Hoje apeteceu-me tomar banho de sol. Pude sentir a minha pele a absorver os benefícios desse calor. E soube-me bem!
Este é um desejo adquirido aquando a mudança para o UK. Nos trinta e pouco anos anteriores a viver em Portugal, "fugia" do sol, do calor. Tapava-me toda.
Agora sinto-o como uma necessidade biologica. Depois de meses e meses sem ele, eis que está a vencer a batalha ao Inverno. Faz uns três dias que nao chove e hojr a temperatura chegou aos 14 graus! Esta ventinho. Para muitos, inaceitavel ainda. Para mim foi como sentar numa pedra aquecida pelo sol... sensação confortante.
E assim, duas horas após sair do trabalho e me ocupar as voltas pelas lojas, para adiar o desprazer de chegar a casa e ser logo seguida pela M., com dor nos pés, calor por ter colocado roupa de inverno, sede e sono, rumei então ao lar. Objectivo: jardim.
Quando cheguei, ninguem na cozinha. Ninguem a sair do quarto. Liguei rapidamente o forno e coloquei no interior uma das pizzas compradas. Sabia que levaria 15m a fazer. Dava para ir tomar um duche rapido e ir para o jardim. Relva recem cortada, cheirinho a natureza...
Assim o fiz. Deitei-me sobre o meu fiel plastico, tao pratico e jeitoso e deixei me secar e aquecer ao sol.
Sei que foi mais que um banho de água, sol e novamente água. Foi a absorção de vitaminas da luz solar!
E para tornar o momento mais especial, depressa a ausencia da M. se confirmou, pois nao me apareceu à frente.
Acreditem: sem ela, sente-se pela casa um bem-estar, uma tranquilidade. Foi um dia bem passado! A energia fica boa, dá para sentir. Fica normalizada e não tumultuosa.
Falei com o outro rapaz ca na casa e ele também percebe como ela é e já a topou a seguir-me e a implicar comigo. Diz que percebeu que ela é doente, que algo na cabeça dela nao está bem e ao perceber isso não se aborrece e até tem pena.
Eu não tenho pena da M. Sendo como sou, dei-lhe todas as hipóteses e mais 200. Tive pena dela muitas vezes já depois de a saber como é. Questionei e tentei seguir raciocínios para a ver com uma luz favorável. Ela apagou-as todas.
Sei que é uma narcisista. Das piores. Vi vídeos no youtube sobre estes casos. Nem consigo vê-los ate ao fim, no pouco tempo que descrevem as atitudes, pensamentos e reaccoes de um narcisista, tudo já esta a encaixar na M.
O narcisismo não é uma doença mental. Não é doença sequer. É característica de personalidade. É como ser homicida. O indivíduo tem total consciência do que faz e ainda assim escolhe fazê-lo, tirando satisfação pessoal. E vai escalando. Não tem limites.
O outro rapaz da casa pensa que a agência acabará por lhe pedir para que saia. Mas eu sei que não. Infelizmente. Já teve múltiplas oportunidades para o fazer. Ela é uma porca. Autointitula-se paranoica com as limpezas mas não limpa nada, só suja. E de forma muito badalhoca.
Ela fumou dentro de casa, ficou meses a empestar o ar interior com o seu cigarro - e mesmo assim a agencia não lhe colocou uma accao de despejo. Deixa à porta das traseiras um trilho de beatas que seria o céu para qualquer um dos desocupados noturnos que andam com os olhos grudados no chão a procura de uma mal acabada.
Numa noite fria e escura de inverno, um desses indivíduos seguiu-me. Quando alguém caminha muito próximo de mim a horas impróprias, apresso o passo e ele também, páro e ele também, e mais ninguém está por perto, tento não indicar onde vivo. Por isso, ao passar pelo portão, comum a duas casas, não me dirijo para a porta da frente. Sabia que era alta a probabilidade de encontrar a das traseiras aberta. E como fica num estreito corredor com a casa vizinha, entro nele rápido, para quem vier atrás não ter como ver onde entrei. Se bem que a luz acesa e ser a única porta acessível é uma dica :) Mas presumo que a pessoa já não ia dar tanta bandeira, ao ponto de entrar numa área residencial privada. A menos que suas intenções sejam determinadamente ruins. Ao apressar-me a atravessar a porta e fechá-la rapidamente, encontro o rapaz de baixo a cozinhar. Entro rápido e desabafo:
- "Estava um tipo a seguir-me. Desde o parque de estacionamento. Vinha a olhar para o chão e a baixar-se para apanhar beatas... "
Subitamente sai-me com esta:
- Aqui fazia uma festa. Tem muitas pra se ocupar. - digo casualmente.
O pior é que é a pura verdade. A M. Mantem pilhas de beatas no chão, no corredor que mencionei, nas traseiras e um monte num cinzeiro que tem beatas com mais de um ano! O momento que estes indivíduos descobrissem isto, deixariam de fazer excursões pelas ruas da cidade e se concentrariam nesta casa para se abastecerem várias vezes ao dia e noite. Com acesso direto ao jardim, até imagino que poderiam estender a estada por lá.
A pesar de um ultimato dado pela agencia - que instalou na parede la fora um cinzeiro especialmente para esse fim - a M. Ignorou e já se tinham passado quatro meses desde que fora instalado.
Num dia de folga apeteceu-me ir ao jardim, cheirou-me e vi o estado em que se encontrava o percurso. Organicamente tirei duas fotos e enviei à a agencia. No seu ultimato tinham dito que iam nos fazer pagar pela limpeza das mesmas, caso não fossemos nós a colectá-las. Ora, numa moradia onde vivem cinco, três não fumam, obvio que esses três não se sentem na obrigação de serem eles a limpar a porcaria dos outros.
Às fotos enviadas a agência reagiu relembrando que tinham gasto dinheiro na colocacao de um cinzeiro de parede e estavam a usar o chão como um. Reforçaram que viriam inspecionar se as beatas seriam recolhidas dali a três dias e se fosse preciso mandar um profissional limpar, o custo seria repartido entre todos.
Por três dias fiquei à espera da reacção da M. Ela ignorou e continuou a deixar as beatas no chão. Típico do narcisista. Ninguém lhes diz como têm de agir. E riem-se de quem tentar.
No dia seguinte recebi um telefonema avisando que vinham inspecionar a casa (o que fazem com regularidade) e precisavam entrar nos quartos. Um dia depois oiço alguém entrar na casa e bater na porta do quarto da M. É a senhora da agência para a informar que precisa de inspeccionar o quarto na semana seguinte.
É que a M. nao gosta - aliás, detesta a ideia. Então ignora sempre todos os contactos. Sabendo disso o pessoal da agencia teve de vir pessoalmente bater-lhe à porta e falar cara a cara. Porque a M. Nao atende telefones, nao responde a emails ou cartas.
Nada a diferencia de todas as criticas que teceu aos que a antecederam. Foi tao maliciosa e dura, repetindo que estes nao atendiam as chamadas da agencia porque nao estavam a pagar a renda e ela é a mesma coisa.
Por isso nao tenho pena alguma dela. Não mesmo. Ai de mim se voltar a ter, por uma fraccao de segundo que seja. Quem ja nos mordeu a mão vezes sem conta, nao vai subitamente abanar a cauda sem voltar a cravar os dentes.
A sua máscara caiu de vez e ela ficou toda exposta para mim.
Por consequência da partilha do meu resignamento com a presença de tantas beatas, ela teve mesmo de as apanhar. Deve ter esperado ate se certificar que ninguém estaria em casa para a observar. O que nao e difícil, ja que todos menos ela trabalham.
Mas logo voltou a deixá-las no chão. Depois da inspeção aos quartos, choveu granizo. Foi então que notei duas gigantes manchas amarelas na parede. O telhado foi recentemente remexido. Agora tenho duas gigantes manchas de humidade ja a criar mofo na parede do quarto. Tive de comunicar a agencia e esta veio inspeccionar.
Ao fazê-lo, tirou uma foto das beatas que estavam novamente no chão e verificou que, atras da casa, onde ninguém vê, o chão nao tinha sido limpo e ainda estava replecto delas.
Por isso a agencia SABE.
Se fosse fazer algo já tinha feito. Não faltaram oportunidades. A M. é daquelas que NUNCA vai embora. Só se todos estiverem a berrar e a gritar com ela. Só que somos todos da paz. Evitamo-la.
Discordo desta abordagem porque só faz é ser permissiva aos abusos da M. Assim ela vai sentir que pode continuar a fazê-lo e vai aumentar os abusos.
Sem querer, acho que fiz muito bem em enviar aquele email a agencia. Fez com que a M. Fosse forçada a fazer algo que nao queria de todo fazer. Limpar a sua própria sujeira!
Ela tem e deve ser contrariada. Sempre. Ou nunca vai deixar de abusar todos que a cercam.
A sua ausência de hoje é bem acolhida mas também é agridoce. Se está ausente é porque secou todos os seus recursos vis para extrair dinheiro sem trabalhar. Sendo assim, teve de andar a fazer telefonemas para salões de beleza a oferecer os seus serviços. Ela diz que é "beautician". Ou seja: esteticista. Mas cá para mim só sabe fazer é unhas. Está LONGE de ser uma esteticista. Nem tem perfil para isso. Não gosta de pessoas, tem nojo de lhes tocar, detesta ter de as servir ou de com elas ter de conversar. Faz estes biscates muito de vez em quando. Por extrema necessidade e em nenhuma outra circunstância. Para ela, trabalho é o seu último recurso. Costuma ser só no Natal e talvez no dia de S. valentim. Trabalhar só mesmo quando a fonte esgota ou se precisar fingir-se funcionária para dar ideia de que não é uma vagabunda que fica por casa só de robe. Se estiver a receber subsídios com essa condição, por exemplo, ou querer comprovar que busca trabalho.
Inscreve-se numa agencia de trabalho temporário, faz um dia, com esforço e raiva, uma semana e nao aparece mais. Recebe uns trocos e pronto: fica registado que trabalhou no lugar X, Y, Z. Uma vez vi-lhe o extrato mensal bancário aberto na mesa e não tinha nenhuma entrada de dinheiro, só saídas. Noutra ocasião, recebeu de uma agência laboral umas 50 libras e não tinha mais nenhuma entrada salarial. 50 libras corresponde a umas 8h de trabalho. O saldo final abaixo de zero ou quase. E muitas contas por pagar, saldos negativos de valores que deviam ter sido debitados mas não encontraram fundos. As cartas a cobrar a acumulação desses valores continuam a chegar. Até a das finanças - a cobrar o que lhes deve, anda à meses a aparecer.
O que não entendo no Reino Unido é a FACILIDADE com que permitem que pessoas como ela se safem impunes. Em Portugal, não pagas renda - és expulso. Não pagas a conta do telemóvel e netflix - cortam-te o serviço. Não tens pago a eletricidade, cortam o serviço. Deves às finanças? Tens de pagar. Aqui escrevem, por três anos que tenha dado conta, cartinhas na perspectiva "se tem dificuldades em pagar sua dívida, contacte-nos para encontrarmos uma forma de ajudar". Ao invés de: "Já lhe enviamos 20 cartas, continua a usufruir do serviço, a dívida já vai em 750 euros - agora pague ou vá a tribunal!".
Uma vez perguntei a um funcionário bancário qual a consequência para os caloteiros e a resposta é cómica: "Não têm crédito". "Quando aplicarem para crédito para, por exemplo, comprar uma casa, ou um carro, não têm crédito".
Como se estes caloteiros alguma vez se preocupassem com isso! O governo alimenta-os com empréstimos e subsídios e não faz nada para se livrar destes parasitas - prefere aumentar os impostos de quem trabalha. INJUSTO.
Assim que jorra um pouco mais de dinheiro, ela pára de se "sacrificar". Volta a ficar meses por casa, toda altiva, dona de si, a implicar com todos, a gastar dinheiro que não tem, a acumular dívidas que sabe que nunca vai pagar e sem querer saber.
E era ela que abria a boca para falar dos outros sobre estes mesmos defeitos.
Não. Não sinto pena alguma.