terça-feira, 23 de maio de 2023

Se não fossem os avós...

Um homem manco, idoso já, magro, trajando uma camisa branca com gravata escura e calças a condizer, carrega uma criança de cabelo encaracolado pelo braço direito. E, macando, mas capaz de segurar firme na sua carga preciosa, apressa-se a abrir o portão que limita a rua com o externato e, mais depressa ainda, a porta que dá acesso ao interior, desaparecendo os dois.

É um ritual que observo todos os dias, pelas primeiras horas da manhã e pelas últimas da tarde, ao me aproximar da janela. Hoje será a última vez, é o último dia destas férias.

Há uma semana, quando as iniciei, passava pela marginal costeira, onde afluem cafés e restaurantes, e, num grupo de três senhoras idosas, uma falava para o homem funcionário de café, um tanto mais novo, que se encontrava agachado no chão, preocupado em arranjar algo com suas ferramentas. 

Repete-lhe a senhora, para se certificar que foi entendida:

- Então em vou buscar a criança à escola e daqui a uma hora passo para levar almoço. Pode ser assim, Zé?

Também nessa ocasião constantei a actual importância dos "avós" para a sobrevivência diária da sua já adulta prole. Se não fosse por esta geração de idosos, que se ocupam de uma tarefa tão vital, o que seria dos mais jovens? Dos pais de filhos? Como se governariam?

Ia um deles ficar em casa para poder cuidar das crianças? Abandonar o emprego? 

Podem agora os dois membros de uma família trabalhar fora de casa e criar filhos pequenos por esta grande comodidade de terem pais, avós de seus filhos, que, no final de suas vidas, aceitam de bom grado e com muita alegria, a tarefa de ir buscar e cuidar dos netos. Alimentando-os com o melhor bife de lombo, oferecendo-lhes uma variedade invejável até para um marajá, de escolhas para refeiçôes, frutas, sumos, sobremesas, preparando-lhes tudo, servindo-os e deliciando-se com o que sabem ser a maravilha da vida a renovar-se. 

Se não fosse por muitos, centenas deles, que diáriamente se ocupam de ir levar e ir buscar os filhos dos seus filhos às escolas, para levá-los de volta a casa ou mantê-los na sua, seguros e protegidos em suas casas, dando-lhes banho, vestindo-os roupas lavadas e cheirosas, alimentando-os, brincando com eles, suportando nos ossos fragilizados toda a energia e vigor de uma criança saltitante e ativa no auge da sua felicidade por vezes, adormecendo-os, colocando-os nos seus pijamas, aguardando que os pais terminem o ofício laboral e os venham buscar já muito de noitinha. Na manhã seguinte, tudo se repete.

Alguns pais só têm os filhos consigo aos fins-de-semana! Embora a criança viva com eles e ali durma todas ou quase todas ss noites. 

Porém, a vida, a parte activa do dia de uma criança, as partes de interacção mais longas, essas, em muitos casos, de segunda a sexta feira, ficam a cargo dos avós. 

O que seria da sociedade actualmente sem este género de avós?

Na América e no Reino Unido, uma grande parte da população vê a idade da reforma como a altura para viver para si mesmo. Altura de não ter compromissos, viajar, viver só para si e para o companheiro/a. 

Dizem mesmo que já "cumpriram a sua parte". Os filhos " já estão criados" e que, agora, cabe a estes cuidarem dos seus filhos. Nos seus anos " doirados", estes idosos têm uma única vontade: divertirem-se, gozar a vida, sem obrigações, preocupações ou deveres.

Por acaso não é exatamente isso que os actuais pais de crianças sonham para o seu futuro? Claro que sim!

Mas também eles serão, no futuro, avós.

A ver vamos que tipo de avós virão a ser.

Uma viva aos avós!


domingo, 21 de maio de 2023

Regresso as origens e ao prazer da leitura

 Estou a gostar de ler este livro:


Um gosto tremendo pela leitura regressa cada vez que me vejo rodeada de livros. Uma percepcção de que há muito para ler porém, provavelmente, nem uma vida inteira chegará para o fazer e assimilar verdadeiramente o conhecimento que proporcionam.

Estou matavilhada com as descrições - não só de vestuário como de mentalidade e comportamentos - que este livro proporciona.

Sou levada para outro tempo, tenho uma ideia visual e sensorial diria que perfeita do que me e descrito. Tenho a sensação que alguém descobriu como viajar ao passado (minha derradeira viagem ideal) e trouxe para hoje o que aquele instante realmente fora.


Tanta coisa para descobrir numa só frase. 

Tanto que se descobre numa outra. 


As descricões das indumentárias, penteados, a suposta vaidade e orgulho que poder usá-las terá acarretado, os hábitos comportamentais, tais como a importância de proporcionar uma refeição perfeita e sem falhas a convidados ilustres, o processo de ideias para a época - tudo um prazer de se descobrir.

Educar num ofício, durante seis meses, um negro capturado para servir de escravo, para depois o poder alugar à jorna ou então vendê-lo como mao de obra especializada. Ao fim de seis anos a trabalhar a jorna o escravo podia comprar a sua liberdade. O serem deitados borda fora do navio rumo à civilizacao no primeiro sinal de disinteria. Depois de ter lido "Primo Levi", percebi o quanto é assustador tal condição e como o Homem pode tratar outro Homem, largando-o à sua provável morte sem pensar duas vezes. Isto no seculo XX, entre ex-prisioneiros de campos de trabalhos forçados, doentes, abandonados e livres, a aguardar a chegada das tropas russas. Que dirá então em pleno seculo XVIII, numa altura em que, alguns acreditavam que o negro era uma espécie intermédia entre a humana e o animal.

Descobri que se atiravam cavalos ao mar nas mesmas circunstancias - caso o navio nao conseguisse navegar devido ao peso e força dos ventos e marés. Ora, cavalos eram considerados carga preciosa e se estes iam borda fora, muita outra coisa decerto também terá ido.

Gostei especialmente - e me emocionei, com a curta história de Julinho e Florentino. O primeiro senhor, dono de terras, o segundo, escravo. Julinho acreditava que os homens deviam ser livres. Libertou todos os seus escravos e pagava-lhes pelo seu trabalho. Comprou um terreno para que os escravos forros e os foragidos pudessem viver em comunidade. O segundo, o chefe desse Quilombo, beneficiário deste conceito denominado Francesia - devido as ideias Francesas pós-bastilha de igualdade entre os homens. 

E é isto a leitura. Um alimento para o cérebro.


quinta-feira, 18 de maio de 2023

Devolvam-nos o SAL!

 

Duas carcaças barradas com generosas camadas de manteiga Mimosa COM sal. 

Mesmo assim, não consegui atingir o sabor familiar que procurava. O pão, por si só, comido sem qualquer produto, está insonso. Descobri, o ano passado, com a padeira, que foi uma (mais uma) NOVA directiva europeia (EU) que definiu que devia ser assim: MENOS SAL em todos os produtos. 

O resultado é INSONSO.

Um gosto insonso em tudo o que se coloca na boca. 



Mas que TIRANIA!!!
Quem são eles para DECIDIR por NÓS a quantidade de sal que devemos ingerir? Reduzi-lo ao ponto da sua inexistência, removendo o sabor a tudo o que se cozinha e prepara. É lamentável. 

Numa sociedade verdadeiramente LIVRE deixar-nos-iam ESCOLHER. 

É tudo o que quero: deixem-nos escolher!
Quem quiser pão sem sal, compra sem sal. Quem quiser COM, compra com. Permitir que só uma opção exista parece-me coisa do tempo do Fascismo, tirania pura. 

É que eu venho do "Futuro". 

Ah? Como assim? - Tá a Portuguesinha afectada do juízo?

Explico: vivo em Inglaterra. Tudo lá é sem sal, sem açúcar, sem gosto. Sem nutrientes, sem nada. Quase tudo é alimento sem gosto, até os mais simples vegetais. Por isso sei qual o FUTURO de PORTUGAL e todos os outros países se continuarem a seguir no rumo do "remover açucar, remover sal, remover tudo!". 

Não se ruma ao MAIS SAUDÁVEL. Mas ao PIOR E MENOS SAUDÁVEL .

Porque ao invés de me satisfazer com METADE de uma carcaça com manteiga, posso comer até CINCO, e mesmo assim, nenhuma vai me proporcionar o gosto que uma metade de pão com SAL q.b. e manteiga me proporcionavam num passado não tão distante assim. 

TRAGAM DE VOLTA o livre arbítrio e a escolha individual.



sexta-feira, 12 de maio de 2023

Vodu e rituais de magia, buracos, velas negras e ovos crus

 

Faz uns três meses encontrei duas cascas de ovo no fundo do jardim, numa área resguardada, onde ninguém vai. A semana passada, num dos meus ímpetos de limpeza, fez-me confusão ter detectado um saco preto de plástico largado nesse local. Quando me mudei há quase três anos, fiz uma limpeza bem significativa nos detritos abandonados no fundo do quintal. Naquela área, recolhi tudo o que tinha sido abandonado: garrafas de vidro (30), plásticos, latas, cacos, cerâmicas, tudo. Desde então, aos poucos, vou retirando mais entulho ali deixado. No inverno passado, a cerca caiu com o vendaval. A casa vizinha ficou abandonada, até que a agência a comprou e a vendeu. Só então a cerca foi re-erguida. Durante todo este tempo, aquele saco preto poderá ter-me escapado??? Por entre a densa vegetação?

Até hoje não sei. Talvez sim, talvez tenha sido ali colocado depois por alguém da casa ou noutra circunstância qualquer e ali ficou indetetável. Aproximei-me do dito, espreitei dentro: muitas latas de red-bull e outras de detergente. Apanhei tudo no saco quase a desintegrar-se - a pesar do conteúdo parecer fresco, e coloquei no contentor de reciclagem. 

No processo de fazer isto o que vejo entre a vegetação? As cascas de ovo! Ainda as mesmas, no mesmo lugar. 

Agora encontrei um cartão de memória com fotografias do ano passado. Enquanto recordava o que era, deparei-me com uma foto de... cascas de ovo no fundo do jardim. Obviamente não são as mesmas deste ano, mas outras. Igualmente caricatas, porque quase inteiras, só com uma parte partida e nenhum conteúdo. Uma forma muito INVULGAR de se verem cascas de ovo. 

Na foto seguinte surgem as beatas que a M. largou no jardim e na foto seguinte, o misterioso BURACO cavado nessa área resguardada na qual ninguém vai. Tenho quase a certeza que ali não estava nada, pois costumava estender ali a minha toalha para me deitar ao sol. Nunca vi algum buraco. 



Atribuí tudo, talvez, à movimentação de um animal. Mesmo os ovos! Mas ficava sempre a dúvida... por não fazer sentido. A presença do buraco escavado, a presença de cascas de ovos quase inteiras, totalmente vazias. Pensei, inicialmente, tratar-se de mais um gesto de desconsideração de alguém cá de casa, que coze os ovos para comer e depois os despeja ali. Mas isso era impossível. Nenhum ovo cozido teria deixado uma casca assim. E era a casca de DOIS OVOS. Tanto a que lá está este ano, como a que esteve o ano passado. 

Um buraco escavado no chão. Cascas de dois ovos quase intactos ritualisticamente abandonadas de ano para ano e as 25 velas pretas com duas brancas que a M. recebeu ontem. 

Subitamente fez sentido. Com o tempo, tudo se conecta, como os pontos de um desenho numérico. A mania de que tem capacidades psíquicas, o dizer-se dedicada à magia branca e sublinhar que não a negra, o queimar papel com uma vela trancada no WC, a súbita implicação com o aroma do meu incenso de flor margarida- que antes acolheu com gosto e disse gostar, o chamá-lo "cheiro de Igreja" que a impede de dormir (ainda que nem o tenha deixado arder) - as velas PRETAS especiais que encomendou do seu país - a Lituânia. TUDO se conecta. 

É ela que faz estas coisas. Os seus rituais de protecção - que para mim não passam de rituais para prejudicar a pessoa que ela mais quer atingir no momento. Quando vi as velas negras logo pensei que estavam destinadas para mim. Somente duas brancas. Velas muito finas, de um material não quebrável, com uma espessura de, no máximo, 8 milímetros e 25cm de altura. Não são realmente velas domésticas, para se usar em candelabros, porta-velas, nada. Nem bolo de aniversário. E vai usá-las resguardada no quarto. Isto deve ter um significado específico. Nunca vi uma pessoa que se auto-intitula dedicada ao bem (magia branca) usar velas NEGRAS. 

Ela que continue com a sua dependência destes rituais, a cavar buracos na terra, a queimar papel, a acender velas, a não deixar ninguém inspeccionar o seu quarto, a usar ovos crus que despeja no quintal... 

Eu também adquiri os meus rituais. Infelizmente, para descompressar um pouco esta situação que, sejamos francos, não me deixa ser quem sou e me força a ser diferente, adquiri o hábito de desabafar em vídeo. Também aprendi que, de vez em quando, há que desabafar com alguém de carne e osso. Duas amigas minhas sabem o que se passa. Mas evito sobrecarregá-las com cada episódio lunático. Quando me sinto melhor, até humorística, e algo acontece, então partilho. Lembro-me de comentar com uma que ela implicou com o cheiro do incenso, que eu só deixo arder por alguns segundos e apago. Tanto que tenho os paus há mais de ano e meio e ainda são os mesmos. Acendo-os para cortar os maus e fortes odores dos cozinhados, principalmente quando estes são consecutivos e duram até às tantas da madrugada. Ocasionalmente, também acendo e depois apago no WC, para cortar o odor de lá. Mas é tão raro que nem devia ser um problema. Mas cá está: raro pode ser, mas é também uma acção MINHA. E é tudo o que ela quer. Vive me seguindo para ter com o quê implicar. Entra na casa de banho assim que eu saio para espreitar. Se encontrar algo com que possa implicar, vai fazê-lo. Sem nada que lhe dê esse pretexto, ela procura desesperadamente qualquer coisa que eu faça. E segue-me, sempre, observando cada gesto meu. Ter acendido o incenso UMA VEZ e passar com ele pelo corredor foi o pretexto que precisou. Daí já quis fazer um grande DRAMA. E agora, cada vez que escuta um ruído de "Pszzt" - originado por um spray, sai a correr para implicar. Porque se alguém usar um ambientador em spray, ela implica. Só ela pode gastar uma lata inteira de uma vez só, no odor que lhe bem apetecer. Fica o ar muito agressivo, difícil de respirar, sente-se o químico no ar. Mas como foi ela que esvaziou a lata, está tudo bem. 

Lembro-me da minha amiga comentar a respeito do incenso: "Ela pensa que estás a querer purificá-la!".  Eu pensei que esta observação não fazia sentido. Ela simplesmente gosta de implicar. Mas depois é que percebi que é isso mesmo. PROJECÇÃO!! Claro que ela vai assumir que eu estou a preparar um ritual qualquer dirigido a ela. Na realidade estou é cansada de respirar o odor a frito ou gordura ou alho ou peixe por três horas consecutivas!!  Mas a M. que é narcisista, pensa de acordo com as suas acções e motivações: ela faz rituais. Logo, concluí obcessivamente que outros na casa lhos façam a ela. E eu, ingénua, longe de pensar que eram estas as suas suspeitas! Pensei apenas que era outra forma de ela implicar com qualquer coisa que eu pudesse fazer. 

Viver nestas condições acaba por ser desgastante. Passado tanto tempo, claro que isto me afecta. Afectaria qualquer um. E já não tenho a tolerância de antes. Cheguei ao ponto de implusão. E agora estou ciente de tudo, vejo tudo... (ou quase tudo) e ainda me surpreende como é que, todos os sinais estavam lá desde o início e a seriedade dos mesmos nos passa ao lado. Como somos educados a "desvalorizar" coisas, rotulá-las de "peculiaridades", preferir pensar que não são mal intencionadas. Quando são. Com o tempo, a verdade vem ao de cima. 

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Dedos em feridas...

 Pois... 

Mas continuo a achar que o povinho (menor poder de compra) também deve ter acesso fácil a produtos gourmet - que afinal um anónimo acha que não são melhores. Talvez não sejam, talvez o anónimo o saiba por experiência. Como não consumidora de produtos alimentares rotulados de "gourmet" não saberei decerto dizê-lo. Mas então, o rótulo é indicador de quê? Nos restaurantes, o prato gourmet significa o quê? Não é qualidade? Então é o quê? Simplesmente preço elevado?

E viva a liberdade de expressão. Minha opinião é esta e expressei-a com respeito e transparência. Continuo a achar que a alimentação mundial está comprometida ao ponto de tudo estar a ser substituído por réplicas e imitações de fraca ou nenhuma qualidade com zero de nutritivo. Acho que, a longo prazo, este consumo de "MacDonalds" ou "plásticos de supermercado" nos faz doentes e nos leva a ser clientes assíduos de hospitais, que cada vez mais não têm capacidade ou competência para a empreitada de uma população doente. Acho que os alimentos de qualidade estão a ser fornecidos a uma população restrita - os milionários - os que podem pagar muito como se não pagassem nada. Esses levam o Boi que foi criado solto nos pastos do Alentejo e cuja carne é 95% exportada para a China e, os restantes 5%, para outros países estrangeiros. Se isto tocou suscetibilidades? Tudo bem. Concordando ou não, apresente-se argumentos. Não existindo argumentos - porque apontar que não existe ponderação nos últimos posts não é, decerto, um argumento - então fico com a minha opinião intacta. 

E para tentar me esclarecer um pouco - já que o anónimo não o explicou, tive de ir procurar a definição de "Gourmet" no Google: 



Produtos de alta qualidade! Ah, bem me pareceu. 


Só gostava que a alimentação Mundial que está dominada por empresas Nacionais e Multinacionais desse uma "virada" radical rumo ao alimento original, local e nutritivo. Sem o exportar todo para fora! Onde as "carteiras" mais apetitosas se encontram. O foco está sempre no lucro, no financeiro. 

Queria ver nos supermercados, uma maioria de produtos de origem NACIONAL, sazonais, produtos animais e vegetais. Com qualidade. É isso que acontece? Não! As laranjas vêm todas da Espanha, Marrocos, as uvas da Índia. Tudo bem. Mas e as nacionais, onde as encontro? Tenho de ir a uma loja especializada gourmet localizada num lugar turístico ou hipster qualquer? Porquê?? 

Quem cresceu nos anos 80 a comer laranjas nacionais sabe que, hoje, nenhuma laranja encontrada à venda no supermercado, tem um sabor idêntico ou, sequer parecido ao daquela laranja "original". (A laranja é só um exemplo, qualquer fruto se encaixa aqui). E é essa PERDA de qualidade de produto genuíno que me entristece. E aqui fica um texto maravilhoso do cronista que o comprova.

quarta-feira, 10 de maio de 2023

 

Muitas mensagens para posts passaram hoje pela minha cabeça. Continuando a saga/praga das notícias que a Microsoft espalha no meu monitor nos momentos mais inoportunos, já tinha separado uns 25 tópicos que me chamaram a atenção. 

A respeito do pai que aliciou a filha a casa no dia do seu aniversário para matá-la com um tiro de caçadeira na cara, suicidando-se de seguida, é lamentável que a filha não possa ter voz. Ele, o homem, deixou a sua versão escrita no facebook. Acho que a opinião pública inclina-se para "absolver" este homem, que era idoso e estava muito doente. Não tinha antecedentes de agressividade e deve ter agido assim devido a um momento de doidice, desespero, falta de esperança. Será?

O homem PLANEOU isto. 

Deixou no facebook a sua "absolvição". Que homem - doente ou não - que pai, doente ou não, sabendo que está perto da morte, vinga-se matando a filha? Não a deixando viver, para que ela possa também atingir a idade avançada e passar por o que tivesse de passar?

Este tipo de egoísmo escapa indetectável a muitos durante uma vida inteira. No facebook este homem dizia sentir-se "traído" pelos filhos. Passou a casa para o nome da filha e também tornou a conta bancária conjunta. Na condição da filha tomar conta dele. O que ela fez, até ter um momento de ruptura e desgaste mental. Até porque, ao que indica, também ela tinha os seus problemas emocionais e a relação com o pai talvez nunca tenha sido fácil. Nem para ela, nem para o irmão que, estranhamente, a imprensa não correu atrás para entrevistar. 

Por mais que tentamos entender este acto treslocado e absolvê-lo, por termos simpatia pela solidão do idoso e da sua doença, muitos estão no mesmo lugar que ele. Ou pior! E não saem por aí de caçadeira em punho para matar seus filhos. Este homem, caçador, já com fraca mobilidade, tinha uma arma em casa... Devia ser proíbido. 

Esta foi a notícia da semana passada que mais "cócegas" me deu no estômago. Uma tragédia lamentável, que não desejo que ninguém conheça de perto. Lamentável. Triste. 

Noutra nota, hoje fiquei a saber que o ator Robert de Niro comunicou que foi pai pela sétima vez. Não me faria espécie alguma, se o homem estivesse, vá lá, no máximo, nos seus 50 anos. Mas está com 79!!! Digam-me lá: foi fazer o filho numa mulher de que idade?

Isto revolta-me. REVOLTA-ME. 

Eles podem estar com um pé para a cova e deixar filhos por criar. Porque sabem que existe sempre uma mulher jovem encarregue disso. Acho injusto. Com a tecnologia de que dispomos hoje, as mulheres deviam ter o MESMO DIREITO. E, se desejassem, ter filhos aos 79 anos. Ponto FINAL. 


 

sábado, 6 de maio de 2023

Critérios Jornalísticos

 

As mensagens noticiosas da Microsoft continuam a ser uma praga no meu monitor. Assim sendo, hoje chamou-me a atenção esta:

CHINESES JÁ FATURAM 31 MILHÕES COM BOIS DO ALENTEJO

Abri a notícia para começar a ler. Juro-vos: tem POUCO de notícia e MUITO de PROPAGANDA. Diria até que é uma "notícia" encomendada - visto que fala e fala e fala da empresa, descreve o que oferecem e ficam que tempos a descrever as "promessas e ambições" da sua gestora - que conseguiu elevar a empresa à maior criadora do país, porque exporta 95% da sua carne para a China, que são os maiores acionistas da empresa. Ora, assim também eu! Cresço num piscar de olhos. Começo a fazer pasteis de nata e digo aos chineses para serem meus sócios. 

Isso à parte, a empresa quer apostar na sustentabilidade (espero que qualidade), criar o gado ao natural e ter tudo "saudável". Tudo bem, desejo-lhes sorte. Precisamos de voltar a ter carne de qualidade na nossa cadeia alimentar. Mas preferia que tivessem assinalado PUBLI-REPORTAGEM, porque é disso que se trata a "notícia". 

Ah, os critérios jornalísticos a cair cada vez mais... um dia desaparecem.  

NOTA IMPORTANTE: Li o último parágrafo e fiquei muito desapontada. A empresa exporta para a China (Argélia e Marrocos) mas... e PORTUGAL? Resposta:


Claro! 

Segmento de "alta qualidade". 
Nós, portugueses, povinho que sustenta com o nosso trabalho a "alta qualidade" na vida de alguns, tem de continuar a ter o mercado alimentar invadido por substitutos sem qualidade, borracha a fingir que é carne. Porque carne de verdade, saborosa, REAL - a alimentação de verdade, como venho a dizer há anos, essa é exclusiva para os MILIONÁRIOS. 

É nisto que deu entregar tudo a multicionais. O povo é tratado como LIXO e como LIXO. Os ricos comem o que antes era do povo. É que, ao menos antigamente, os pobres, quando apanhavam um peixe, o peixe era mesmo peixe! A carne era mesmo carne e a fruta sabia a fruta. Tinham hipóteses. 

Nós, nesta era moderna, de comida acessível no supermercado, não temos mais peixe, ou carne, ou fruta. É tudo processado ou tudo adulterado. Já NADA É COMO ANTES. 

A qualidade, essa vai para a China. Outro país que só tem dinheiro por explorar vergonhosamente o povo. 

É o filme "Soilent Green" em pleno 2023. 

Só que não foi preciso radicalizar na mensagem. Basta permitir que o povo se ocupe com uns empregozecos  (65 empregados, provavelmente mal pagos, para 11 herdades é, a meu ver, muito pouco para esta empresa que é toda da China, só aproveita o nosso solo e é dona dele) nas suas multinacionais para ganhar-mos uns trocados, depois aliciam-nos a gastar esses trocados na porcaria que produzem para nosso consumo e espalham pelos supermercados, sem permitir concorrência de qualidade. 

 

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Vitamina D - de ar livre!

 Hoje apeteceu-me tomar banho de sol. Pude sentir a minha pele a absorver os benefícios desse calor. E soube-me bem!

Este é um desejo adquirido aquando a mudança para o UK. Nos trinta e pouco anos anteriores a viver em Portugal, "fugia" do sol, do calor. Tapava-me toda.

Agora sinto-o como uma necessidade biologica. Depois de meses e meses sem ele, eis que está a vencer a batalha ao Inverno. Faz uns três dias que nao chove e hojr a temperatura chegou aos 14 graus! Esta ventinho. Para muitos, inaceitavel ainda. Para mim foi como sentar numa pedra aquecida pelo sol... sensação confortante. 

E assim, duas horas após sair do trabalho e me ocupar as voltas pelas lojas, para adiar o desprazer de chegar a casa e ser logo seguida pela M., com dor nos pés, calor por ter colocado roupa de inverno, sede e sono, rumei então ao lar. Objectivo: jardim.

Quando cheguei, ninguem na cozinha. Ninguem a sair do quarto. Liguei rapidamente o forno e coloquei no interior uma das pizzas compradas. Sabia que levaria 15m a fazer. Dava para ir tomar um duche rapido e ir para o jardim. Relva recem cortada, cheirinho a natureza...

Assim o fiz. Deitei-me sobre o meu fiel plastico, tao pratico e jeitoso e deixei me secar e aquecer ao sol. 

Sei que foi mais que um banho de água, sol e novamente água. Foi a absorção de vitaminas da luz solar! 

E para tornar o momento mais especial, depressa a ausencia da M. se confirmou, pois nao me apareceu à frente. 

Acreditem: sem ela, sente-se pela casa um bem-estar, uma tranquilidade. Foi um dia bem passado! A energia fica boa, dá para sentir. Fica normalizada e não tumultuosa. 

Falei com o outro rapaz ca na casa e ele também percebe como ela é e já a topou a seguir-me e a implicar comigo. Diz que percebeu que ela é doente, que algo na cabeça dela nao está bem e ao perceber isso não se aborrece e até tem pena.

Eu não tenho pena da M. Sendo como sou, dei-lhe todas as hipóteses e mais 200. Tive pena dela muitas vezes já depois de a saber como é. Questionei e tentei seguir raciocínios para a ver com uma luz favorável.  Ela apagou-as todas. 

Sei que é uma narcisista. Das piores. Vi vídeos no youtube sobre estes casos. Nem consigo vê-los ate ao fim, no pouco tempo que descrevem as atitudes, pensamentos e reaccoes de um narcisista, tudo já esta a encaixar na M.

O narcisismo não é uma doença mental. Não é doença sequer. É característica de personalidade. É como ser homicida. O indivíduo tem total consciência do que faz e ainda assim escolhe fazê-lo, tirando satisfação pessoal. E vai escalando. Não tem limites.

O outro rapaz da casa pensa que a agência acabará por lhe pedir para que saia. Mas eu sei que não. Infelizmente. Já teve múltiplas oportunidades para o fazer. Ela é uma porca. Autointitula-se paranoica com as limpezas mas não limpa nada, só suja. E de forma muito badalhoca. 

Ela fumou dentro de casa, ficou meses a empestar o ar interior com o seu cigarro - e mesmo assim a agencia não lhe colocou uma accao de despejo. Deixa à porta das traseiras um trilho de beatas que seria o céu para qualquer um dos desocupados noturnos que andam com os olhos grudados no chão a procura de uma mal acabada. 

Numa noite fria e escura de inverno, um desses indivíduos seguiu-me. Quando alguém caminha muito próximo de mim a horas impróprias, apresso o passo e ele também, páro e ele também, e mais ninguém está por perto, tento não indicar onde vivo. Por isso, ao passar pelo portão, comum a duas casas, não me dirijo para a porta da frente. Sabia que era alta a probabilidade de encontrar a das traseiras aberta. E como fica num estreito corredor com a casa vizinha, entro nele rápido, para quem vier atrás não ter como ver onde entrei. Se bem que a luz acesa e ser a única porta acessível é uma dica :) Mas presumo que a pessoa já não ia dar tanta bandeira, ao ponto de entrar numa área residencial privada. A menos que suas intenções sejam determinadamente ruins. Ao apressar-me a atravessar a porta e fechá-la rapidamente, encontro o rapaz de baixo a cozinhar. Entro rápido e desabafo:

- "Estava um tipo a seguir-me. Desde o parque de estacionamento. Vinha a olhar para o chão e a baixar-se para apanhar beatas... "

Subitamente sai-me com esta:

- Aqui fazia uma festa. Tem muitas pra se ocupar. - digo casualmente.

O pior é que é a pura verdade. A M. Mantem pilhas de beatas no chão, no corredor que mencionei, nas traseiras e um monte num cinzeiro que tem beatas com mais de um ano! O momento que estes indivíduos descobrissem isto, deixariam de fazer excursões pelas ruas da cidade e se concentrariam nesta casa para se abastecerem várias vezes ao dia e noite. Com acesso direto ao jardim, até imagino que poderiam estender a estada por lá.  

A pesar de um ultimato dado pela agencia - que instalou na parede la fora um cinzeiro especialmente para esse fim - a M. Ignorou e já se tinham passado quatro meses desde que fora instalado.



Num dia de folga apeteceu-me ir ao jardim, cheirou-me e vi o estado em que se encontrava o percurso. Organicamente tirei duas fotos e enviei à a agencia. No seu ultimato tinham dito que iam nos fazer pagar pela limpeza das mesmas, caso não fossemos nós a colectá-las. Ora, numa moradia onde vivem cinco, três não fumam, obvio que esses três não se sentem na obrigação de serem eles a limpar a porcaria dos outros.

Às fotos enviadas a agência reagiu relembrando que tinham gasto dinheiro na colocacao de um cinzeiro de parede e estavam a usar o chão como um. Reforçaram que viriam inspecionar se as beatas seriam recolhidas dali a três dias e se fosse preciso mandar um profissional limpar, o custo seria repartido entre todos.

Por três dias fiquei à espera da reacção da M. Ela ignorou e continuou a deixar as beatas no chão. Típico do narcisista. Ninguém lhes diz como têm de agir. E riem-se de quem tentar.

No dia seguinte recebi um telefonema avisando que vinham inspecionar a casa (o que fazem com regularidade) e precisavam entrar nos quartos. Um dia depois oiço alguém entrar na casa e bater na porta do quarto da M. É a senhora da agência para a informar que precisa de inspeccionar o quarto na semana seguinte. 

É que a M. nao gosta - aliás, detesta a ideia. Então ignora sempre todos os contactos. Sabendo disso o pessoal da agencia teve de vir pessoalmente bater-lhe à porta e falar cara a cara. Porque a M. Nao atende telefones, nao responde a emails ou cartas. 

Nada a diferencia de todas as criticas que teceu aos que a antecederam. Foi tao maliciosa e dura, repetindo que estes nao atendiam as chamadas da agencia porque nao estavam a pagar a renda e ela é a mesma coisa.  

Por isso nao tenho pena alguma dela. Não mesmo. Ai de mim se voltar a ter, por uma fraccao de segundo que seja. Quem ja nos mordeu a mão vezes sem conta, nao vai subitamente abanar a cauda sem voltar a cravar os dentes.

A sua máscara caiu de vez e ela ficou toda exposta para mim.

Por consequência da partilha do meu resignamento com a presença de tantas beatas, ela teve mesmo de as apanhar. Deve ter esperado ate se certificar que ninguém estaria em casa para a observar. O que nao e difícil, ja que todos menos ela trabalham. 

Mas logo voltou a deixá-las no chão. Depois da inspeção aos quartos, choveu granizo. Foi então que notei duas gigantes manchas amarelas na parede. O telhado foi recentemente remexido. Agora tenho duas gigantes manchas de humidade ja a criar mofo na parede do quarto. Tive de comunicar a agencia e esta veio inspeccionar.

Ao fazê-lo, tirou uma foto das beatas que estavam novamente no chão e verificou que, atras da casa, onde ninguém vê, o chão nao tinha sido limpo e ainda estava replecto delas. 

Por isso a agencia SABE.

Se fosse fazer algo já tinha feito. Não faltaram oportunidades. A M. é daquelas que NUNCA vai embora. Só se todos estiverem a berrar e a gritar com ela. Só que somos todos da paz. Evitamo-la. 

Discordo desta abordagem porque só faz é ser permissiva aos abusos da M. Assim ela vai sentir que pode continuar a fazê-lo e vai aumentar os abusos.

Sem querer, acho que fiz muito bem em enviar aquele email a agencia. Fez com que a M. Fosse forçada a fazer algo que nao queria de todo fazer. Limpar a sua própria sujeira!

Ela tem e deve ser contrariada. Sempre. Ou nunca vai deixar de abusar todos que a cercam.

A sua ausência de hoje é bem acolhida mas também é agridoce. Se está ausente é porque secou todos os seus recursos vis para extrair dinheiro sem trabalhar. Sendo assim, teve de andar a fazer telefonemas para salões de beleza a oferecer os seus serviços. Ela diz que é "beautician". Ou seja: esteticista. Mas cá para mim só sabe fazer é unhas. Está LONGE de ser uma esteticista. Nem tem perfil para isso. Não gosta de pessoas, tem nojo de lhes tocar, detesta ter de as servir ou de com elas ter de conversar. Faz estes biscates muito de vez em quando. Por extrema necessidade e em nenhuma outra circunstância. Para ela, trabalho é o seu último recurso. Costuma ser só no Natal e talvez no dia de S. valentim. Trabalhar só mesmo quando a fonte esgota ou se precisar fingir-se funcionária para dar ideia de que não é uma vagabunda que fica por casa só de robe. Se estiver a receber subsídios com essa condição, por exemplo, ou querer comprovar que busca trabalho.

Inscreve-se numa agencia de trabalho temporário, faz um dia, com esforço e raiva, uma semana e nao aparece mais.  Recebe uns trocos e pronto: fica registado que trabalhou no lugar X, Y, Z. Uma vez vi-lhe o extrato mensal bancário aberto na mesa e não tinha nenhuma entrada de dinheiro, só saídas. Noutra ocasião, recebeu de uma agência laboral umas 50 libras e não tinha mais nenhuma entrada salarial. 50 libras corresponde a umas 8h de trabalho. O saldo final abaixo de zero ou quase. E muitas contas por pagar, saldos negativos de valores que deviam ter sido debitados mas não encontraram fundos. As cartas a cobrar a acumulação desses valores continuam a chegar. Até a das finanças - a cobrar o que lhes deve, anda à meses a aparecer. 

O que não entendo no Reino Unido é a FACILIDADE com que permitem que pessoas como ela se safem impunes. Em Portugal, não pagas renda - és expulso. Não pagas a conta do telemóvel e netflix - cortam-te o serviço. Não tens pago a eletricidade, cortam o serviço. Deves às finanças? Tens de pagar. Aqui escrevem, por três anos que tenha dado conta, cartinhas na perspectiva "se tem dificuldades em pagar sua dívida, contacte-nos para encontrarmos uma forma de ajudar". Ao invés de: "Já lhe enviamos 20 cartas, continua a usufruir do serviço, a dívida já vai em 750 euros - agora pague ou vá a tribunal!". 

Uma vez perguntei a um funcionário bancário qual a consequência para os caloteiros e a resposta é cómica: "Não têm crédito". "Quando aplicarem para crédito para, por exemplo, comprar uma casa, ou um carro, não têm crédito". 

Como se estes caloteiros alguma vez se preocupassem com isso! O governo alimenta-os com empréstimos e subsídios e não faz nada para se livrar destes parasitas - prefere aumentar os impostos de quem trabalha. INJUSTO.

 Assim que jorra um pouco mais de dinheiro, ela pára de se "sacrificar". Volta a ficar meses por casa, toda altiva, dona de si, a implicar com todos, a gastar dinheiro que não tem, a acumular dívidas que sabe que nunca vai pagar e sem querer saber. 


E era ela que abria a boca para falar dos outros sobre estes mesmos defeitos. 
Não. Não sinto pena alguma. 

terça-feira, 2 de maio de 2023

Recaída

 

Hoje deu-me uma recaída emocional. 
Por vezes penso no quanto posso estar a sentir tanto por nada, tendo em conta o desconhecido. Não fosse o desconhecido e o sentimento hoje não teria de ser. Ou seria outro. Estaria superado e a vida a andar para a frente, por ter ficado cimentado no conhecimento de causa. Sem causa e sem conhecimento, fica-se na fantasia, na incerteza. No desejo. 

Nada é pior que isso. 

Se quiserem se vingar de alguém, levá-la até este ponto é a pior das vinganças. 

É o equivalente ao vodoo para tornar alguém um Zombie.