terça-feira, 26 de abril de 2022

PSICO

  Ela segue-me onde quer que eu vá.

Estou a falar da M. Está a dar comigo doida. Não a suporto mais. Age como se fosse um anjo de inocência, mas é vil, é ruim, é má intencionada. Caramba!

Tenho feito testes. Comecei a desconfiar que ela fazia isto intecionalmente porque, cada vez que abria a porta do quarto para ir trabalhar - e eu faço NOITES, logo passa da meia-noite quando saio do quarto, ela abria o dela. que fica á frente. Sempre. Eu a precisar apenas de 30 segundos. Para trancar a porta, colocar os sapatos e descer as escadas. 

Comecei a perceber que nunca tinha esses segundos. Ela sempre me aparecia à frente. Quando conseguia chegar tão longe quanto a cozinha, ela descia à cozinha. NUNCA me deixa em paz. 


Hoje voltei a fazer esta experiência. Saí do quarto eram 18.45. Desci as escadas para tirar presunto do frigorífico e subir com ele. Assim que estou quase a chegar às escadas, ela abre a porta do quarto dela. Quando vou para as subir ela já não está ali. Encostou a porta e ficou dentro. Quando entro no meu, ela sai do dela. E vai para a cozinha. 

Estes e outros comportamentos psicóticos que tem já me estão a afectar faz meses. Então decidi escrever tudo num caderno. Tenho um "jornal", onde escrevo tudo - de uma forma muito confusa, cheia de detalhe e com uma caligrafia horrível. Mas para o objectivo de me ajudar a libertar um pouco desta tensão que ela cria, o caderno serve. 

Comecei também a tentar apanhar estes comportamentos em video. Ela deve ter um pacto com o Diabo - pois das vezes que julguei tê-lo conseguido, a tecnologia não colaborou. Ainda agora, quando pensei que o TM estava a gravar-me a andar pela casa (com ela a seguir-me), vi que não. Fiquei aborrecida, porque antes de abrir a porta do quarto, digo para a camera que vou à cozinha só para devolver parte do presunto ao frigorífico e volto a subir. Queria perceber se nesse periodo de tempo ela ia sair do seu quarto para me seguir. Gravei isto ANTES de sair do quarto, não depois. Para não se julgar que era uma situação criada. Pois assim que começo a caminhar no corredor, ela abre o quarto dela e sai para fora. Ao mesmo tempo que estou ali a passar. 

É demais! Isto é bulling. Se não é, olhem que se sente como se fosse.

Entro na cozinha, ela vem atrás. Subo ao quarto. Entro no meu, ela acaba por subir e enfiar-se no seu. 

Tenho a ideia de ir lavar um recipiente que tinha aqui, e desta vez certificar-me que estou a filmar a minha andança pela casa. Estou a filmar-me a mim. Para se perceber se alguém intencionalmente aparece atrás e começa a vigiar cada passo que dou. Pois saio do quarto. Desço à cozinha. A porta da rua está totalmente aberta, como é o seu costume. Assim que ela ouve meus passos, sai disparada por detrás dessa porta e FINGE que tem o que fazer dentro da cozinha. Com tanto tempo para ali estar - já ali estava à hora e meia, sozinha, sem ninguém lhe aparecer à frente, quer me convencer que assim que apareço ela, que não está ali, subitamente tem de aparecer?

Enquanto abro a torneira e lavo o meu recipiente, ela finge-se ocupada pela cozinha. Acabo de lavar o recipiente, coloco-o a secar no "meu sítio" e retorno para as escadas, rumo ao quarto. Ela vem atrás. Fecho a porta da cozinha, como a encontrei. Ela cola-se a mim. Subo as escadas. Ela começa a subir também. Caminho até o fundo do corredor, ela caminha também. A porta do quarto dela fica no cimo das escadas. A minha e a do WC fica ao fundo do corredor. Ela segue-me. Abro a porta do quarto com ela atrás de mim. Não quero abrir a porta e deixá-la espreitar para dentro. Ela está sempre ali quando abro a porta. Irrita-me que se posicione de forma a espreitar o meu espaço privado. Os quartos dos outros, por serem maiores, quando se abre a porta só se vê uma parede. Mas o meu, estreito, vê-se logo tudo: a janela e o que que está perto dela. Não tenho grande privacidade. Mas menos ainda por ela se grudar na minha traseira cada vez que me movimento. 

Pauso. Olho para trás. Seguro a porta do quarto e começo a enfiar uma perna pela frecha, olhando para ela, como se a lhe dizer para avançar. Ela avança e enfia-se no WC. Nem sequer alcança o cordão da luz. Está escuro e seria natural que a primeira coisa a fazer fosse acender a luz. Mas como ela não se enfiou ali por razão alguma se não seguir-me, não precisou realmente de se dar a esse gesto. Fecho a porta do quarto e faço uma careta para o telemóvel - que espero ainda estar a gravar, e depois carrego no botão de STOP.

Nisto oiço os pés dela a sairem do WC. NEM SEQUER FOI ALI FAZER O QUE QUER QUE FOSSE!!!

Assim que me fechei no quarto, ela deu a sua perseguição por terminada, e voltou para a cozinha. De onde nem devia ter saído. A sério. O que é isto? Que tipo de comportamento é este??

Existem muitos mais, muitos mais. Mas este não sessa. É constante. 
Noutro dia fiquei 13 horas dentro do quarto. Saí por 5 minutos para fazer umas torradas. Em apenas um minuto ela desce do quarto dela até a cozinha e FINGE que tem de estar ali naquele preciso instante em que, após uma ausência de horas e horas, apenas 5 minutos não me são concedidos. 

Hoje de madrugada, tive apetite eram 2h da manhã. A casa estava silenciosa. Só o som de videos que chegam ao corredor vindos do quarto dela. De resto, nenhum movimento. Desço à cozinha para comer algo. Ela aparece-me à frente. DUAS HORAS DA MANHÃ!! Podiam ser 5, 6, 20, 19, 12, 14... é constante.

Não sei o que fazer. 
Precisava de contar tudo isto a alguém de carne e osso. Um pobre desgraçado que ouvisse tudo o que tenho para contar. Já tive a experiência de guardar tudo para mim na outra casa. Agora arranjo formas de expressar estas situações. Mas nada substitui uma pessoa de carne e osso, no presente, a escutar e a dar a sua opinião distanciada. 

Esta criatura é desprezível. MALÉVOLA.

Pequena e ridícula. 

domingo, 24 de abril de 2022

 Ja pensaram viver sem papel higienico?


Vi uma reportagem em que uma mulher aderiu a um estilo de vida "toda ecologica". Uma das muitas coisas que deixou de consumir foi papel higienico.

Diz ela que nem ela nem o marido e filhos sentem falta. So quando recebem visitas e que coloca uns rolos no WC e nao espera que estas usem toalhas. 

Ja pensaram no dinheiro que se gasta em papel higienico? Os rolos sao cada vez mais soltos nas voltas em torno do tubo de cartao, criando uma falsa sensacao se quantidade. Quando apertamos o rolo entre os dedos, a espessura diminui para um centimetro. Quando nao e esse o truque, é o tube de cartao, que aumenta no diametro.

Faz alguns anos que uso rolos industriais. Enerva-me os pequenitos. Sempre no fim quando mais se precisa. Agora um rolo dura-me pelo menos uma semana, ao inves de um dia.

Concordo que nao é essencial. Nao para o fim para o qual foi criado. E foi criado para que, senao fazer-nos gastar constantemente dinheiro?

Quando era mais nova nao via grande necessidade para um bidé. Hoje gostaria de ter um porque ia preferir muito mais lavar-me com agua depois de usar a sanita do que limpar-me extraordinariamente bem com o papel. 

Rolos de papel deviam existir em locais publicos. Nao sao Tao necessarios na propria casa. 

Como é a vossa relaccao com onpapel higienico?









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terça-feira, 19 de abril de 2022

As vírgulas de Elvira

 

A primeira coisa que me agradou quando iniciei a leitura do livro da Elvira - Renascer, foi o tamanho das letras. Os meus olhos, que começaram a se queixar de falta de vista ao perto, agradeceram e ajustaram-se bem.

Quando conheci a Elvira online, tomei a ousadia de lhe fazer um reparo. Temi que levasse a mal mas, aconteceu o contrário: Elvira agradeceu a honestidade. Esse reparo foi a respeito da colocação de vírgulas na estrutura da frase. 

Na leitura desta história não pude deixar de fazer o mesmo. Estava a reposicionar vírgulas ou a eliminá-las mentalmente para se adaptarem à forma como aprendi que devem ser colocadas. Também coloquei dois pontos de interrogação que percebi em falta e quis separar aqueles dois "r" de «guerra» da contracapa. Aliás, queria ter formatado o texto de forma diferente para que não existissem inféns a quebrar as palavras para outra linha. 

Agora com o "novo" (que já é velho) acordo ortográfico, até pode ser que tudo tenha mudado novamente. Nas escolas já se ensina as crianças recorrendo a outros métodos que aqueles que aprendi como incontornáveis. Não me considero detentora da "lei" da pontuação e sei que posso ser atroz na colocação dos meus pronomes.  

Aprendi de um jeito e é desse jeito que estou habituada. Elvira aprendeu de outro ou ensinou-se à sua maneira. O prémio Nobel da literatura - Saramago, erudito e literato, recusava-se a colocar pontuação nas suas histórias. Não me impediu de ler "O Memorial do Convento" e apreciar o romance - ainda que, mentalmente, estivesse a pontuar cada frase. 

Todas estas formas de comunicar sentimentos por palavras são legítimas. O importante é a expressão escrita ganhar vida.  


Isto para dizer que cada qual escreve como quiser. Há medida que fui lendo a história obedecendo às vírgulas de Elvira, comecei a ouvir uma história a ser contada oralmente. E gostei. Gostei muito mais. Torna-a mais real. Mais humana, calorosa e pessoal. 


A HISTÓRIA:

Tanto eu que li o conto quanto outras pessoas a quem dei a ler, questionaram-se se é uma amalgama de histórias reais conhecidas na primeira pessoa compiladas num romance. Uns ficaram com a impressão que foi algo que aconteceu à autora ou a pessoas com quem conviveu de perto. 

Fiquei com a mesma curiosidade. Quem seria, na vida real, o "Julião"? Existiram tantos... mas devem ter sido muito poucos aqueles que voltaram "à vida" por engano. Porquê "Peso da Régua" e não outro lugar? Através da leitura de outras histórias no seu blogue sei que entende bem a actividade de seca de Bacalhau, onde chegou a trabalhar. Quando o história faz uma breve descrição geográfica das mesmas, soube que Elvira escrevia algo que conhecia bem. Quem lhe facultou os locais geográficos em Angola?


Considero a Elvira uma excelente contadora de histórias pelo simples facto de conseguir prender o interesse do leitor durante toda a leitura. Ela também não se demora em descrições aborrecidas e  "salta" para momentos chave sem, pelo meio, "encher chouriços". A forma como terminou este capítulo da história de Portugal foi de mestre. A autora, que conta já com três livros publicados, conta uma narrativa com a medida certa. Não se demora em descrições de lugares que ocupam várias páginas do livro e ainda assim é capaz, com uma síntese invejável, de nos colocar naquele lugar que descreve como se estivéssemos lá a visualizá-lo. 

Já lhe disse mas vou repetir aqui: ela tem um dom especial que até os mais reputados autores de dezenas de livros invejam. E poucos alcançam. Usam fórmulas claras e escrevem muitas histórias, todos com os mesmos ingredientes formuláticos, para assim disfarçar a falta de talento natural para cativar o leitor. 

Mas creio que a Elvira quer saber se gostei. Pois claro que gostei! A história é ternurenta e soa muito verdadeira. As personagens revelam um carácter honesto, integridade, princípios e uma força extraordinária em momentos em que esta é requerida. Em especial as mulheres - sempre fortes, ainda que no seu papel mais "submisso e do lar" do qual nenhuma escapava nos idos anos 60.

A sociedade sofreu muitas mudanças desde esta altura descrita no livro. O "dilema" de Carlos - em não viver um amor verdadeiro para cumprir uma promessa - não tem mais espaço nos dias de hoje. Actualmente a pessoa casa-se com quem quer e ajuda a criar o filho de outra/o. Na realidade, faz-se isso com os próprios filhos biológicos: os casais divorciam-se, geram novas famílias, os filhos são criados "a meias" entre os dois progenitores e seus novos parceiros, que podem vir a ser mais que um, com o tempo. Ainda assim, há sempre um lado é mais predominante na vida das crianças. 

Por isso mesmo a história de Elvira é ainda mais especial. Ela revela núcleos familiares empenhados em permanecer uma família. Mostra integridade e especialmente honestidade nas relações entre jovens, amigos, compadres, comadres, pais e filhos, marido e mulher. Nesta história as personagens exercitam uma coisa muito em falta hoje em dia e que, a meu ver, é a principal responsável pelo declínio de harmonia e felicidade: o exercício de DIÁLOGO e SINCERIDADE. 

O compromisso de se unirem para criar uma família era quase que sagrado. Mesmo não existindo paixão, acreditavam que, com amor ao próximo, uma união podia resultar numa vida muito feliz. Um casal comprometia-se a iniciar uma vida a dois dando o melhor de si para fazer o casamento resultar e criar uma família funcional. Existia uma dedicação, um empenho, para se fazer o melhor como pai, mãe, filho, filha, família. 

A postura da muito jovem "Luísa" - de permanecer mulher de um homem só, homem já morto, também não tem mais espaço nesta sociedade de hoje. Todo o amor que ela tem dentro de si e não mais vai ser partilhado com um parceiro, ela canaliza para os outros. No muito amor com que vai criar a filha bebé, na amizade que demonstra por Carlos e a sua mulher. Sem egoísmos.  Hoje em dia, é pouco viável este tipo de maturidade e consideração entre mulheres que, um dia, foram rivais no coração de um homem.


Num certo sentido, ainda que na altura o papel social da mulher fosse muito restringido à maternidade, marido e lar - o respeito e sinceridade que encontravam nas suas relações amorosas e de amizade, deixa algo a invejar na mulher actual. 

Em 2022 somos mais independentes. Não precisamos de um homem para a nossa vida fazer sentido. Já filhos, coloco aqui um grande ponto de interrogação. Embora saiba que há mulheres que nunca sentiram essa vontade e centenas mais que, tendo tido filhos e já os tendo criados, se pudessem voltar a trás nessa escolha, nunca os teriam tido. 

Ainda assim existem centenas de casamentos infelizes, em que os parceiros mal se falam e se agridem constantemente. Quem somos nós para dizer que antes era pior? Que hoje é melhor? Comparado a quê?


A Elvira continua assim a realizar os seus sonhos - e isso é viver a vida. Deixa para trás e para a eternidade, as suas palavras encadernadas. Os seus bisnetos vão poder pegar nos seus livros e ler as histórias da "avó" de que tanto ouviram falar pela boca das suas mães. E quando chegar a sua vez, também os filhos destes irão fazer o mesmo. 

E Elvira, as suas experiências de vida e aquele tempo em que viveu, ficam encapsulados numa obra literária, que poderá vir a ser apreciada e valorizada por infinitas gerações.

Parabéns Elvira. 
Tudo de bom para si. 


Nota à parte: reparei que, depois de escrever, também preciso de eliminar umas tantas vírgulas dos meus próprios textos, ahah.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Lua nossa

 

Que lua foi aquela de ontem à noite?

Nossa! Que fantástica!




domingo, 17 de abril de 2022

19 19 39

 

Desanove, desanove, trinta e nove foi quanto me custou um Caldo Verde. 

Tirando o chouriço, que esse veio de Portugal com um custo bem mais salgado, os restantes ingredientes encontrei-os no supermercado na sexta-feira santa. 

Fiz o caldo ontem. Não que me atrapalhe com a tradição de não comer carne à sexta-feira mas calhou que não "Pequei" por comer o chouriço :)

Fiquei a pensar o quanto pode ser barato fazer uma nutritiva sopa. Vinha a desejar um caldo verde! Nem sei porquê, nunca foi sopa de minha predilecção. Chouriços tenho eu congelados faz meses. Estava na altura de lhes dar uma utilidade digna da maravilhosa iguaria que são. 


O que acham? Está aprovado? Por cá não se encontra a couve ripada como em Portugal mas encontrei uma substituta à medida. Cortei-a com a tesoura em pedaços muito pequenos e digo-vos: em termos práticos é capaz de ser ainda melhor que a nossa, porque não pinga, não caí da colher, aha. Não sei quanto ao gosto.  


£0.19 foi quanto custou o saco de quilo e meio de batatas - das quais só usei quatro ou cinco. 

£0.19  foi quanto custou um quilo de cenouras - da qual só usei uma.

£0.39 foi quanto custou as 200 g de couve. 


Com menos de um euro, fiz uma sopa! (excluindo chouriço)

Acabei por gastar treze libras no total, nem sei bem o que mais comprei. Coisas menos importantes mas também essênciais. Salsichas, iogurtes, chocolate, bolachas, batatas fritas... nada significativo. Agora os elementos crus, nutritivos, comida de verdade, que vem da terra e não é processada - essa só me custou 78 cêntimos. 

De vez em quando até se consegue fazer uma boa comida por valores satisfatórios.

Agora a verdade é que o chouriço é que faz a diferença no caldo verde!
Viva então o chouriço :)

sábado, 16 de abril de 2022

São supersticiosos?

 

Com o avançar da idade estou a tornar-me mais supersticiosa. 

Tenho o que se poderia chamar de "amuletos", na falta de uma palavra com uma conotação menos significativa. 

Nós rezamos, certo? 
Rezamos muitas vezes, na nossa cabeça, fazendo pedidos aos espíritos, para nos auxiliarem em decisões que temos de tomar, para nos socorrerem em momentos de confusão e angústia. Costumo pedir para todas as representações do mal se afastarem de mim e não brotarem de mim. Quero começar a vivenciar experiências positivas e ficar rodeada de gente de bem e coisas boas. 

Pois quem sabe eles não nos respondem metendo no nosso caminho amuletos?

Digo isto porque, há uns anos, aconteceu-me uma coisa... inexplicável. Daí a diante, passei a acreditar que, se precisar-mos, amuletos são postos no nosso caminho. 

Há uns meses encontrei uma pulseira toda em pedra natural. A coincidência é que já tinha ouvido falar nelas e queria muito uma. Subitamente ali estava ela: para mim. Como é possível? Eu desejar e ela aparecer? É daquelas pulseiras de energização e protecção. E era linda. Amei-a de imediato. Adoro pedras naturais. Era neste estilo:


Fiquei com a sensação que tinha sido colocada ali para mim. Era suposto tê-la comigo para me dar sorte e afastar coisas menos boas. Coloquei-a no pulso e nesse instante senti algo. Algo quase parecido a um certo calor, uma energia especial. Senti-a. Nunca mais a tirei. Até a semana passada, quando uma chuva enorme me apanhou desprevenida quando dirigia a scooter para o emprego. Cheguei encharcada e as luvas que trazia estavam ensopadas. Ao tirá-las a pulseira deve ter saltado.  

Algo em mim já estava a intuir que me faltava uma parte. Subitamente lembrei-me de verificar e estava sem ela. Não a encontrei em lado algum. 

Percebi que outra pessoa precisou dela mais do que eu. E ela foi fazer o seu "trabalho" a quem dela necessita mais. 

Enquanto a usei senti mesmo tudo a correr bem, sem grandes percalços. Senti-me mais centrada, mais segura e tranquila. Como que se protegida de energias menos boas e de alguma forma protegida até de mim mesma, compreendem? Pela frente senti coisas boas. 

Depois de a achar, convenci-me que este tipo de pedras que oferecem protecção têm pouca eficácia se forem compradas pela pessoa que a quer ter. Se a pessoa escolher uma determinada pedra de protecção e pagar por ela, provavelmente não passará de um adorno. Estas coisas têm de vir com "um sinal". Têm de ser encontradas do nada ou ser oferecidas por pura vontade e sem explicação, não podem ser pedidas. 

Agora vem a parte que reforça ainda mais esta minha crença. Desde que fiquei sem a pulseira tenho sentido mais "negatividade" a pairar e mais coisas a correrem menos bem. Hoje tinha acabado de reflectir que precisava de arranjar outra pulseira, porque senti-me desprotegida, vulnerável. As coisas estavam a acontecer ao contrário do suposto e não para o melhor. Não haviam dúvidas: a pulseira estava a fazer falta.

Assim que penso nisto, na direcção que estou a olhar surge uma pulseira. É como se ela tivesse sido posta ali para responder ao meu pedido. Não hesitei muito: peguei nela. Não era de pedra como a anterior, mas feitas de missangas de plástico. Contudo, brilhou aos meus olhos e sussurrou-me na alma que era especial e era para mim. 

Digam lá: quantas vezes se materializa à nossa frente algo que acabamos de desejar com a mente?

Sei que esta pulseira é especial e me trará protecção. A que preciso. Ao vê-la soube que ia usá-la no tornozelo. E é nele que a pulseira está. LINDA. 

Provavelmente poderá cair também com muita facilidade. Põe e tira meias, põe e tira sapatos, pulseira de missangas, fina... parte fácil.

Mas se isso acontecer, sei que é porque era suposto acontecer assim. 
E outra coisa irá surgir no meu caminho e saberei nesse instante, se é "especial".


quarta-feira, 13 de abril de 2022

Também a dor de um amor



Acontece o mesmo com um amor não vivido.

E no fundo, nao é a mesma coisa?

Amar e perder esse amor.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Leituras na gaveta

 Proxima leitura sera esta. 

Sei que poderei ser capaz de ler esta historia sem conseguir coloca-la de lado. Contudo pretendo saboreá-la por isso, vou le-la aos poucos e depois partilharei aqui a minha opiniao.  

domingo, 10 de abril de 2022

Devia ter uma câmara no capacete

 
Desejei estar a usar uma câmara num capacete para que fosse possível presenciar o que os meus olhos registaram. 

Hoje pela manhã, 6.15h, a conduzir a minha scooter, após sair do emprego rumo a casa. Estava a sentir-me feliz da vida. 

Algo em trabalhar aos Domingos é bastante gratificante. E sei qual é a razão. É a enorme redução de tráfico, de confusão, de barulhos. Subitamente sente-se não isso, mas o que nos rodeia. Um detalhe que faz com que um dia de trabalho seja sentido com mais prazer. 

Desde o lockdown e a escuridão do inverno que não conseguia fazer um percurso como o de hoje. Não surgiu absolutamente NINGUÉM enquanto atravessei o parque. O que gerou em mim uma forte sensação de apreço por me encontrar viva e estar a comungar com a natureza. A scooter serpenteava pelo caminho estreito do parque e era só eu e toda aquela beleza. Mais nada. Nenhum som além do vento e o chilrear dos pássaros. 

Habitualmente não é assim. Existem sempre outras pessoas rumo aos seus empregos, o som  inconfundível do tráfico automóvel, que é um misto de um constante tambor do motor mecânico com o zumbido da tracção das rodas de borracha no asfalto. A ausência da percepção de seres humanos em trânsito enquanto atravessei o parque, seja em suas casas ou na rua. Não avistei os habituais donos a passear cães, nem outros ciclistas, tanto de scooters como de bicicletas. Nenhum desportista a fazer corrida, nenhuma pessoa a passar e muito menos o odor inconfundível de alguém a fumar erva. 

Instantes em que só pulsava com vida eu e o parque. Uma comunhão especial.

Ás tantas enquanto contemplo esta dádiva, com a aproximação da scooter um bando de pombas levanta do chão e começa a voar. Pareceu uma cena saída do cinema! Eu, ali a sentir-me agraciada e grata, tão feliz que até cantarolava e me abanava em cima da scooter e subitamente, um bando de aves como que abençoa o momento. Cena de cinema - digo-vos. 

Bem diferente de sexta-feira de manhã, quando gaivotas que estavam a bicar e ingerir algo na relva perto de uma habitação, à minha passagem decide levantar voo em bando e passar por cima da minha cabeça, regurgitando uma substância sólida alaranjada que me atingiu. Mas foi na manga do casaco, e traseira da scooter, felizmente. 

Dizem que caca de pássaro em cima de nós é sinal de boa sorte.

Já comprovei isso. É verdade
Regurgitação não sei que sinal é. 

Mesmo que seja sinal de sorte não é agradável. Danada das gaivotas! São citadinas. Já deviam estar acostumadas aos movimentos da cidade. Ainda assim "mijaram-se"" todas de susto e não contiveram as suas "body functions". 




Já só se avistam gaivotas em terra. 
Também elas trocaram a vida silenciosa nos oceanos pelos facilitismos das grandes cidades com os seus enormes centros alimentares com fontes inesgotáveis de lixo e desperdícios. E onde não existir grande limpeza, é onde estas aves gostam de estar. Trocaram o peixe por lixo, para não terem o trabalho árduo de mergulhar nas águas de um oceano imenso na tentativa difícil e nem sempre bem sucedida de os pescar usando apenas o bico e gerações de adquirida ancestral mestria. Deve ser esgotante! É mais fácil não fazer nada e aguardar pelo lixo humano.  


Esta travessia pelo parque proporcionou-me um momento de puro paraíso. Senti-me abençoada. Grata e muito feliz.

Já perto de casa, a atravessar a rua principal, minada que está de bares, um bando de umas 40 gaivotas que estavam a bicar no pavimento os restos largados no chão por estes estabelecimentos, também desata a esvoaçar. Desta vez à minha frente. Invadiram o céu inteiro, quarenta - contei por alto. Asas brancas a espalharem-se pelo céu até onde a vista alcança. Bonito de ver. 

Só mesmo uma câmara num capacete para o poder ilustrar.

Fosse a vida cheia destes momentos.



terça-feira, 5 de abril de 2022

As pics nas redes sociais

 

Aderi ao Whatsapp por volta de 2019. Como em todas as redes sociais, podes ter uma pic (imagem) de ti mesmo, que te torna mais facilmente identificável para os outros. 

Não sou de colocar fotografias minhas online. Tenho uma forma peculiar de escolher fotos para estas circunstâncias. Costumo aceder às imagens que gosto e escolho uma ao acaso. Foi assim para a conta do facebook, por exemplo. Seleccionei ao acaso, na pasta de imagens que guardei da internet por achar bonitas ou simbólicas, um desenho a lápis de uma mulher loura com olhos azuis e a foto  do original ao lado. Recebi "cantadas" por mensagem privada, dizendo que me acham bonita e que devo ser muito simpática, pedindo para trocar-mos números de telefone. 

Mas a minha "pic" não passava de uma imagem aleatória que gostei quando a vi na internet e fiz o download para o computador. 

Noutra conta, outro desenho que achei bonito foi parar à minha imagem. Recebi numa ocasião, uma mensagem a pedir para a remover, pois passava uma mensagem triste. É que no desenho, de uma mulher de cabelo negro, com um colar, na realidade ela estava a usar uma trela presa por uma corrente. Quem se deu ao trabalho de verificar, percebeu a mensagem e sentiu-se perturbado. Nunca tirei, porque, assim como todas as outras, quando escolho uma imagem, esta passa a fazer parte da conta. Nem faz sentido mudar de imagem. É como se não fosse mais o mesmo espaço. 

Dou como exemplo outra conta do facebook que tive. Abri-a para fazer uns jogos e posteriormente foi útil para comentar programas de televisão sem correr o risco de perder o anonimato. Essa conta era ilustrada com umas mãos a segurar umas barras de ferro. Grades, como quem está numa prisão. 

Na altura achei a imagem muito simbólica, representando as prisões em que as pessoas estão enfiadas, seja por vontade própria, seja por desconhecimento. Um dia troquei essa imagem por outra de que gostei muito: uns dentes a morder uma barra de chocolate.


Começaram a surgir cantadas. De pessoas - homens, que achavam que aquela imagem ou me representava, ou lhes conferia o direito de se dirigirem a mim com um discurso mais atrevido. Mudei de imediato para a imagem original - a da prisão. E comecei a ter interacções mais controladas e nenhuma de alguém a querer manter o contacto com esperança de algo mais. Presumo que algumas pessoas temessem realmente estar a interagir com uma presidiária. Ahah.

ESSE É O PODER DAS IMAGENS. 

Na minha conta de Whatsapp, sabia que tinha de colocar a minha imagem. Não fazia sentido colocar outra, pois era para fins profissionais que a ia usar. E as pessoas com quem trocava mensagens inicialmente, queixavam-se que não estavam bem a perceber quem eu era, porque não tinha escolhido um rosto. Então sabia que ia colocar algo que me identificasse. Mas também sabia que não ia colocar a minha fotografia. 

Tinha tirado muitas fotos numa ocasião, em que só apanhava o meu sorriso. Gostei muito delas e o facto de não se verem os olhos fez-me sentir confortável. Escolhi uma e essa ficou a minha pic para sempre. Nunca irei mudar. Sei  que não, a menos que, por algum motivo, desapareça. 

Isto foi para o final de 2019. No início de 2020 começou a pandemia e em Março o isolamento devido ao virus Corona. Andavámos todos de rosto tapado por máscaras de papel. Deixou-se de se ver sorrisos. Tanta vez ouvi que já nem se lembravam como eu era sem máscara!

Durante todo esse tempo no meu whatsapp eu estive de boca destapada, com um grande sorriso, a mostrar todos os dentes. 


É uma imagem que me agrada. Não só tem ali a minha essência como esteve o tempo todo a mostrar alegria e um sorriso que todos nós tivemos de cobrir por quase dois anos. Quase todas as pessoas alteram a sua imagem, de quando em vez. Por algum motivo eu, que tenho milhares delas, acho que aquela que "inaugura" a rede social, é aquela que lhe pertence e deve ficar associada à conta para sempre. Se mudar de imagem, já não é a mesma conta. 

domingo, 3 de abril de 2022

A importância do humor

 
Se o Will Smith alguma vez tivesse se sujeitado a um destes, talvez soubesse aguentar uma piada. 

Não passa de uma pálida piadola sem qualquer consequência ou maldade, aquela que Chris Rock soltou durante os óscares, quando assistimos a roasts como estes. Vejam e riam muito. 

A meu ver a defesa do humor é essencial na sociedade. Só ele pode combater cancros como a cultura cancel, o politicamente correto, etc. Sem humor as pessoas guardam todo o seu vil ódio para dentro e explodem. Ficam chateadas e guardam rancores. Tornam-se violentas e criam guerras. Matam. Destroem. Odeiam.

O humor, meus caros, é para a vida o que um pulmão é para o corpo humano.

Tão essêncial como é ter liberdade e respeito. Merecedor de defesa acérrima, por representar tudo o que nos faz falta. Combate a opressão, a depressão, remove tensões, destrói "elefantes" na sala, impede o silêncio das verdades, faz frente aos poderosos e arrogantes.

Que haja sempre humor sem limites. Humor é amor!

sábado, 2 de abril de 2022

E o que acontece quando se faz uma "all black"?

 

Desconhecia mas acabei de confirmar: a 94º cerimónia de entrega dos Óscares foi intencionalmente "ALL BLACK".


Will Packer foi o director que realizou a primeira produção dos óscares feita "All black" (Toda por negros), que foi esta, a 94º, que entra para a história tanto por ter sido fraca como por ter mostrado um ator negro a agredir com um soco um comediante negro.

Bom, deve ser nisto que dá quando o preconceito revertido chega a um palco mundial. Levas um bando de negros para um sítio e tem de existir confronto e agressões ahah

É o sangue de Ghetto...

Lol.

E não, não vou pedir desculpas por esta piada. 


sexta-feira, 1 de abril de 2022

A cerimónia dos òscares 2022 foi com murro

 

Fui ver algo que nunca me atraiu por aí além: a cerimónia dos Óscares. 

E o que marcou o evento? 

Will Smith deu um murro em Chris Rock

Logo a seguir ganhou o óscar para melhor ator e o seu discurso foi somente sobre o seu desejo de espalhar AMOR e ser um veículo de "Deus" para representar "a sua gente". 

Cada vez que ele pronunciou a palavra "amor", inseri visualmente o murro que ele deu na boca do Chris Rock.

"Eu quero espalhar amor" (murro)

"Eu quero ser um veículo para ajudar a minha gente"(murro dado por um negro na cara de outro negro)

Se isto é espalhar amor e ajudar os "da sua gente", internem o homem que ele é um lunático.

Mas não o culpo só a ele. Ele estava a rir da piada (imagem acima) e não achou mal algum, até vislumbrar a careta que a esposa fez. Foi isso que o catapultou a mostrar violência e ainda gritar duas vezes: "Tira o nome da minha esposa da foda da tua boca". 

Acho que o homem há muito que desconhece quem é individualmente. Ela é quem lhe diz quem ele deve ser e como deve pensar e agir. Não passa de uma marioneta iludida que foi sujeita a uma total lavagem cerebral devido a uma paixão por uma mulher. Se a Yoko Ono teve a reputação de "destruir" John Lennon, Jada merece esse rótulo muito mais. 


Outra coisa que notei nesta cerimónia dos Óscares foi a quantidade de "pessoas de cor" no palco, na plateia e nas actuações musicais, também elas por algum motivo no estilo cultural negro. Isto é importante. Há décadas que a comunidade afro-americana, como exige ser chamada, faz pressão à academia para esta "mostrar" mais negros. "Queremos mais negros em filmes!", "Queremos mais filmes sobre negros", "Queremos mais negros a trabalhar nas equipes!" - pressão, pressão, pressão. Para não falar da pressão social e do uso dos media, levando questões sociais para os óscares.  Chegou finalmente a cerimónia por eles tão desejada: estimaria que 90% da cerimónia teve sempre esta presença visual.

A apresentação da cerimónia ficou por conta destas duas mulheres, de origem negra

A importância deste detalhe é vital neste contexto. A América vive uma espécie de racismo-invertido (detesto o termo) em que o negro procura obliterar o branco da maioria dos campos profissionais e sociais. A desculpa é sempre a mesma: somos uma minoria em desvantagem e queremos cotas para ter mais presença. 

Um importante momento da cerimónia: a homenagem aos que partiram: cantores e dançarinos negros fazem um show género gospel

Agora têm o seu desejo realizado. Podemos até ver um ator negro a agredir um comediante negro.
Se isso faz diferença para uma pessoa de outra etnia? Não, não faz. Mas se Chris Rock fosse branco, então falar-se-ia de racismo e uma maioria ia ficar do lado de Will Smith somente por causa da cor da sua pele mais escura quando comparada ao do agredido. Isso muito me entristece. Pessoalmente acredito ser altamente prejudicial continuar a descriminação disfarçando-a de "direitos". Ninguém deve ter acesso privilegiado a nada, somente pela sua cor de pele. Nem branco, nem negro, nem nada. Todas as pessoas devem ser consideradas iguais e, daí, lutar com igualdade pelo direito de conquistar seja o que for. 

Assim é que se consegue igualdade e harmonia. Não é diferenciando grupos, é homogeneizando-os. 

Nesta imagem da banda dos Óscares foram intencionalmente colocados ao centro, de pé, três indivíduos "afro-americanos"


Espero sinceramente que este acto - pelo qual Will Smith não pediu desculpa - acabe com a sua carreira. Mas sendo e tendo o apoio da "máfia" "afro-americana" e sendo homem, provavelmente isso não vai acontecer. Se outros por muito menos viram um fim súbito, Will Smith à muito que vive da imagem que projectou quando miúdo ao protagonizar a série "O Principe de Bel Air". Mas o homem que dali saiu não tem nada a ver com esse tempo. Como ator também não é brilhante. Em alguns filmes - principalmente um que rodou com a sua família, surpreendi-me ao perceber falta de talento. Mais dela do que dele mas essa percepção fez-me entender porquê a reação violenta. É difícil aceitar que a esposa não pode voar tão alto quanto desejaria. 

Nesta 94º cerimónia dos Óscares o gesto de Will Smith é ainda mais feio quando pensamos que um dos falecidos do ano a quem se prestou homenagem foi, nada mais nada menos que o incontornável Sidney Pontier (1927-6.2.2022) 

Considerado o "primeiro" ator negro a ter papéis importantes em filmes de hollywood, numa altura em que isso era raro. Aquele que abriu o caminho que procedeu todos os que vieram depois - acho vergonhoso que neste contexto o exemplo dado por Smith seja o de intolerância e violência, ao dar um soco na boca de outro da sua raça. 

Está a conspurcar a arte, o princípio, a mostrar ser um mau exemplo, principalmente numa altura em que todos falam de paz, devido à guerra dos Russos na Ucrânia e numa altura pós-pandemia, em que pela primeira vez se tiraram as máscaras do rosto. Tanto se falou sobre "as lições" de paz e interajuda que a clausura supostamente ensinou e o que continuamos a ver é fúria, violência, morte, agressões! 

Para quem fez um longo discurso soltando palavras de "paz" e "amor" - os actos não correspondem. 
E não ter noção disso é que assusta.

Que eu saiba, Pontier nunca que andou a fazer campanha por causa da cor da sua pele. E ele sim, viveu numa altura em que a América era segregada. O seu óscar data de 1964. Penso que o comportamento de Will Smith nesta 94º cerimónia dos óscares não pode passar em branco. Se isso acontecer, passa-se a mensagem que se permite tudo. Hollywood não pode se dar ao luxo de cair mais na consideração do público e perder mais prestígio como uma poderosa fábrica cinematográfica. 

Quero destacar a atitude de Chris Rock - o agredido. Portou-se como um gentleman, soube recuperar da situação e fazer o seu trabalho. Ele que estava tão vulnerável, como comediante, sozinho, no palco. Foi dito que ele manteve silêncio sobre o sucedido e não quis estragar o evento. Também é dito que não vai apresentar queixa. 

Digo-vos: se a situação fosse contrária, Will Smith, que a seguir foi filmado a dançar e cantar com a estatueta na mão numa festa, apresentaria queixa e ainda não se calaria sobre o assunto. É que este episódio pode até vir a prejudicar a carreira de humorista de Chris Rock. 

Hollywood é toda sobre dinheiro. Quem faz mais, quem faz menos, quem deixa de fazer. Quantas pessoas poderão agora achar que agredir um comediante que está a fazer o seu trabalho é aceitável e quantos podem agora vir a correr riscos durante os espectaculos que dão pelo país fora?

Ele não vai, porque é um homem decente, mas devia apresentar queixa contra Will Smith.