Metereologia 24 h

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quinta-feira, 9 de maio de 2019

Isto é racismo ou uma infelicidade?


Um apresentador da BBC foi sumariamente demitido por ter feito este tweet


Acusações de RACISMO caíram-lhe em cima. O tweet foi logo apagado e o profissional pediu desculpas, justificando que só pretendia parodiar o "circo" mediático. De nada lhe adiantou. O seu acto foi punido radicalmente: despedimento. 

Virou párida!

Quem o vai contratar agora, que toda a nação o condena e foi publicamente demitido?


Eu pergunto para onde caminha o mundo quando este disparate acontece. É mais importante não levantar ondas, não chatear ninguém, publicar coisas que não levantem consternação, do que aceitar que a vida também traz humor, que as pessoas cometem erros, que vão dos pequenos aos grandes. 

A BBC emitiu de imediato uma declaração:
"Foi um erro grave de julgamento e vai contra os valores que nós, como estação, pretendemos incorporar"

LOL. Um erro grave, contra valores. Nada de reprimendas, nada de um aviso "da próxima vez...". Não. Tocou na família real, cortem-lhe a cabeça!

Mas o pior é que as instituições, nomeadamente a BBC, pensa como muitas hoje em dia:

"está a levantar problemas? Temos de afastar a imagem da nossa empresa desse berbicacho! Envia um comunicado a dizer que estamos consternados, foi um acto isolado da exclusiva responsabilidade do indivíduo e que não nos identificamos com o que ele fez. Demite o gajo já!". 

Quero saber onde está o racismo?
O que é racismo, afinal?
Racismo contra o chimpanzé
Onde está a descriminação por cor de pele?


Também há umas semanas o New York Times removeu um cartoon sátiro de um cartonista português exibindo a mesma atitude de subserviência e RECEIO. "A imagem era ofensiva e foi um erro publicá-la" - disse o "conceituado" jornal. 

São uns vendidos. 

Je suis Charlie.
Sempre


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Duas idiotas não fazem uma inteligente

"Espero que esteja tudo bem consigo" - pergunta Elvira, num dos comentários que simpaticamente aqui deixou, após regressar das férias.

Acho que a Elvira deve ter um dedo de adivinha. Porque de facto vêm aí mudanças para a minha vida. Mas, não faço ideia do que aí vem.

Pela primeira vez em toda a minha vida, pedi dispensa definitiva do trabalho. 

Acontece que recebi o ordenado hoje... e até se abriu a boca.
Nunca antes ganhei tanto com tão pouco esforço.

Se calhar fui uma IDIOTA por dispensar este emprego. 
Uma idiota por não querer ser comandada por outra IDIOTA. 
Só que esta, de uma idiotice de outro nível.


---

Não é novidade que existiu uma contenta entre mim e a chefe - por uma coisa muito idiota. Por causa dela, a mulher deixou de me falar adequadamente nos dias seguintes e exibiu alguns comportamentos infantis. Um deles foi dar-me o pior horário de trabalho no mês seguinte. Uma pequena "vingançazinha" de pessoa mesquinha que, tendo oportunidade de prejudicar outra, abraça-a infantilmente, ao invés de a rejeitar. 

A situação voltou a repetir-se. Ou melhor, a chefe voltou a fazer uma grande tempestade num copo de água. Nem percebi porquê lhe deu tanta vontade de barafustar. Não existiu qualquer motivo para tal. Não cometi nenhum erro, não prejudiquei ninguém... o trabalho estava a correr bem, mas um pouco parado. E por isso propus no grupo de trabalho que se alguém tivesse interessado numa folga, eu estava interessada em trabalhar. 

É natural... as pessoas trocam turnos, fazem propostas...
Eu não sou muito disso mas, há sempre uma primeira vez. Então deixei a proposta no ar. Não foi como se estivesse a forçar alguém! Nem exigi nada. Porque só isso justificaria a reação dela. Depois de ler esta minha sugestão, ela escreveu o seguinte: "Fulana, quando perguntei quem queria fazer horas extra não disseste nada. Agora esperas que os teus colegas dispensem dos seus dias de trabalho para ti??? Não gosto nada disso!"

Eu li a mensagem e fiquei pasma. Mas... porquê aquela agressividade? E de onde veio aquela interpretação?? Quando é que ela perguntou quem pretendia fazer horas extra? E porquê estava a usar isso contra mim? Estava a castigar-me, ficava implícito. Por não me ter oferecido para fazer horas extra há quatro semanas atrás, estava agora condenada a não ter direitos? Nunca mais poderia propor nada? Mas isso é ser chefe? Mas afinal o que fiz eu de errado ao escrever aquela simples e inofensiva mensagem sugerindo uma troca de folga por um dia de trabalho? Nunca pensei, nunca me ocorreu, que ia ter uma resposta como aquela.

E não ficou por aí. Porque ao lê-la, caí no erro de responder. Não gostei da implicação que ela fez: de que estava a prejudicar os meus colegas e que não me oferecia para fazer horas extra. Porque não era verdade! Ela havia pedido para fazer horas fazia 5 dias. E assim o fiz. Trabalhei até há uma da manha.

Agora estava a acusar-me de não me oferecer?

O que mais me custou da outra vez foi ouvi-la retratar-me de forma oposta ao que sentia estar a demonstrar. Estava a acontecer novamente. E assim não podia ser. Como posso trabalhar para uma pessoa que diz que ando pela esquerda, quando ando pela direita? Que me acusa de pegar no telemóvel quando não gosto de telemóveis?

Portanto existiu na sua resposta uma quantidade muito equivocada de afirmações, todas entregues com agressividade. Disse-lhe para deixar estar... Da maneira como ela deixou claro estar descontente estava obvio que NINGUÉM IA OUSAR, mesmo que quisesse, trocar um dia comigo.

Mas ela continuou. Ainda respondeu que não se falava mais do assunto, não queria ouvir mais uma palavra a respeito!

Ora...
Ela cria toda uma discussão e depois até sente-se no direito de silenciar qualquer possível intervenção. Isso é um atentado à liberdade de expressão. Foi aí que percebi: "mas ela é uma IDIOTA!".

E foi aí que decidi que não ia ficar a trabalhar para ela.
Ainda assim, nada disse nesse dia. Não queria agir a quente.

Quando entrei no escritório, disse bom dia a todos e, quando me virei para sair, ela, que nada me disse, ruminou um "Hei?", ao que lhe respondi um simpático adeus e continuei o meu rumo. Afinal, tinha terminado o trabalho, já nada me prendia ali. E se ela escreveu que não queria ouvir mais uma palavra a respeito.... pensava o quê? Que ia ter com ela discutir o assunto??

Não quer diálogo não tem diálogo...
É olá e adeus e pronto.

Minutos depois recebi uma mensagem no telemóvel, dela. Escreveu assim: "Fulana, querida, é para te lembrar que ainda estás à experiência. Tem um bom dia!".

Interpretei aquilo como uma ameaça. "Ou fazes o que quero, ou te curvas e obedeces, ou serás castigada. Eu tenho poder sobre ti".

Quase que respondi: "Muito obrigada por me lembrar. Era o que precisava saber. Neste caso aviso-a que o meu trabalho acaba aqui".

Mas fui mais madura. A decisão estava tomada. Mas ia comunicá-la presencialmente.

No dia seguinte ela liga-me para perguntar algo e no final diz que temos de falar. Muito bem, quando? - pergunto. Ela não sabe dizer... Proponho ir ter com ela no final do meu turno para esse fim, mas ela rejeita a proposta, dizendo-se muito aterefada. Talvez na "segunda-feira"... responde ela. Ou seja: uma semana! Não estava para esperar uma semana até «sua magestade» decidir que tem tempo para falar. Se mencionou que temos de falar, que não usasse isso como arma de intimidação. Que fica a pairar no ar por sete dias... Perguntei-lhe então sobre o quê desejava falar. Mais um suspiro e ela diz:
-"Tu não percebes que atrapalhas os turnos dos outros? E depois ages como uma crianças de cinco anos!".

Ao que lhe respondi: "Fulana, eu quero terminar a minha colaboração aqui na empresa."
-"Está bem" - responde ela, num misto de surpresa e alívio.

(estava cansada de a ver usar essa possibilidade como ameaça)

-"De quanto tempo precisas?"
-"O tempo para sair são duas semanas".
-"Duas semanas (eu tinha lido uma apenas por lei). Que mais é preciso fazer?"
-"Deixa uma carta na minha secretária".
-"Está bem. Adeus."


Instantaneamente senti-me leve.
Gosto do trabalho - nunca tive um que surpreendesse tanto pela positiva no salário. E não é nada exigente. Mas pode ser aborrecido e monótono e chato (se as pessoas forem chatas e parvas). E nesses momentos não o suporto. Mas nunca irei encontrar outro como este, isso é certo. Ainda demais, é uma companhia privada. Não corria o risco de ser demitida como nas outras que a rodeiam...  Era mais "sólida". Só que, nas condições em que a encontrei... não quis arriscar cair nos erros do passado. Erros que me fizeram aguentar todo o tipo de abuso. Até o abuso se tornar pior, pior e eu acabar gravemente prejudicada. "Se ao menos tivesse terminado tudo como pensei tantas vezes..." - não queria passar por isso novamente. Então, na hora em que tudo ficou claro, segui essa visão.

Foi a primeira vez que agi assim.

Mas ficam dúvidas. E incertezas. Terei de aprender a viver com elas.
Receio de ter sido precipitada, receio de ter agido mal ao sair de um local sem ter outro para ir. Isso é que me assusta: não encontrar outro. E agora já não é qualquer um que me serve. Quero algo específico e sei o que não quero fazer.

E estou mais velha. Cada dia que passa... mais velha.
E o verão já acabou. Vão-se os empregos...

Nada está a meu favor...
Será que fiz bem?

Sei que há duas espécies de bem. E fiz bem, para o lado que negligênciei toda a minha vida. Mas preciso de viver, de dinheiro, de trabalhar que é o que me faz feliz...

Agora o tempo dirá o que sairá daqui. Para já, tive dois dias de ansiedade...
Não é muito bom. Mas também tenho de aprender a lidar com ela.

Entretanto, mais para se precaver, ela ligou-me no final do turno a perguntar se queria ir ter com ela para conversar. Então fazia três horas não tinha tempo, só dali a uma semana... agora arranjava tempo? Perguntou se mudava de opinião. Respondi que tinha de seguir o meu instinto... e que havia deixado a carta na secretária, como pediu.

No dia seguinte vieram ter comigo para confirmar se eu ia embora por causa dela. Queriam que apresentasse uma queixa por escrito, dizendo quais os meus motivos, para que a carta chegasse aos ouvidos dos superiores dela. Porque não é a primeira vez que ela age assim com as pessoas que estão debaixo do seu comando e não pode ser assim.

Só que se existiram outros - e sei que existiram - então porquê não foram os outros a escrever essas cartas? É um assunto que ainda vou ponderar. Pois não sei se tenho evidências suficientes. Tudo pode ser levado para a questão de "interpretação". Que foi a desculpa esfarrapada usada no primeiro emprego que tive, quando quis denunciar um caso de bulling. Era tudo "interpretação" minha... E de qualquer pessoa com a mesma queixa sobre o mesmo indivíduo.

Depois, não sou delatora. Nunca fui.
Tenho aversão a ir por detrás de alguém conspirar contra essa pessoa. Sou mais cara na cara, rosto no rosto, diálogo. Coisa que ela praticamente baniu... pelo que, ao agir assim, praticamente valida que se tente a via indirecta.

Este mês ela atribuiu-me 10 dias de folga. É um exagero. Dois a mais que o habitual e cinco a mais que uma rapariga que está a tentar proteger, influenciando os seus resultados finais. Deu-lhe os melhores turnos e só lhe deu a segunda folta após 15 dias. Isso vai reflectir-se no salário mas também numa competição que está a decorrer. O primeiro prémio são 100 euros. Adivinhem quem estava a liderar no início? Eu. Mas quem é que vai ser o vencedor? A protegida.

Com apenas 5 dias de folga no mês de Agosto e com os melhores turnos, a protegida vai ser a vencedora. Não há matemática que refute essas possibilidades. Existe uma outra colega que estava a aproximar-se bastante e é boa. Mas até aí a chefe influenciou o resultado. Ontem, penultimo dia da competição, sugeriu TROCAR de turno com a protegida, afirmando, inclusive, que era melhor para ela porque ia vender mais artigos para a competição!!

Ela tem a competição muito presente. Está sempre a mencioná-la. Portanto sei que as minhas suspeitas não são coincidências. Não me surpreenderia se o verdadeiro motivo por detrás do seu ataque verbal tenha sido o facto de não me desejar a interferir nos seus planos de me afastar o máximo possível das possibilidades de ganhar esse prémio. É que as minhas folgas coincidiam com o final do mes... a única altura em que podia recuperar. Ela não ia deixar...

E por todos estes detalhes mesquinhos, por estas coisas pequenas, acho que não vale a pena. Nunca sei o que vou encontrar ali. Nunca sei de onde vem o próximo grito, o próximo stress... e aquilo é um emprego que não justifica tanto aborrecimento.

Entretanto daqui a duas semanas a chefe vai de férias... pela quarta vez desde que lá estou a trabalhar. Não entendo como é que, tirando tantas férias, consegue regressar sempre mais furiosa, ao invés de calma. Mas agora isso já não me diz respeito.

A protegida vai ser recompensada. Não só vai meter ao bolso 100 libras, como a partir de amanhã tem uma semana de férias. Convenientemente tiradas "pós" competição. E já planejou tirar outra semana daqui a 10 dias. Adivinhem quem é que vai fazer horas extras na sua última semana de trabalho???? Enquanto a favorita vai de férias e não há mais ninguém? Parva fui! Porque foi por causa disso que me demiti e agora fiz-lhe o favor de lhe facilitar a vida... até precisava de estar mais livre para planear a minha vida. Mas não... pensei que ela não tinha mais ninguém.... senti compaixão. PARVA, IDIOTA!


Gostava que alguém demonstrasse preocupação comigo e com o emprego que vou conseguir. Isso é que seria de utilidade. Mas até agora só me abordaram porque me querem usar como ferramenta para expor a chefe pelo que ela é...

Mas se ela sair, outra igual vai para o lugar. E talvez uma que seja mais difícil de apontar os erros... uma mais sabida.

Por tudo isto, terei feito bem? Terei feito mal?
Só Deus sabe.

O que eu sei é que fiquei num emprego para lá do tempo em que me sentia confortável nele e essa decisão foi catastrófica. Sofri muito e a consequência injusta deixou marcas. Depois a minha outra grande decisão errada: ficar demasiado tempo a viver naquela casa com aquele tipo. Quando decidi sair, voltei atrás. Tudo para um mês depois sair de vez. O meu primeiro instinto estava correcto. Mas eu, ingénua, crédula... deixei-me levar pela esperança, pela crença de que é possível uma convivência cordial, seja no campo profissional ou pessoal...

E voltei a sofrer com isso.

Foi por ter passado por essas experiências que agora tomei a decisão contrária aquela que me é de costume. Cortei o mal pela raiz, antes que esse mal pudesse me prejudicar ainda mais.

Desejem-me muita sorte, do fundo do vosso coração!!!


Abraços carinhosos,
Portuguesinha

domingo, 16 de julho de 2017

Indecisão DECIDIDA


Faz semanas que o meu espírito sente-se atormentado. Tenho de tomar uma decisão. 



Estou a tentar decidir de vez se fico ou me despeço do emprego. 
No título escrevi "Indecisão decidida" porque no fundo sei o que queria. 
Mas não sei se é uma decisão que deva tomar já, nos parâmetros em que me encontro.

Tenho receio de escolher a opção errada e depois ter de lidar com as amargas consequências.

E de amargura, principalmente deste género, já eu tive dose para matar leões.


Só há UM MOTIVO para querer ir embora dali: aquela pessoa. 

O tal indivíduo que me faz bulling. É simplesmente impossível trabalhar com ele. Ninguém gosta, muitos se queixam... e nada acontece. Só que eu não gosto mesmo, mesmo. Sei que sem a sua presença seja qual for o contratempo que possa surgir, sempre posso chegar ao final do dia de trabalho feliz, a sentir contentamento e satisfação. Mas com a presença dele sei que ocorre o oposto. Cada minuto, cada segundo, é de tormento. Porque ele faz questão disso. 

Então a minha indecisão é esta. Devo demitir-me sem ter nada à vista e esperar que surja outra coisa - porque pode surgir - e depois sujeitar-me a essa coisa, a gostar ou não gostar, a encontrar outro sacana por outras bandas, a ganhar menos dinheiro...

Só tenho aguentado até agora porque as vezes que tenho trabalhado diretamente sobre as ordens desta pessoa têm sido diminutas. E mesmo dessas vezes, é muito desagradável. Mas talvez aguentasse, se soubesse que não teria de o suportar dias e semanas inteiras. Só que agora essa eventualidade parece-me que está garantida. Mudaram os horários e na próxima semana (a começar a meio desta) vou estar todos os meus 5 dias a trabalhar com ele como supervisor!! 

Mais de 9h por dia. Quando por vezes ele não espera nem um fôlego de segundo para começar a implicar e a irritar. Está sempre a meter defeitos no trabalho alheio, a querer mostrar-se um grande administrador, a tratar os empregados como se fosse o presidente da Coreia do Norte. Enfim, não gosto do indivíduo, não gosto da voz rachada que tem, dos berros de feirante que dá, das asneiras que sempre diz, do mau inglês soupinha-de-massa que pronuncia. 


Tudo isso é um tormento para o meu espírito pacífico e sinceramente, coma idade que tenho, ouso sentir que tenho direito a querer estar em paz no meu local de trabalho. É uma espécie de regalia que procuro aqui.

Sei o que gostava de fazer: gostava de mudar para outro emprego.
Mas não tenho nenhum em vista. Nem encontro nada diferente, ou dentro do mesmo género, que seja para melhor - em termos de trabalho e de remuneração. 

Gostava de mudar sim, mas para um mais interessante e melhor remunerado. 
Mudar sem rumo, arriscando...

Será? Este foi um risco. Tudo é um risco.
Mas quantos riscos posso eu tomar?
Tenho casa para pagar, vivo num outro país...
Dar-me ao "luxo" de me desempregar... Ainda que consiga outro emprego... 

Estou tão bem onde me encontro. Sei o trabalho quase todo de cor, mas ao mesmo tempo ainda estou a aprender. O que é maravilhoso. Sinto-me BEM naquele ambiente. Mas isso só é possível na ausência do crápula. E o que é pior é que estou a tentar trocar de turno com outra pessoa. Mas nunca ninguém aceita trocar comigo. Basta verem o nome dele ali... e ninguém aceita.


terça-feira, 12 de abril de 2016

O barómetro que é o Brasil



Devia-mos olhar para os problemas do Brasil com especial atenção. Acredito que tudo o que se passa lá, daqui a 20 anos vai ser o caso cá. 

Ao longo das décadas tenho verificado as semelhanças. Vejo telenovelas brasileiras, que mesmo sendo um produto para agradar as massas cheio de maravilhas, também estão cheias de referências sociais e políticas, acabando por servir de manifesto ou desabafo. 


A "crise" que nos atingiu aqui na europa dizem que no ano 2008, vivia-se lá intensamente 20 anos antes. Coisas como a dificuldade de uma pessoa honesta e bem formada em conseguir um emprego, as falcatruas, as ofertas de emprego que são vigarices, os favores "pagos", os subornos, os privilégios dos ricos... a impunidade dos poderosos ou criminosos, o desprezo à honestidade e o recurso ao oposto para subir na vida. 

Tudo isso vi acontecer por cá, 20 anos depois. Lembro em particular de tudo isto e mais ainda ser retratado (magistralmente) pela telenovela "Vale Tudo", feita exatamente 20 anos antes da data da «crise» na Europa, 

Portanto, é olhar para lá, com apreensão e com olhos de pupilo que precisa de aprender para não cometer os mesmos erros. O Brasil é um espelho para o futuro. Ainda que com diferenças, no final dos ovos partidos, o povo passa pelo mesmo. E tomara que quando e se isso acontecer, nós saibamos ser tão proativos e dignos quanto eles, povo brasileiro que clamam por justiça e honestidade!


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Recebi novidades sobre o meu anterior emprego


Trabalhei muito no meu anterior emprego. Agora as coisas por lá mudaram. E eu fico feliz. Feliz por assistir ao progresso e verificar que aparentemente o sucesso continua. Não faço nada o género de pessoa que sai e fica a desejar que agora tudo vá para o cano abaixo. Não. Eu esforcei-me muito e dediquei-me bastante para levar aquela empresa para a frente.

E não foi fácil. No meu segundo dia estava a escutar berros de um patrão que exigia de mim que lhe mostrei de forma organizada e eficiente uma metodologia, porquê a mesma não tinha sido feita semanas antes (sendo que eu estava ali à menos de 24h...). Acho que pelo absurdo de exigir o impossível só podia estar a testar-me. Não desisti e continuei. Fui um tanto hostilizada por alguns colegas e às tantas mesmo perseguida por um, o que me dificultou em muito a vida e o trabalho. Aos seis meses tinha atingindo um ponto de cansaço brutal, daqueles que causam exaustão e pedem por um pouco de descanso. Mas não o tive.

Nos anos seguintes o trabalho só fez foi ficar mais difícil, mais "mal feito" antes de chegar às minhas mãos, com decisões superiores nem sempre bem tomadas e o que era mais grave, não tomadas a tempo. Eram os mais "pequeninos" ali dentro que andavam a apagar todos os fogos. E o trabalho a precisar ser feito acabava por ter de ser refeito diversas vezes devido a erros e relapsos alheios e tudo em tempo record. Tinha tanta mas tanta coisa com que me ocupar e nenhuma dessas primeiras 25 coisas eram relacionadas com a minha função.

Não foi mesmo fácil. Mas depois de sair, sabendo que me ia afastar, consegui recuperar o meu centro. Em pouco mais de 15 dias apenas. E 15 dias depois já me apetecia regressar à rotina. Ela me fazia falta como a droga a um viciado. 15 dias apenas (não é pedir muito), era TUDO o que durante todos aqueles anos de trabalho me tinha faltado para poder zerar o cérebro. E nunca os tive. Se tivesse tido talvez me mantivesse mais tempo em funções. Mas da forma como estava não tinha nem mais estímulo nem desafio. Era sempre tudo a mesma coisa e era quase infrutífero os esforços. Nada ia melhorar, aliás, tudo estava a piorar, novas imposições na metodologia de trabalho (para poupar um dos empregados) iam desabar para o desastre e a vítima escolhida tinha sido eu, que me vi subitamente a ser "forçada" a ir executar parte do meu trabalho num local distante, sem condições mínimas e a arcar as despesas extra do meu bolso.

A simples constatação de que estava a "pagar para trabalhar" entristeceu-me. Isso aliado ao cansaço acumulado de anos, à ingratidão que sempre acontece neste meios e a uma certa desmotivação temporária causada também por pressão injustificada, levou a que procurasse outro rumo, a começar por colocar distância entre mim e o trabalho.

Mas fico contente por a vida lhes correr bem. Porque, tal como previ, para isso acontecer coisas bastante simples teriam de acontecer. Agora, caros leitores, o trabalho que eu fazia está a ser executado por TRÊS pessoas!

E isso só me dá valor.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Empresas de Trabalho Temporário


Nunca antes tinha tido contacto com o universo da advocacia, até o dia em que fui demitida sem justa causa. Estava empregada através de uma dessas empresas de trabalho temporário fazia um ano. O contrato renovava-se automaticamente todos os meses e assim, eu e uma colega, trabalhámos despreocupadas.

Até o dia em que ela aparece transtornada a querer saber se eu tinha recebido um telefonema da Randstad, a empresa em causa. Não, não tinha. Mas o que se passava para estar tão transtornada? Contou-me que tinham-lhe telefonado para lhe dizer que não precisavam mais dos seus serviços.

Como começamos ambas no mesmo dia e sob as mesmas condições de trabalho, a colega estabeleceu logo um paralelo. Nesse dia depois do emprego, tomou a iniciativa de telefonar para a entidade patronal, a Randstad, para pedir satisfações. Se a estavam a demitir, porque não me demitiam também? Não foi um gesto lá muito simpático, mas assim aconteceu.

No outro dia, no local de trabalho, a colega continuava furiosa, disposta a não deixar as coisas em pratos limpos. Já nem trabalhou direito e continuou a fazer telefonemas para a Randstad. Foi então que me contou que já lhes tinha falado na véspera e perguntado porquê não era eu também demitida. Responderam-lhe que seria. “Então é melhor telefonarem-lhe a dizer, porque ela não sabe” – respondeu.

A manhã passou, continuei a trabalhar com a dedicação de sempre, e nada de ser contactada pela entidade patronal, a Randstad. Isso deixou a outra colega ainda mais furiosa. Por alguma razão, temia que o machado recaísse só sobre a sua cabeça e não achava justo. E foi então, cerca de 40 minutos antes de terminar o meu horário de trabalho, que, talvez em sequência das chamadas da outra, telefonaram para a empresa a perguntar por mim. Lamentavam mas era para me informar que não devia ir trabalhar no dia seguinte, porque já estava no meu último dia de trabalho.

Quiseram ficar certos que entendi que não devia aparecer para trabalhar no dia seguinte. Repetiram-no, e voltaram a repetir. Preocupava-os que causássemos problemas no local de trabalho e o escândalo gerasse a dispensa dos serviços da Randstad. Esse foi o único receio da Randstad. Fizeram questão de sublinhar que a empresa local de trabalho nada tinha a ver com o sucedido.

E foi assim: fui avisada da recessão do contrato de trabalho, 40 minutos antes deste terminar. Que competência. Que profissionalismo! Não é como se não tivessem tido oportunidade de me avisar com mais antecedência. Afinal, a outra colega estava a remoer o sucedido há dois dias. Ou terá o despedimento vindo em consequência?

Fomos pedir informações ao Tribunal de Trabalho na Loja do Cidadão das Amoreiras. Falámos com mais gente esclarecida no assunto e todas manifestaram algum controle para não desatar a maldizer este tipo de entidade patronal. AO que parece, é comum darem-se erros. Ao que parece, a maioria das empresas funciona interpretando intencionalmente as leis conforme a sua conveniência. Ao que parece, existem muitas ilegalidades nos contratos de trabalho. Levámos os nossos para mostrar e logo foram detectados ao menos três irregularidades. O que me surpreendeu. Ao longo do ano de trabalho, tinham-nos feito assinar três contratos. Todos datados com a data do primeiro. Ou seja: haviam encontrado um erro no original, redigiram outro e pediram para que o assinássemos. Lembro que disseram que o erro nos valores de remuneração podia levar-nos a processá-los para receber o que ali estava estipulado, que era superior ao valor real. Já os meses iam avançados, vieram novamente até o nosso local de trabalho com um outro contrato para assinar, para substituir o segundo e o primeiro.

Com tudo isto, como foi possível redigirem um documento ainda com falhas?

Entre outras coisas que recordo, disseram-me que a lei permite, perante a situação de despedimento por injusta causa, que o lesado passe automaticamente aos quadros da empresa para a qual prestou serviços, como efectivo.

Tinha de me apresentar ao serviço e ainda que estes não me dessem nada para fazer, seriam obrigados a me pagar tal como a qualquer outro funcionário. Convenhamos, era o ideal. Mas soa a ilícito e pessoas com integridade moral não consideram esta via.

Então era isto que a Randstad temia! O escândalo no local de trabalho. Sabiam bem os direitos que nos assistia.

Tivemos também uma reunião com a empresa. Muitos pedidos de desculpa pouco sentidos e foi-nos dito que a carta de rescisão, que a lei obriga que seja enviada para casa do trabalhador no mínimo com 7 dias de antecedência, foi emitida mas deve ter-se extraviado no correio. A minha colega logo pediu um comprovativo do envio dessa carta. Não foi possível apresentá-lo. Claro, nunca existiu!

Parte do processo da empresa Randstad para tentar minimizar os danos a si mesma, foi prometer que nós as duas seriamos colocadas noutros empregos, pois não iam deixar colaboradores seus com uma mão à frente, outra atrás. Prometeram empenhar-se para encontrar um novo emprego, satisfatório e imediato.

NUNCA aconteceu.

Ainda lhes dei o benefício da dúvida e quando me telefonaram com uma proposta (daquelas um tanto estapafúrdias) aceitei com toda a boa fé ir à entrevista. A “nova” entidade patronal ficava fora da cidade. Não por poucos, mas por muitos quilómetros. Fui, fiz a entrevista e fiquei a aguardar o contacto da empresa. Garantiram-no. Sim, pois claro… entretanto o outro processo estava em andamento e depressa o meu nome deve ter sido assinalado na base de dados, como pessoa não-grata, já descartada.

Ainda assim, acreditei na boa-vontade que obviamente não existia. Telefonei para a empresa Randstad, para o novo número, da nova pessoa, encarregue do caso, que tirei do cartão que me foi passado pessoalmente para as mãos. Nada. A pessoa em causa nunca estava. Então um dia desloquei-me até à filial e falei com ela. Preenchi uma ficha e ficaram de me telefonar para dizer PARA QUE DIA a entidade ia marcar as entrevistas, que seriam já na semana seguinte. Disseram-me que telefonavam dali a dois dias, no máximo até segunda feira e caso isso não acontecesse, que entrasse em contacto com eles.

NÃO aconteceu. Entrei em contacto com eles. Mais uma vez, a responsável pela área, a rapariga com quem falei pessoalmente e sob a qual preenchi a minha ficha de candidatura, nunca estava disponível ou presente e ninguém mais podia prestar esclarecimentos sobre o caso.

Há, grande Randstad!

Entretanto, no outro processo de despedimento por injusta causa, a queixa foi apresentada ao tribunal de trabalho. A postura da Randstad foi iniciar uma guerra psicológica. Usam as leis para tornar tudo mais penoso. No caso, faltaram de comparecer ás primeiras sessões de esclarecimento. A primeira da qual, marcada para a minha ex-colega. Apesar da coisa ter acontecido a ambas, cada qual teve diferente representação. Meses se passaram graças ás faltas de comparecimento dos advogados da Randstad. Até que finalmente, no caso da ex-colega, apareceram. Comigo levou mais uma ou duas negas de comparecimento. Tudo indicava que o processo dela corria mais avançado porém, depressa começaram a não comparecer ao dela e o meu adiantou-se. É que após a primeira e única comparição da Randstad à nossa sessão de esclarecimento, devem ter concluído que o mais benéfico para eles seria "dividir para conquistar" e enveredar pelo lado mais fraco.
.
Passaram-se muitos mais meses de silêncio. Uma estratégia intencional, para enfraquecer a parte lesada. Contavam que a comunicação entre nós esmorecesse com o tempo e deixássemos de trocar impressões. Quando se decidiram a contactar alguém, foi a ex-colega em primeiro lugar.

Foi uma decisão bem pensada. Apesar desta ser muito reivindicativa e mostrar que sabe os seus direitos, aposto que após a minha sessão de esclarecimento, aqueles advogadozinhos saíram dali preocupadíssimos. É que eu não entro em embolição com facilidade, muito menos quando provocada e insultada.

Esta sessão de esclarecimento foi o primeiro contacto que tive na vida com este universo de advogados. Foi muito interessante! Um microcosmos com uma linguagem própria. Um universo feio, mesmo feio, com muitas pessoas feias, num ataque serrado de palavras.

Como todas as entidades, agem em grupo. Não foi um advogado que compareceu à sessão, mas dois. Um a fazer o número de bad cop, o outro a fazer de menos bad cop. Foram tantas as alfinetadas verbais trocadas entre estes dois tristes jovens e a experiente delegada indicada para o meu caso, que não podem imaginar. Um ringue de boxe, um braço de força, em que a experiência depressa esmagou a juventude. Intimidação. Tudo funciona por intimidação.
.
Permaneci calma no meio disto tudo. Respondi por monossílabos “Sim” e “Não”. Provocação alguma me tirou a tranquilidade. Dir-se-ia que não estava capacitada de inteligência suficiente para entender o que se passava. Mas entendi muito bem. Ás vezes censuro-me por ser assim, mas em simultâneo fico contente por o ser. Aqueles advogadozinhos estavam em pânico. Uma pessoa em controle é mais perigosa que a que perde as estribeiras. Assim devem ter pensado, para terem contactado em primeiro lugar a minha ex-colega, com uma proposta para o caso não ir a tribunal.

Quando chegou a minha vez de ouvir a proposta, afirmaram na minha cara: “Já não está em contacto com a sua colega, pois não? Vocês não se têm falado.” Já tinha passado mais de um ano. Mais uma vez, dei uma resposta quase monossilábica: “Sim, temos”. A outra não ficou muito convencida. Sei bem onde queria chegar. Queria saber se eu tinha conhecimento da proposta que eles elaboraram à ex-colega e mais importante ainda, se saberia que ela a aceitou.

Sabia sim. Há quase uma semana que o sabia. Devia tê-lo demonstrado logo ali. Aí censuro-me por ser tão introvertida, que pareço desprovida de perspicácia ou inteligência maior.

Uma vez no decorrer da audiência, apareceram mais advogadozinhos a representar a Randstad. Eram umas três ou quatro cabeças presentes em nome da empresa, se não estou em erro. Três delas advogadas. Mas um deles quase me fez rir. Um rapaz, novito. Estava nervoso, quase que atrapalhado por falar. Depois da aprovação de uma colega com o olhar, começou a debitar um texto que, claramente, tinha estudado. Foi assim que fiquei a saber o que já sabia: o valor da proposta da empresa para o caso não ir a tribunal. Quando terminou, o galinho provavelmente estagiário, ficou contente com a sua prestação. Estava a ser bem ensinado: manteve uma postura arrogante e altiva, e um tom (in)seguro de si. “Esta é a nossa proposta e única proposta. (Bluf). Se não aceitar, então partimos para os tribunais (bluf). É muito boa (mentira), a ex-colega JÁ ACEITOU (tentativa de legitimação), é um valor justo, com base em cálculos do salário que a colaboradora recebia (mentira)”.

O que provavelmente não sabiam é que trazia comigo, dentro da pasta que tinha em mãos, um documento elaborado pela minha representante, com uma estimativa, por baixo, dos valores que me eram devidos por lei, com base na interpretação mínima desta. E por esses valores mínimos, a estimativa era quase tripla do valor da proposta deles. Dois salários – foi o valor que apresentaram. No mínimo, deviam ter sido seis.

Depois aqueles galinhos da advocacia, representantes de grandes valores morais e éticos (ironia), saíram da sala para eu poder escutar os concelhos dos meus representantes públicos.
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Devo dizer, com toda a justiça, que fiquei bem impressionada com estas pessoas. Tanto com a senhora que me representou inicialmente, a delegada da audiência de esclarecimento, que manteve a distância e se limitou aos factos e ás leis, como por estes dois indivíduos. Neles reconheci uma integridade ausente naqueles jovens galinhos advogados. De sorrisinhos cínicos e um amor próprio desmesurado. O tempo todo fiquei com a impressão que fazem falta ao sistema mais pessoas como aquelas. Trabalham com a lei e a justiça sem perder a consciência. Não deve ser fácil. Deve ser duro e frustrante. Lidar todos os dias com inescrupulosos como aqueles galinhos armados em advogados, muita crista eriçada, ofensas, provocações e um total desrespeito pelas leis. Senti pena. Por todos nós, pelo sistema. Pela justiça. Aquelas pessoas deviam ser das últimas sobreviventes de uma época em que a lei é encarada para servir todos, e não apenas os poderosos, sem convenientes distorções. Deviam ter abraçado a profissão com muito amor e terem de exercê-la perante estes “controcionismos”, deve ser frustantemente desgastante e desmotivador.

O número de advogadozinhos como aqueles que a Randstad me deu a conhecer – gente jovem, altiva, arrogante, de postura mal educada, porvocatória e mentirosa, que esboçam um sorrisinho cínico a cada palavra “bem enfiada”, deve ser penoso de assistir. Foi para mim, que não sou da área, um lamentável circo. Imagino o que uma pessoa de bom carácter que trabalha com a justiça sente. São cada vez menos, e cada vez mais idosos…

A conselho destas pessoas, aceitei o acordo. Ir a tribunal era coisa que se arrastaria por anos. Seria necessário chamar testemunhas. Eles sabem que é pelo desgaste que cansam uma pessoa. Não foi a postura, nem as palavras ameaçadoras dos advogadozinhos que determinaram coisa alguma. Foi esta realidade. Levei em conta o conselho daquelas pessoas que já admirava e a minha vontade de colocar o assunto atrás das costas. E só.

A minha motivação sempre foi diferente da ex-colega. Nunca esteve no dinheiro e sim no sentido de justiça. Foi isso que lhes disse: "Só quero que se faça justiça". Explicaram-me os procedimentos e eventualidades das duas vias a seguir: o acordo ou os tribunais, aconcelharam-me pelo primeiro e como expliquei, dei-lhes ouvidos. Não queria ter coisas pendentes que me fizessem ter de lidar com aquele tipo de gente.
Uma pessoa tem de assumir as suas responsabilidades. Uma empresa também. Varrê-las para debaixo do tapete, não é digno. Procurava o justo, não a compensação monetária. Não me arrependo mas acredito que o melhor, para todos, seria ter levado o caso a tribunal. Não seria o melhor para mim, mas podia ser a atitude necessária.

Os sorrisos e risadas daqueles advogadozitos da Randstad à saída do tribunal, contentes porque a reputação da empresa não saiu manchada, deu-me a indicação. Eu tinha a faca e o queijo na mão. Eles sabiam. Há casos por onde podem abrir uma frecha e fazer crer que a pessoa também cometeu falhas. Já tinham mentido para ver se me viam perder a paciência. Mas não comigo. Não tinham mesmo ponta viável por onde inventar fosse o que fosse. Aqueles sorrisos cínicos de auto congratulação, estavam em extase.

Aposto que não entenderam o meu gesto. Nem a nobreza dele.
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Nunca mais lidei com a Randstad. Quando a vejo, passo ao lado. O simples nome é um palavrão. Estes também nunca mais quiseram saber de mim, a pessoa não grata... até um dia.
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Tinha-se passado mais de um ano. Toca o telemóvel e uma voz masculina identifica-se como sendo da Randstad. Queriam saber se aceitava um trabalho. Sabem qual? Uma porcaria!!! Deviam estar tão desesperados por cabeças, que até a mim recorreram, mais de um ano depois.
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Vejam só as condições que ofereciam: local de trabalho: um supermercado longíquo. Zona perigosa, de assaltos. Horário: de manhã até anoitecer, só sábados e domingos. Remuneração: nem chegava a 300 euros.
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Para uma pessoa no mercado de trabalho, isto é proposta que se considere? "Venha trabalhar a troco de tostões. Oferecemos trabalho árduo, más condições, e a eventualidade de ser assaltado com arma branca".
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Fui educada como sempre, e recusei.
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Devia ter dito, indignada: Oiça lá: isso é oferta de trabalho que se proponha a alguém??
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Depois de tudo, ainda cá vieram bater à porta, os descarados...
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Com a Randstad, nunca mais.