noções de que o que importa é ter bom carácter e boa índole. Ser bonito, rico, ou ter uma profissão de superioridade nada significavam perante a ausência de generosidade, amizade desprendida, atenciosidade e humildade.

E eu feita uma patinha (aspirante a perú) acreditei. Intrisequei. Assimilei. Me formei com base nestas mensagens, propaganda pura injectada em diversas séries familiares televisivas infantis, como "Uma Casa na Pradaria". A pobreza enobrecida por um carácter humilde, os ricos castigados pela sua avareza.

Ah, tão simples!
Acreditei em todas as mensagens, a minha noção do certo e errado nunca encontrou dificuldades em se definir e a tolerância nunca foi um mistério. Nem o respeito, nem a admiração por tudo o que é e que existe.

Hoje reflicto.
As pequenas coisas me fazem reflectir sobre a veracidade prática e verdadeira destas noções.

Noutro dia fui ao MacDonalds um pouco fora de hora, ansiosa por um snack. Tinha duas raparigas à minha frente a serem atendidas. O empregado serviu a primeira e diz-lhe: "Obrigado e volte sempre". Atende a segunda e diz-lhe "Obrigado e volte sempre". Atende-me a mim, enfia o recibo do hamburguer no saco e continua a conversar com os colegas.

Estive quase para brincar e ironizar "Então e o meu obrigado e volte sempre? Não tenho direito a ele"?
Mas acho que os jovens atrás do balcão nem iam entender. Depois reflecti nas razões que poderiam estar por detrás daquele simples acto diria até que inconsciente. A primeira rapariga era um tanto mais jovem do que eu, atraente. A segunda rapariga num casaco garboso, era um pouco mais jovem do que eu e atraente. E depois estava ali eu. Digamos que não tão jovem e atraente, pelos vistos, também já não.

Sem o perceber, ou percebendo, não sei, aquele rapaz estava a praticar descriminação e a validar que a aparência conta muito na forma como uma pessoa é tratada por quem a rodeia. Depois relembrei num flash tantas situações que vivi. Nos empregos, nos estágios, no quotidiano, como funcionária e como cliente. E lembrei mais recentemente a surpresa que tive ao perceber que as pessoas que me estavam a conhecer se entusiasmaram mais por mim ao descobrirem que de todos levava uma profissão mais aliciante. O que é que aquilo que eu faço importa para a pessoa que sou? Pensei eu. Mais simpatia dirigida a mim por causa disso? Porquê? E se dissesse que era outra coisa menos glamorosa, como iam me tratar?

Agora estou desempregada. É pavoroso o estigma que carrega o desempregado. É praticamente como um leproso era visto durante a época de cristo. Passa a ser um fracassado inútil. Uma pessoa desinteressante, um zero à esquerda, um nada.

Perante isto tenho de me perguntar onde está o certo. Mas certo ou não, parece ser a realidade. Que quase todos seguem, que nem formigas em carreirinha. Uma pessoa mais bem vestida que outra que se candidate a uma função tem preferência diante da outra. Só o aspecto está a ser contabilizado, nada mais. Nunca me importei com o meu aspecto nesse sentido. A minha única preocupação era aparecer bem e confiava em mim mesma, me mostrando tal como sou. De resto nada de truques, falsidades, semi-verdades... todas essas coisas são tão desnecessárias para mim.

No entanto ando a reflectir. Será que com a idade a avançar uma pessoa deve recorrer a alguns subterfúgios? Porquê um "bom dia volte sempre" não é dado tanto a uns como a outros, e mais a jovens atraentes? Pensei em todas as vezes em que me fizeram sentir atraente, em que me disseram atraente, e das vezes em que uma aproximação com base na aparência me incomodou. Agora não sei mais se agi bem ou se agi com demasiada inocência. Começo a pensar que se calhar "um pouco" de aproveitamento por se ter nascido bonito ou atraente, afinal, não tem mal algum. É usar o que Deus deu...

Que digo eu??
Não sei. Devem ser os fumos dos aquecedores...

domingo, 22 de dezembro de 2013

Praia de Inverno


Gosto de ver o mar. Já trabalhei no meio dele (ver post anteriores) e mesmo anos depois de tudo terminar a vida no mar entranha-se e a normalidade em terra estranha-se. Sente-se saudades, mesmo sabendo-se o quanto custa lá andar. O mar é hipnótico, tenta nos seduzir como o canto de uma sereia. Mas também é temeroso. Sabe-se que tem mistérios e perigos. O mar impõe respeito.

Mas somos todos criaturas da terra. No mar podemos estar, mas não ficar. Se ele nos quiser lá, reclama-nos para sempre. Impressionou-me a matemática das recentes notícias de mortes no mar. Primeiro foram o grupo de sete estudantes universitários que se sentaram na praia a contemplar as águas e o mar reclamou-os arrastando-os até si com uma onda colapsante. O mar só devolveu um. Sete dias depois tragédia similar volta a ocorrer, com uma onda a derrubar a embarcação de sete metros de comprimento onde um grupo de sete amigos pescadores se encontravam na pescaria. O mar só devolveu um.

O mar engole quantos quiser, mas pelos vistos só devolve um.


São pessoas cuja vida que lhes é tirada de uma forma tão trágica, deixando os seus subitamente sem a sua companhia. Ler aqui um relato bem simples mas muito humano sobre quem eram este grupo de pescadores e como a intuição por vezes deve ser seguida. 



quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Imagens de Natal

E porque é Natal e na imprensa tudo o que vejo são referências ao consumo de produtos com ilustrações do Pai Natal da Coca-Cola, vou então prestar homenagem à época Natalícia de uma forma diferente.









sábado, 14 de dezembro de 2013

Doação para cancro


Pesquisando no google sobre doação de perucas para pacientes com cancro
Resultados: 


"Irmã de cabelo", "Banco de Perucas" ou "seu cabelo pode virar peruca e ajudar mulheres"  - BRASIL

"Hair Donation and Wigs - cancer research UK" - Inglaterra

"Wigs and Air Donation - American Cancer Society" - U.S.A.


E pergunto onde raio existe algo do género aqui, em PORTUGAL

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Viver em constante estado de FADIGA


Acho que muitos de nós vive fatigado. Faz tudo fatigado: come, dorme, limpa, veste, cuida, viaja e às vezes até só adormece quando fatigado. 


Meu corpo acorda querendo estar em plena energia mas está fatigado. O cérebro quer contrariar todos os sinais. "Não, não estás cansada. É só impressão e passa já, já. É porque acabaste de acordar."

E bem treinado, o cérebro engana-se a si próprio o tempo todo. Depois vem um dia - um único dia qualquer em que por alguma razão desconhecida acontece um fenómeno raro. Tens energia. Sentes-te relaxado e com capacidade para fazer aquela limpeza detalhada, organizar as gavetas do armário, limpar as dobradiças, arestas e brechas de todas as portas, janelas e rodapés. Que bom! - pensas.

Depois vem o dia seguinte. O corpo sente-se cansado e mole. O teu cérebro diz-te: "Continua a ser dinâmica. Vai organizar, limpar, fazer coisas, sai, vai às compras, anda a pé ou de bicicleta" e o teu corpo ri-se numa contração sofrida e faz o teu cérebro mudar de ideias.



Recordo-me tão bem, mas tão bem de quando criança acordar com energia para dar e vender. Sentia tanta vitalidade que sentia que podia com tudo, fazer tudo, estava pronta para tudo. Podia até voar se me esforçasse! Ah, como é de curta duração... 

A medicina e a ciência progride tanto e não há meio de eliminar a fadiga e reestabelecer índices de energia infantis, para dar, embalar e vender! Ou há disso por aí?


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Rebeldia na adolescência

"Rebeldia é fruto de indecisão e insegurança"



Escutei esta definição agora e achei bonita ao mesmo tempo que me senti triste.
Não fui uma adolescente rebelde.
E acho que devia ter sido.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Lista de recordações de Nascimento e da Vida


Cordão Umbilical                     
Madeixa de cabelo de bebé       
Primeiro dente de leite a cair      
Primeiro dente molar arrancado 

Primeiro fio de cabelo branco     


Hihihihihiiiiii ! 


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Influências musicais

Hoje perguntaram-me que tipo de música gostava. Que tipo de música? Não tenho tipos... gosto de música. Tive que responder que sou ecléctica.

Sei que para algumas pessoas isso não quer dizer nada ou é o mesmo que dizer que não se tem um gosto musical. Eu acho até que é precisamente o contrário mas deixo para cada um julgar. Considero-me uma pessoa que gosta de música ainda que não precise dela todos os dias. Existem mesmo alturas em que a música, algo tão belo, consegue ser uma agressão. Ou até um fait-divers. Alturas há em que soa por todo o lado e somos totalmente alheia à presença da mesma.

Por isso acho que o meu desejo de escutar música depende do momento e do contexto. É um apelo que se sente interiormente, é espiritual. Não preciso de ouvir música todos os dias, não tenho bandas predilectas, não sei nomes, estou alheia aos festivais musicais que se realizam por este País e se os músicos dependessem de pessoas como eu para ganhar dinheiro viviam mais pelintras do que alguns já são. No entanto, julgo que a sei apreciar. Em todos os seus estilos. Ou tenho a minha forma de gostar. E nessa forma não excluo nada, não rotulo nem a separo em duas categorias: boa ou má. Dependendo do momento já tive alturas em que me senti preenchida até com uma sessão de Heavy Metal a passar na rádio. A música se não existisse tinha de ser inventada, porque os bebés mal nascem e escutam um ritmo já se põem a abanar.

Gostava de ir a uma ópera. É algo que ainda está para fazer. Gosto de música de orquestra, gosto de música clássica e instrumental. Não que não saiba apreciar músicas rock, românticas ou até pimba. Gosto de sons diferentes, de culturas diferentes, pronto, acho que sou ecléctica mesmo :)


E porquê sou assim - fiquei a pensar. Acho perda de tempo procurar razões para o que não se consegue explicar nem precisa de explicação. Cada qual é como é. Mas isto fez-me tentar perceber a que tipo de influências musicais fui exposta enquanto crescia


Quando era criança escutava a música que meus pais colocassem pela casa. Mas a altura em que mais se
Neste caso, uma banda Sueca
de música pop
escutava música era nas deslocações de carro. Os maiores sucessos musicais dos anos 60/70/80 compilados de disco de vinil para cassete... Grandes grupos ou artistas, geralmente ingleses, americanos mas também italianos, franceses e brasileiros. De portugueses escutavam-se também os "clássicos", principalmente as músicas dos festivais da canção e outras que ainda hoje têm um lugar distinto no panorama nacional.

Fado... ocasionalmente devo ter escutado. Mas pouco se ouvia pela casa. O que achei curioso foi anos depois, já em adulta, ter sabido que supostamente minha avó gostava muito de ouvir cantar o fado. Quer dizer, quem é que não teve avós que não gostavam de fado? Os meus gostavam mas foi algo que não lhes descobri mais cedo, porque não eram de colocar o toca-fitas ou o gira-discos a tocar. Gostavam de o ouvir por estas tascas da vida :) 

Música clássica... ao que fui exposta? Não recordo. Mas sei que gostava pois lembro de apreciar Mozart, Bethoven, Bach. e de me ter emocionado bastante com uma melodia que não me saia da cabeça e me deixava encantada, angustiada e deprimida ao mesmo tempo. Quando mais crescidinha por vezes gostava de sintonizar uma rádio que só passava música de orquestra e a reacção de minha mãe aos primeiros acordes sempre foi gritar "desliga essa porcaria!". 

Rock, pop, rap, funck, metal e demais estilos cujos nomes até desconheço - pois tenho a sensação que a toda a hora estão a inventar um novo estilo melódico, uma nova categoria e eu que mal consigo catalogar o que existe nem o pretendo, basta-me saber apreciar o que me chega aos ouvidos. Fui exposta a estes géneros musicais e a todos os que a minha geração aquando adolescente escutou. Às bandas sensação do momento, ao "fanatismo" idolatra que me passou ao lado e não me atingiu, mas que nem por isso me deixou de parte dos hábitos da altura, como andar de walkman na rua ou carregar um rádio portátil. Só era chato era quando alguém se aproximava a pedir para escutar o que eu estava a ouvir, porque queriam sempre saber e a resposta "aceitável" na altura só podia ser o que todos concordassem que era bom de se ouvir. Madonna, Gun's N Roses, Bon Jovi ou outro grupo que estivesse na moda. Se fosse dizer que estava a escutar a banda sonora da novela do momento faziam uma careta de reprovação e ainda mandavam uma boca qualquer. Ainda que a seguir a virarem as costas ficassem com vontade de também ter acesso à mesma e alguns até fossem tentar arranjar. Pelo que preferia que não me chateassem com o interrogatório e dizia que escutava "várias músicas" gravadas da rádio. O que era verdade. Era tudo gravado da rádio ehehe. Existia o preconceito e uma certa pressão juvenil para se escutar o que todos escutavam. Nunca fui muito nessas influencias mas julgo que é natural em qualquer jovem. Assim como hoje em dia se uma pré-adolescente não gostar dos One Direction, não é "boa gente" e se admitir apreciar o Bieber (espero ter escrito bem), é um tanto gozada/o por isso. São estigmas parvos sem lógica alguma mas que fazem parte dessa altura da vida que é a adolescência.

Bom, eu escutava muito bandas sonoras de novelas. Se acompanhava a história e me emocionava, era natural que as músicas começassem a fazer parte dessas emoções. E hoje admiro a capacidade que os profissionais de então tinham para colocar nas novelas músicas instrumentais, clássicas, sempre tão adequadas à emoção e apelativas. No caso das novelas brasileiras em particular, colocavam clássicos adaptados à sua língua. Músicas como "All I Ask From You", do espetáculo "O Fantasma da Ópera" (1986), melodia que fez parte da angústia amorosa de "Leonor e Ascânio" na novela Tieta do Agreste (1989) mas em versão brasileira. Aliás as novelas podem ter os seus defeitos mas têm também muitas qualidades e uma delas é aproximação cultural, levando ao mais variado público conhecimentos que de outra forma não chegaria até grande parte deste. Não só nos clássicos musicais, mas também nas referências históricas, na geografia, nas adaptações de clássicos da literatura mundial, nas rapsódias, nos trocadilhos - uma boa novela escrita por pessoas com ampla cultura e capacidade de entrar na personalidade das mais variadas criaturas nesta terra, é uma obra fantástica. 

Em 1989 os brasileiros já nos presenteavam com isto:



Que no fundo é isto:


Cena do filme "O fantasma da Ópera" 2004 - Com a portuguesa Sofia Escobar no papel de Christine

E quando a novela pegava nestes clássicos ou mesmo nos não clássicos e passavam uma versão somente instrumental então delirava, podia escutar a melodia em pleno. 


Mas até mesmo antes das novelas, existiram os filmes da Disney. Vi poucos, lembro de poucos, mas o único que recordo é "A Bela Adormecida" (1959) devido à música que fiquei a cantar durante dias e dias. Embora a minha memória que pode falhar por não ter tido tempo de memorizar a letra e poder ter "inventado" remeta para uma letra em português um tanto diferente da versão portuguesa e brasileira que encontrei na internet e que disponibilizo de seguida, a melodia é um clássico que ainda hoje é capaz de entrar em muitas obras de ficção por este mundo a fora.


http://www.youtube.com/watch?v=ygBqkaSfC48 - link multilingue
http://www.youtube.com/watch?v=hnfDQxJAEGk - link multilingue só do trecho lá-lá-lá


"Once Upon A Dream" - Sleeping Beauty (1959) versão portuguesa  (2008)

  Mas de todas as músicas que "andam por aí", a minha curiosidade vai para as "nossas" tradicionais. Aquelas que corriam de boca em boca, que faziam parte das cerimónias religiosas, de costumes que já lá vão... Um belo dia apanhei já a meio de uma prestação musical televisiva um grupo de "cantandeiras" regionais e tradicionais. Achei aquilo que elas cantavam muito bonito e fiquei a ouvir. Nisto surge a minha mãe e demonstro-lhe o fascínio que aquela música me exercia. Vai ela, com toda a naturalidade e sem se surpreender, diz que conhece a música muito bem e que minha avó costumava a cantar constantemente. E vira as costas a cantarolá-la. Fico surpresa! Nunca ouvi minha avó cantar aquela música, que por sua vez deve ter aprendido com a mãe ou demais familiares, segundo revelou minha mãe. Seria então uma música que poderia estar nos meus lábios, não tivessem os tempos mudado tanto. Existe muita coisa que não conhecemos sobre os nossos e as músicas que sabem cantar é uma dessas coisas. O "reportório musical" de minha avó só começou a surgir aos meus ouvidos para o final dos seus anos de vida, quando o Alzheimer levou quase tudo da memória menos as músicas que aprendeu a cantar e conseguia ainda aprender. E cantava tantas e tantas. Geralmente músicas tradicionais, algumas foram "requalificadas" no universo da música infantil. Outras que desconhecia que ela sabia cantar. E mais parva ficou a minha alma quando ouvi meu pai cantar ao neto algumas músicas desconhecidas até então aos meus ouvidos. E saber que são cantigas "muito comuns" para eles - comuns e desconhecidas. Cantigas que um dia morrem de vez da cabeça das pessoas, porque já poucas as cantam. Cantigas que vão sobreviver em discos especiais, em livros mas se calhar não nos lábios humanos. 

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Desejo para o DIA de Natal...

E se vos confidenciar que o que mais queria para o Natal era estar a trabalhar no DIA de Natal?

Sempre gostei do Natal. Concilia duas coisas que me fazem sentir bem: convívio em família e oferendas.

Mas nos últimos anos o Natal não tem sido a mesma coisa para mim. E isso foi uma surpresa. Passa rápido demais e dá a sensação que as pessoas mal entram pela porta, já estão a sair. E foi num desses momentos que algo me atingiu.


O que mais me decepciona é que se dê maior importância ao lado comercial do Natal do que ao lado do convívio. Oiço as pessoas a falar da compra dos presentes, a tentar encontrar algo barato mas que aparente ser caro, oiço-as preocupadas em fazer boa figura e não ficar aquém de ninguém e esquecem, de todo, que a essência do Natal é o convívio entre todos. Não se trata de rivalidades, não é uma quadra para a competição para se descobrir "quem é o melhor", o mais generoso, ou aquele que dá melhores presentes. Não gosto que o comércio se inunde de artigos natalícios três meses antes da data já deixando todos os consumistas stressados e reprovo a excessiva publicidade insistentemente dirigida aos mais pequeninos. Porque é que o dinheiro é o tema sobre o qual gira o Natal? Vemo-lo nas reportagens televisivas, ouvimo-lo nas bocas dos que se justificam por antecipação que o dinheiro não dá para "grandes" presentes «este ano» (que são todos).
Sim, dinheiro é preciso para viver em sociedade mas não é de todo essa a mensagem do Natal. Até me podiam oferecer um pacote de bolachas de água-e-sal de 40 centimos... (ia achar o máximo) não é por aí. Os reis magos levaram ouro, incenso e mirra. Podiam ter levado um calhau, uma ovelha, uns biscoitos. Um copo de leite, que seja. O valor está no gesto e na forma sentida como o mesmo é praticado. Isso é que é bonito. 

Compreendo que antigamente o Natal tinha outro sabor porque eu mesma era pequena. E compreendo também que mude, pois as pessoas casam, formam as suas próprias famílias e por sua vez também ganham outra. E têm de repartir o seu tempo entre todas. Mas não serve de desculpa para não se entregarem ao convívio. Se o capitalismo transformou o Natal em comércio, que seja. Não devem as pessoas é deixar que o mesmo comércio e capitalismo entre nos seus lares e comande o seu Natal. 


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Coincidências parvas, pensamentos idiotas :)

Acreditam em coincidências ou fazem mais o género de pessoa que acha que não existem coincidências, apenas destino?

Bom, eu ainda não cheguei a conclusão alguma. Sei que já tive suficientes experiências de vida em que uma sucessão de bastantes "coincidências" surgiram num número tão elevado que mais parecia destino. E também sei por experiência de vida que muitos destinos quase garantidos e bem traçados pelos quais trabalhamos arduamente por alguma razão com requintes de crueldade não foram realizados.

E todo este belo texto serve para quê? Para falar dos ponteiros do relógio! Lol!.

Não, não esses da vida, do tempo, do relógio biológico, mas dos ponteiros do relógio em si. 

Tenho um relógio analógico no alto da parede, que há cinco anos me vai dizendo as horas, os minutos e os segundos. Quando a hora muda nem me dou ao trabalho de subir no escadote para atrasar/adiantar o ponteiro das horas. Limito-me a subtrair/adicionar a hora em causa :)  Por esta altura quem me lê deve estar a fazer uma careta de repulsa e a imaginar horrorizado/a 5 anos de pó em cima do prateado do relógio. Mas não. Lá de vez em vez aquilo é limpo. Só não é removido para aceder à parte de trás onde fica o mecanismo dos ponteiros.


Já havia olhado com espanto para o relógio e magicado cá comigo: "Há uns 3 anos que não te coloco pilhas novas. Já devias ter parado. Ainda mais porque te coloquei baterias usadas, que já não davam para os telecomandos". 

Mas ele não parou. E os anos passaram e continuou a dar as horas, os minutos, os segundos. E habituei-me à durabilidade deste simples utensílio. 

Há muito que aboli o relógio de pulso como utensílio para saber as horas enquanto fora de casa. E também não gosto de perder tempo a procurar o telemóvel algures numa mala ou deixá-lo no topo de uma mesa e arriscar o esquecer, perder, ou mo roubarem só porque preciso ter à mão algo que me dê as horas certas. Uma grande e súbtil mudança na sociedade foi esta: Antes não se vivia sem um relógio de pulso e agora dispensam-se bem mas não se vive sem um telemóvel ou tablet. Curiosamente são tendências invertidas, pois passa-se de algo pequeno, leve e prático, para algo mais pesado, maior e menos prático :D

Adiante que prometi logo no título que este seria um texto de pensamentos idiotas :). Quando ainda se podia contar com o serviço público de informar as horas e a temperatura exterior através de placards publicitários com relógio digital e demais relógios de rua, devo dizer que jamais senti falta de um relógio de transportar comigo. Enquanto se trabalha existem muitos, ou no computador ou na parede e enquanto se está na rua em deslocação do lugar A para o lugar B, passando pelo C ou D, costumava orientar-me pelos relógios públicos. Vai que cada vez os mostradores destes não indicam nem remotamente a hora correta, nem os minutos. Ou são relógios minúsculos, ou estão mal colocados em lugares em que a visibilidade é reduzida ou dificultada. Ou o que é pior: quando o Santana Lopes estava na Câmara da Presidência de Lisboa (sim, faz temmmmpo), alteraram o FUNDO dos relógios analógicos aqui da zona, cujas horas eram perceptíveis à distância, para incluir o logo da cidade, com lettering negro, igualzinho à cor dos ponteiros do relógio. Resultado: a leitura das horas enquanto em movimento e mesmo em imobilidade mas a uma certa distância ficou praticamente impossível.  

Conhecida "Rotunda do Relógio" (Praça do aeroporto, Lisboa).
Durante anos foi ajardinada e florida, continha integrado no verde grandes relógios redondos com grandes ponteiros.
Com a construção do viaduto surgiram DUAS belas esculturas em mármore.
Conseguem ver as horas quando à distância do passeio?
Pois, é difícil não é? Ainda mais entre tráfego automóvel e movimento.
E mesmo que se distinga, confiam no que diz?

Então os inviáveis relógios públicos da cidade fizeram com que passasse a ter necessidade de transportar um relógio comigo, de preferência algo que me permitisse o imediatismo do relógio de pulso: bastar olhar. Nada de revirar malas, levar a mão a bolsos, etc. Sou prática. Prefiro um simples movimento ocular. Desabituada a ter algo preso no pulso e preferindo o minimalismo que já apreciava antes optei por usar o relógio no dedo, em forma de anel, coisa que não me incomoda e que durante uns anos de "transição" entre relógio/telemóvel (não existia tablet e ainda mal existiam computadores pelas casas, muito menos portáteis) já me acostumara a usar. Nessa altura era difícil encontrar um e o meu foi oferta adquirida numa joalharia e durou até avariar. Infelizmente não durou muitos anos. Mas actualmente encontram-se com total facilidade em lojas de acessórios. Comprei o meu faz alguns anos e cada vez que vou sair já não passo sem ele. Entretanto adquiri outro pois não existe amor como o primeiro e sempre procurei um semelhante ao primeiro, em aço inoxidável, não lacado (pois a tinta lasca toda) e bem pequeno e subtil. Que se assemelhasse mais a um anel cachucho que a relógio. 

Como não levo vida de "dondoca" e uso as mãos para uma série de movimentos que incluem pancadas, acabei por não dispensar o velhinho anel lascado para o dia a dia. Só quando ia para algum lado como a um convívio ou passeio é que substituía o lascado pelo outro.

E pronto. Todo este penoso texto podia ser deletado porque só queria contar isto (mas não resisti à tortura): Um belo dia olho para o relógio na parede e para minha surpresa tinha parado. Parou às 7h42m45s. Assimilei e continuei, fui agarrar o relógio-anel, pois estava de saída e quando o vou colocar reparo que também ele parou. Parou! Ambos pararam no mesmo dia! Uma coincidência e tanto. Terão combinado? Terá sido um complô? Ou será que o que dizem é verdade e existem campos magnéticos que de vez em quando numa determinada frequência destroem aparelhos eléctricos? Ou ainda: Será que a amiga Alien passou na sua nave aqui por perto e a radiação afectou os relógios que cá tinha? Eheheh! 

Pararam ambos no mesmo dia, mas não na mesma hora, minuto e segundo, fiquem tranquilos que isso seria coincidência e tanto! Seria algo horripilante e por isso mesmo provavelmente uma partida de alguém. 

E agora a parte "Parva e idiota" de todo um texto só por si já com nuances de coisa alguma: será que mais alguém como eu, por vezes, quando olha para um relógio que pára inesperadamente lhe ocorre pensar que aquela é a hora de morte de alguém? Provavelmente a nossa, um dia? Loool

Descarreguei os pensamentos idiotas todos, pronto. Aliviada estou :D 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Pedofilia no Seminário do Fundão

Sorriso trocista, expressão aparentemente tranquila mas que denuncia tensão, caminha tranquilamente com as mãos nos bolsos como se não fosse nada com ele e não tivesse uma única preocupação - falo do ex-vive reitor do Seminário do Fundão acusado do crime de abuso sexual a menores.

A peça "apareceu" agora no monitor da TV, no jornal da SIC. O indivíduo, aspecto bonacheirão, diz que não vai comentar mas só quando questionado à saída do tribunal se tem a consciência tranquila, é que não responde. Mantem sempre o sorriso e o ar bonacheirão, nenhum dos dois parece ser autêntico. Faz lembrar um político cínico cuja presença das câmaras automaticamente faz soltar o riso e o à vontade como se "nada" tivesse a acontecer.  

A sentença será lida apenas no dia 2 de Dezembro. Deus me perdoe se estiver errada e pelo julgamento precipitado que raramente faço, mas assim que vi esta "peça" disse cá para comigo que existem indivíduos que já trazem na testa a resposta do que são. E pode muito bem coincidir com aquilo que são acusados.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Trivialidades

Quase 19h, final do dia de trabalho e regresso a casa. 
Venho a subir um passeio com acesso para parques de estacionamento e cruzo-me com um rapaz vindo de um. Enquanto caminhava enfiava os braços dentro das mangas do casaco do fato e avançava sem parar de olhar para trás, como que a certificar-se que a viatura estava bem. Tão distraído estava que nem percebeu que eu vinha na sua direcção. Tive de parar e lhe dar passagem, pois só mesmo quando chegou perto de mim é que me avistou surpreso. O vento estava favorável na minha direcção pelo que as minhas narinas inundaram-se de uma fragrância agradável de gel de banho e limpeza. O rapaz atabalhoado acabou de enfiar os braços no casaco do fato escuro ocultando assim a sua camisa branca onde estava uma gravata e com um pé dentro de um sapato preto igualmente cuidado ao ponto de ter brilho, avançou e seguiu caminho.


PS: Ilustração aproximada da realidade
E fiquei a pensar:
Rapaz, cheiroso como que acabado de sair do banho, atabalhoado olhando para o carro como se a certificar-se de que não deixava para trás nada que o comprometesse, a vestir o casaco do fato que lhe dava um distinto ar de homem de negócios...


Terá acabado de cometer adultério e daí chegar a casa tão ou mais cheiroso quanto provavelmente saiu, ou mente à esposa a dizer que trabalha num escritório quando na verdade sua que nem um animal nas obras? Ahahah! As coisas disparatadas que num passo de caminhada um único vislumbre e o inspirar de uma fragrância a sabonete nos fazem pensar :)



domingo, 10 de novembro de 2013

E não é que fiquei bem? (cartão de cidadão)

Ahah!
Ironia das ironias, quando fui levantar o cartão de cidadão logo tive quem mo puxasse das mãos para observar a fotografia.
-"Olha, ficaste bem na foto" - disse.

Passadas umas horas foi a vez deste "grande acontecimento" marcante da vida de qualquer cidadão despertar o interesse numa outra pessoa. (A sério, não sei porque razão se dá tanta importância à forma como se sai em fotografias) e vai que esta também observa, não sem uma pontinha de desagrado, que saí bem na fotografia.

- "Imagino que ficaste a treinar a posição para ver qual saía melhor." - diz ela após uma longa pausa em que pareceu passar a foto pelo scanner dos olhos. E logo de seguida dispara: "Estás bem. Melhor do que costumas e menos despenteada do que estás agora!". E acrescenta: "ainda bem que as fotos são a preto e branco senão estavas lixada". (um amor eheh)

Lol!
Como consegui o "milagre" de ficar bem na fotografia do cartão de cidadão pareceu ser motivo de debate e surpresa. Então deixo aqui a descoberto o "segredo" para se sair bem: 
Não dar importância.

Mas agora avaliem por vocês mesmos: Ficou bem ou nem por isso?


Concluí com isto tudo que quanto menor é a importância dada ao resultado, mais chances existem de não ficar desapontado  :) Uma preciosa dica no caso das senhoras pode ser apanhar o cabelo para que o rosto possa sobressair. Talvez seja a melhor opção. Mesmo que fiquem com o cabelo despenteado :) 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

São Saudosistas?

Vocês são saudosistas?
Eu acho que sou um pouco. Mas não na perspectiva de quem deseja voltar atrás, mas na de quem aprecia as histórias que os lugares, pessoas e objectos carregam. E é por isso que vou sentir saudade do antigo cartão de identificação Português - o tão conhecido BI (Bilhete de Identidade).


Nenhum miúdo nascido neste século XXI sabe o que é um BI e contudo é uma expressão tão fácil e familiar a tantos. Mas não a eles. Eles conhecem o cartão de cidadão e nunca foram portadores de um BI - aquele cartão de papel plastificado grande, que levantou suspeitas a grande parte das autoridades a quem o mostrei aquando viagens em aeroportos e entre países desenvolvidos Europeus. Inesquecível a incredulidade de um fiscal Francês, que suspeitou do cartão de identificação que lhe mostrei. Nunca tinha visto um. Estava a duvidar. Logo em França! Onde a comunidade portuguesa é significativa. Ou no balcão de check-in da KML no aeroporto de Amesterdão, em pleno 2005. É caso para dizer que o atraso e o desconhecimento anda por toda a parte e mesmo em profissões que não o deviam ter :)

E são por "coisinhas assim" que sinto pena que algumas coisas acabem. Mas a vida é assim mesmo. Meus avós tiveram de se acostumar ao BI, meus bisavós então nem sei se chegaram a ter um (eu bem que procurei) ou se apenas eram detentores das Cédulas Pessoais, e agora as crianças nasceram já portadoras do Cartão de Cidadão. A pesar de terem surgido em 1914 (fui agora pesquisar e a quem me lê é «obrigatório» visitar o blogue onde recolhi a posterior informação), só começaram a ser obrigatórios em 1927 (para quem trabalhava aparentemente) e só em 1970 é que os BIs começaram a ter o aspecto que agora ainda lhes conhecemos: grandes e em papel plastificado. Meus avós ainda tiveram uns escritos à mão, mas rapidamente passaram a ser dactilografados. 

E pronto. É esta a história "saudosista" que me apeteceu deixar aqui hoje para quem me lê. No fundo, é só um registo, um "adeus" a algo que se vai e que merece por isso mesmo, receber uma "homenagem". Adeus BI... a vida agora é electrónica e tu não cabes mais nela. Adeus «amigo», que tantas vezes precisei de ti para me matricular na escola e que ainda muito me acompanhaste, junto com o cartão em papel branco de eleitor, para que pudesse votar em quem escolhia para governar este país.  ;)   

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Cartão de cidadão: ficar bem para a fotografia

Fui tratar de renovar o cartão de cidadão.
Mal cheguei e tirei senha, chamaram-me para posar para a foto. Aproximei-me, posicionei-me e a máquina disparou.
Só depois entendi que tinha o cabelo mal apanhado, um risco lateral mal feito, com fios soltos pelo ar e um farrapo patético deles a se deixarem escapar pelo pescoço. Exclamei: "estou despenteada" ao que a pessoa disse que podia tirar outra foto "é agora ou nunca" - diz.

E eu dispensei.

Só depois reflecti neste simples gesto de pessoa que não é vaidosa. Lavava as mãos no WC e pelo espelho observei o meu rosto emoldurado pelos cachos de cabelo. Lembrei que é suposto para os cartões de identificação uma pessoa ficar mais "compostinha". Porque será que na altura não me deu para isso? Afinal preparei-me de véspera... tratei do cabelo. Agora durante CINCO anos vou ter uma foto minha que não vai mostrar o meu melhor. 

Mas não é isso que me incomoda. Por estranho que pareça, dou por mim a pensar que daqui a CINCO anos provavelmente já não vou ter este aspecto que ainda passa por jovial. Estarei na casa dos 40 (pois é). Provavelmente já poderei ter alguns cabelos brancos e algumas rugas pronunciadas no rosto. E levando em consideração os últimos anos como medida, provavelmente por essa altura estarei totalmente careca. E é isso. Desperdicei uma «última oportunidade» (de "ficar bem na fotografia") e é essa sensação de "perda" que subitamente me afligiu.

Recuei também no tempo, por volta dos 14 ou 16 anos quando entrei numa cabine fotográfica automática, para tirar fotografias tipo-passe para o cartão escolar e também não quis saber de compor o cabelo. Passei por uns rapazes que, como todos os rapazes, gostavam de ficar ali de "plantão" junto à máquina só para gozar com quem aparecia para a usar. "Com essa cara ainda estragas a máquina" "Ui! Feia assim ainda estragas a máquina!" e coisas desse género que não me afectaram minimamente. Ao contrário. Até me deixavam bem mais tranquila do que se escutasse ou sentisse que suscitava outro tipo de comportamento e pensamento.

Minha mãe desgostosa por não ter tirado uma fotografia mais bonita, no dia a seguir aproveitou que ia ao cabeleireiro e decidiu que íamos todas e depois tiravam-se novas fotografias. E assim foi. Novamente entrei dentro do centro comercial onde voltei a "esbarrar" com o mesmo grupo de rapazes. No dia a seguir a terem-se metido comigo, não me reconheceram como sendo a mesma pessoa. Agora era gira, era bonita, era interessante. E ouvi elogios e piropos. Só mudou o cabelo!

O cabelo faz diferença. Eu tenho constatado isso nestes últimos anos porque infelizmente tenho sofrido bastante de queda. E embora ainda tenha o suficiente para não se perceber nenhuma "carecada", nestes 10 anos a queda foi acentuada e irreversível. Ninguém acredita que tenho falta de cabelo (nem o especialista se acreditou) até ver uma fotografia do "antes". Dizem que perdi 3/4. E eu acredito que seja verdade. Porque a memória sensorial é muito mais persistente e duradoura e dou por mim a sentir as diferenças ao apanhá-lo na totalidade, ao reparar na linha da testa, ao sentir a sua extrema leveza a pesar do seu imenso comprimento. O facto do elástico para agarrar o cabelo dar várias voltas e de nenhum travessão ter algum tipo de utilidade e escorregar cabelo abaixo, quando antes não conseguia usar qualquer um de jeito nenhum, eram todos pequenos.


Nem sei porquê me apeteceu "revelar" tanto sobre a minha pessoa neste post de reflexões a partir de um acto corriqueiro. Mas enfim... daqui a 5 anos, quando renovar novamente o bilhete de identidade conto aqui se já tenho peruca ou pinto o cabelo ahaha!


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

RIP em 2013


No final deste ano muita coisa vai mudar no país.

Nunca entendi a euforia de uma passagem de ano. Para quê celebrar com tanto entusiasmo a chegada do preciso momento em que os preços sobem? Escuta-se em todos os noticiários que o preço da gasolina vai aumentar porque aumentou o custo do barril do petróleo. Para não destoar, todos os bens de serviço aumentam também: a electricidade, o gás e a água. O Défice da dívida pública também aumenta, assim como os impostos.

Fico mais deprimida que contente com a chegada do novo ano. Levo cerca de um mês a "digerir" as amarguras... Lá para o meio de Fevereiro é que me sinto mais animada. Não sei porquê. Desconfio que o meu relógio biológico foi acertado de acordo com o calendário chinês...

No final de 2013 e assim que chegar 2014 "morre" O Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados (PCAAC). Para fazer nascer o "Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas Mais Carenciadas". A diferença não está no nome, está nos milhões disponibilizados para a ajuda aos mais necessitados, que se vê reduzida para metade.

E tenho cá para mim que 2014 vai ser negro.


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Recebi novidades sobre o meu anterior emprego


Trabalhei muito no meu anterior emprego. Agora as coisas por lá mudaram. E eu fico feliz. Feliz por assistir ao progresso e verificar que aparentemente o sucesso continua. Não faço nada o género de pessoa que sai e fica a desejar que agora tudo vá para o cano abaixo. Não. Eu esforcei-me muito e dediquei-me bastante para levar aquela empresa para a frente.

E não foi fácil. No meu segundo dia estava a escutar berros de um patrão que exigia de mim que lhe mostrei de forma organizada e eficiente uma metodologia, porquê a mesma não tinha sido feita semanas antes (sendo que eu estava ali à menos de 24h...). Acho que pelo absurdo de exigir o impossível só podia estar a testar-me. Não desisti e continuei. Fui um tanto hostilizada por alguns colegas e às tantas mesmo perseguida por um, o que me dificultou em muito a vida e o trabalho. Aos seis meses tinha atingindo um ponto de cansaço brutal, daqueles que causam exaustão e pedem por um pouco de descanso. Mas não o tive.

Nos anos seguintes o trabalho só fez foi ficar mais difícil, mais "mal feito" antes de chegar às minhas mãos, com decisões superiores nem sempre bem tomadas e o que era mais grave, não tomadas a tempo. Eram os mais "pequeninos" ali dentro que andavam a apagar todos os fogos. E o trabalho a precisar ser feito acabava por ter de ser refeito diversas vezes devido a erros e relapsos alheios e tudo em tempo record. Tinha tanta mas tanta coisa com que me ocupar e nenhuma dessas primeiras 25 coisas eram relacionadas com a minha função.

Não foi mesmo fácil. Mas depois de sair, sabendo que me ia afastar, consegui recuperar o meu centro. Em pouco mais de 15 dias apenas. E 15 dias depois já me apetecia regressar à rotina. Ela me fazia falta como a droga a um viciado. 15 dias apenas (não é pedir muito), era TUDO o que durante todos aqueles anos de trabalho me tinha faltado para poder zerar o cérebro. E nunca os tive. Se tivesse tido talvez me mantivesse mais tempo em funções. Mas da forma como estava não tinha nem mais estímulo nem desafio. Era sempre tudo a mesma coisa e era quase infrutífero os esforços. Nada ia melhorar, aliás, tudo estava a piorar, novas imposições na metodologia de trabalho (para poupar um dos empregados) iam desabar para o desastre e a vítima escolhida tinha sido eu, que me vi subitamente a ser "forçada" a ir executar parte do meu trabalho num local distante, sem condições mínimas e a arcar as despesas extra do meu bolso.

A simples constatação de que estava a "pagar para trabalhar" entristeceu-me. Isso aliado ao cansaço acumulado de anos, à ingratidão que sempre acontece neste meios e a uma certa desmotivação temporária causada também por pressão injustificada, levou a que procurasse outro rumo, a começar por colocar distância entre mim e o trabalho.

Mas fico contente por a vida lhes correr bem. Porque, tal como previ, para isso acontecer coisas bastante simples teriam de acontecer. Agora, caros leitores, o trabalho que eu fazia está a ser executado por TRÊS pessoas!

E isso só me dá valor.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O Cérebro e os sonhos

O Cérebro humano é mesmo fantástico! Despertei do sono ainda a lembrar do que estava a sonhar mas também com toda a lembrança já a desvanecer. O curioso é que sonhei algo que já sonhei antes, muito tempo antes, e mais que uma vez, e sonhei tudo igualzinho de todas as vezes. Os mesmos diálogos, as mesmas situações, os mesmos espaços e todos os detalhes.

Por isso acho o cérebro fantástico! Mas queria saber se isto também acontece a mais pessoas. (certamente que sim mas terem lembrança disso é que não sei). É que desde que existo que sonho muita coisa diferente todos os dias, mas também muita coisa igual ao longo da vida. E o sonho que tive não é o único que se repete na minha cabeça. Existem vários. Vários que o cérebro, quando bem lhe apetece, gosta de passar "o filme" enquanto durmo.

São os fílmes do cérebro disponível para aluguer eterno eehehe!

Também acontece convosco?


PS: antigamente já há muitos anos era capaz de recordar os sonhos durante horas ou mesmo no dia seguinte. Mas de uns bons anos para cá tudo é esquecido assim que os olhos começam a abrir. Faz lembrar aquele momento do filme "A mulher Falcão", em que a noite e o dia quase se tocam e por um instante os dois se reencontram enquanto homem e mulher. O cérebro faz quase o mesmo com as memórias.

E vocês? Recordam tudo o que sonham, quase tudo, ou nada? Sonham muita vez com o mesmo? Mesmo que não tenha nada a ver convosco nem com a vossa história e experiências de vida?

domingo, 13 de outubro de 2013

A morte e a hipocrisia

 "ao menos respeite os mortos".

Não gosto deste chavão que se escuta cada vez que se sabe do falecimento de alguém. Acho que as pessoas, algumas pessoas, aproveitam-se da situação e usam o morto. Parece impor-se uma espécie de contenção e anda-se a pisar ovos, com receio de qualquer coisa que se diga, faça ou pareça fazer possa ser mal compreendido e disso conduzir a se escutar uma tirada destas.

O espírito crítico não pode ser revelado. Tem de ser oprimido. Se alguém erra mas é aparentado do falecido, não se pode abrir a boca. E depois existem os choros. Alguns de situação, que mais parece que a preocupação de quem os tem é ser julgado se não os tiver. Entendo o respeito, acho até que sempre tive bastante deste sentimento em mim, mas não entendo estas pequenas coisinhas que agora não consigo bem explicar.

E existe também um prazer mórbido. Que faz algumas pessoas desejarem serem as primeiras a trazer a notícia, a espalhar aos quatro ventos algo que é tão pessoal e tão íntimo... Que querem é ser politicamente correctas, nem que para isso tenham de ser inconvenientes e injustas.

 Acho que muitos se aproveitam para demonstrar uma falsa indignação e um falso sentido de correção. Quando não mesmo para receberem atenção e pena. E a expressão "respeite os mortos" como que revela e legitima isso, tal é a banalidade e a "ocacidade" com que tantas vezes é pronunciada.

Na morte parece que existe também um comportamento de HIPOCRISIA. Por qualquer coisa, uma atitude, um gesto, uma palavra, uma crença, alguém gosta de se armar em detentor da moral. E o que tantas vezes é irónico é que os primeiros a dizê-lo não têm tanto respeito assim, seja por mortos ou por vivos. Só depois de passar o funeral é que as pessoas acham que já se pode voltar ao que se era. E a crítica volta a ser aceitável. Já está enterrado, já podem falar o que quiserem... e até faltar ao respeito.
 
LOL. Percebem o que quero dizer?


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Uma mão curva-se diante da outra

Frente ao monitor do computador, a aguardar que uma página carregue, ergo as mãos até ficarem duas silhuetas negras diante da luz do monitor e aproximo-as, para quase se tocarem. É aí que constato uma coisa impressionante.


A mão esquerda está totalmente vertical. A mão direita fica meio curvada. 


Enquanto que, numa mão os dedos ainda se esticam até a posição vertical sem problemas, na segunda o mesmo esforço produz uma elevação ligeiramente diferente. É preciso um impulso extra para colocar os dedos de uma mão na mesma posição que os da outra. E subitamente percebi que os velhos têm mãos curvas. E entendi como vai ser a perda da elasticidade e como será sentir as partidas da idade no corpo. 

Sou dextra. Quer isto dizer que a mão direita é a que pega no rato quando estou no computador, a que escreve com caneta, a que faz mais movimentos repetitivos. Embora com a esquerda também me saia relativamente bem, levo mais tempo. A direita, é, sem dúvida, aquela que trabalha mais. Mas estava longe de imaginar que não envelhecessem juntas e partilhassem em simultâneo as suas "misérias". Existem diferenças de "idade" entre uma mão e a outra. Tal como existem entre pessoas que trabalham muito e outras que pouco ou nada fazem. Usar é gastar. Pronto. É um facto. Numa mão os músculos parecem elásticos usados. Noutra são novinhos...

Experimentem fazer essa experiência. 

O que se passa com o blogger

Que agora não me anda a deixar aceder a esta página? Algo a ver com configurações, com o "novo" perfil e uma série de tangas que não ajudam em nada à rapidez com que hoje em dia se deseja aceder às coisas. Uma pessoa vem aqui só para fazer uma "rapidinha" e perde que tempos só para conseguir que a chave abra a porta... Oh, céus!

Ando cansada disto. A google quer saber tudo. Daqui a pouco até as cor das cuecas durante os dias da semana, xiça!

Alguém entende o que é isso do novo perfil? E alguém consegue comentar alguma coisa nos "bloggers" diferentes em que não aparece NADA a dizer "X comentários" só botõezinhos de partilha, chatos para caraças, que querem aceder à conta do facebook e sei lá mais o quê?

Eu adoro tecnologia. Não parece, mas adoro. Mas me aborrece tremendamente os atrasos de vida que pedem para se introduzirem palavras-chave, atrás de palavras chave e a constante mudança de coisas que estão bem, porque se não mudarem continuamente de X em X meses sentem-se ultrapassados.

Ah, e esta porcaria regista todos os dados que uma pessoa introduz. É um espião do caraças!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A propósito da Casa dos Segredos (não, não é outro post sobre o programa)

Introdução: 
(totalmente dispensável mas pronto)
Já que por toda a comunidade bloguista parece surgir um post dedicado ao reality show "Casa dos Segredos IV", deixem-me cá falar também do programa, para não me sentir irreparavelmente angustiada por ficar excluída da "moda".  (brincadeira ahaha, nunca dei um bãh para as modas).

Texto:
Já que dizem que o programa Casa dos Segredos IV serve para observar e reflectir sobre os comportamentos humanos, vou usá-lo exatamente para isso. Ao menos terá finalmente essa utilidade. 

A propósito dos concorrentes, em particular de uma situação de algum atrito entre Aníbal e duas raparigas - uma de 37 anos outra provavelmente de 24, ficou notório que a primeira se submeteria aos tratos e maus tratos da figura masculina, enquanto a segunda, a mais nova, mostrou saber argumentar sem ser conflituosa mas também sem ser subserviente. 

Isto fez reflectir. O que faz algumas mulheres "baixarem a cabeça" a desmandos, a tentativas de agressão verbal, a provocações e terrorismo psicológico? Porquê a mais velha tinha essa vulnerabilidade e a mais nova não, sendo que outras na casa, também elas novitas, revelaram a mesma vulnerabilidade?  

Calhei dizer que o que leva algumas mulheres a se mostrarem submissas e subservientes a determinados comportamentos agressivo-passivos de certos homens (aka Aníbal) tem explicação lá no passado, com a sua história de vida e com a presença do autoritarismo. Supostamente se diz que a concorrente mais velha é a que tem o segredo: "fui agredida pela minha mãe" e se assim for, vejo nessas suas raízes uma explicação. Porque a moça parece-me porreira, do bem. Se me parecesse agressiva, daquelas que odeiam o mundo e querem que todos neles se lixem, a infância também podia ter a sua influência. Mas já não a veria, talvez, como uma mulher submissa a desmandos - embora tantas com um passado desses e uma postura dessas o façam.

A questão reside nas carências afectivas. Ou nas agressões afectivas. Com origem na infância e juventude. 
Com o que está por trás, com a forma como foi criada e educada, pelos pais ou outra figura que os substitua.


Foi então que me foi dito que uma mulher "p" faz o que faz e a responsabilidade não é dos pais. A concorrente em questão sabe-se, por já terem sido divulgadas imagens, que fez parte de um site de venda do corpo onde tudo fica à mostra. Ou seja, trabalhou, entre tantas coisas, como acompanhante/prostituta.

Mas sabem que mais? Isso não me influencia minimamente a julgar de imediato quem a pessoa é. O ofício não diz tudo. A pessoa é que tem de dizer mais. Estão para ali umas meninas de pouco mais de 20 anos, e também meninos, provenientes de lares aparentemente de famílias clássicas, com pai e mãe que lhes tentam dar uma vida com todas as comodidades, direitos e liberdades. E no entanto estas jovens só não são "p" por isso. Por terem uma casa com pais para onde regressar. Porque de resto, pelas histórias que muitas contam, a postura diante da vida e os comportamentos sexuais são até bem promíscuos. 

A questão então levantada, comigo dizendo uma coisa e outra pessoa outra é:
Eu acho que os pais têm sim muita responsabilidade nas escolhas de vida que os filhos fazem. 
Ou por serem demasiado permissivos, ou por serem castradores. Ou até por saberem ser de tudo um pouco na medida certa. Só isso e principalmente isso é que influencia o tipo de vida e de pessoa que uma criança virá a ser ou o tipo de oportunidades que conseguirá agarrar. Mas achar que uma mulher que se torna prostituta o faz somente porque tem inclinação para a má vida, é errado. Quem diz que o abandono emocional dos progenitores que tanta vez deixa um filho nas ruas, não é a auto-estrada para esse caminho?


sábado, 5 de outubro de 2013

Esta pessoa quer Pessoa

Apetece-me encontrar Pessoa, o poeta.
Mas adio.

Adio porque o reencontro tem de ser sereno.
Tenho de deixar as palavras ressoarem por dentro e se fazerem sentir. Como uma droga boa.
E para isso acontecer não pode ser já.
Preciso de silêncio e tranquilidade.
Coisa que não tenho,
Coisa que Pessoa pede e a alma anseia.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Antigas amizades (encontrar)

Não sei o que me deu mas lembrei-me de uma pessoa com quem privei na infância e nunca mais soube nada dela. E o que me lembrei? De colocar o seu nome na barra de pesquisas do facebook, pois o nome completo foi uma daquelas coisas que ficou na memória, vai-se saber lá porquê. 

Claro, não encontrei nada. Nem esperava encontrar. E se encontrasse, nada ia fazer. Mas isso fez-me reflectir na quantidade de pessoas com quem nos cruzamos na vida. Algumas até são recentes. E aí pensei: "porque será que as pessoas gostam de procurar e serem encontradas pelo facebook?"

É que não mudei de endereço. Nem de número de telemóvel. E o meu email basicamente continuou a ser o mesmo por muitos e muitos anos. De modo que, a meu ver, continuo tão contactável e localizavel quanto sempre. Se alguém num ímpeto de saudosismo quiser saber como ando, basta discar o velho número. 

No entanto, quase que arrisco afirmar sem muitas dúvidas que existindo essa possibilidade e o facebook, a maioria das pessoas se sentiria intimidada com o imediatismo do telefone e tentaria primeiro o anonimato do facebook. Com sorte, se encontrar quem pretende, consegue "espreitar" a sua vida sem se fazer notar. Sem estar presente. Descobre de imediato se está casado/a, como é a vida familiar, o que anda a fazer e até a sua aparência, graças às fotografias. Voyerismo?


Bom, no caso da pessoa que me veio à lembrança, nada descobri nem poderia. A curiosidade dita apenas o querer saber se está bem, se está viva, se tem uma vida minimamente agradável e feliz. O resto não me desperta muito interesse. Não quero saber se está melhor ou pior que eu, se envelheceu melhor ou pior, se tem mais posses ou se tem uma profissão mais invejável. Tudo isso que eu sei importar para tanta gente, a mim não interessa. Mas naquela altura nem existiam telemóveis, quanto mais números. Foi uma breve amizade perdida para sempre. É assim a vida.  

Cheiro a queimado em Lisboa - II

Cheira a combustão na rua. Intensamente. Cheiro poluente que mais uma vez invade a madrugada. Deu um "ar de si" durante a tarde mas foi agora que decidiu invadir o ar que respiro. Ah, cheirinho de madrugada, frescura... para onde vão estas características cantadas de Lisboa? Agora vão dizer que é o quê? Incêndio?

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Minha avó e sua geração - parte dois

!A Voz da Saudade", é uma espécie de reportagem/documentário a passar na RTP que fala sobre Maria Estefania Anacoreta, do Movimento Nacional Feminino, que em 1966 foi para as regiões de ultramar levar até os soldados mensagens gravadas em fita dos familiares que deixaram para trás. Foi comunicar as saudades de mãe, pai, irmãos, primos, avós, foi reforçar o amor de namoradas, foi comunicar a alguém que havia sido pai. Enfim, uma história bonita de um passado que não sendo tão distante assim parece estar a anos-luz do conhecimento da geração seguinte e até mesmo de alguns que o viveram.

É a beleza dos meios audio-visuais. Eles preservam uma determinada altura do tempo, "congelam-a" e trazem as emoções todas de volta. Isso é muito emotivo. Trazer "de volta" a voz dos que já morreram. Recordando quem foram, o seu calor, a sua vida.

Mas apeteceu-me vir escrever sobre isto porque ao deparar no zapping com a ida da senhora a um almoço de confraternização com um dos batalhões ao qual levou notícias no passado, percebe-se de imediato que chega e toma conta da situação. Que é vibrante, alegre, determinada, dona de si, animada e atrevida, o que os americanos dizem "sassy". E bem disposta. No sentido de que, a pesar de terem vivido em tempo de guerra, de perda, morte, de terem sofrido e envelhecido, a postura diante da vida é optimista. Não têm o pessimismo que parece existir agora. É guerreira. Faz por pensar positivo. No mater what.

E é isto que me impressiona. É isto que admiro nesta geração. Algo inteligível, que ainda não sei precisar com poucas palavras, mas que identifico com facilidade. E tudo isto fez-me lembrar minha avó. Ela era diferente desta senhora, mas ao mesmo tempo muito igual. Parecida na idade, parecida na energia e na afabilidade. Diferente na formação, no tipo de vida. Mas parecidas. Jamais vou esquecer que uma familiar definiu minha avó como "arisca". E acho que lhe cai tão bem! Só conheci minha avó, naturalmente, já avó. Não sei quem era como jovem. Quem era como pessoa e mulher. Só posso imaginar quem deve ter sido com a minha idade. Mas conheci-a bem como avó, e a pessoa que era como avó, como vizinha, como esposa. E já velhota, sem memória, ela continuava a ser muito ela. Tinha o mesmo brilho no olhar, o tal olhar que meu avô emocionado uma vez me confidenciou ser "muito bonito". Mantinha o seu espírito vivaço e bem disposto. Em consciência não queria perder-se em amarguras e tristezas. Recusava-se. Queria mexer-se, ser activa, sair de casa. Os maus momentos não eram negados mas também não era para se pensar muito neles.

Simplesmente acho que existe algo a aprender aqui. Algo que não vai existir na geração que agora envelhece. Acho que vamos ser uns velhos desinteressantes, tristes e amargurados. Muito "abraçados" às perdas. E eles, que realmente perderam tanto, filhos e possibilidade de uma vida melhor, não o fizeram.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A velhice, o emprego e a minha pensão

Quando ingressei no mercado de trabalho senti quase de imediato dificuldade. Antes mesmo do contrato de trabalho acontecer, disponível apenas fora da área de formação, primeiro surgiram os ditos "estágios". A grande maioria não remunerados ou apenas fornecendo despesas de deslocação. Estes estágios de poucos meses eram largamente praticados pela maioria das empresas na área, que assim beneficiavam dos conhecimentos frescos e recentes dos jovens a preço de nada. A "experiência" obtida pelo estagiário - muitas vezes de pouca relevância prática - foi a cenoura apresentada diante dos seus olhos. No final do tempo de estágio, o estagiário sabia que ali a sua estada ia terminar, pois ficava mais económico para a empresa colocar um outro estagiário nas mesmas precárias condições e assim continuar a usufruir de matéria prima jovem, motivada e com ideias novas, a custo zero. 

Os estágios foram outra forma de adiar o óbvio da crise que viria claramente a assolar esta primeira razia de juventude formada no ensino superior, pós 25 de Abril. Eles adiavam a constatação de que o volume de emprego não suportava a quantidade da procura. Principalmente a procura qualificada. As universidades estavam a formar jovens que não teriam espaço no mercado laboral. Mas enquanto isso, adiava-se a fácil constatação do problema, visto que uma licenciatura durava seguramente cinco anos. Cinco anos de contribuições de propinas e despesas relacionadas com o investimento. 

Quando comecei a trabalhar, antes mesmo até, estava cheia de energia, de vontade, cheia de capacidade para trabalhar muito. E já tinha uma boa noção no que me ia meter e como as coisas funcionam. Não era ignorante, embora fosse ingénua mas mais por ter bom coração e ser no fundo uma pessoa idealista do que por ignorar o que me rodeia. O que mais queria era começar a trabalhar e nunca mais terminar. Fazer os meus descontos religiosamente e o quanto antes, para garantir alguma segurança na velhice. 

Mas os primeiros anos foram decepcionantes na medida em que os empregos surgiram intercalados por meses sem emprego. Os contratos de trabalho precários, a prazo, que ditavam que ao fim de "X" tempo ias embora. Os empregos obtidos através de empresas de contrato de trabalho temporário. Ninguém contratava diretamente, ninguém oferecia boas condições de remuneração, todos exigiam horas extra gratuítas. Fui para o estrangeiro, por gostar da função, mas também ela era temporária. Quis ficar por lá,  mas a família fez-me voltar. Retomei a procura por emprego. Nada fácil. E assim se passaram os primeiros cinco anos, depois os primeiros dez. Empregos precários, intercalados por períodos de desemprego. Os tais descontos que queria fazer são hoje uma realidade distante. Descontei tanto quanto não descontei. Não por vontade, mas por circunstância. Não vou poder contar com a segurança dos descontos para assegurar a velhice. Isso me preocupa mas já o constatei como uma realidade dura que aí vem. E toda a velhice merece ser assegurada financeiramente. Era jovem e já a pensar na velhice, mas de pouco me serviu. Quando oiço meus pais e outros como eles a refilar pelos cortes nas suas pensões, a falar das dificuldades económicas, mas com tecto e meios de subsistência minimamente aceitáveis, fico a pensar para comigo se percebem a sorte que têm. Porque apesar de tudo, a velhice deles está garantida e a vida está assegurada. Têm pensão, coisa que eu não vou ter. Direitos de assistência médica especiais devido à anterior função de um dos conjugues. Eu e tantos outros não vamos chegar à velhice com nada disso.  

Já nem penso tanto no futuro. De pouco me adiantou. Nem no presente. Vai-se indo.... A enorme força motriz que me inundava o peito foi totalmente desperdiçada em tentativas e mais tentativas. Tenho plena consciência de que muita boa energia é desperdiçada por este país, que levianamente deixa escapar jovens extremamente capazes, produtivos e com grande vontade de trabalhar. E quando tanta coisa é desperdiçada, e outra tanta tão mal feita ou dificultada, não se agoira nada com optimismo. E na verdade, não se deve olhar mesmo. Mas uma coisa eu sei: é vital uns ampararem os outros. E embora gostasse de ser eu aquela que virá a ter capacidade suficiente para se aguentar e ainda auxiliar quem precise, provavelmente vou pertencer à categoria de pessoas com uma certa idade que precisam de ajudas. E infelizmente terá de ser assim. No passado amparamos os nossos idosos com reformas acima das suas contribuições. Baixas é certo, para o nível de vida, mas altas para as próprias contribuições, curtas no tempo devido ao desconto tardio ou outras falcatruas da altura, pois tudo isto chegou depois do 25 de Abril, após uma vida inteira de trabalho que não foi contabilizado. Isto eu sei: temos todos de ser uns pelos outros, para que a malha da sociedade não colapse. Se isso vai colocar mais peso sobre os ombros dos nossos filhos, é algo que se tem de acatar. Se será sobre o peso dos nossos idosos, terá de se acatar. Não se pode é deixar cair a malha social, para o buraco fundo que é a pobreza e a miséria, do qual uma vez lá dentro dificilmente se consegue recuperar. E é por isso que trabalhamos.