sábado, 30 de junho de 2012

Crise? Já não é de hoje!

Os noticiários e a Comunicação Social em geral não CESSAM de falar na CRISE.
Eis o que o noticiário da TVI, hoje, explica o que é a crise de acordo com os hábitos de consumo:

CRISE É:
1. Ir de Super-Mercado a Super-Mercado à procura dos produtos mais baratos.
2. Consumir produtos alimentares FRESCOS ao invés da comida embalada.
3. Cozinhar em casa ao invés de fazer alimentação em locais de restauração.
4. Esta "dieta orçamental" -diz a jornalista, fez também "emagrecer" o consumo de outros produtos: refrigerantes, batatas congeladas, sobremesas lácteas -  "são produtos que as pessoas já não consomem tanto"  - diz a entrevistada Madalena Bettencourt, Directora do Lidl. Que ainda acrescenta: "hoje em dia as pessoas vão mais vezes às compras, compram menos e preferem confeccionar as refeições em casa".
5. A jornalista "passeia" pelo supermercado e vai falando de percentagens de consumo nos primeiros 3 meses deste ano em comparação aos do ano passado. O consumo de alimentos até subiu ligeiramente, porque se compra mais, mas o que desce é a procura de BENS NÃO ALIMENTARES, e para o exemplificar, vai fazer entrevistas numa loja de electrodomésticos. E acrescenta:  aqui, como no sector dos têxteis, cultura e lazer, o ciclo de vida dos produtos aumentou. O novo só serve quando o velho realmente  já não serve.
6. Conclui-se a reportagem chegando à conclusão que o consumo está em queda-livre, o que vai ser fatal para algumas empresas e originar o desemprego.


Vamos reflectir...
1. Não consumir sobremesas lácteas... e que tal NENHUMA sobremesa previamente confeccionada? 
2. Não consumir comida enlatada, ou embalada previamente confeccionada... qual a novidade?
3. Ir de super-mercado a super-mercado em busca dos produtos mais baratos e comprar em função do preço... desde quando isso é hábito de agora?
4. O novo só serve quando o velho realmente já não serve... Qual é o mal disso? Pelo menos que esta "crise" sirva para reeducar os hábitos de excesso de consumo para onde nos estávamos a dirigir! Tanto consumo de produtos de plástico e têxteis para quê?
5. E acrescento: deixar o carro à porta de casa (ou nem o ter) e ter de se deslocar de transportes e a pé... que mal tem nisso?


Este contínuo mencionar da CRISE pelos media já enerva. 
Falam da Crise ECONÓMICA como se ela tivesse acabado de chegar, transformam-na em NOTÍCIA, como se fosse uma NOVIDADE recente. Mas agora descobri, graças a estas descrições pormenorizadas do que são os SINAIS da CRISE ECONÓMICA, que já vivo em CRISE faz quase DUAS DÉCADAS, não morri e ninguém alguma vez se lembrou de fazer tanto alarido disso. 

Em suma: descobri que afinal muitos já vivem em crise faz muito tempo e sobrevive-se! O que é esperançoso: não se morre disto. Crise, como alguém já disse, era noutros tempos, na altura dos nossos bisavós ou avós, quando passavam fome e escasseava comida nos lares da maioria da população, assim como vestuário, dinheiro no bolso ou mesmo um tecto para uma família morar. Enquanto a crise for adoptar hábitos mínimos de consumo e aumentar os de poupança, não se vive mal. Vive-se remediado, vive-se no que alguns chamam de pobreza, mas não se está em CRISE.


Todos estão a focar as suas atenções apenas na CRISE ECONÓMICA, quando devia-se era abordar a CRISE DE VALORES, a crise social. ESSA SIM, merece alguma reflexão. Será esta a que mais vai sofrer com as alterações económicas e dos hábitos de consumo, habituados que alguns estavam aos luxos, será esta a sofrer com o crescer do desemprego, com os maus salários... a crise SOCIAL está a cercar Portugal como um abutre a sobrevoar a carniça.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Centro(s) de Emprego




Há muitos anos atrás concluí que o Centro de Emprego em Portugal não VALIA NADA. Achei que era altamente DESMOTIVADOR e INÚTIL recorrer a esta instituição pública para tentar reverter uma situação indesejável: o desemprego. Anos depois a sensação mantém-se e NADA, absolutamente nada parece ter evoluído para que pudesse mudar de opinião.

Querem saber como foi para mim recorrer a um centro de Emprego no UK?

Muito, muito, mas mesmo muito MOTIVADOR.
Num centro destes no UK RESPIRA-SE emprego. Logo ao entrar, sente-se que se veio ao lugar certo. Uma pessoa fica de imediato OPTIMISTA.
O atendimento é simpático, igualmente optimista e sorridente.
Máquinas automáticas em fileira convidam-nos imediatamente a consultar todas as ofertas de emprego nacionais, divididas por áreas, TODAS as áreas, nenhuma fica excluída como acontece por cá.
Basta carregar num botão para IMPRIMIR as ofertas de emprego visualizadas, na quantidade que se desejar, não tem limites, é GRÁTIS e IMEDIATO, tão fácil com receber um talão da caixa multibanco.
Por aqui já faz MUITA DIFERENÇA. O utente começa logo aqui a ser ORIENTADO no caminho certo.
As ofertas incluem uma descrição minuciosa da função, sempre cuidadosamente dividida em direitos e deveres e onde surgem TODOS OS DADOS necessários, que incluem dados pessoais da entidade empregadora, contactos da empresa e salário oferecido, informação NUNCA OMITIDA como cá acontece.


E qual é o processo nos nossos CENTROS DE EMPREGO?

Em Portugal, vai-se a um centro de emprego meramente para constar numa base de dados e fazer parte de uma estatística.
É altamente DESMOTIVADOR só o espaço e o atendimento em si.
Não é DINÂMICO.
Na maioria das vezes o atendimento parece ser feito por zommbies.
Quem chega ao centro de emprego na hora de abertura, passados 10 a 15 minutos está a ver os funcionários que te vão atender ainda a entrar pela porta. Passados outros 10 minutos (para o cafezinho por suposto), esse funcionário faz o seu primeiro atendimento.
As ofertas de trabalho a consultar consistem no máximo em duas dúzias de papéis afixados numa parede, que poucos dados facultam. Recentemente verifiquei que já nem papéis afixados existem mais, só o vazio dos seus invólucros de plástico.
Algumas dessas poucas ofertas afixadas são desmotivadoras e até insultuosas, devido ao seu carácter exploratório*.
As máquinas automáticas para consulta de ofertas de emprego são, em quantidade, UMA.
E está fora de serviço. Exibe orgulhosamente um envelhecido papel onde se lê a palavra "AVARIADO".
Predomina o VAZIO. Um espaço vazio de ofertas, com cartazes coloridos com dizeres promissores mas com setas a apontar para o NADA.


Concluo que enganam o povo porque, nitidamente, o governo há décadas que não faz a MÍNIMA IDEIA do que anda a fazer. Não parece que saibam ORIENTAR o indivíduo, aproveitando as suas CAPACIDADES, valorizando-as. Cultiva-se e parece até que o que se quer são indivíduos passivos, resignados, que gostem de viver de subsídios. Num Centro de emprego em Portugal só servimos de estatística. O resto é pura ilusão e frustração.


- - - - - A PRIMEIRA VEZ - - - - - -

Querem saber como foi o meu primeiro contacto com um centro de emprego? Era estudante e pretendia um trabalho em part-time para conciliar com os estudos. Após explicar a situação, fizeram-me a inscrição e mandaram-me aguardar por um contacto via postal dos CTT, mas não antes de frisarem que, caso falhasse comparecer a uma entrevista, a inscrição seria imediatamente anulada. Após duas entrevistas numa das quais o indivíduo confidenciou que aquilo era uma mera formalidade exigida por lei para a empresa não perder o apoio económico do Centro e que já tinham a vaga preenchida, um dos postais não chegou à caixa de correio a horas (agora até fico a pensar se não existiu uma intenção por detrás da improbabilidade horária). Fui de imediato ao Centro de Emprego para explicar a situação e garantir o meu desejo de manter a inscrição. Mandaram-me aguardar. Depois chamaram-me para o gabinete porque ia ser atendida pela DIRECTORA do Centro. Esta directora disse-me que não ia renovar a minha inscrição porque "não era justo tirar trabalho a quem realmente precisa". E pronto: fui recambiada dali para fora pela própria directora de um centro de Emprego, que me disse que não tinha direito a um! Ainda hoje causa-me surpresa.


E é este o sistema que temos em Portugal. Há muito que tem um cancro que não é fácil de erradicar, mas também não identifico por parte do governo ou da própria instituição qualquer intenção de o erradicar. Faz muito, mas muito tempo, desde que me tornei cidadã activa, que percebi que o Centro de Emprego E FORMAÇÃO PROFISSIONAL é uma anedota. E por mais crédito que queira dar à instituição, por mais que reconheça que existem, decerto, profissionais empenhados e bons profissionais por ali, o que sempre vem ao de cima é a incompetência, a nulidade de todo este processo. A utilidade de um Centro de Emprego parece ser apenas uma: servir como fonte de estatística. O governo andou anos a manipular estes números, quer através da longevidade dos cursos universitários quer através de inúteis acções de formação a desempregados, que uma vez em formação, deixam de pertencer às estatísticas dos desempregados, por frequentarem cursos FINANCIADOS por verbas internacionais. Sem dúvida que o governo teve como objectivo na sua agenda retardar a entrada da juventude no mercado de trabalho. Parece ter forçado o indivíduo a assumir uma postura mais passiva e derrotista, forçando-lhe um sistema de espera inútil. Um sistema de ENGANO e decepção. Quis formar indivíduos passivos e dependentes de rendimentos subsidiados. Que agora as coisas estejam como estão era uma questão de tempo. Tudo isto era uma bolha de pus, pronta a arrebentar. Arrebentou!


* Uma vez encontrei num centro de emprego uma oferta em destaque onde o pretendido era recrutar de preferência jovens indivíduos para um trabalho sazonal no estrangeiro, com horário de sol a sol, advertência para a dureza da função, menção ao alojamento deficiente e em massa, de custo não incluído, por um salário miserável abaixo dos 500 euros. E indicava como "compensação" motivadora, a "atmosfera" do local, que era festiva! (só para os visitantes, está claro). E isto é PROMOVIDO pelo nosso centro de emprego!



sábado, 2 de junho de 2012

Uma história pessoal - parte 1

Há muito tempo, era eu adolescente, passei por uma pastelaria especializada em fazer uns croissants quentinhos que minha mãe adorava. Decidi fazer-lhe uma surpresa. Tinha comigo dinheiro suficiente para comprar somente a quantidade certa: um  croissant para minha mãe, outro para minha irmã e outro para mim.

Entrei na pastelaria e escolhi o sabor favorito de cada uma de nós. Eis que andavam por ali umas crianças ciganas que tinham o hábito de ir ter com as pessoas a pedir-lhes dinheiro para comida. Uma lá entrou e, sem grandes embaraços mas educadamente, começou a abordar as pessoas solicitando dinheiro, dizendo que tinha fome. Quando chegou a mim, disse-lhe que dinheiro não lhe dava mas que lhes comprava um croissant, se quisesse. O menino olhou para mim, depois para os colegas que ficaram fora da pastelaria, a espreitar para dentro com o rosto colado ao vidro e, percebendo o contentamento geral diz: Um para cada um de nós? Ao que lhe respondi: Não, não tenho dinheiro que chegue. Dou-te um bolo mas vais ter de o partilhar com os teus amigos. Ainda numa tentativa para ver se conseguia algo mais, o miúdo olha os dois croissants embrulhados em cima do balcão e sem embaraço pede-mos. Ao que respondi que não podia lhos dar, porque não eram para mim, eram para dar a outras pessoas. O miúdo consentiu e mantendo o interesse no croissant que lhe disse dar, perguntei-lhe que sabor ele e os amigos preferiam. Chocolate, claro...

Quando a empregada me entregou o bolo passei-o para as mãos do miúdo que, todo contente e eufórico como os amigos que ficaram no exterior, correu para fora da pastelaria com o croissant quentinho com recheio a chocolate nas mãos e já a dividir com os restantes, dispersando todos de seguida.

Provavelmente aquilo era normal para aquele bando, talvez pedissem moedas todos os dias por hábito, talvez nem tivessem mesmo fome, andavam sempre por ali a pedir e como aprenderam a não entrar todos ao mesmo tempo abordando as pessoas de uma forma inconveniente, mesmo que o dono ou os empregados da pastelaria se sentissem incomodados, ninguém os mandava sair. Costumava perceber a presença deles quando estava de passagem, até porque, quando um estabelecimento liberta um aroma tão convidativo como aquele, é irresistível para um adulto, quanto mais para crianças. A pastelaria estava sempre cheia e os croissants quentinhos sempre a sair. Habitualmente as pessoas não lhes davam dinheiro, até porque dizia-se que os pais ciganos não trabalhavam e punham as crianças a pedir, como se fosse uma profissão e depois recolhiam o dinheiro para si e não compravam comida. Normalmente a mendicidade das crianças   recebia como resposta um "não", ou acenava-se negativamente com a cabeça, ou mais recorrentemente, dizia-se apenas "não tenho dinheiro", ou "hoje não", etc.

Dinheiro também não ia dar, não sei o que fariam com ele. Não o considero ajuda, dinheiro não se come. Mas comida dava na boa. Nem pensei muito nisso, para ser sincera. Fi-lo com naturalidade. Como só tinha dinheiro para comprar 3 croissants, tomei a decisão consciente de prescindir daquele que seria para mim. Embora estivesse com uma fome gigantesca, podia sempre comer algo ao chegar a casa, não é? E por mais que salivasse por um daqueles croissants quentinhos com recheios saborosos, podia prescindir deles e contentar-me com uma carcaça com manteiga. Só não queria era deixar de surpreender minha mãe e irmã, levando-lhes aqueles croissants quentinhos com os seus recheios favoritos.

Tentei chegar a casa o mais rápido possível, visto que tinha de apanhar transportes. Só pensava nos  croissants, que não podiam esfriar, não tinham piada quando consumidos frios. Quando entrei, chamei-as até à cozinha e mostrei-lhes o que lhes tinha trazido. Estava toda entusiasmada e esperava vê-las a comer os croissants com deleite. Mas foi aqui que tive a minha surpresa, que foi a falta de entusiasmo delas. Sempre gostaram imenso dos croissants, mas não quiseram comê-los logo. Disseram que não tinham vontade, estavam cheias. E eu que corri para que os pudessem receber quentinhos. Fiquei mesmo surpresa com a aparente apatia que a minha surpresa suscitou.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Figuras ridículas na cegueira de uma obsessão

Já aqui se falou deste assunto mas está na altura de voltar a falar.
FUTEBOL e a selecção. Que paranóia é esta??

O que é que leva as pessoas a irem para a TV fazer figuras patéticas por causa disto?
OK, é altura de jogar a selecção mas é apenas um bom momento num desporto. Muitos outros passam pelo mesmo. O alarido é desproporcional e ridículo. E porquê quer isso dizer que têm de se transformar os portugueses em idiotas balbuciantes, cantantes e pulantes?

Lamentei não ter gravado no passado as figuras PATÉTICAS dos nossos pseudo-famosos a apoiar a selecção. Hoje carreguei no botão para apanhar uns cromozinhos para a posterioridade. A sério que acho tudo isto RIDÍCULO. Volto a dizer que deviam aplicar esta energia para contrariar a crise. Afinal, quem vai jogar são os jogadores, o povo fica na bancada! E o dinheiro que se gasta nestas m*rd@s?? E o aproveitamento comercial? Até BATATAS FRITAS estão a ser alvo de anúncio televisivo à pala do futebol e de uma personagem de uma novela... é nojento.

Usam até as crianças neste que é o DIA delas para falar de jogos de futebol... blhac!

Que opinião têm disto?