segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Vem aí o ano




Será a 5 de Fevereiro - o Ano do Porco.
Entretanto mais de metade da população mundial está, provavelmente, a entrar ou já a despir as suas melhores roupas, após andar aos pulos, entre fogo de artifício, música, coffetis e champanhe.


OBRIGADO DO FUNDO DO CORAÇÃO
A TODOS OS QUE DISPUSERAM DE UM POUCO DO SEU TEMPO PARA DEIXAR AQUI OS VOTOS DE UM BOM ANO. É RECÍPROCO. PERDOEM-ME NÃO VOS DIZER O MESMO NOS VOSSOS CANTINHOS. MAS SAIBAM QUE JÁ ME ANIMARAM COM ESSE GESTO E VOS ENVIO MUITO BOAS ENERGIAS.

sábado, 29 de dezembro de 2018

Blue for tidy



Ontem pelas 11h estavam completamente vazios.
E assim os deixaram pelas 20h desse mesmo dia.








sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Cansada de lavar


Passei o Natal sozinha em casa. Mas ao contrário do que imaginei, mal tive tempo para fazer o que pretendia. Entre as horas de trabalho, as idas às superfícies comerciais em busca de mais uma coisinha e o chegar a casa e andar a limpar e arrumar, terminei o Natal a achar que passou muito rápido e a sentir-me exausta. Tal e qual como se o tivesse passado em Portugal, ehehe! 

A diferença talvez tenha sido os gritos e a algazarra familiar passar pelo "filtro" do microfone do computador e poder ser manipulado. Fisicamente, sentia-me cansada. Bocejava, corpo moído e um sono inoportuno. 

Mas nesses dias limpei a casa toda. Peguei em tudo que os outros deixaram espalhado pelos cantos e enfiei num armário e numa gaveta da cozinha. Comprei um ramo de flores, e depois mais outro, e depois uns vasos e enfeitei a sala com eles. 

Nem tive tempo de cozinhar. Mas comi e estava sempre a lavar louça e talheres. Ao ponto de me cansar e me chatear. Não recordo o quê comi. Sei que nada foi ao forno ou ao fogão. No máximo, microondas. Fazia intenções de almoçar e jantar mas na correria, só tive tempo para uma refeição por dia, geralmente a meio da tarde. 

Ontem duas das raparigas já estavam de regresso. A que não-limpa e a provisória. A que não-limpa foi a primeira a chegar. Ela tem sempre tempo para tudo menos uma coisa: limpar. Cozinha sempre  e suja, senta-se na mesa a comer e a ver filmes no tablet. Tem tempo para ir escovar os dentes, tomar banho, secar o cabelo, maquilhar-se e até tirar uma soneca. Só não tem tempo para passar a esponja na louça que sujou.

Eu escolhi bater um ovo e fazê-lo no microondas dentro de uma taça de louça. A seguir lavei a taça. Minutos depois apeteceu-me sopa, então fui buscar a mesma taça e aqueci no microondas a sopa.

A ideia de ter de lavar aquela mesma taça que havia lavado minutos antes até me chateou. Mas ao perceber que a que-não-limpa estava a terminar a sua refeição e eu tinha a taça para lavar, decidi ir lavá-la logo, antes que ela aproveitasse e me "deixasse" de legado a louça dela para lavar. 

Vai que ela ergue-se subitamente da mesa, mete-se no lava-louça pega no tacho que eu também lavei uma hora antes para ralar a sopa e que ela sujou para fazer a sua comida e entorna detergente para dentro. Será que o vai lavar? Não. Enche-o com água e diz que "não tem tempo" para lavar e que lava depois ou de noite, quando chegar.

Respondi-lhe, enquanto passava a esponja mal e porcamente na minha taça, que já estava farta de lavar louça, pois senti que passei o Natal inteiro a fazer isso. "Nem cozinhei e no entanto estive sempre a lavar" - disse-lhe. 

O tacho que lavei minutos antes (foto tirada às 13h)

Sou muito de ajudar os outros mas não quando isso entra na categoria "enabler". Se não vejo motivos para ela deixar ali a louça suja sem ser a preguiça, então, fica ali suja até ela ou outra pessoa a lavar. Lavei-lhe a louça algumas vezes, mas ao perceber que o faz por sistema e espera sempre que sejam os outros a lavar o que suja aí... paro de o fazer.

Tacho, agora acompanhado de outra caneca (foto tirada às 2am)
Já me chega que nunca tenha limpo NADA na casa. Se quer uma criada estas costumam ser pagas a preço de ouro. Não sou mãe dela. Mas ajo como se fosse, porque uma mãe das boas não é uma facilitadora. Ao ver que a filha é preguiçosa deixa de fazer as coisas por ela para que aprenda a lição. Não limpas? Então quando precisares encontras sujo.


O problema é que a casa só tem este tacho. Temos falta de panelas e tachos. Todos usam sempre o mesmo, à vez. Excepto entre "eles" que dividem entre si os tachos da outra. Mas se ela for buscar o da outra, tem de o lavar de certeza... Porque esse ela sabe que não é por mim usado. Logo, não pode esperar que o lave.

Ela entrou em casa, foi para a cozinha comer, relaxou, foi dormir... e o tacho fica ali sujo. Aposto que amanhã também "lhe falta tempo" para o lavar. A ver vamos. Amanhã, ao que parece, o senhorio ficou de cá aparecer. Exatamente porque a que-não-limpa vai embora dentro de dias. Só espero que não tenha o descaramento de partir, deixando o tacho por lavar. Mas creio que faz mesmo o género dela.

Já pedi ao senhorio faz mais de um mês, que arranjasse um ou outro tacho para a casa. Ele responde sempre que sim, mas depois não cumpre. A mais-velha diz que ele é "muito bom" nesse aspecto, porque o rapaz queixou-se que as facas não cortavam nada e o senhorio apareceu aqui com um set de facas "muito boas". 

Ás vezes penso que a mais-velha não regula bem... Eu é que acho que todos regulam melhor que eu, aahah. As facas são daquelas vistosas mas que após um único uso perdem aquela capacidade de cortar. Ela não conhece nada de boas facas. Acha que "caras" e "vistosas" é sinal de qualidade. Uma faca pode sempre ser afiada e voltar a cortar como nova. Tinhamos cá três "vistosas e de qualidade", que já não estavam a cortar (bastava afiar). Já tachos... temos mesmo falta. Porque fica um à espera que outro acabe de cozinhar e lave o tacho para o poder usar de seguida. Totalmente desnecessário. Um dia tiro uma foto para vocês verem. Deitei fora o que tinha FERRUGEM. 

O senhorio ignorou uma necessidade importante e deu prioridade a facas... Lembrei-me que quando as trouxe, a mais-velha desabafou que não sabia porquê o tinha feito. Agora veio dizer-me que foi "um pedido" do rapaz. Isto faz-me sentir que ele só responde aos pedidos de quem mais lhe agrada como inquilino. Porque ignorou a questão dos tachos dizendo "que podiamos comprar outros nós mesmos", ideia essa reforçada pela mais-velha que tem os seus próprios tachos e que acha que são baratos e se eu preciso posso comprar uns para mim. Contudo, também ela usa sempre este

Eu acho que não tem cabimento eu ter de comprar panelas e tachos para mim. É algo que a casa precisa de facultar, não sou eu que tenho de andar com isso às costas! 

Já comprei uma varinha mágica que não havia na casa... assim que a comprei e mostrei à mais-velha no dia seguinte apareceu como um milagre, uma máquina dela que faz o mesmo. Até parece que a tinha escondido com receio que eu a quisesse usar. A partir do momento em que arranjei uma, a dela já pode sair do "esconderijo".

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Há quanto tempo é que o teu marido te come a Pitada?


- Já come e muito bem há 10 anos.

Risos total entre os convidados: Marco Paulo quase se mija a rir - se é que não urinou mesmo. E Herman José, autor da "piada" autocongratula-se:

"Foi a melhor tirada de sempre".

Porquê a "plateia" em palco riu não sei. Certamente não foi por causa da ORIGINALIDADE ou IMPREVISIBILIDADE da suposta "piada". Que piada não teve. É só mais uma vulgaridade, esperada e típica do referido humorística. Isto é como tudo: quando é demais, enjoa. Herman José e o seu humor deixou de ser fresco lá em 1999... Mas ele ainda não descobriu isso.





Sintonizei eu a RTP de tão longe para isto...
Escusado dizer que voei fora no mesmo segundo.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Rapsódia de Natal


Bom, Feliz Natal a todos.
Estava longe de imaginar que ia passar o Natal a ver o filme que a Dona Redonda tentou tantas vezes ver, sem sucesso. Sim, Bohemian Rapsody. Estava na Lista de Canais online que encontrei e carreguei por curiosidade. O filme começou a tocar. 

Vi até o fim, não posso dizer que em extase porque nem sequer aprecio muito filmes bibliográficos. Gostei da cena final - a do Live Aid concert, porque em tudo é igual ao original. E digo tudo, referindo-me a cada movimento de corpo, de camara e de cenário - até mesmo a variedade e quantidade de bebidas deixadas em copos em cima do piano durante o concerto.


Confesso, contudo, que o final, finalzinho, não entendi bem. A língua dificultou o entendimento ehehe.

Parte final do Filme (julgo que é legendagem em russo)


FELIZ NATAL A TODOS, com SAUDE, ALEGRIA e PAZ de ESPÍRITO

Ass: Portuguesinha

domingo, 23 de dezembro de 2018

O Natal é muito PERIGOSO na Indonésia


Fiquei incrédula quando atribuiram a um Tsunami o desaparecimento de alguns elementos de uma famosa banda na Indonésia, que foi "levada" por uma onda num concerto perto de uma praia. Julguei eu que, sendo perto da praia e de costas para o mar, não tinham sido cautelosos... Mas afinal não foi uma onda mais violenta, foi mesmo um Tsunami. Outro... tal como em 2004. Também no Natal, dia 26. Quatorze anos depois... dia 23, véspera da véspera de Natal.


A Indonésia parece "amaldiçoada" pelas ondas do mar nesta altura do ano. 


Coitado daquele povo que está numa ilha à mercê da fúria da água (Já tinha havido um em Setembro). Está confirmada a morte de 222 pessoas. 
Outras estão desaparecidas. 


Outra vez não...




Juventude pretenciosa?


Os jovens podem ser Pretenciosos e Arrogantes.

Porque não os mais velhos?
Porque sabem que já não se safam com essas atitudes.
Às vezes, se pudessem, até as teriam.

E os jovens quando se virem mais velhos, perceberão que suas atitudes infantis não são mais tão bem vistas entre os pares. E mudam.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Londres - O segundo dia



Quando decidi ir a Londres era para voltar no mesmo dia. Os bilhetes ao fim-de-semana são mais baratos e válidos para um regresso até as 4h da manhã do dia seguinte. E dão para andar no metro, autocarros, etc. Em seis zonas. O preço de um bilhete single (só de ida) é o mesmo que o do regresso. Pelo que se o vais gastar, mais vale regressar num mesmo investimento.


Só que, pela experiência do passado, achei que o melhor era alojar-me num Hostel e passar uma noite lá. No início do ano fui encontrar-me com umas pessoas em Londres e decidi fazer uma surpresa e reservar um alojamento em apartamento. Só que fui enganada pelo cansaço e reservei por menos noites do que as pretendidas. Então, na primeira, optei por ficar num Hostel. E percebi que a experiência correu muito bem. Na realidade, valeu mais a estada no Hostel do que no Aparthotel. A relação conforto-qualidade saiu em vantagem para o Hostel, para não falar no factor "preço".


Munida com essa boa impressão de hostéis, decidi ir à procura de um. Faço-o sempre no site Booking. Em que zona pretendia ficar? Depois de ter decidido que ia explorar Londres pela London Bridge e terminar em Camden, comecei a procurar alojamento por lá. É que Camden e eu, eu e Camden... damos-nos bem. Não aprecio Londres por ai além. Comecei a gostar mais da cidade agora, após esta última visita. Mas certos lugares como a Oxford Street causam-me uma certa repulsa. Quero fugir de lá. Não têm muito a ver comigo. É um lugar todo centrado para o consumismo de bens de terceira necessidade. Um lugar mais fútil. Na rua observa-se o target próprio desse consumo: malta jovem... quase toda jovem, tudo "brainwash" (lavagem cerebral) para consumir produtos de marca, para se vestirem e maquilharem de uma certa maneira... Robots do consumismo. Nada a ver comigo que sou mais "free spirit". 




De modo que Camden tem o oxigénio que gosto de respirar: é um bairro eclético, não olha para as pessoas de lado, aceita todos os credos, é exuberante, tem de tudo, é divertida, espontânea e come-se muito bem por ali (melhor que no afamado mercado de Borough em London Bridge, onde a comida cheira sempre bem e tem um aspecto apetitoso mas, de certa forma, desilude no paladar e arrefece muito rápido). Camden era a zona que queria explorar mais a fundo até, quem sabe, navegar nos canais começando por ali direto a Hyde Park - rumo à Winter Wonderland.

Esses eram os meus planos para o segundo dia. Mas foram arruinados. Acabei por escolher alojamento em London Bridge ao invés de Camden porque prestei atenção aos comentários dos hóspedes. Não existiu nenhum hostel em Camden que me parecesse seguro. E há que pensar como é a zona à noite. Falaram inclusive em baratas, espaços pequeníssimos, falta de higiene. Pelo que a minha vontade de deitar e acordar em Camden teve de ser alterada. Encontrei um hostel com boas referências mesmo perto da estação de metro/ferroviária de London Bridge. Confesso que, de todas as áreas de Londres, considero London Bridge aquela que é mais chata de estar. Mais confusa. E menos bem sinalizada. Mas, a pesar de umas tantas voltas que, vim a descobrir mais tarde, podiam muito bem ter sido encurtadas em vários minutos, é fácil de explorar. 

Shard
Fiquei alojada com vista para o Shard - um edifício marcado para ser uma atracção turística. Estava em obras (não acontece só em Portugal). Devo dizer que não o acho nada de especial. Parece insignificante no meio da paisagem e minúsculo. Embora digam que é o ponto mais alto para se ver Londres em panorâmica. Se acho que vale a pena? Não. Não acho. Ainda se conseguem capturar boas panorâmicas da cidade que são totalmente de acesso gratuito. Como estas duas: 

Vista do último andar do Museu Tate

Basílica de S. Paul vista do terraço do Shopping local
(ao fundo, o inconfundível traço do Shard)
Mas como explicava, o meu segundo dia ficou arruinado porque queria passá-lo em Camden, seguido de Hyde Park. Mas primeiro quis tirar um empecilho do caminho: os bilhetes para o dia. Quis comprá-los de imediato, para a seguir poder explorar a cidade à vontade sem ter de me preocupar com os horários das bilheteiras. 


Já viajei sem o tal bilhete de regresso (Day travelcard) e consegui fazê-lo por seis libras. Desde que seja fora da hora de ponta, o bilhete fica barato. Aproveitei que estava em London Bridge para pedir informações na estação Ferroviária de lá. Mas pouca sorte... Bilheteiras com pessoas... não avistei. Tudo pareceu ficar após a cancela e aí só passas já com bilhete. Encontrei o posto de informações mas sobre preços nada sabiam. Após tentar encontrar a entrada mais próxima para o metro por só conhecer a perto do Hostel (cuja caminhada de acesso e no interior é longa), decidi procurar outra cujas setas indicavam para a direita (dei muitas voltas e voltas seguindo essas setas que nunca paravam de apontar) consegui então entrar na mais próxima (mesmo em frente!!!) onde um funcionário do metro ajudou-me com a primeira etapa da necessária burocracia do dia: carregar o oyster card - um cartão usado para andar nos transportes em Londres. Depois, ia tratar do bilhete de comboio

Tipos de Oyster Card
O máximo cobrado por um dia de viagem em Londres usando um Oyster Card é de 6.80 libras para viagens entre as zonas 1 e 2. O que basta! Acreditem. Existem dois tipos de oysters, o azul custa 5 libras que são refundáveis e o colorido custa 5 libras que não são refundáveis. Tinha comigo 3 azuis e um colorido (além de dois verdes, mas esqueçam esses). Cada azul vale por si só 5 libras, fora o crédito neles. Para economizar, decidi manter um cartão azul e recuperar as 10 libras que valiam os outros dois. Para essa operação precisava da ajuda de um funcionário.


Um senhor na estação do metro fez isso com uma impressionante rapidez numa das muitas máquinas para o efeito de venda e reembolso. A seguir: bilhete de comboio. Caminhei novamente em direcção ao Borough Market para  passar debaixo da ferrovia mas, ao parar no semáforo para atravessar a estrada, reparei que ia demorar pelo que decidi explorar outro caminho: o da rua ao lado. Big Mistake. Parece que se sai de um lugar mágico para um comum. Caminhei muito mas muito mais do que caminharia pelo atalho de Borough onde teria revisto uma paisagem encantadora. Subi uma avenida imensa (os pés já se queixavam do dia anterior) rodeada apenas de prédios altos e feios. Fui dar a Southwork Bridge, uma das muitas pontes Londrinas. Desci as escadas para o rio, onde estaria 10 minutos antes se fosse por Borough (2ª dica sobre Londres: Se tem pressa e não sabe que caminho seguir, vá atrás dos turistas).

Caminhando, caminhando... passo pelo Shakespeare Globe, pelo Tade onde paro um bocado com intenções de entrar. Já tinha essa pequena paragem programada. No dia anterior tinha passado ali e fotografado o edifício, mas o que quis mesmo fazer foi atravessar a ponte Milénio (mesmo à frente) em direcção à Basílica de S. Paul. E por isso não vi o que já sabia existir e me escapou à atenção: a instalação sobre o aquecimento Global mesmo à porta do Tate. Mas sobre isso, sairá outro post! :)

A Ponte Millenium - somente atravessada a pé (ou skate)
Com a basílica de S. Paul ao fundo num belo dia de sol.
Acabada a visita continuei o percurso sempre em direcção oeste, onde depressa avistei a bilheteira de comboio da estação Blackfriars e esperei para ser informada sobre os preços. Para minha surpresa e desagrado, foi-me dito que não haviam bilhetes baratos durante a semana. Qualquer um, fosse qual fosse o destino, a qualquer hora, tinha um custo de £18.90. Não pode ser! Vou perguntar noutro lado. - pensei. (3ª dica sobre Londres: Não se fie na primeira resposta, continue a perguntar, nem todos sabem dar informações completas).

Já estava a perder tempo.

Como expliquei ao senhor da bilheteira, já havia viajado daquela estação após a hora de ponta por seis libras. Como não  existia um valor mais económico? Lembro-me de pesquisar na NET valores de bilhetes de comboio com partida em qualquer estação Londrina durante um dia da semana. Nessa altura os preços variavam bastante, mas existiam preços baixos. Como é que agora só existia um valor?

Atravessei a ponte Blackfriars para o outra margem. Fui à mesma bilheteira onde meses antes fui informada que, usando o oyster card, o bilhete após as 18.30h ficaria por seis libras. O senhor do lado de lá (norte) foi muito simpático e notei-lhe uma genuína vontade de ajudar. Mas a informação não era diferente, embora ele tenha prestado um melhor serviço. O preço era mesmo £18.90 para sair de Londres por comboio, ascendendo a 25 libras se incluísse viagens locais (metro, autocarro). Este funcionário ainda me deu como alternativa ficar num destino aproximado, o que diminuiria em 6 libras o valor do bilhete. Foi a melhor e única opção que escutei, mas continuou a não ser satisfatória. 

O percalço estragou-me o dia. 
Não ia consegui «turistar», relaxar e descontrair até resolver a situação. Não podia adivinhar que a decisão de passar uma só noite em Londres ia sair-me tão caro. Sem dúvida alguma, assim não ia compensar. 32h na cidade não valem os custos do bilhete no dia anterior, a estada no hostel mais outra despesa da mesma envergadura. Três rombos... não compensa. 

Voltei a atravessar a ponte para a outra margem. O pensamento fixo no que ia fazer. Algures do lado de lá ainda estava o London Eye e quis passar pelos jardins que vão dar à atracção. Tinha como prioridade ligar-me à net para consultar os preços dos bilhetes online, habitualmente são mais baratos. Mas sem dados móveis, precisava de Free Wifi

WIFI gratuito em Londres?

4ª dica sobre Londres: Londres não tem Wifi gratuito, nem pontos de carregamento USB. Se precisar dessas coisas, tem mesmo de pagar uma estada num hotel/hostel... Nenhuma bateria de telemóvel dura mais que algumas horas principalmente se usado para filmar e fotografar.

A nova caminhada ainda foi longa. Fui olhando para os sítios... que falta faz o típico cafezinho português que disponibiliza Wifi gratuito. Mas sabia onde ia encontrar esse Wifi. No fim da rua Queens Walk, no interior do MacDonalds. Já havia lá estado. Aproveitava e almoçava um hamburguer. Embora o meu apetite tivesse desaparecido com a preocupação.

MacDonalds em 2014 - muito diferente do que se encontra agora,
cheio de pombos e de turistas (e parece-me, menos mesas se algumas)

Não foi fácil. O local é muito barulhento e não existe lugar para uma pessoa se encostar. Duas horas antes tinha a bateria do telemóvel a 100%, mas neste instante andava nos 30%. Uma mensagem de erro de conecção dos serviços google surgia em pop-up a cada segundo, impedindo-me de entrar nos links que queria abrir. Pensei que estava tudo a correr "menos bem". Mas lá consegui fazer alguma pesquisa. O que não consegui foi encontrar preços mais económicos. Quando ia para escolher outras estações de partida (Londres tem tantas e já havia passado para solicitar informações a duas distintas) um segurança "pediu-me" para sair do local mais isolado onde tinha me posicionado. 

Por esta altura já tinha decidido: se tiver mesmo que pagar um valor tão alto pelo bilhete de comboio (mais outro para o de autocarro após chegar ao destino) então vou economizar no oyster. Não vou andar de metro... (buáááá)...  vou fazer tudo a pé. Não ia almoçar a Camden, nem procurar, pela segunda vez (embora sem grandes esforços) a estátua da Amy Whinehouse ali localizada. Nem ia fazer compras no meu supermercado favorito mas em Camden... nem ia olhar com mais atenção as muitas casas de tatuagem que por ali existem. (Eu que não gosto por aí além, estou a pensar fazer uma. Mas o local onde se tatua faz parte da experiência, pelo que o local onde gostaria de fazê-la é Camden. Até agora não me ocorreu outro. O quê tatuar e com quem... vai levar anos a descobrir. Sei que preferia 1) tinta provisória e 2) tatuagem branca - nada disso existe ainda em Camden ou por Londres, pelo pouco que pude investigar.

Adiante...

Saí do MacDonalds, dobrei a esquina à esquerda e atravessei a Westminster Bridge rumo a Waterloo - outra estação de comboios, outra ponte. A estação ficava atrás do London Eye... que já havia ultrapassado. Mas não tinha como saber até estar ligada à net


Waterloo station

A caminhada até foi fácil. Chegada lá, uma estação enorme, fiquei numa fila (mais uma) e perguntei a uma funcionária se podia dar-me os horários e preços dos comboios com destino à minha cidade e a outra perto, com partida pelas 22h. Ela disse que sim, foi imprimir duas folhas de papel e deu-mas. Agradeci-lhe mas quando virei as costas  percebi o quão inútil eram os papéis que me entregou: imprimiu os horários dos comboios não os valores

E o que precisava eu com urgência, senão os valores?

Tentei novamente descobrir outros locais onde me ligar a Free Wifi mas não existe um único estabelecimento nesta estação de Waterloo a disponibilizá-lo. O MacDonalds tem wifi mas pede que se pague para aceder. 

Londres = oportunismo.

Já era tarde. Tinha de fazer algo para aproveitar o dia. Decidi então caminhar até Hyde Park. Rumo à tão falada Winter Wonderland. Se aquilo fosse giro, podia demorar-me por lá até às 22h e depois seguia para Victoria Station - outra estação ferroviária, a principal. Ali podia também apanhar um coatch (camioneta) para o meu destino. Custaria menos (cerca de 10 libras) mas ia demorar quatro vezes mais tempo a chegar. Porém, estava decidida a economizar desse por onde desse. A prova disso era a minha determinação em andar, andar, andar...

Sem me cansar. Os pés, esses, coitados... estão habituados a bolhas e desconforto de sapatos. As pernas, não podia desejar melhor: portaram-se muito bem. Caminhei sete horas seguidas a bom ritmo, tirando pequenas pausas como a do MacDonalds. Senti que podia caminhar outras sete. 

O que aconteceu quando finalmente alcancei o Hyde Park, já vos contei no outro post. Quero que percebam que saí do hostel às 9.30h, dediquei algum do meu tempo no museu Tate mas o objectivo foi sempre comprar os bilhetes para ir almoçar a Camden, entrar nos canais e "navegar" até Hyde Park. Porém, por esta altura já eram umas 15h... 

Finalmente, em Victoria, eram 17h quando recebi a informação que precisava! Se depois da hora de ponta usasse como forma de pagamento o contacto por cartão, a viagem fica por metade do valor que me foi indicado o dia inteiro.

Estava certa! Se me tivessem dito isto logo pela manhã, teria aproveitado Londres. Teria relaxado e gasto mais dinheiro em atracções, comida, tinha usado o Oyster card... Mas como me disseram um valor de bilhete de comboio tão alto, a mente sintonizou-se de imediato na necessidade de poupar.

Londres não se ajuda a si mesma...
Ou os caminhos-de-ferro não ajudam Londres.



















quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Londres - Luzes de Natal


Quis ver iluminações de Natal - coisa que falhei em Lisboa. Acho que foi essa ideia que me impulsionou para dar o pulo até Londres. Isso e ver a tal Winter Wonderland. Não tanto por estar cheia de vontade mas por ser o evento do momento e estar lá para poder fazê-lo. Para a semana deixa de ser Natal, era agora ou... daqui a um ano. 

Já chega de procrastinar - pensei. A viver há dois anos em Inglaterra e só pisei Londres duas vezes a lazer com outras pessoas e duas vezes em "ofício". Ambas visitas rápidas. 



Sobre as iluminações de Natal deixem-me dizer-vos que não perdem nada. Tenho a certeza que Lisboa é bem mais divertida, deslumbrante, eclética e bonita nesse aspecto. Aqui só as ruas principais estão iluminadas. E nem é assim algo exuberante. Oxford Street e Regent Street - que se cruzam e são principais artérias comerciais, exibiam decorações patrocinadas - pelo que fica até feio ver aquela publicidade.

Descobri agora, enquanto pesquisava pelo link da Winter Wonderland (acima), que a decoração de uma das ruas é a mesma que a usada o ano passado. Pelo que eles se repetem, nem buscam originalidade. 

Decoração da Oxford Street o ano passado - está idêntico este ano

Não achei as iluminações de Natal Londrinas algo especial. Pelo contrário. Modestas, sem originalidade, muito contidas e muito parcas. Mesmo decorações singulares, como pinheiros e árvores de natal em cada praceta ou rua, foram muito esparsas. 


Quanto à Winter Wonderland... Fui. Para voltar atrás de seguida

O evento não passa de uma Feira Popular Grande. Para lá chegar, decidi ir a pé. A minha aventura nesse dia foi tooooda a pé (isso irei contar mais tarde). Da Trafalgar Square em direcção ao Green Park. Foi aí que perguntei a uma jovem rapariga a vender comida numa roloute no parque, se era ali que ficava a tal feira de Natal. 

Winter Wonderland 2017

Estava convencida que era em Hyde Park - mas quando andei no metro na noite anterior, saí em Green Park para mudar de linha e vi um enorme cartaz escrito à mão com marcador: "Winter wonderlant saída e vire à direita". Era hora de fecho da feira (22h) e vi uma multidão com bandeletes de rena, muita boa disposição e sorrisos a entrar na estação. Pelo que pensei que aquela seria uma estação muito próxima. 

Mas a menina na Roulote esmagou as minhas esperanças ao dizer-me que era mesmo em Hyde Park. "Perto, apenas 15m a pé daqui".

DICA nº1 sobre Londres: Tudo fica a  uma distância a pé de 5 ou 15m

Mesmo quando páras nos muitos mapas do local espalhados pela cidade, estes indicam distâncias de 5 a 10 minutos caminhando. Assim tudo parece rápido. Mas olhem que não.... 


Olhei para o relógio: eram 16h quando falei com a menina da roulote. Tinham passado 25m quando cheguei ao primeiro portão da Winter Wonderland.

E o que se anda no parque para lá chegar!! A multidão era mais que muita. Quilómetros de gente a caminhar pelo percurso. Numa espessura de umas quatro pessoas e uma fila que se avistava à distância de uma ponta à outra. Quando cheguei ao portão vermelho, aproveitei para perguntar em que direcção ficava o ponto para o qual tinha de regressar. Não faz mal algum fazer perguntas e não ficar apenas pelas indicações de um mapa. 


Sim, tinha um mapa. De papel mesmo. O telemóvel não tem google maps a funcionar nem dados móveis. Para minha surpresa e agrado, quando vinha a sair, posicionei-me debaixo da luz forte de um holofote para poder consultar esse mesmo mapa e foi então que, do nada, um casal muito jovem aparece-me à frente. O rapaz já com o telemóvel em riste e o google maps a indicar a nossa posição, ofereceu-se para me orientar. Achei o gesto muito querido. Mais uma cortesia das cidades grandes... Esclarecida quanto à rotunda para a qual teria de me dirigir (embora sem se saber especificar se ficava à esquerda ou direita), despedimos-nos cordialmente e segui caminho. Desta vez, rumo à estação ferroviária regresso a casa. Com muita pena minha, a minha estada em Londres ia acabar ali.

Não dá para perceber mas à esquerda saiam pessoas.
Há direita era a entrada, com um aglomerado de gente.
Percebem a distância?
Mas antes de ter voltado atrás tentei entrar na famosa feira. Um p-e-s-a-d-e-l-o. Que não recomendo a ninguém. Eram 16.30h... ainda era cedo, mas a quantidade de pessoas aglomeradas em todos os portões dava medo ao susto. O Golden Gate -aquele para o qual me dirigi «apenas uma curta caminhada»  disse o segurança à porta do portão vermelho, encarregado de só deixar passar por ali famílias. Mais uma "curta distância a pé" típica dos ingleses. Até foi um pouco distante, devo dizer. Deviam ali estar, nessa entrada dourada, à vontade, 1000 pessoas. Todas aglomeradas numa massa gigante de cabeças, casacos e cabelos. Percebi de imediato que podia caminhar mais sete horas se me pedissem, mas não conseguia ficar parada numa fila nem mais um minuto. 




Vi uma passagem direta para o portão entre uns separadores metálicos e enfiei-me por lá. Quis tirar um fotografia perto do portão e ver o que se passava, fazendo uma estimativa do tempo de espera. O que se passava é que estavam umas cinco pessoas a fazer vistoria a cada mala dos visitantes... E isso leva uma eternidade. 20 minutos não bastariam para "limpar" toda aquela gente dali. Nem pensar. 

Então tirei as minhas fotos e decidi ir embora, contente por não ter de ali ficar. Recuei no atalho dos separadores metálicos, agora cheio de gente que, armada em esperta, tentou furar a fila e chegar-se à frente. Uma dessas uma rapariga empurrando um carrinho de bebé - coisa que me irritou porque não existe prioridade e ela estava a usar uma criança para esse fim - coisa que sempre desaprovo. A entrada para famílias, jovens e crianças era no portão vermelho. 

As fotos sairam ruins porque o tm não foi feito para capturar imagens noturnas com luzes. Mas deixo-vos aqui o comprovativo desta aventura. 







A essência deste Blog


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Fui a Londres - parte 1



Talvez por já não suportar tanta falta de educação aqui na terrinha onde vim parar, tive uma súbita vontade de mudar de ares. E decidi ir passear para o centro de Londres. 

Não me apercebi do motivo até me ver na Oxford Street, entre a multidão de pessoas, caminhando entre passeios largos ao invés de estreitos e desnivelados, desviando-me e vendo outros a desviarem-se ao invés de ter de parar subitamente a marcha para ceder passagem a uma "parede" no sentido oposto. Cada vez que alguém me dava um encontrão (foram muito poucos) ou eu dava algum, sempre se trocava um "desculpe". 

Ninguém me olhou de lado, ninguém murmurou "algumas pessoas são rudes" à minha passagem, ninguém mandou bocas foleiras. Ah, foi como uma bolha de oxigénio! O mito que em cidades grandes as pessoas são mal educadas, indiferentes, frias e não querem saber dos outros é isso mesmo: mito. Sem perceber, estava cansada dos olhares tortos que te lançam cada vez que acham que te atravessaste na frente porque andas rápido e não no passo-lesma com que uns impedem outros de circular.





Comecei a apreciar Londres e, pela primeira vez, regressar a esta terrinha foi uma ideia que não me agradou muito. Ainda por cima, tal como estava a precisar, fui encontrar lá um tempo maravilhoso. Um sol fantástico, aquela claridade que quase faz lembrar Lisboa, não estava frio, nem vento. Há tarde - e porque escurece cedo, o céu ficava encoberto mas nunca perdeu a luz. Já quando regressei para a cidade pequena... encontrei inverno rigoroso e uma escuridão que nunca chegou a ser dia. Que tristeza!

Londres ensinou-me outra lição: também existe um mito sobre a cidade. A ideia de que está sempre envolta em nevoeiro, poluição e sempre a chuviscar. Não desta vez. Não podia ter pedido melhores dias para o mês de Dezembro. Foi sol, sol, sol e um clima maravilhoso. Não quis ir embora. Mas tinha de ir.

Londres é cara. E esse é o problema. Na realidade, é tudo "barato" mas, quando somado esse "tudo", 100 libras por 48h vão num instante. E isto só contando uma estada num hostel (recomendo) e o preço dos bilhetes de viagem.

Mas vou contando mais e dando-vos dicas nos posts seguintes.
Fiquem atentos.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Fui às compras


Vim das compras toda contente.
Encontrei este peixe salmão por um preço bem apetitoso. Impossível não trazer.
Alguém sabe de uma boa receita para esta delícia?


Entretanto devo contar-vos que quase não apanhei peixe algum...
As pessoas têm cá uma lata. Bem sei que é promoção e que se pode levar em grande quantidade. Mas levar TUDO o que vêm à frente é ser-se muito egoísta. 

Um homem bem vestido, com uma criança bem vestida bem à sua imagem, já tinha "reservado" todos os peixes à vista. Estava ali à espera que as etiquetas com o novo preço fossem imprimidas e coladas. Levou 10 salmões. Acho que não levou mais porque não sabia que havia mais para levar. 

Acho esse comportamento muito descarado e tenho cá as minhas suspeitas sobre o destino que dão às grandes quantidades de alimentos que levam por preço reduzido. Acho que têm maneiras de os re-vender ou transformar em menus de restaurantes, por exemplo. Claro está, a valores com um lucro enorme. 

Foi o homem da peixaria que deu a entender ter mais. Ele é pouco simpático e fez-se de surdo quando lhe perguntei duas vezes "por favor, desculpe, qual é o preço do peixe?". Respondeu-me que estava a atender um cliente (o homem que esperava cada etiqueta ser impressa pela máquina e colada nos seus 10 peixes). Pedi desculpa por "interromper". Mas fiquei à espera que se dignasse a uma resposta. 

Quando o homem bem vestido se afastou, o peixeiro lá me respondeu. Foi então que entendi porquê levava ele TODO o peixe à vista. Um peixe de cerca de 10 libras a ser vendido por 50 centimos... É roubo. O peixeiro, algo contrariado, perguntou-me então quantos eu queria


QUANTOS... sinal de que tinha mais. Respondi: "Só um". Ele ainda quis que eu fosse buscar aquele que estava numa prateleira. Só que esse peixe estava fora do saco (alguém na pressa, quando custavam ainda 5 libras, puxou por aquilo e o peixe saltou fora da embalagem). Ficou "contaminado" com poeiras e para voltar para o saco, tinha de pegar no peixe com as mãos. 

Ele lá me trouxe um outro, que rotulou com o preço da promoção e afastou-se de seguida. Sem colar mais etiquetas noutros peixes, que certamente tinha posto de lado. 

Não gosto quando os funcionários deixam uma só pessoa levar tudo. Acho que devia haver um limite por tipo de produto. Senão, uma só pessoa leva tudo e os outros ficam a salivar, chateados por não conseguirem agarrar nada.

E por falar em promoções, quando a secção de bolos e pães colocou os preços reduzidos nos croissants de chocolate e pauzinhos de queijo - só eu estava perto. Então tirei uns tantos. Mas logo a seguir veio a "manada". Um desses elementos era um senhor sentado numa cadeira eletrica, com uma bengala, que revirou aquilo tudo com as mãos com selvajaria. Puxou de tudo e colocou tudo no seu cesto da cadeira eletrica. Uma das embalagens estava mais alta e ele não se fez de rogado: ergue-se, ficou de pé, só para tirar a embalagem antes que mais alguém pudesse alcançá-la.

Achei tão feio. Na realidade, fiquei parada a ver. Só a olhar o homem.
Como ficam subitamente "curados" de uma qualquer debilidade quando lhes acenam com preços reduzidos por coisas que, se calhar, nem lhes fazem bem ou nem consomem normalmente. Enfim... eu também adoro promoções assim. Mas quero acreditar que tenho um pouco mais de consideração pelos outros e menos ganância.


sábado, 15 de dezembro de 2018

Os britânicos e o Fuck


Não sei se é da zona onde moro, mas quando oiço pessoas que vivem no UK dizer que acham os britânicos um povo muito civilizado... ah, eu não vejo assim.

Nesta cidade onde vivo os brits devem ser originários de uma low class. Classe trabalhadora, na sua maioria. Com pouca educação ou uma em que é OK mostrar irritabilidade e desatar com ofensas pelo mais pequeno motivo. 

Basta-me espreitar à janela que a maioria das situações que presenciei passam-se mesmo à frente da porta. Com tanto passeio ao longo da rua, é sempre frente à porta que se põem a discutir.

Ontem ouvi uns gritos e palavrões e lá fui espreitar. Ao que parece, por causa de um encontrão enquanto se cruzavam no passeio, quatro pessoas começaram a chamar nomes uns aos outros. O mais "animado", um homem mais jovem com ar de quem bebe e consome demais (segurava uma bebida na mão mas aqui é comum ver isso) ameaçou o mais velho - um homem com gorro e de barba longa, mais branca que grisalha que, sem levantar a voz mas usando uma linguagem de rua, ao invés de se afastar caminhou uns três ou quatro metros para confrontar o indivíduo (bad idea). 

A troca de palavras, o esbracejar, tudo continuou em exagero. Muitos, mas muitos FUCK foram pronunciados. Quando se afastaram, continuaram a maldizer-se à distância. O homem barbudo voltou de onde veio e foi aí que vi que estava acompanhado de uma mulher (assim como o mais novo). O rapaz que continuava o seu rol de Fucks virou-se novamente para trás em mais uma das suas queixas (aparentemente o rapaz transportava uma bicicleta e o problema começou aí) e a mulher, que devia estar quietinha, fez-lhe um manguito com os dedos da mão direita. O rapaz ficou mais chateado, começou a gritar "eu vi que me estendeste o dedo! Eu isto, eu aquilo..." O homem barbudo que caminhava, pára, volta-se para trás, e diz:
-"Eu não te mostrei o dedo, está a mentir".

E é assim que uma mulher pode destruir a vida de um homem. Ahahah.

O gesto podia ter causado uma fatalidade. Os dois já estavam a se afastar, o que ela fez foi uma estupidez desnecessária, estúpida e cobarde, foi deitar mais combustível na fogueira. 

Afastaram-se de vez e... durante mais cinco minutos continuou a ser possível escutar à distância os FUCK do rapaz. À vontade, pronunciou-os pelo menos 50 vezes. Vi-o depois a atravessar a rua, a empurrar uma bicicleta, acompanhado de uma mulher mais um outro casal. Ainda se escutavam os fuck.

Tudo gente cheia de classe, ahah!

Da janela do meu quarto já presenciei várias discussões. Não sei se é o espaço aberto para um carro poder aqui estacionar que proporciona-lhes a vontade, mas costumam estar a discutir pela rua inteira, acabam sempre por parar aqui para a parte mais "calorosa".

O que mais me decepciona são as discussões entre casais que têm crianças à volta. Numa ocasião o rapaz gritava com a mulher que empurrava um carrinho e haviam mais duas crianças junto. O rapaz estava a terminar com ela, acusando-a de andar com outro, beijou uma das crianças dizendo que o ia visitar depois e as outras... ou não eram dele ou se alguma era, ficou claro que só se interessava por uma. Tudo isto na frente das crianças, em público. Os gritos, as acusações de infidelidade, de tê-lo enganado para que ficasse com ela... 

Tudo à minha porta.

E hoje, enquanto caminhava sobre a chuva empurrando o meu trolley das compras, uma carrinha branca pára na estrada. Pressinto que espera que passe mas penso que é porque vai virar para uma entrada de parqueamento que estou no momento a passar. 

De imediato oiço buzinas e abafado pelos vidros, gritos assim: "Sai da merda da frente, sua cabra estúpida!".

E é assim...
Para mim os britânicos são isto.
Não vi diferente.

Se existem diferentes, não devem morar por aqui. E devem circular de carro, porque os que andam a pé (e em carrinhas brancas de empresas de construção ou em carros vermelhos, já agora) são uns mal educados do car... valho. Ou do Fuck, para ser britânica :)



To be or not to be...


LEGENDS: You have to die young.
IDOLS: You have to make it young.
FOLLOWERS AND DEFENDERS: You have to make money young.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Despertar inoportuno

Então, eu adormeço cedinho, contente por o fazer cedo e quando acordo, só se passaram 45m??!

Pedofilia


aqui:

São sempre os que têm ar de santinhos, que não matam uma mosca...

Necessidades Fisiológicas de Eliminação - são barulhentos ou discretos?


Ok. Vou falar de uma coisa chamada necessidades fisiológicas de eliminação. Ou seja: urinar e defecar. Não se choquem, é algo natural no organismo humano. Nós é que as tornamos um pouco "tabu"...


O que quero saber é COMO se comportam no acto. Isto porque, todos temos de as fazer, mas a forma como as fazemos, pelo que pude perceber, tem variantes. Facto que se deve ao sermos seres racionais com inteligência, somos culturalmente educados para certas cortesias e cuidados. É por isso que, quero fazer este pequeno inquérito.

COMO AGEM QUANDO VÃO AO WC?


A casa-de-banho é um lugar com eco e.. certos sons entram no campo "privacidade". E se há sons do foro privado que não gosto de anunciar aos sete ventos são estes, os das necessidades fisiológicas de eliminação. Quando se usa o WC de casa e estamos sozinhos, provavelmente aí podemos escolher ser mais "selvagens". Mas não se deve ser mais educado quando num espaço público? 

Faço aqui um inquérito. Peço que sejam sinceros a respeito. Explico usando-me como exemplo:


WC Públicos:
Quando estou num WC público, muitas vezes oiço alguém barulhento entrar no cubículo ao lado e praticamente após o "bang" da porta oiço uma enxurrada de líquido barulhento (por vezes acompanhado de um som saído do nº2). Acho aquilo de mau tom. Quer dizer... todos nós estamos aflitos. Mas nem todos chegamos ali e libertamos o líquido dourado de forma selvagem. Dá para ele sair com cuidado, dá para direccionar para que caia na porcelana sem anunciar a sua libertação.




Isto vale para o um, para o dois... Quando a "buzina" é activada antes daquela coisa que não tem travões, a sonoridade também pode ser controlada. Se a controlamos no dia-a-dia quando no escritório, numa reunião, em grupo, nos transportes públicos... muitas vezes nem a deixamos sair, nem baixinho nem muda. Se temos esse controlo, porque alguns se livram dela e libertam-se "à selvagem"?

É que dá muito mau aspecto... desculpem lá.

Mais ainda quando vejo uma rapariga jovem e linda, toda maquilhada, a ir ao espelho verificar se cada fio de cabelo está no lugar, retocar o batom... quando um minuto antes deu um show de sonoridade fisiológica de libertação na retrete.

WC CASEIRO:
Quando não se está sozinho em casa, no meu entender, aplicam-se as mesmas regras. E no final, se necessário, borrifa-se um pouco de ambientador com cheiro ou abre-se uma janela. Que mau gosto fazer o outro cheirar o que anda a ser despejado ali ou escutar o que se passa na "privada". Os brasileiros deram-lhe esse nome por algum motivo. No caso das mulheres que muitas vezes usam pensinhos diários, até esse som do descolar acho que fica bem evitar. Afinal, as outras pessoas não têm de saber o que tens entre as cuecas :)

Aqui em casa oiço uma sinfonia completa quando as raparigas vão à privada. Sou forçada a perceber que "tocam" músicas diferentes das minhas. Fico até a pensar, no caso de uma em particular, se não terá alguma doença... para cada vez que lá vai ser tão sonora e tocar mais que um instrumento.

Estão a ver no que dá? Não manter a coisa no "privado"?
Imaginem que viram aquela miúda gira que vos dá tesão (agora tou toda abrasileirada) e escutam-na no WC numa sinfonia de "expulsão" daquelas... Bom, se calhar iam transferir os ruídos para outra necessidades fisiológicas. Mas a coisa pode não ter correspondência... Acho eu.

Ai, mas que porcaria de conversa esta!
Desculpem lá... quis falar do assunto, mas sem meter merda. :P


quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A jarra saltitante


Não estive para me aborrecer, então nem desci à sala ontem.
Não fosse dar conta que a jarra foi novamente removida do local.

Mas desci agora à pouco...
E a jarra foi NOVAMENTE removida da lareira e colocada na berma da mesinha.

Gostava que quem está a fazer isto me desse UM BOM MOTIVO para o fazer.
Vou perguntar-lhe na cara: "Dá-me um bom motivo".

É que eu não vejo nenhum. A não ser má vontade, má indole, pirraça, coação... só coisas más.

É que é todos os dias - por vezes mais que uma vez (se eu der pela jarra removida de noite e a recolocar no lugar) pela manhã já a removeram. Acho espantoso que tenham montado a árvore de natal mesmo ali ao lado - que é suposto trazer o espírito Natalício e a compaixão entre os Homens, e desde que ali a puseram já retiraram a jarra mais de cinco vezes. Uma atitude tão feia. 

A jarra não estorva, não impede que se vejam ao espelho, não está no lugar de nada que ali estivesse antes...
No meu entender, o problema está em alguém na casa não saber partilhar espaços e achar que a sua vontade é a que tem de ser seguida. 

Porra... e eu que deixei um pai e uma mãe com essa forma de ver as coisas lá atrás, na adolescência. Porque será que sempre há quem adopte esses comportamentos?




terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Famili lar

É o que almejo desde pequena. 


E olhem que feliz parece estar o esquilo, no calor da sua casa.
Felicidade pode ser algo tão simples como chegar a casa, ficar à vontade e ir cozinhar algo que se goste.

Vai arrepender-se?


A que-vai-sair saiu. E talvez venha a arrepender-se.

Lembrou-se tarde de ir perguntar na casa ao lado como era a vida lá... E descobriu que existem "problemas". 

Afinal, as coisas não mudaram muito desde que lá estive a viver uns 20 dias, em Abril. Veio de lá e contou que estão a ter problemas com a louça e a roupa e enviam mensagens uns aos outros para irem fazer isto e aquilo...


Afinal, continua! Os SMS ao invés da conversa frontal e desarmada.


O mal daquela casa é ser habitada por três colombianos que formavam uma trupe. Muito à semelhança do que se passa aqui com italianos. Por isso defendo que não se deve ter muito de uma só coisa. Criam-se sempre ambientes. Mas um dos colombianos deu à sola... e o trio Odemira ficou maneta. Acontece que vai ficar também perneta. 

Sobra apenas uma. Que está a perder as forças mas é resistente... As que entretanto se mudaram para lá, esperam que, com tempo, essa se mude e saia da casa. Por um motivo simples: só fala espanhol. Não fala inglês. E na ausência dos «compadres» e companheiros de traquinices, na ausência de quem fale espanhol com ela, acham que vai acabar por sair.

Talvez sim...
É o que digo: o destino acaba sempre por encontrar uma forma.

Quando cheguei a esta casa fui muito mal recebida pela italiana-mais-jovem que fingiu que nem me viu e limitou-se a sair do quarto para apagar a luz que acendi para poder subir as escadas em segurança. Nem um olá, nem um "bem vinda de volta" - nada. Ao bom jeitinho italiano de acolher outros. 

Essa foi a primeira a sair.
Sobrou-me a Colombiana da casa ao lado - que tanto mal me fez enquanto lá estive e também quando me mudei. Tentou infiltrar-se aqui, impor a sua presença e a sua insuportável voz estridente. Mas o pior era a sua ignorância. Perdoável, se fosse de boa índole, mas ela é malévola. E nada me tira da cabeça que ter aconselhado a amiga da que-foi-embora a convidá-la a mudar-se para lá foi o seu último gesto de malícia e interferência. Só Deus sabe os conflitos que tal acção já gerou. Tem sido um stress desde o final do mês passado até finalmente ter-se encontrado alguém que vai ocupar o quarto por apenas um mês. (Dizem que é uma jovem portuguesa, a ver vamos). 

Mas o quarto foi reservado por uma italiana. Por isso... mesmo que a que-foi-embora mudasse de ideias - como desejei que mudasse - a coisa foi feita de tal maneira que o senhorio avisou logo que por já ter assinado contrato com a italiana-escolhida, que o quarto já não estava disponível. Coisa em si também esquisita vindo dele, pois decerto que lhe ia propor o outro se realmente lhe interessasse ter a que-saiu de volta. Ela vai fazer falta. Era um ar de frescura e diferença, quebrava o excesso de italiano nesta casa e, para ser sincera, era fácil de conversar e cumpria sempre as suas obrigações com a limpeza da casa. E bem. O pacote inteiro, a bem dizer. É raro encontrar alguém assim e duvido que o raio caia duas vezes no mesmo lugar.

Mas a vida é assim mesmo, gira e dá voltas. Nem eu sei onde vou parar nestes giros. Ninguém sabe. Por mais que tentem manipular as situações e incliná-las a seu favor. 

Espero que a que-foi-embora não se arrependa. A pesar de ter desejado que quem viesse para esta casa fosse barulhento até mais não. Mas desejou isso por pensar que a outra - a italiana-que-não-limpa ia ficar. Afinal, se calhar já não lhe pomos a vista em cima muitas mais vezes. Antes do novo ano, já cá não mora.

Isto é fantástico... tantas reviravoltas.
Mas andam todos muito calados a respeito da inquilina que vem ocupar o quarto que vai vagar pela que não limpa. Sei que já estão a recrutar: italianos, claro. A que apareceu aqui ontem pareceu-me sentir-se muito à vontade. Vamos a ver se cai na esparradela de vir para aqui morar.

É que ninguém lhe diz que o senhorio é uma espécie de sexto inquilino...
Aparece regularmente, praticamente todos os dias, a qualquer hora, mais que uma vez, puxa da chave e entra casa a dentro. Vai ao frigorífico e serve-se de leite. Fazendo observações sobre tudo. Verificando as tomadas, a quantidade de luzes ligadas, se as janelas estão abertas, se estão fechadas, que programa estás a ver na TV, se estás de folga, quando vais trabalhar, o que estás a fazer, como o estás a fazer, se a máquina de lavar roupa foi deixada com a porta aberta para arejar and so on...


Eu não sei se aceitaria mudar-me para uma casa só com portugueses. Gosto demais da diversidade. Aliás, é o que me atrai neste estilo de vida. Poder dar de caras com alguém de boa índole, claro, mas que possa transmitir-me novos conhecimentos, passar-me cultura diferente, experiências e histórias da sua terra. Isso é fascinante. Se morar só com tugas... claro que há coisas a dizer. Mas não é tão fascinante quanto conhecer alguém oriundo de um país onde nunca pisaste.

A que-vai-embora é da Grécia. Adoro ouvir falar grego. Gosto do som. Não sei nada - aqui e ali parece que algumas palavras são parecidas. Infelizmente não vou poder aprender mais por ela sair desta casa. Na verdade, falamos sempre em inglês, como é de bom tom e da boa educação. Mas das vezes que a escutei a falar ao telefone na sua língua, gostei.

E ela sempre me cumprimentou, desde o primeiro dia, com um "obrigada". 
É uma das palavras que sabe em português. 
É simpático. 

Bem mais que o que a cultura italiana me passou. Mas se calhar, cada caso é um caso. Ainda assim, em quatro italianos nenhum fugiu à regra por isso... acho que os Gregos podem ser mais abertos. Embora sempre tenha escutado que é preciso ter cuidado com os presentes Gregos, ehehe

Um dia, se necessitar e for certo, vou partilhar com alguém o que passei na casa ao lado. O que ela me revelou hoje deixou-me um pouco apreensiva. Pensei que o clima na casa tinha mudado completamente com a introdução de novas pessoas e a saída das piores. Mas pelos vistos continua a infantilidade de enviar mensagens repreensivas ao invés de falar com as pessoas na cara e na boa. Como se alguém ali tivesse mais moral ou fosse acima dos outros para se prestar a esse papel. 

A casa é também menor, embora os quartos sejam, ao que sei, imensamente grandes. Mas para quê se quer um quarto grande? Eu tive um e desejei um pequeno. Este meu pequenino, que adoro, não o trocaria por nenhum dos outros onde cabe três vezes!

E pago menos para usufruir do mesmo espaço em comum. 
Sei por experiência que mais vale assim, pois na primeira casa era a que pagava mais para quê? No final só saia prejudicada. Os outros podiam dar-se ao luxo de certas manias de superioridade porque todos os meses poupavam mais de 100 libras comparativamente a mim. Então o que lhes custava dar mais 20 libras pelas contas? Mas a mim o valor de toda a soma já ascendia o que podia encontrar por um quarto noutra casa com melhores condições. 

E tanto assim é que a senhoria baixou o preço dos quartos assim que saí. Mas não esqueço que me disse que aquilo não era "um hotel de cinco estrelas" quando levantei essa possibilidade... Ela era totalmente marioneta do rapaz. Depois deu sair ele usou a minha ideia para atrair mais pessoas pois a casa praticamente cai aos pedaços e muitos a rejeitam de imediato. 



segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

E sai hoje... a que-vai-sair vai de vez


Não cheguei a contar, mas dei uma escapadinha até Portugal.
Fui apanhar um pouco do espírito Natalício. Por mim, o Natal foi enquanto lá estive. E não preciso mais dele.

Percebi isso no dia seguinte ao  regresso. Quanto cheguei, entrei em casa todos os italianos estavam na sala. As suas caras de surpresa revelaram-me que esperavam que demorasse mais a aparecer. Só entendi a palavra "retornato" pronunciada algumas vezes, aparentemente referindo-se a mim. Se ficaram descontentes por não me terem fora por mais tempo, temos pena, ahah. Desta vez, não lhes dei a notícia com dias de antecedência. Nem disse em que dia ia voltar. Essas coisas que fazia sem dar muita importância, por não ver mal algum, não quero mais fazer. Quando são eles a viajar fazem questão de manter isso em segredo. Sabem entre eles e com todos os detalhes, mas não partilham com os outros na casa. Ainda hoje uma se foi, vi-lhes as malas, mas nada disse. Não a mim, que não interesso. Ainda me corre nas veias a cortesia de avisar, pelo que deixei escrito no quadro - como habitualmente, a informar que ia ficar fora até o final da semana. Mas não especifiquei o dia... Aprendi com a italiana-mais-velha e o italiano-rapaz, que nos informou há duas semanas quando ela subitamente desapareceu, que estava a viajar mas voltava numa quarta-feira. Só que voltou foi numa segunda. 

E ao me verem entrar, lá repetiram "estai retornato" ou algo do género. 
Qual é o espanto? Se vivo aqui? "Retornato" foi inesperado, foi? Fez-lhes comichão?


Após arrumar as coisas que trouxe comigo, subi ao quarto para descansar. Precisava, não tinha dormido na correria de fazer tudo e apanhar o avião bem cedo. 

Quando desci percebi que haviam decorações de Natal e uma árvore montada na sala. Mas saí porta fora, tinha de ir trabalhar. Foi só no dia seguinte, quando entrei na sala e vi a árvore com mais atenção, que percebi que aquilo não era o meu Natal. E que aquelas decorações bem podiam ser desmanchadas que não me ia causar tristeza.

Não foi só por ter apanhado o espírito Natalício em Portugal. Foi mais por me terem privado dele aqui. Sim, privado. Eu havia perguntado quando iam montar a árvore. Mostrei interesse em participar. Nisto chego a casa mesmo antes deles se porem a fazer as decorações, oiço-os falar algo em italiano nesse sentido, e nada de me convidar? Olha, portuguesinha, junta-te a nós e vamos por as decorações de Natal juntos?

Que cozam num caldeirão de cozido à portuguesa...

E a "estrelinha" no topo da árvore foi ontem. Quando ao final da tarde desço para a sala e verifico que uma visita que escutei entrar na casa para almoçar e espreitar o quarto que vai vagar, ainda perdurava pela sala. Prontificou-se a sair rápido, assim que apareci (se soubesse tinha aparecido mais cedo, mas foi por pura casualidade que não o fiz - não me apeteceu e só senti vontade de dormitar). Mas não se foi embora sem antes as duas me presentearem com esta conversa, em ITALIANO.

-"Questa non labora" -diz a mais-velha à visita.
-"Come non?!"
-"Non labora diesde a Setiembre e era quatro giorni fuori".


Mas que é isto...?? A manter um registo mental das minhas actividades e a falar da minha vida assim, gratuitamente, com uma estranha? Quem lhe passou procuração? De início até me agradou que a minha presença não tenha resultado nos habituais constrangimentos e interrompido o fluxo da conversa. Falavam em Italiano sem parecer que estar ali lhes incomodava. Foi a primeira vez que tal aconteceu e agradou-me. Mas enganei-me. Quando começaram a dizer "portuguesi" e "portucalo" comigo ali... já comecei a estranhar. A fazerem referência a nós, como povo, ou a mim em particular, na língua deles, comigo presente? Que má onda... 

Então sempre é verdade... usam o italiano para falar sobre a pessoa que está presente sem que esta entenda. Mas se isso significa que vão falar de mim na minha frente aproveitando-se do facto de acharem que não capisco niente de italiano... enganam-se. Estou a melhorar o meu entendimento da língua que vai ser falada nesta casa praticamente em exclusivo. Ter sido a mais-velha a agir assim não devia surpreender-me, porque, no fundo, já lhe vi a careca. Mas ainda assim, choca-me. Ela, que ficou toda irritada nas primeiras semanas em que me mudei para esta casa. Um antigo inquilino passou por cá para levantar uma encomenda e calhou referir que existiram situações chatas aqui dentro, mas que decerto a "mais-velha" já me tinha posto a par. Ela ficou enervada - notei-o no rosto, interrompeu-o com uma voz doce, para dizer: "mas o que ela vai ficar a pensar de mim? Achas que eu sou quadrilheira? Eu não falo da vida dos outros". E quando este se foi embora e mencionei tê-lo achado simpático, franziu o nariz e disse que era muito metediço e inventava coisas sobre a vida dos outros. Repreendeu-o por ter dito o que disse sobre ela, pois ela não anda a falar da vida alheia.

PIMBA!

Já diz o provérbio: mais depressa se apanha um mentiroso, que um coxo.