segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Entre o ceu e a terra


E ainda vim a tempo de dizer que fiz praia em Agosto. 

FLORES NO CÉU 
 

 

domingo, 30 de agosto de 2020

Marketing: Sesimbra: o PIOR croissant da rua

 


Numa passagem pela vila de Sesimbra, voltei a provar aquele que se intitula "O melhor croissant da minha rua". Uma pastelaria muito concorrida, que vive com fila à porta, e so faz croissants.

Já se sabe que abrir uma (ou mais) lojas para vender um so produto é um filão economico. Cada vez mais se tornou uma moda.

Mas deixem-me dizer-vos: na minha mais sincera opiniao, existem muitas pessoas que desconhecem o que é um bom croissant.

Por mim esta loja jamais teria clientela. Proclamarem que e o melhor croissant da rua... quando em qualquer pasteleria se encontra melhor. Gostava que um chef entendido nisto viesse degustar esta porcaria  especialidade. 

O meu veredicto depois de experimentar um croissant misto desta marca é: 



massa oleosa e nada crocante ou solta. Sem gosto. Queijo e fiambre de baixa qualidade, sem sabor. O excesso de açucar na cobertura, domina o paladar e é o unico sabor realmente presente. Pos ingestão te deixa uma sensacao de desconforto no estomago. Demasiada gordura.




Este é o segundo ano que dou uma oportunidade a esta casa e fico contente por o ter feito. 


Sem duvida alguma a primeira impressao com um croissant recheado com creme de ovo estava certíssima: é dos piores croissants que ja comi na vida!

Nem tudo o que reluz é ouro.
E estes ctoissants achatados e grandes sao o pechebeque do universo pasteleiro.



Nota: irei agora postar aqui os melhores sítios no centro de Sesimbra para se encontrar o melhor gelado, a, melhor comida e a melhor pastelaria. Me aguardem.













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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

116 12

 Cento e desasseis fotografias e dolze videos.

É esta a contagem da primeira tarde de passeio em Lisboa.



Haja espaço de armazenamento para tanta coisa!

Como é que voces solucionam este problema?


Adenda: mais 9 fotos e 3 vídeos =125 fotos e 15 vídeos

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Parque das nacoes e o medo

 Estou a tirar uma foto a uma estatua no parque das nacoes, quando oico uma voz infantil dizer:

- Desta nao tenho medo.

Ja nao tens medo de nenhuma - responde o adulto masculino.

Tenho, tenho! Do Gil ainda tenho medo.

Permito-me dar mais uns passos de distanciamento para soltar uma leve gargalhada.




segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A odisseia para imprimir

 Duas horas e meia deve ter sido o tempo que acabei por dispensar no processo de imprimir o documento que tenho de apresentar no aeroporto para embarcar.


Trata-se de um formulario da DGS onde consta os dados basicos do viajante: nome, dia e data da viagem, numero de voo, morada, pais de origem e um contacto em caso de doenca durante o voo.



Um procedimento tao simples como imprimir uma pagina de papel, algo que sempre foi feito com rapidez e simplicidade, tornou-se uma tarefa Herculesca.

Primeiro há que encontrar um lugar que preste esse servico. Costumava ir a biblioteca, que esta fechada desde o inicio do lockdown, em Abril.

De la para ca tive a sorte de encontrar um colega que se ofereceu para o fazer nas duas ocasioes em que precisei. 

O unico outro lugar onde talvez pudesse imprimir ou fotocopiar que sr manteve aberto, foi os correios. Mas aqui no Reino Unido Unido esta entidade nao presta esse servico. 

Por sorte, agora com tudo aberto, descobri uma casa de Molduras que imprime documentos. Telefonei para confirmar e soube que era possivel enviar por email o pdf a imprimir e depois passar para pagar e levar.

Achei um sistema ainda melhor do que o de antes, na biblioteca. Nao tinha de usar uma pen e aplicar no computador, por exemplo. 

Mas quem disse que o gmail envia pdf? Por alguma razao que desconheco, quando tento enviar anexos, ele guarda os emails nos "qeue" (pendentes/em fila) e nao os envia. Tentei de outras formas, por rede fixa e movel, por bluetooth, download... nada resultou.

Tive de ir a loja, que estava a fechar (as sexta-feiras lojas dentro de Centros comerciais fecham as quatro da tarde) e pedir se dava para  abrirem o site da easyjet, encontrar o link do impresso e imprimir dali.

Tive sorte. A loja nao era daquelas que bloqueia aos funcionarios o acesso a sites desnecessarios ao exercicio da funcao. 

Tambem tive sorte por ter sido atendida por uma jovem. Acho que uma pessoa mais velha talvez nao se desse a tanta preocupacoes. Mas a jovem, pouco experiente na vida, talvez idealista e com aquela vontade de solucionar problemas, insistiu em todas as outras ja fracassadas alternativas, acabando por aceitar tentar a que me levou ate ali.  Resultou. 

O que gostei nesta experiencia foi a funcionaria. Ela nem sabia usar um computador direito, nunca tinha feito uma reserva de aviao na sua vida "a minha Mae e que faz tudo por mim" e nao sabia como imprimir (CTRL+P) uma pagina diretamente da internet.

 Abençoada! É tao bom ser-se jovem e ainda desconhecer tanta coisa... - reflecti.

Acho que isso tambem a torna uma pessoa menos amarga que não vsi mostrar menos vontade em dar aquele passo extra para ajudar alguem. 

Simplesmente ainda nao tinha vivido muitas amarguras ou experenciado uma vida independente, cheia de socos no estomago. 

Abençoada mesmo! Porque essa ingenuidade é preciosa e uma das primeiras coisas que vao procurar destruir.

Imprimir um impresso nunca mais foi tarefa facil depois do Covid.


 

domingo, 23 de agosto de 2020

Fui ao parque. E o que vi?

 Ontem decidi ir ao parque. De longe, um grupo de quatro pessoas jogava ao disco. Um rapaz rechonchudo, de calcoes, barba comprida e loura pareceu-me familiar logo ao primeiro vislumbre. Era um simpatico ex colega, do emprego que tive faz um ano. O tal onde surgiu a paixonite.

Fiquei a pensar na coincidencia. Vou aquele parque desde que cheguei ao Reino Unido. Vivi anos numa casa mesmo ao lado desse parque. Vai fazer um ano, daqui a uma semana, que naquele parque desejei ardentemente vir a encontrá-lo novamente.  

Ao inves dele, encontro um outro colega. 

Nao deixo de pensar se este colega, neste tempo, voltou a ver aquele que eu desejei encontrar. 



Nao ha muitas ocasioes em que va aquele parque sem me lembrar dele. 

A lembranca ainda surge com frequencia, nas mais inesperadas situacoes. Quando uma pessoa nao sabe usar o computador, quando encontro um autocolante, quando temas aparentemente nada relaccionados vem à conversa e algo o traz novamente à memoria.

Mas ja nao doi. Essa bencao foi finalmente concedida. 

Pode entristecer um pouco, mas aquela dor intensa, constante, profunda... nao esta mais cá. 

Se um dia me cruzar novamente com ele...??

sábado, 22 de agosto de 2020

A ida ao centro de testes Covid19

A maior dificuldade que encontrei foi encontrar alguem com carro disposto a me levar ate la.


O acesso ao teste para o Covid-19 so esta disponivel por Drive trough. 


Marquei um teste para mim, outro para a minha amiga. Ja que estava a ajudar-me, perguntei se tambem o queria fazer e ela, claro, disse que sim. Mais por a oportunidade ter surgido que por receio de ter vindo a ser contaminada. Ela é daquelas que diz "Deus ta no comando", nao vê utilidade em usar mascara, nem em ficar fechada em casa. Viaja, passeia com a familia, tudo sem mascara e sem levar desinfectante consigo. A distancia social tambem nao a preocupa no contexto laboral. "Se tiver de ser nao ha nada que voce possa fazer. E entregar a Deus!".- diz.

Ao chegar somos informados das regras de funcionamento. Uma mulher de luvas e mascara, atraves do vidro da janela do carro, que tem de permanecer fechada, explica que e proibido ter "dash cam" (camera de tablier), e proibido fazer videos, nao se pode abrir as janelas do carro ou sair da viatura, so se pode conduzir a 5Km à hora e se precisassemos de ajuda, durante o percurso colegas dela explicariam o que fazer. Depois quis nos identificar e fe-lo atraves da matricula do carro. Havia a registado no site meia hora antes.  Todo o registo e marcacao e feita online, no proprio dia. (Bem diferente do serviço telefónico). 

A senhora pede-nos um documento de identificacao e, atraves do vidro, cada uma de nos lhe mostra o passaporte.



Seguimos em frente, passando por muitas lombas. Uns homens de mascara no fundo da estrada gesticulam a direção a seguir. Acenei-lhes em reconhecimento e o carro virou à direita. Nova paragem e outra mulher de luvas e mascara (sem a viseira, bata ou megafone como a da imagem) desta vez posicionada do meu lado, o do passageiro (que no Reino unido é à esquerda) nos pergunta se trouxemos desinfectante para as maos, luvas ou lenços de papel. 

Minha amiga abre a janela do carro para ouvir melhor e e-lhe dito para a fechar, so pode abrir um dedo de espessura (o que me fez entender a força de contagio deste virus, pois nem o ar que vem do interior dos carros aqueles profissionais querem arriscar respirar).

Minha amiga nao tinha esses itens consigo mas eu, prevenida, respondi que tinha. 
- "nossa, voce esta mais que prevenida" - diz ela, sempre achando que é demais.



Desinfectamos as maos com gel e a funcionaria, que tambem pergunta se ambas vamos fazer o teste, entra dentro do casebre do qual tinha saido à nossa chegada, voltando a sair trazendo dois sacos plasticos. De um deles remove do interior um outro saco, que por sua vez, contem outro saco com o kit em si: um cotonete medio e um frasco com um pouco de um liquido avermelhado no interior.



Explica como funciona a colectagem e diz que existem instrucoes no interior. Se tivermos dificuldades ou nao conseguirmos fazer o teste a nos mesmos, eles ajudam.

Tanto esta mulher como a da portaria começou por perguntar se haviamos estado ali antes. Como a resposta foi negativa devemos ter recebido a explicacao completa, destinada a estreantes.

Seguimos caminho. Mais distancia, mais lombas a cada 3 ou 4 metros, mais uma curva à direita, seguida por outra à esquerda. No final desse caminho improvisado por divisorias, outra curva à direita, seguida de estacionamento. 

O carro parou onde uma placa dizia que era para parar. A uma boa distancia mesma à nossa frente, no que seria uns quatro a cinco carros de cumprimento, estavam mais funcionarios. Estes nao se proximaram e percebi que era ali que deviamos fazer o teste.

Passageiro 1 e passageiro 2. Era assim que vinham identificados os kits. Entreguei o 1 à minha amiga e fiquei com o outro. Ela abriu o saco e procedeu à leitura das instrucoes em voz alta, naquele seu ingles meio partido, mas que nao a impede de se fazer comunicar claramente.




Ela despachou-se primeiro. Eu comecei a fazer o teste depois dela terminar o seu. Li as instrucoes para nao cometer erros. O mais facil de se cometer acidentalmente, a meu ver, é tocar com a cabeca do cotonete na mao, na roupa, no saco, em qualquer lado, ja que o teste e feito dentro do carro. 


As instrucoes diziam para comecar por raspar os cantos da boca ao lado das amigdalas por 10 segundos, e depois, com o mesmo cotonete, escolher uma narina e proceder a colecta, enfiando o mais possivel cotonete no interior, mas parar se sentir resistencia. Um movimento de rotacao era necessario, entre 10 a 15 segundos. Optei pelo tempo maximo, concentrando-me na profundidade e contando os segundos na minha mente.

Acho que a minha amiga nao ligou a isso.



Tossi duas vezes apos tirar o cotonete raspador da garganta. É um sitio onde se sente vontade de tossir. Minha amiga tossiu durante e depois. 

No nariz a dificuldade nao foi tao grande quanto a esperada. Ja vi colectores mais longos que aquele, que era do cumprimento de uma caneta.

Segui as instruções conforme as figuras. No final da colecta, enfiei o cotonete no frasco vermelho, fechando bem. Foi enfiado no saco transparente com zipper do qual nenhuma de nos retirou o lenço de papel. Por sua vez esse saco foi enfiado noutro, onde a minha amiga escreveu o seu nome. 



Estava a tirar uma caneta da mala quando me lembrei que a senhora que nos entregou os kits disse para nao fecharmos o ultimo saco. Minha amiga tinha fechado. Então ela fez sinais de luzes com os farois do carro, para chamar ajuda. Um dos homens no toldo em frente apareceu diante da janela dela.

-"Eu fiz asneira e fechei o saco, e agora?"

Num ingles pessimo, quase imperceptivel, o homem explica que mais à frente ajudam.

-"Poe seu lixo no saquinho e leva consigo" - diz minha amiga.

- "ja tenho tudo na mochila" - respondi.

Seguimos caminho, sempre sem sair do carro, sempre a 5km à hora. Curva à esquerda seguida de uma direita. Avista-se outro casebre com uma funcionaria fora, outra dentro. Minha amiga acelera, querendo quebrar a chatisse dos 5km por hora. 

Ela trava mesmo diante da mulher. Explica que selou o saco, mas ouve como resposta que tem de mostrar o conteudo. Depois de verificar o conteudo de ambos os sacos (suspeito que era suposto verificar de outra forma), informa que no faz mal o saco estar fechado e procede a nossa identificacao. 


Como minha amiga escreveu seu nome no saco perguntei se tinha de fazer o mesmo. Mas nao obtive resposta, porque a funcionaria estava a pedir pela identificacao, um codigo QR enviado por email. Como minha amiga nao me providenciou uma conta de email na altura em que registei, mostrou o SMS que eles tambem enviam, supostamente tambem aceite. Mas foi a placa do carro que foi sempre usada para dar inicio ou apressar todo os procedimentos. Com a matricula do carro os funcionarios sabiam os nossos nomes e tinham acesso ao resto das informacoes disponibilizadas online. Entre elas as nao perguntadas: nao apresentavamos sintomas e trabalhamos numa funcao considerada profissao essencial. (O que quer dizer que nao paramos de a exercer durante o lockdown, nos mesmos moldes necessarios antes do Covid). 



A funcionaria pede à minha amiga para encostar o codigo de barras contido no saco plastico junto ao vidro da janela do carro e passa um leitor de scanner. De seguida, pergunta-nos a nossa data de nascimento e pede a identificacao. Os passaportes, à vez, tambem sao encostados na janela. 

Por esta altura ja me tinha dito para selar o saco com o kit, que tambem foi encostado ao vidro e lido pelo scanner. A funcionaria foi para dentro do casebre e trouxe um caixote preto forrado com um saco branco. Pediu para abrirmos a janela so um pouco e atirar-mos os kits para dentro do caixote.

Assim foi feito.

Minha amiga desejou-lhe um bom fim de semana e seguimos caminho.

Todo o procedimento, desde a chegada na portaria, onde nos pediram identificacao (antes da primeira descrita aqui) ate este ponto, levou 23 minutos.

Os resultados sao enviados por email ou SMS em 48h.







sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Tao facil que e encontrar pessoas normais

 

Duas semanas dentro da chegada da nova inquilina, com a qual logo simpatizei, tudo corre bem e dentro da normalidade.

Acho que ela, 27 anos, com raizes no Ganda mas nascida aqui em Inglaterra, é capaz de ser a mais normal de todos os cinco.

Esta a ser tao simples e descomplicado viver com estes desconhecidos, que me pergunto porque no passado isso foi diferente. É preciso escolher a dedo as pessoas?

Acho que sim! Mas so quando se pretende ter complicacoes. 

Tanto na casa 1 como na casa 2, foram os "escolhidos a dedo" que nao prestavam. Na casa 2, todos foram la metodos a dedo e a olho. Cai la de paraquedas, ja com os actuais a desejar-me ver dali para fora.

Ambientes seleccionados nao sao amistosos. Venho para esta casa, cada qual vem de uma diferente nacao e acabou de chegar, escolhido ao acaso. 

Jackpot!

E espero que escrever estas linhas de gratidao nao me mude o rumo para as quais as coisas parecem progredir.


Ps: para a semana viajo ate  Lisboa.

O que fazer?


quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Fim de Verão?

 O emprego a diminuir nas horas e os dias a ficarem mais curtos.

Nao sei o que é pior!

Ambos contribuem q.b. para aquela tristeza de fim de Verão.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Quem me mandou abrir a caixa de Pandora?

 


Coisas do quotidiano e implicancias fixas

 Comecou comigo a transmitir-lhe um recado:

- "O G. (rapaz da casa)  enviou-me uma mensagem dizendo que o supervisor dele vai passar por ca para deixar uns documentos".

Ela olha para mim fixamente, torcendo o canto do labio. 

Por isso acrescento: 

Acho que ele enviou o sms para mim porque tu nao costumas ca estar, e sabe que eu estou, so por isso

E continuo:

É para receber os papeis mas nao dizer que ele viajou. O G. nao quer que o supervisor saiba.

Ela começa a fazer perguntas atras de perguntas. "EU tenho de preencher alguma COISA"?  "Tenho de ir ao quarto dele Pegar algo?" "Mas quem é que vem cá"? "Mas que documentos?" 

EU, ainda ensonada e a querer regressar a cama, pensei que ia transmitir um recado curto e simples, e voltar ao sono. Mas a minha colega estava a complicar a mensagem. Como sei que comunicamos numa lingua secundaria a ambas, tenho presente que posso nao estar a ser bem entendida. Por isso repito tudo, procurando simplificar mais ainda o meu ingles. E faço-o assim:

"So tens de receber os papeis e dizer obrigada"

"Se o supervisor perguntar pelo G. dizes que ele nao está em casa e nao sabes onde foi".

E entao ela dispara esta:

- Ele mentiu-me. Se ele nao quer que o supervisor saiba que ele viajou é porque os medicos nao lhe deram autorizacao para viajar.


EU ja estava a sentir arrependimento por ter partilhado com ela a existência da mensagem.

 Quando o rapaz regressar, e bem provável que ela vá massacrá-lo com isto. 

Procurei atenuar o filme que ia na sua cabeça. Mas tambem pensei: se mentiu, é homem adulto, responsavel pelos seus actos. É escolha dele. Numa coisa ele nao mentiu: foi-lhe dado quatro semanas de baixa medica.

Ele, que ja tinha a viagem marcada, aproveitou e foi para o seu país por uns dias.

(PS: afinal, de acordo com ela, ele nao lhe enviou qualquer mensagem a dizer que estava a sair de casa para o aeroporto. A ser verdade, foi coincidencia ambos estarem online no WhatsApp e a minha impressao nao tem fundamento. Ainda que na ocasiao anterior, dias  antes, quando a nova rapariga se mudou, tivesse).

Acho que, ao fim de muito lhe falar, consegui fazer com que se dissipassem as duvidas na mente dela.

Mas a conversa nao tinha terminado. Comecou a falar do J.A. o outro rapaz da casa com quem ela antipatiza, e que regressou inesperadamente no dia em que o outro foi embora. 

Começa por me contar que teve de lhe chamar a atenção para o facto de deixar o microondas sujo, e também lhe falou dos plásticos (reciclagem). 

Eu queria regressar ao sono. Tinha entrado em casa vindo do emprego fazia apenas minutos. Recebi a mensagem de texto e quis ir dormir tranquila, sabendo que, caso alguém tocasse à campainha, o recado do G. estava dado. Mas ela empatou-me com tanta complicação e, agora, queixume.

Quando o JA chegou, aqueceu comida pre-fabricada no micro-ondas, comeu, lavou o prato e meteu os plásticos no lixo. So que estes deviam ter sido separados. Ela leva isto muito a serio porque, quando viveu em Londres, misturou o plastico no lixo normal e como resultado, teve de pagar uma multa e, por duas semanas - diz ela, nao lhe colectaram o lixo.

(Ora isto sim, é castigo!)

"Ele mente! É mentiroso. Fingiu nao saber sobre a reciclagem de plasticos". - foi a reposta que me deu quando avancei com a hipótese dele nao saber relamente que os tinha de separar, visto que tem de abrir a porta da rua para la os colocar. Nao temos um contentor proprio na casa.

Ela acha que eu sou muito credula e demasiado simpatica com ele. Disse-me que se continuar a ser boazinha, ele depois faz tudo o que lhe apetece. 

E quem sou eu para refutar esta possibilidade??

Tendo passado pelo que passei, sei que ela pode estar 100% correcta. 

Acho que é exagero e IMPLICANCIA de sua parte. Mas dou graças a Deus por ela existir na casa. Por enquanto, pelo menos. Faz bem ter alguém assim. Equilibra com a minha pessoa. É como dois pratos de uma balança. Mesmo complicadinha e sabendo que esta forma se ser dela pode virar-se contra qualquer um de nós a qualquer instante, gosto que esteja a viver aqui. Nao é má pessoa. Acho mesmo que não é.

Há muita coisa que os outros fazem, que ela nao gosta. E não se coibe de o dizer.Há sempre algo, mesmo numa primeira impressão. Agora disse-me o que nao gosta na nova rapariga: ela deixa um copo ou caneca em cima da bancada da cozinha, ao lado do lava louças.

"Tambem e dela isso" - e aponta para o ferro de engomar, decerto deixado em cima da bancada para arrefecer. Depois será arrumado de volta no lugar onde foi encontrado. Não vi nenhum mal nisso. Mas a M. começa logo a antecipar conflictos.

"Espero que seja só um dia e que nao comece a deixar coisas pela cozinha. Porque é assim que começa".

Nisso também tem razão. Mas nao ha como nao apreciar a ironia de ser ela a queixar-se do copo deixado na bancada, eheh.

A primeira coisa que notei quando me mudei foi a presença diária de um copo com água em cima da bancada, ao lado do lava louças. 

Vim a constatar ser a M. (Esta rapariga), que todas as manhas o deixava ali.

Coincidência, a nova rapariga escolheu o exato lugar da outra para fazer o mesmo. E nisto, ela deve ter eliminado o hábito.

O problema da M. é não perceber que nisto de partilharmos casa há que existir alguma tolerância. Nao pode ser tudo a "ferro e fogo". Ela nao percebe que também tem coisinhas que deixam os outros enervados. O copo da outra... incomoda-a. Mas ate esta chegar, fazia o mesmo.

E tem mais: ela nao limpa o fogao depois de o usar pela manha, deixando-o salpicado de oleo. Na folga, cozinha o dia inteiro, nao deixa outros usarem o fogao. Tem algo no forno desde as 10 da manha, passa agora das tres da tarde. Quando prepara algo para si, deixa o chao da cozinha uma desgraça. E fa-lo sempre depois da senhora da limpeza terminar de limpar.

Pessoalmente, nao gosto de ver frascos de especiarias e embalagens de sal encostados a um canto da parede, na bancada. Acho que da um ar desleixado e existem suportes e armarios para essas coisas. Principalmente depois de viver dois anos numa casa onde estes proliferavam como cogumelos selvagens.

E sabem porque desci à cozinha?

Porque quem lá estava fazia um barulho infernal. Pancadas e afins. Eu pensava que era o J.A., da reputação que ela lhe criou. Fiquei surpresa quando a vi em casa. Mas nao devia surpreender-me ser ela a autora dos ruidos.

Ate hoje tem sido ela a unica pessoa bem barulhenta, que me interrompe o descanso e me impede de voltar a dormir.

Nao só com os ruidos la em baixo na cozinha. Neste preciso momento está no WC a fazer um barulhão. 

Abre e fecha a porta com um estrondo, entra e sai continuamente, e deve estar nas "limpezas". Ela sempre desinfecta tudo antes de usar o duche. Diz-me que é por causa do J.A. que o consegue "cheirar" e mímica um arrepio de repúdio.

Outra conversa que tivemos quando lhe contei da mensagem, foi sobre o tapete do WC. Ontem, no duche, reparei que pequenos salpicos de agua vao sempre cair perto do tapete. Nao ha volta  a dar. O posicionamento do chuveiro, o comprimento do vidro, nada impede aquelas partículas de irem parar fora da area designada do chuveiro.


O chão fica molhado e o tapete também.  Ora, eu sou mulher de solucoes. E como o WC tem uma barra a dar sustento ao vidro com a parede, da perfeitamente para colocar uma cortina. Mas sei melhor do que fazer o que me apetece sem perguntar aos outros se estao de acordo. Entao abordei-a:

- Era para perguntar a ti e ao J.A. se concordam em por uma cortina de chuveiro no duche. É que ontem tomei um banho mais prolongado e percebi que, por mais que posicionasse o corpo ou o chuveiro, pequenas gotículas de agua sempre caem no tapete. 

-Pus o tapete la fora a secar e ia para o colocar se volta ca dentro, mas ainda nao estava seco. 

Ela começou a dizer que ele deixa tudo molhado. 

- Nao foi ele, fui eu. - repeti. Fui eu que molhei o tapete e o coloquei a secar la fora.

Ela simplesmente quer que o rapaz seja culpado por tudo. É melhor nao me meter muito no barulho, senão ainda levo por tabela. 




FLORES

 

No meu emprego lido com muitas caixas com flores. Pode parecer estranho mas por ca existem pelo menos tres empresas mais populares que enviam flores ao domicilio. Baratas nao sao, decerto. Mas isso nao impede que haja clientela.

É fabuloso o perfume que emana das caixas que misteriosamente escondem o tipo de flores.


Estou a ver TV e nisto surge o anuncio a uma destas empresas. Mostram pessoas para quem receber Flores transformou o seu dia. Sorriem.


Percebo que ficaria em extase se recebesse flores daquelas. Quem mas desse ia ficar a sabê-lo de imediato. Algo que ele seria capaz de fazer. Surpreender-me. 

A 18 de Agosto de 2019, ainda nao sabia, mas ja estava contaminada com o virus da paixonite. Manifestou-se como uma erupcao vulcanica dali a 10 dias.

Infelizmente o que vingou no planeta não veio a ser este virus do amor, mas o do Corona. E agora nao ha amor para ninguem. 



segunda-feira, 17 de agosto de 2020

A forma correta de comer uma maça

 



Acham que é assim que se trinca uma maça?

Nao é!


Andei a vida toda equivocada a este respeito. Ter cuidado para nao a deixar cair ou partir ao meio quando chega ao aspecto da direita devia servir de dica. Nunca fiquei contente quando a maça se desmanchava antes de dar a ultima trinca.


A verdade é, meus amigos bloguistas, apenas uma: A forma como fomos ensinados a comer uma maça esta totalmente errada!!

Pergunto-me se no tempo de Isac Newton eles trincavam as maças da forma correta? Quando terá a coisa invertido para o erro?


Mas sem demoras, heis como é a forma correta de as comer:


 trincando pela base!

Foi isso que fiz, relutante devido temer apanhar o nucleo duro. Mas é um erro. Podem morder à vontade. A maça nao tem nucleo duro! Essa é outra percepcao equivocada que nos foi transmitida. 

No fim de comida a maça, vai perceber que o desperdicio é menor. Mas o melhor é mesmo poder trincar à vontade, sem receio de a apertar demasiado entre as extremidades com os dedos ou a deixar cair. Até o pequeno cale torna-se prático.


Agora que já sabem tem coragem de morder a maça pelo lado certo?









domingo, 16 de agosto de 2020

Leveza de espirito

 Estou a sentir-me feliz.

Não contava com este resultado. Fui devolver as chaves da anterior casa. Mesmo tendo como entrar, bati à porta. Quem a abriu foi a ex-namorada do italiano. Perguntei quem estava em casa e ela da-me a melhor notícia de sempre:

A Gordzilla está em Itália. E não é sempre assim que ela age? Arma algo e quando chega o momento final, coloca distância.

E bom saber que a sua cauda pontiaguda não vai ser vista tão cedo.

Estava com o coração aos pulos quando me dirigia para lá. Tive de parar no jardim. Estava indecisa sobre uma decisão que tomei na altura em que descobri tudo e decidi sair da casa. Pedi a um colega para me imprimir a mensagem que ela me deixou no quadro: All yours!

Tenho essas impressoes e decidi enfiar-lhe na guela as proprias palavras com a sua caligrafia. Era a ultima coisa a fazer.

Mas passado este tempo, achei que nao fazia tanto sentido. Tinha perdido o impacto da mensagem.

Optei por deixar as chaves, despedir-me dos restantes (que foram cordiais mas desinteressados) e sair.

Chegando a casa, ha minha real casa (por enquanto assim a sinto) paguei o restante da renda devida ao senhorio, disse-lhe que as chaves estavam devolvidas e despedi-me. 

Escrevi mais ou menos assim: 

"a minha divida para consigo era monetaria e esta agora totalmente liquidada. Outras dividas sao impossiveis de pagar. Adeus."

Fiquei reticente quanto a segunda frase. Valeria a pena? Depois percebi que se nao enviasse tal como me apeteceu escrever, nao fechava o circulo. Algo ficava pendurado no ar. Esta simples frase quase resume tudo. Para meio entendedor, meia palavra basta. E eu tinha de reforçar o sucedido. La porque ele o ignorou na primeira mensagem escrita (correndo muitas depois em que so se falou de dinheiro), nao apaga a autenticidade dos factos.

Estas mensagens foram trocadas por Whatsapp e logo de seguida vi que tinha desaparecido a fotografia dele. No seu lugar estava apenas o icone de fundo cinza com boneco branco. Tinha lido no passado que isso significava que a outra pessoa te removeu ou bloqueou.

O que só valida o que realmente se passava por detras das suas mensagens aparentemente insuspeitas.

Eu sei que pretendia fazer-me passar por doida e com doidos nao se discute. Foi essa a postura que ele tomou e de imediato percebi que comunicar por escrito e mencionar a intriga era entrar em areias movidiças. 

Como nao sou de insistir quando o assunto e desagradável, nao voltei a menciona-lo. Embora tentada, quando uma vez ele me escreve que tinha de ser "honesta" com ele. Falava de dinheiro, claro. Foi na segunda-feira em que nao dormi porque passei a madrugada acordada a espera da ambulancia que chamei para acudir o rapaz. E de seguida trabalhei 48h, saindo do emprego das 8am às 5pm para outro as 6pm e saindo as 6am para entrar no das 8am. Cheguei a casa as 6pm de terça. E voltei ao trabalho às 10pm.

Claro, nao tive sequer tempo para trocar de roupa interior, ou sequer dormir. Por isso tambem nao tive tempo para lhe transferir dinheiro.

E ele nao soube esperar. Foi quando deixou transpirar um pouco da sua hostilidade. Mas sempre controlado.

Eu tambem ia bloquea-lo de imediato. So nao o fiz porque algo o impediu. Quando voltei a fazê-lo, já resultou. 

Bloqueado ficou. 

E depois disto feito, comecei a sentir uma leveza... como se algo pesado me abandonasse. E subitamententinha razoes para me sentir bem e atw, porque não, celebrar?

Decidi pegar no bacalhau enviado de Portugal e fazer um jantar português. Soube-me bem dedicar-me aos preparativos. E foi um resto de dia tão mais leve.

(Este post começou a ser escrito na sexta-feira, 14, mas tive de parar para dar inicio ao jantar. O objectivo e partilhar a leveza e bem estar com que fui brindada. Por uns intantes apenas, senti um peso. Mas logo depois, bem estar. E agora pretendo "arrumar" este tema. OBRIGADA a todos que se interessaram e buscaram ajudar com os seus conselhos).

Bem-Haja.








 






Quando me senti bem...

 Uma da manha. Estou a ver um filme. Subitamente percebo que o volume esta alto mas nao incomoda ninguem, porque nao tenho outros quartos ao lado do meu. So a parede do WC.  

Sinto-me feliz e afortunada. Assim que concluo o pensamento: "estou tao bem neste quarto! E agora que somos so tres na casa tudo volta a ficar mais silencioso"

Nisto ouço barulhos no corredor.

- A rapariga a levantar-se para ir ao WC? - pergunto-me.

Nisto oiço a urina a cair barulhenta e caramba! Ela a ser assim? De seguida funciona o autoclismo e eu escuto isto tudo muito bem, porque a porta nao foi fechada. 

Pressenti algo... e tive de confirmar.

Jason, o rapaz "desaparecido" esta de volta.

O tal que queriam que saisse desta casa e fosse para outra. Conheci-o quando ca apareceu um dia. No seguinte desapareceu, ate agora.

Acho que a colega nao vai ficar nada contente.

Mas espero que tambem nao fique como antes, sempre a mencionar que ele tem de ir embora, porque e porco e deixa tudo sujo. Nao fiquei com ma impressao dele. Mas confesso que este tipo do coisa (de que fui vitima na outra casa) influencia a nossa pre-disposicao para acolher a outra pessoa.

Amanha ele vai ficar a conhecer a nova inquilina. Ainda aqui nao mencionei. Nao acho necessário e sou avessa a dar informacoes pessoais. (Como nomes, por exemplo). Mas ela e atriz e modelo. Porem, simples e nada afectada. Boa gente.

Esta casa e tao melhor!

So coisa boa pode cair por cá.

A ver vamos.





sábado, 15 de agosto de 2020

Sonhar com o que esta a acontecer

 Acabei de acordar, desperta do sonho em que o rapaz da casa tinha saido para apanhar o aviao sem se despedir de ninguem.

Levanto-me um minuto depois para procurar o pacote de bolachas que lhe pretendia dar para a viagem. Contou-me mais cedo que tinha mudado de planos e depois de descer do aviao, ia ficar 3h a espera de um autocarro e depois, outros 5h à espera de outro. Sabendo como ele e, perguntei-lhe se tem sandes mas ele continuou a falar da segunda paragem,  pegou no cafe e fechou-se no quarto. Sempre que tento conversar ele nao mantem uma conversa. Foge para o quarto. Definitivamente algo se passa mas nao quero saber. Nao é mais importante. Nao quer convivio? Problema dele. Nao vou mais matutar as razoes. Nem persistir.

Mas preocupada como costumo ser, despertando de um sonho em que toda a minha familia desaparece de casa junto com ele que tinha ido para o aeroporto, peguei num pacote de bolachas e ainda meio ensonada, desço as escadas com o pacote na mao. A meio dos degraus oico o som metalico que o portao faz. Abro a porta e olho para a direita, direccao dos transportes para o aeroporto. Nada vejo. Pelo sim pelo nao, olho tambem para a esquerda.  


Nao oiço barulho dentro de casa e decido aproximar-me do portao. Olho para o fundo da tua a direita e vejo-o, do outro lado, se mochila, bone e auscultadores. 

Tinha acabado de sair.

E depois nao somos seres mediunicos!

Intuicao tambem me disse que ele nao conseguia nao se comunicar com a rapariga. Que ontem de noite saiu para um encontro, regressou so para voltar a sair numa boa disposicao rara ate agora nao vista. Ela bem estava a querer ter uma relacao sexual, acho que a noite correu-lhe bem. Liguei-me no whatsapp e la estava: ultima vez que esteve online? Um minuto antes dele sair pelas portas dos fundos e bater o portao.

Acho que ele gosta dela. Anteontem ela decidiu desabafar um pouco da sua vida sentimental comigo e ele, que esteve o dia todo em casa, sem aparecer muito ou querer interagir, entrou e saiu pela cozinha inumeras vezes. Pelo menos umas quatro quis mesmo saber do que falavamos. 

La estou eu a ser tao util a alguem como "par de ouvidos". Para desabafar coisas destas procuram-me sempre. Talvez seja a unica coisa que preservei de tempos idos, em que era mais procurada. E algo que faco bem. Mas depois, para o resto, nada. Nao sou uma pessoa interessante. Ja fui, mas deixei de ser. Parei de viver a vida, limitei-me a existir. Isto durou anos, foi logo a seguir ao retorno do UK, contrariando a minha intuicao. E foi a pior decada da minha vida.

Assim sendo nao posso partilhar experiencias e fica dificil para os outros sentirem ou quererem uma ligacao comigo. Eles andaram a viver a vida enquanto eu fui existindo.

Ontem fiz um jantar tuga no intuito de o partilhar com todos. Tenho comido a comida deles ocasionalmente, principalmente feita pelo rapaz. A rapariga disse-me que ia jantar fora. Ficamos tres. Mas o rapaz, que quando a nova rapariga chegou cozinhou jantar e sobremesa que nos comemos, disse nao ter fome. Isto as 4 da tarde, quando lhe contei. Ainda assim enquanto preparava o jantar, voltei a perguntar. Tres horas se tinham passado. Quando tudo ficou pronto, bati na porta dele. Disse-me que ia dali a 15m. Mas nao apareceu. So para fumar. Desculpou-se que nao tinha fome.


Nao sei o que lhe passa pela cabeca mas tambem nao me cabe ficar sentida. Nao quer, nao obrigo. Mas tambem, se e para continuar assim, entao tambem pode ir embora. Pode ser que o proximo seja mais sociavel. Este e boa pessoa mas evita sociabilizar. So com a rapariga que ate o destrata um tanto, é que ele procura girar a volta dela, como um planeta atraido pelo sol. Ela? Nao quer saber. 

E ele nao percebe que o sol machuca se chegarem perto. Mata. É para ser apreciado a distancia.

Fiquem bem tenham um excelente Domingo.

 






E se a dor se conseguisse ver?

 Se as mágoas e sofrimento interior se revelassem por fora fazendo aparecer nodoas negras, o meu corpo estaria coberto dos pés à cabeça.  Como aquelas pessoas com muitas sardas.



quinta-feira, 13 de agosto de 2020

 A minha ligação com a anterior casa vai terminar amanhã. Era suposto acabar dia 16, dia ate o qual fiquei a pagar renda.

Mas sabem o que mudou isso??

Fui la anteontem. Logo de seguida o senhorio envia-me uma mensagem a dizer que arranjou uma pessoa para me alugar o quarto dia 14 e 15. E devo devolver as chaves dia 14 "enfiando-as pela ranhura da porta". 

Coisa que nao pretendo fazer. Nao fui criminosa para nao poder entrar ou bater a porta e as entregar pessoalmente a alguem de carne e osso.

Ele nao sabe mas eu ja pretendia terminar esta ligação antes de Domingo. Dei-lhe a entender qie estava a trsbalhar muito para ganhar dinheiro. O intuito, claro, e pagar tudo antes mesmo de entregar as chaves. 

Em um mes em que paguei a renda daquela casa, pus lá os pés tres vezes apenas. Ainda assim sou tratada como se nao tivesse direito a fazê-lo. Deviam sentir-se gratos, pois outra pessoa ia la estar todo o dia, a fazer banzé, sem deixar escapar uma noite que fosse. Ia cozinjar todos os dias, deixar as coisas sujas, desarrumadas, consumir muita eletricidade e gas e assumir atitudes destas. Afinal, para a reputação que me criaram, se me deram fama de desiquilibrada, devia agir como tal.

Foi o melhor dinheiro alguma vez gasto: pagar para deixar de la viver. Dinheiro bem gasto. Nao me custou nada ficar sem ele. O que me custa e saber que a minha reputacao ali dentro, seja quem for que lá vá parar, sera sempre manchada. O que me custa é perceber que o jovem rapaz que la mora, evitou-me. Saiu de casa a minha chegada e wuando regressou uma hora depois, subiu direto para o quarto, para evitar encontrar-se comigo na sala.

Claro que sei que vao relatar a minha presença. Provavelmente enojados pela ideia. Como ja nao la aparecia fazia 2 semanas, ja se tinham acostumado a ideia de nunca mais me terem ali dentro. Devia ter la ido todos os dias so por causa desta atitude. A Gordzilla faz a cabeça do senhorio para que ele me pressione a pagar cada tostao. Sabia que ele ate seria capaz de me deixar ir embora e "esquecer" este mes. Mas imaginem se uma nao-italiana tem esse direito. Nao! So os italianos e que podem la morar de graca, a custa do dinheiro de renda de todos. A impor a sua presenca diaria na cozinha, a usufruir dos utensilios, da maquina de lavar roupa, do estendal, do patio, wc, etc. 

 E falo isto por causa das amigas da Julia, que  ficaram 5 semanas com todos os seus pertences pela casa, entrando e saindo da mesma conforme conveniencias e trazendo hóspedes. Fossem de outra nacionalidade e SEI que a receptividade seria NULA.

Falo tambem da ex namorada do actual italiano a la morar. Apareceu la com ele no dia 1 de junho e tanto quanto sei, nunca mais pagou renda em lado algum. Quando precisa bate a porta e serve-se. Como quem mora ali, e vi que tem toda a sua roupa, ainda em malas armazenadas na conservatoria. Quase 3 meses de hospedagem de borla e muito bom!! Continuam juntos cada vez que da, mas so um paga renda. Fantastico.

E a familia da Julia? Apareceu toda em peso um dia, pai, mae, irma e namorado da irma. Mais o namorado da Julia perfaziam 6 pessoas. So uma com direito de ali ficar. "Sao so uns dias" - disparou voluntariamente a Gordzilla sem qualquer referência a ser feita. Uns dias foram pra i uns sete... com todas as noites de conversa na sala. E depois usavam-na para dormir. O que impedia os restantes na casa de a usar. 

Se atrapalha??

Nada!!! (ironia)

Então? Italianos podem tudo. Outras nacionalidades? Fogueira com eles.

E o que fui la fazer a casa?

Bom, fui tentar dormir. Basicamente foi isso. Tem estado um horror de calor. A nova casa é um fogao. So se esta razavelmente bem na cozinha. Estava privada de sono fazia varios dias. Chego a casa as 7 da manha. Antes das 10 o calor ja esta a atrapalhar o descanso. Nesse dia estava desesperada por sono e nao conseguia. Senti ate o impulso de chorar. Tal como os bebes fazem. Lembrei-me entao do quarto que fica do lado da sombra. Sempre gostei dele pela sua localização longe do calor. O atual fica no sentido oposto, virado para sul. Apanha todo o calor o dia inteiro e a paeede de tijoleira armazena-o pela noite a dentro. 

Tinha acabado de pagar a renda daquele mes. Precisava dormir. Ou repousar num lugar sem calor. (Tem estado 34 graus). Tambem queria procurar algo que devo ter deixado cair debaixo da cama e tirar o tapa janela que coloquei no vidro acima da porta do quarto, para bloquear a luz vinda do corredor. Afinal, meti na cabeca que nao ia la deixar NADA. Outros abandonam sempre coisas que nao desejam e lixo. Tudo acaba por se acumular pela casa. Eu deixo tudo limpo, melhor do que encontrei. Sempre foi assim e penso que sera sempre. Tambem precisava lavar o lencol da cama e queria que este secasse rapido. Como bastam 30m na conservatoria daquela casa para isso acontecer, decidi ir lá.

Mal entrei, escutei o rapaz novo a tocar guitarra. Mas sabia que ele vinha espreitar. E veio. Cruzamo-nos quando cheguei ao topo das escadas, ja tendo posto o detergente que trouxe comigo na maquina e o lencol mais a mochila e outras coisas que se sujaram, a lavar. 

A conversa foi so tudo bem? Esta calor? E apressei-me a entrar no quarto. Eram ja umas 3 e meia e nao tinha mais que duas horas para dormir. A Gordzilla ia aparecer por volta das 5pm. Pelas 4.30 estava fora da casa. 

Ao chegar, ou me esqueci do lixo na bancada (nao consigo lembrar) ou lhe relataram a minha presenca. Ela logo deve ter enviado uma mensagem escrita ao senhorio, queixando-se. E este inventou que subitamente apareceu alguem para alugar o quarto por estes 2 dias finais, assim prevenindo que sua Majestade a Gordzilla, tivesse a sua toca de cobra importunada pelo meu direito por lei em la viver.

Ele nem perguntou se eu aceitava alugar o quarto. Foi logo dizendo que nao o podia ocupar mais e wue me descontava (vejam so) 24.30 centimos de renda por esses dias. Metesse os 24 ponto 30 centimos no cu. Mas nao estou para me chatear. Ja pretendia despachar a casa e a restante divida da renda antes do prazo estipulado.


Eu fiz tudo certinho. Mas tenho a certeza que fiz tudo errado. Ele temeu este tempo todo que eu tomasse outras atitudes. Como desconheco os meus direitos e mais ainda que accoes estao ao meu alcance, limitei-me a ser quem sou. Ele foi mais falso do que imaginei ser possivel alguem ser. Estao bem um para o outro. Cobra inquilina e senhorio cobrao.

Sabem o que encontrei quando abri a porta? Um quarto reformulado, decorado por uma profissional, com jarra e flores artificiais, uma vela e uma decoracao a janela. (Com teia de aranha). A secretaria tinha sido removida. O guarda-vestidos enfiado em frente das prateleiras que eu tanto quis que o senhorio aplicasse. Tornando-as assim inuteis. Uma forma de demonstrar o quanto foram rejeitadas. Por isso ele nunca as terminou. E so as finalizou, porque nesse mes de covid decidi pagar meia-,renda, como ele tinha sugerido meses antes. Foi intencional, para ver e o receio de perder dinheiro o fazia cumprir o prometido e devido. Por essa altura ja estava deprimida num quarto que ate entao so me trazia bem estar. Nao suportava mais. Adiei por meses todos os projectos que tinha para me sentir confortavel ali e usar o espaco para as minhas necessidades. Tudo "encaixotado" por meses, a espera das prateleiras e dos toques finais. E o senhorio a fazer ouvidos mocos. Desgraçado. Faz-se de atencioso e prestável com quem lhe interessa e é o oposto com quem nao o seduz ou lhe afaga o ego.


Uma comoda foi posta no lugar do guarda fatos. Colcha nova, almofadas decorativas novas, tudo o que nao tive direito, dado, de graça. 


Num quarto que ainda e meu por direito. Nao podiam te-lo alterado sem o meu consentimento. Mas deixei passar.

Nao lembrei de abrir o armario do lado de fora para espreitar se estava a ser usado e com quê.  Nao la fui com esse intuito. 

E agora, a menos que la entre hoje de noite, praticamente ja me tiraram o direito de entrar amanha.

Para encontrar alguém para alugar o quarto o mes inteiro e assim me restituir nao 24.30 centimos mas umas 400 libras, nisso nao teve ele impeto. Claro! Pretendia castigar-me. Arranjaria alguem para la ficar com facilidade. De imediato. Mas assim fazia-me pagar renda em dois lados. 

Nao sou italiana. Logo, nao sou sovina. Isso nao me incomoda nada. A parte que sempre ira incomodar e saber que a minha essencia como pessoa e a verdadeira forma como me comportei ali dentro, como uma lady, digna e com honra, sera sempre, sempre adulturada com mentiras. Retratando-me de forma vil. Oposta a minha natureza.

E que aquilo de que fui vitima sera aquilo de que me acusam. Isso doi. Doeu enquanto estava a ser alvo, doi mais ainda saber que numa versao alternativa sou quem pratica o mal que me foi feito. É muito injusto. 

E so quero que os "Deuses" que tudo sabem e tudo vem façam por me vingar e restituir a verdade, totalmente violada que foi.

Geograficamente tudo fica bem. Mas as ramificacoes daqueles longos anos ainda as sinto todos os dias. Afetaram a minha pessoa. Fico sensivel a qualquer suspeita de que possam a estar a mostrar outra personalidade pelas minhas costas.

E algo muito dificil que terei de aprender a ultrapassar sozinha. 

O fim definitivo decerto vai ajudar.

Sou uma sobrevivente de avalanches, terremotos, maremotos, tsunamis, incendios, agressoes... morrer nao morro. Sobrevivo. Mas é aqui que reside a parte mais dificil.


Beijos.



 

Mais comportamentos da "velha" inquilina ahahah

 Ela diz que pode ser insuportavel. E pelas historias conflituosas que conta sobre outras casas onde morou, ate acredito. Ela fica horas em rituais a que chama de "treino".

Eu pensava que era algo holistico tipo yoga, meditacao, coisas de acalmar. Mas hoje ela contou-me que era muito mental, que lhe sobrecarregava as energias ao mesmo tempo que a fazia sentir trez vezes mais aquilo que os outros sentem. Nao e so a energia das pessoas, mas a energia de tudo. Que na sua cabeca escuta as vozes tres vezes mais altas por causa destes "treinos" diarios que segue num canal de YouTube e que paga para ir passando para o proximo nivel.

Se eu nao soubesse melhor, diria que este tipo de "oferta" de cursos holísticos tem semelhancas a tecnicas de culto.

Mas ela garante que precisa delas para ficar bem. Para lidar com a sua energia. Recrimina-se quando se atrasa e agora sobrecarregou-se.

De manha queixou-se de pressao no peito e dificuldade em respirar. Recomendei-lhe que marcasse consulta com um medico. Ela ja tinha ligado a um. Acho que ela tem tendencia para emolar os outros. O rapaz teve estes sintomas e ela começou a falar que no passado, na sua infancia, tambem teve um problema no coracao e esteve internada. Se os sintomas sao reais ou auto sugeridos ela própria chegou-se a questionar. Depois desta conversa falamos de numerologia, com ela a querer saber os meus numeros e a consultar um caderno para me definir. Estranhou quando percebeu que o meu numero coincidia com o dela. E disse-me: "É estranho, porque quando te conheci nao senti grande afinidade contigo". "Entendes o que quero dizer?"

Por acaso ate entendo. Ela nao só me disse que gostava de mim, como me disse quebeu era uma pessoa especial, que conseguia pereber que eu nao tinha maldade e nao agia de forma agressiva, era muito boazinha. No meio de muita coisa que diz, procuro entende-la e muito do que conclui esta certissimo. A forma como chega la e que parece tortura-la a ela mesma. Entendo também o que ela se calhar nao admite. Ate ontem eu era a unica mulher da casa. Comigo ela falava por horas e eu escuto-a e procuro entender o que diz. Hoje ja existe outra e, pela primeira vez, ela me diz que nao sentiu afinidade.

Eu sei que ela quis dizer noutro nivel, que nada tem a ver com gostar ou nao de alguem. Coisas em comum ate temos, mas as abraçamos de formas diferentes. Enquanto eu posso ter uma sensibilidade para o mesmo, ela procura desenvolve-la, apura-la e eu nao. Eu nao procuro aprender formas de canalizar essa sensibilidade e com isso, tambem nao aprendo a criar defesas. Ela aprende-as, mas custa-lhe energia. E sem perceber, tambem consome a dos outros.

O parapeito da janela que ela declarou danificado. Vem alguma mancha?


Depois saiu disparada de casa, enfiou-se num taxi. Nada sei do que foi fazer mas a energia que deixou no seu rasto nao era a de alguém em bem estar. Ela tem "vipes" (se isto ainda se usa). E desconfio que nao e direta como diz ser recorrendo muitas vezes a conversa desviada com um proposito oculto. Por exemplo: mencionei-lhe que vi uma pegada de pe descalço na alcatifa a saida do wC e ela correu para o parapeito da janela onde o meu sapato verteu um pouco de tinta. Ao subir as escadas depois dela sair de casa, deparei-me com uma embalagem vazia de sabonete líquido no meio do corredor. Nao sei se caiu quando a ia por na reciclagem, se a deixou ali como meio de dar a entender que tem sido ela a comprar as ultimas embalagens. Sei que quando o rapaz que ela quer expulsar deitou fora uma embalagem vazia, ela ficou escandalizada. Por isso nao lhes toco, a menos que lhe consiga perguntar se posso.


Nunca conheci alguem que consome tanto produto. Por norma, uma embalagem de tamanho normal dura uma semana. E e quase ela que lhe da uso. Uma embalagem que eu trouxe ainda tinha o suficiente para me durar 10 dias. Ela so usava a dela (medo do covid). Entro no WC e dou com ela vazia, apenas com agua. O que fez ela ao sabao?? O mesmo para detergentes. E rolos de papel de cozinha??

Calhei trazer muitos comigo e assim, disponibilizei-os a todos na casa. Ela nao e de cerimonias e usa-os. O problema e a velocidade. Era um rolo por semana. Nao ha arvore que chegue😂😂😥!

Mas depois tambem tem um lado que cuida. Ela e esteticista e, so porque acha que eu devo tratar da pele, trouxe-me ontem um produto que diz ser muito bom. "Esta esgotado mas se gostares posso mandar vir mais". 

Ora, ela sabe porque me cansei de lhe dizer, que eu tenho produtos receitados por uma dermatologista mas que nao estou a usar por de momento nao conseguir introduzir essa rotina nos meus cuidados diarios. Ate nos comprimidos diarios estou a ser relapsa. A mudanca ainda nao esta conpleta. Ha coisas que nao sei onde as vou enfiar. E isso e quanto basta. Preciso de ter tudo no seu lugar primeiro. Nem sei bem onde tenho os cremes.


E traz-me sem eu lhe pedir um creme caro? E querido da parte dela, mas ao mesmo tempo sei de pessoas que se fazem passar por queridas mas depois cobram dinheiro por aquilo que te impoem, tu nem pediste. Afinal, se te oferecessem um creme e te disessem que e caro, tu nao ias de imediato insistir para o pagar? Eu ia.

Nao quero cair nessa armadilha. Ha coisas que nao se devem misturar e morar junto envolvendo  dinheiro  é uma delas. Cada qual com o seu e a melhor politica para estas situacoes. So partilhamos detergente para a louça, para limpezas e sabonete liquido. Mas ao ritmo de consumo (4 ou 6 desde que cheguei faz um mes) nao sei dar vazão.

Quanto ao creme, agradeci muito mas dispensei. Quando percebi os ingredientes ate lhe confidenciei que nao podia consumir nada com algas. Altera-me o funcionamento da tiroide.

Tirando estas domestiquices, ha a assinalar wue faz hoje 1 mes que assinei contrato e ontem telefonaram-me no intuito de me levarem a sair. Dispensei. Acreditem, nao tenho paciencia para o tipo de pessoa que pareço atrair com maior facilidade.

Vai fazer um ano no final deste mes.









Acolher a nova inquilina

 

Ela chamou-me porque queria me mostrar uma coisa. "Nao e nada mau, nao te preocupes!". Segui-a ate o parapeito da pequena janela, a uníca onde bate um pouco de sol. Tinha removido os meus sapatos dali fazia pouco tempo. Precisaram de tres dias para secar totalmente. Esta casa tem esse grande inconveniente: nenhum sitio para secar roupa e nenhum sitio sobre o sol. No entanto e quente como uma estufa e tem sido insuportavel estes dias de temperaturas de calor de 34 graus.

Temos um estreito caminho mesmo ao contornar a casa que pode ser usado para estender roupa. Desde que cortei a enorme vegetacao o caminho esta mais pedonal do que nunca. Antes as ervas chegavam as portas do quarto que ali fica e estavam por todo o lado onde se tentava por os pes.  Nao dava para passar. Agora e possivel, mas e preciso o tempo estar bom e o vento nao trazer o algodao e poeiras da vegetacao circulante. Quando  cheguei lavei na maquina um lencol acabado de comprar. Coloquei-o ali a secar e quando o fui buscar, alem do "algodao", tinha cinza de cigarro. Tive de o engomar. E nao estou para fazer isso com toda a roupa.  Alem de que secar tecidos la fora pode trazer insectos, aranhas, coisas que mal se vem e que impoem manter a tradicao de engomar, porque é o calor do ferro que mata estas coisas e protege-nos de problemas, deixando os tecidos seguros para serem transportados para o interior da habitação e ficarem em contacto com o colchão e a nossa pele. 


Adiante: ela chamou-me ate a janela, agora tambem sem os chinelos que ela la colocou (nao pode ver nada que imita) e apontou para o branco do parapeito. Os meus sapatos de pele que fediam ate mais nao de bacterias antes de os ter lavado na máquina, tinham libertado um pouco de tinta. Nao estava nada a espera disso. Quando os removi nesse dia, ia de seguida limpar a mancha mas esqueci-me.  Ela diz-me:

-" Estava aqui uma mancha que eu limpei mas olha: ficou amarelo"

- Olhei atentamente e so por saber o que ali tinha estado e que percebi ao que ela se referia. O parapeito nao ficou afectado, a mancha azulada aguada saiu. E e quando ela me diz isto:

- "Este e o tipo de coisa que eles (agencia) podem nos cobrar dinheiro porque e um dano".

E pronto. É este genero de comportamento que ela tem que eu nao gosto, mas relevo e so depois entendo as implicações subtis ds suas palavras. E lembro o que ja danificou no WC e percebo que isso nao a fez recear ter de pagar os danos. Mas a respeito da suposta marca de tinta a minha reacao foi:

- Tas a brincar? So tu e que sabes que ali esta um nadinha amarelado porque viste a mancha. Se isso e um dano olha, entao este risco preto aqui tambem é, assim como todas as outras marcas (coisas microscopicas, marcas normais de uso). Tira uma foto e mostra a outras pessoas. Duvido que vejam danos. Isso e normal. So se queres pintar de branco.".

Nao sei se ela foi bem intencionada ou mal intencionada. Nao sei se foi o jeito que encontrou para me chamar a atencao que teve de ser ela a limpar a mancha e nao eu. Se assim fosse, prefeŕia que me tivesse dito para a limpar, porque foi obvio um esquecimento. 

No passado nao vi maldade neste tipo de observações. Era muito ingenua. Ainda sou. Mas nao posso continuar a agir como no passado ou tudo voltara a repetir-se.

A janela fica num lugar onde nunca vou: em frente ao WC do piso de baixo, depois de uma porta que so da acesso a esse WC e ao quarto da nova rapariga. Nao tenho motivos para la ir. So ocasionalmente, quando chego a casa as 7am e quero lavar o rosto, as maos, etc. Por ali ser pratico e nao incomodar os que dormem. 

Depois teve a confusao que ela armou quando chegou a casa e foi preciso arranjar espaço para meter as coisas da nova pessoa no frigorifico. Sem nada avisar, mudou a posicao de tudo. Senti uma insinuacao a respeito de se ter de manter tudo na propria prateleira. Coisa que eu esperava desde que me mudei para ca, mas ouvi "somos cinco e so ha 4 prateleiras, poe onde ouver espaço". 

So que eu preferi manter a prateleira que me tinham designado, mais uma das gavetas e nunca "misturei" ou espalhei as minhas coisas por outros lados. E agora estava a ouvir essa insinuacao, porque ela estava a dizer-me: Temos de ter uma prateleira para cada um! 

Mas isso ja eu faço desde o inicio. Mais uma vez, e ela que nao segue essa regra. Fiquei com a fama de ter muita coisa, mas ela e que ocupa todo o espaço livre que aparecer. 

Virou-se para mim e disse:

Tirei daqui (da minha prateleira, do lado direito) algumas coisas (usando um tom de reprovacao) e enfiei aqui (na minha gaveta) para arranjar espaco. Mudou de lugar umas cenouras que eu havia acabado de oferecer ao rapaz e por isso estavam no meu canto. E eu fiquei a olhar para o conteudo do canto direito e a interrogar-me a quem pertenciam as coisas que ela la enfiou, misturando-as com as minhas.

Quando acabei de lhe explicar quais as coisas que a rapariga ja tinha colocado no frigorifico (tudo do lado esquerdo na terceira prateleira) ela deve ter entendido que fez asneira. Decidiu entao deixar a terceira prateleira para a nova pessoa. Foi perguntando a quem pertencia itens que ninguem sabe a quem pertencem, garrafa de sumo, de ketchup etc. E achou que estava tudo bem: cada qual tinha o seu espaco. 

Mas eu precisava remover aqueles objectos estranhos da minha designada area. 

- "isto nao e meu" - repeti quatro vezes a medida que tirava objectos e os pousava na berma do frigorifico. De quem é isto?

- E meu!

Acusa ela. 

-Hahaaaaaa! - ofegamos eu e o rapaz juntos. E rimos.

Ela pega nas suas coisas e acaba por as enfiar na prateleira da nova rapariga. Nao na sua. 

Levamos tudo pouco a serio. Mas o acumular destas coisas acabam por afectar. Eu sei. E julgo que e por isso que o rapaz disse que se ia embora. Ele permitiu que ela espalhasse as coisas dela pelo frigorifico ao ponto de ja nao saber o que ele la tem dentro. Assim que o ve, ela manda-lhe um olhar de desaprovação e ele sabe que, mal toque num cigarro, ela nao deixa passar despercebido e diz-lhe que fuma demais. Ela tambem fuma. E a primeira coisa que faz ao chegar a casa. Diz-me que tem autocontrolo e sao so 3 por dia. Mas tambem diz que fuma no emprego. Se aqui a vejo fumar esses 3, talvez ocasionalmente 4 ou 5, e la fuma outros, a matematica dela nao bate certo. Ao menos o rapaz nao se mete na vida de ninguem e nao esconde o que faz ou se arma em moralista. Ela chama-o para irem fumar juntos e depois quer que ele pare. Tambem ja me ofereceu uns cigarros, que eu, antes de ter tempo de recusar, ouvi o rapaz reprovar. 

-"Nao, nao vais fumar".

Exatamente o mesmo que a nova rapariga disse ontem de noite, quando estavamos todos  em convivio e falava-se desse vicio. Aparentemente em todas as casas em que viveu, ela era a unica fumadora. Ja nao. Quando falavam de "SABER FUMAR" ridicularizando uma pessoa que nao o sabia fazer, mencionei que nao sabe-lo fazer e o unico motivo que me incomoda. 

Foi ai que a nova rapariga disse:

"nao. Nem pensar. Nao fumes. Nao e bom. Eu nao consigo parar e ja tentei".

Gosto quando um fumador impede um nao fumador de enveredar por esse caminho. Tambem foi assim no passado e acho que essa postura ajuda a nao cair na tentacao. Agora, se todos os dias te oferecerem cigarros, vais acabar por experimentar. E ai quando vais a ver... vicio.

Por isso admiro os viciados que nao "recrutam" e nao tanto assim os que se auto denominam no controlo e so fumam "de vez em quando" e nessa muitas vezes falsa percepcao de nao-vicio, aliciam outros a experimentar.


E pronto. Este e mais um post descritivo do quotidiano caseiro. Devo estar nesta onda. Para quem acha enfadonho, compreendo. Mas sao estes detalhes da vida que me apetecem registar agora.

Haverão  alturas em que os posts serao de outro cariz. É conforme nos apetece. Sao fases.

Fiquem bem.


Um abraço







quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Update sobre a ultima colega

 Para mim ela parece-me uma pessoa porreira. Gostei dela no primeiro instante. Os outros estao reticentes. Mas isso e normal, julgo eu. EU sempre acho todos boas pessoas de inicio e descubro que os restantes esperam para ver.  

A outra rapariga implicou com a nova no primeiro contacto. Coisas normais: refilar porque a nova deixou as coisas dela em cima da bancada, fazer caretas depois da outra dizer algo, etc. Mas a nova rapariga é porreira. Consigo sentir a leguas. E deve ter captado is olhares penetrantes da outra. Sabe como lidar com pessoas que mostram desconfiança inicial. Chamou-a para a ajudar a encontrar um espaco para estacionar o carro. 

A kova miuda tem pouco a ver com nosco, mas e porreira. Sabe estar, nao e de manias. E nisto que aposto as minhas fichas. Mas como dizem os outros, e esperar para ver.

E sensato. 

Vai embora

 Alguem meteu as chaves a porta e eu pensei tratar-se da empregada que ca parece para fazer uma limpeza geral as quartas ou quintas feiras. Mas entrou um rosto novo. Jovem, mulato, feminino e ingles.

Temos uma nova inquilina. A agencia nao nos avisou que o quarto vago ia ser ocupado. Parece que e assim que fazem sempre, porque comigo tambem nenhum deles sabia que eu ia entrar.


Ao enviar mensagem a rapariga que ca esta, ela disse-me que o rapaz tinha-lhe contado que vai embora desta casa.

Quando tive oportunidade, abordei a questao com ele. Que confirmou. Vai embora. Mas nao continuou conversa pelo que nao pude presentir se era algo definitivo ou impulsivo.

Sinto-me triste. Parte de mim teme sempre ter feito algo para contribuir para isso. So que, uma hora antes, estavamos os dois a conversar na cozinha e ele, sem mais nem menos, quando eu menciono a rapariga, pergunta-me:

-"O que esta errado com ela ultimamente?"

Surpreendeu-me porque eles conversam com intimidade mas ao mesmo tempo nao surpreende. Como aqui ja preferir, a rapariga e boa pessoa, mas deixa uma pessoa a sentir-se exausta. A pessoa desiste. Ela tem implicado tanto com o rapaz, dizendo-lhe o que e certo ele fazer, o que nao é. So que eu achei que ele, mesmo desgastado, gostava disso. Porque e notorio que a procura para conversar e sente o impulso de lhe contar coisas. 

A razao porque contactei a rapariga por texto perguntando-lhe se "ele lhe tinha contado" foi exatamente para confirmar se este lhe enviou uma mensagem assim que me ouviu a abrir a porta a nova rapariga. Porque quando eu ia para o fazer, tentando enviar por whatsapp uma mensagem aos dois, vi que ele tinha estado online no minuto em que a coisa aconteceu. Achei que nao era coincidencia e como ele nao saiu do quarto ate bem mais tarde, so conhecendo a rapariga nesse instante, conclui que a sua ligacao com a outra e mesmo mais intima.

Chegou a ocorrer-me que ele possa estar a nutrir sentimentos por ela. Porque, mesmo sendo uma pessoa que nos cansa, e tambem alguem que nos surpreende e de quem se gosta.

Assim que ele escapuliu para o quarto depois de lhe perguntar se ia mesmo embora, escuto a voz da rapariga. Ele deve ter-lhe ligado pelo whatsapp. 

Isso é outra coisa. Das vezes em que lhe enviei mensagens diria que 99 por cento das vezes nao obtive resposta. Fica claro que nao existe interesse em manter um contacto para alem do ocasional cruzar na casa e um breve bate papo. As mensagens de texto eram algo que nao me agradava. Entre ele e a rapariga comunicavam-se pelo whatsapp. Era mais pratico para mim fazer o mesmo. Mas notei pouco interesse nisso e por isso nao insisti. Ate ha dois Diaz em que sinplesmente lhe perguntei e ele me deu o numero. Mas nunca trocamos mensagens por ali.

Sobre a nova rapariga pareceu-me simpatica. Mas ja estou a temer que o meu sossego seja onterrompido, porque o quarto dela fica por baixo do meu e ja a escutei a falar alto, a ligar a tv alto. Trouxe muita coisa - louça inclusive. Tem carro, a Irma acabou de entrar com ela, o que me diz que e capaz de ser uma Britanica a brincar a independencia dos pais. A casa de familia e ao vira da esquina e chega mimada, com os habitos todos ainda sintonizados no fazer o que quer quando quer. A outra rapariga vai tirar-lhe o raid, com certeza. Para ja, estou no piso de cima e escuto-a a falar ao telefone no quarto dela, de porta fechada. Espero que esteja empregados e nao seja uma "a procura", daquelas que pretende um bom salario, mas realmente nao quer trabalhar.