Mudei de chinelos de casa dois meses antes de ir duas semanas de férias. Deitei fora os anteriores, igualmente de borracha, mas que já tinham um buraco na sola. Tive-os por uns 10 anos, viajaram comigo para outros países, pisaram outros banheiros e, para mim, davam perfeitamente para o propósito de tomar duche e andar aqui por casa.
Digo "aqui por casa" porque a minha situação de "casa" é diferente daqueles que a partilham com membros da família. Eu partilho uma com pessoas que não me são nada de sangue. E sendo assim, alguns hábitos e mesmo formas de estar, de ser, de agir em muito diferem umas das outras.
Já tinha adquirido os novos chinelos uns dois anos antes e, inclusive, usei-os ocasionalmente, dentro do quarto. Porém, algo me deixava apreensiva em os usar pela casa. É que teria de os deixar do lado de fora, à porta do quarto. Vulneráveis. Confesso ter duas razões para não ter mudado de chinelos antes. A primeira razão: é mesmo da minha natureza usar algo até mesmo ao fim. Se estou satisfeita com a coisa, não sinto o ímpeto de me desfazer dela, ainda que tenha chegado a um estado gasto.
O segundo motivo prende-se com o SABER com quem divido a casa. Em particular, a M.
O instinto murmurou sempre dentro de mim para não colocar os chinelos novos no lugar dos gastos. Mas em Abril deu-me para desfazer-me de coisas sem grande utilidade e, dia 26, foi a vez destes chinelos.
Havia encontrado em muitas ocasiões, os meus sapatos fora do lugar, como que se chutados. Por vezes logo após os ter ajustado. Ora era isso constantemente, ou os encontrava molhados. Pelo menos eu acho que era só água... Numa ocasião foi algo grudento, que "colou" a base do meu pé no chinelo. Detestei isso.
O meu quarto fica ao fundo do corredor. O WC é a última porta à direita. Meus chinelos em nada atrapalha quem entra ou sai desse espaço. Porque, ao sair, só podem virar à esquerda e os chinelos estão à direita. Só quem entra no quarto é que se depara com os chinelos. Numa ocasião percebi o quanto nada do que ela faz é "circunstancial" e tudo é intencional. Como aliás, já suspeitava.
Tinha acabado de descalçar os chinelos velhos, após sair do WC, e entrei no quarto. Tencionava sair novamente até à cozinha. Nesse curto espaço de tempo oiço de imediato a M. entrar no WC que eu tinha acabado de vagar e onde estive por apenas um minuto. Até isto não foi "circunstancial" - hoje sei. Escutei-a a usar a torneira profusamente, que nem uma doida. Depois saiu do WC e foi para o quarto. Quando abro a porta e vou para calçar os chinelos, estes estão molhados.
Este vídeo data de sete dias após ter trocado os chinelos velhos por novos. E mostra como despertei com barulho e fui ao WC para encontrar meus chinelos acabados de ser molhados.
Seria impossível que se tivessem molhado por "distração" ou "sem querer". Mesmo se a M. tivesse estado a "lavar" algo no lavatório do banheiro, os pingos de água nunca teriam atingido os chinelos - a menos que a pessoa tivesse, intencionalmente, ao invés de virar para a esquerda, se posicionado à direita, onde só fica o meu quarto.
Foi intencional. Um acto mesquinho, patético, infantil - que encaixa perfeitamente na personalidade da M. - uma narcisista.
Quando percebi que ela espalhava "porcaria" por todo o lado da casa e estava a repetir o padrão que se observava na cozinha no corredor dos quartos, encontrei uma forma de impedi-lo ao colocar os meus sapatos mais usados ordenados em fila contra a parede. Aproveitei que ela achava "bem" espalhar os dela aos montes perto da porta dela e o rapaz também os deixava do lado de fora, perto do quarto dele. Dava-me ligitimidade para fazer o mesmo. Sabia que ela até ia desejar barafustar, porque qualquer espaço livre que vê quer tomar para si. Mas, nessa altura, não pode. Senti que, com essa decisão de ocupar o espaço livre com os meus sapatos, "salvei" a zona do corredor perto do WC de invasão de lixo. Estava a ser frequente ela ali deixar coisas, por dias (embalagens vazias, panos sujos, vassoura, rolos vazios de papel higiénico e bacias).
Daí adiante os meus sapatos "misteriosamente" estavam sempre fora do lugar. Às vezes virados ao contrário, outras vezes sujos ou molhados. Os sapatos do rapaz, bem maiores que os meus e mais no caminho, porque ele nem os alinha totalmente contra a parede, ficavam misteriosamente intactos. O que revela uma acção intencional dirigida apenas aos meus. A M. também colocou o balde e a esfregona velha e porca a um canto desse corredor e impôs a sua permanência ali. Pegava na esfregona e passava no chão sujo. Depois, fazia com que a água suja e cheia de germes pingasse em todos os meus sapatos. Se é que, (ingenuidade) não era "pingar"... era mesmo passar a esfregona nos ditos.
Os narcisistas agem assim: exibem atitudes mesquinhas, são vingativos de forma obsessiva e agem como crianças mimadas, fazem birras por tudo e por nada. Assim é a M.
Resumindo, troquei de chinelos quase dois meses antes de ir duas semanas de férias para Portugal. Usei-os todos os dias, pela casa, tomei vários duches com eles, deixei-os sempre à entrada da porta. Nada de diferente aconteceu.
Fui então de férias, para a praia. Caminhei descalça pela areia, na arrebentação das ondas, na areia seca... por vezes calcei sandálias de borracha que havia comprado no ano anterior e que dão para usar dentro de água também. Em casa durante as férias, usei os mesmos chinelos de borracha que uso sempre quando estou naquela localidade.
Meus pés até MELHORARAM. Por já não ficarem horas de pé enfiados nos sapatos de trabalho. Suavizaram as peles duras, melhoraram as feridas... estavam a voltar ao normal. Ao que um pé de um não-trabalhador-sempre-de-pé deve de ser.
As férias acabam e regresso a casa. Calço os chinelos pela primeira vez para entrar no duche após chegar de viagem e começo a sentir ardor e comichão. Não faço muito caso mas a sensação é tão forte que vou espreitar e... tenho a pele toda seca exatamente na área de contacto do chinelo.
De imediato, uma suspeita "brotou" na minha mente... mas, como sempre, mandei-a para o subconsciente. Só que ela ainda lá está... adormecida mas viva. Ora se usei estes mesmos chinelos todos os dias durante quase dois meses, sem problemas alguns, no regresso após uma ausência prolongada, porquê ganho de imediato um misterioso problema de pele?
Nem sequer era queimadura. Porque não estava muito vermelho. Era apenas secura, com uma sensação de ardor e comichão. Como se alguém tivesse aplicado um produto qualquer no chinelo e isso tivesse criado uma reacção.
Faz mais de um mês que isto aconteceu e ainda tenho os pés com essa marca.
Acho que é permanente.
Não sei o que aconteceu nem do que se trata. Presumo ser uma bactéria. Dessas que não morrem. Minha mente, de imediato, por instinto, suspeitou que nada é uma "coincidência". Os chinelos ficaram vulneráveis.
A M. já demonstrou ser capaz de coisas assim. Tenho um vídeo onde ela, quando eu estou de costas viradas, vendo um pratinho meu com talheres dentro, finge estar ocupada e vai com a mão e derruba para o chão um dos talheres. Depois finge não ter percebido e ainda pisa em cima.
Infantil? SIM!
Mas é exatamente com pessoas deste género que todo o cuidado é pouco.
E como que para confirmar as minhas suspeitas, na mesma altura em que meus pés aparecem com esta estranha situação cutânea, a M. passou a não deixar os seus chinelos fora da porta. Quando sai de casa, os chinelos dela "desaparecem" do exterior. O que nunca aconteceu nestes quase três anos. Esta alteração comportamental como que confirmou as minhas suspeitas. Este nunca foi um hábito seu. Que o tenha criado agora, após eu suspeitar que contaminou os meus, para mim é como uma confirmação de que não estou a alucinar. É que este tipo de mudança comportamental corresponde ao padrão dos narcisistas: a REVERSÃO: eles agem como se fossem as vítimas dos seus próprios crimes.
Cometem os crimes e fazem-se de vítimas. Quando suspeitei que ela estava a entrar no meu quarto durante as minhas ausências e coloquei o telemóvel a gravar quem entrasse (misteriosamente "desligou-se"), foi quando ela começou a trancar a sua porta à chave quando vai ao andar de baixo. Para mim, que o tenha começado a fazer dali a diante CONFIRMA que de facto invadiu o meu espaço.
Mesmo sabendo destas coisas, temo que ainda não tenho precauções que cheguem.
A M. vive à custa de um empréstimo estudantil e de chulear pessoas. Mas ocasionalmente, arranja uma ocupação. Nunca dura muito. Geralmente arranja algo durante o Natal (durou duas semanas e acabou demitida pela sua "personalidade" e incompetência) e algo no verão. Portanto, apenas duas vezes ao ano! E nunca duram sequer três meses.
Recentemente ausenta-se pelas manhãs de terça e quarta-feira. Um bálsamo para mim! É pouco, mas é alguma coisa. Mesmo querendo arranjar um cargo de gerência (para o qual é a pessoa mais inapta que já conheci) é claro que vive num mundo só dela - porque não tem qualificações e, portanto, dificilmente vai obter o que pretende. Assim sendo, vê-se sem saída e regressa sempre ao que ela chama ser a sua profissão: "esteticista". Um rótulo que usa de forma enganadora, já que somente se dedica a fazer unhas. E quem faz unhas... tem de lidar, por vezes, com bactérias e fungos. Vai que ela "colectou" fungos de alguém e os deixou a "cozinhar" nos meus chinelos por duas semanas?
Gostava de concordar com alguns de vocês que, neste instante, estão a pensar que sou paranoica. Pois sim... venham viver com a criatura e logo descobrirão que todas essas histórias de "fantasia" que se vêm nos filmes têm a verdade como inspiração. A Glen Close em instinto fatal é baseada em factos bem reais. Alguém viveu aquele terror intensamente.
A solução parece simples, não é? Sair daqui e pronto.
Aprendi que não é assim. A diferença entre a M. e a Gordazilla (casa anterior) é que esta última era uma profissional na arte de enganar, mentir e seduzir. A M. é aprendiz por comparação. E falha logo no começo, quando as pessoas a conhecem, porque transmite "más vibrações". Não consegue esconder quem realmente é por muito tempo. A Gordazilla conseguia por uma vida inteira. M. é uma narcisista muito obvia. Embora eu tenha demorado muito tempo a chegar a este diagnóstico.
Prejudica-me a minha forma de ser. Pressinto o intuito de más intenções por vezes quase como se sente uma brisa, mas acredito que é erro meu. Quando algo mau acontece, ajo como se as coisas não fossem feitas com maldade, preferindo não julgar sem dar mais oportunidades e tempo para conhecer as pessoas. Nunca aprendi a ripostar. Não sei fazê-lo adequadamente. Para cortar os males pela raiz. Isso me torna suscetível a este género de predador e sujeita a repetir estas experiências onde quer que vá.
Quando desabafei com o rapaz cá de casa e lhe disse que estava a pensar mudar por não aguentar mais a perseguição constante da M. ele respondeu:
-"Não mudes. Se mudares sempre que encontrares alguém como ela estás sempre a mudar".
Recordando instantaneamente a casa anterior, concluí que era a pura verdade. Existe sempre "alguém como ela" onde quer que se vá. Ele sabia isso. Outros também. Eu ainda não havia aceite essa realidade.
Na casa anterior, nenhuma boa acção ou constante bom comportamento alterou esse desfecho inevitável. Minha pessoa foi atirada para a lama do fundo de um poço. Atingi um ponto que desconhecia na minha vida: duvidar da minha lucidez. Da percepção da verdade. Pessoas e acontecimentos que sabia terem existido, talvez tenham sido invenção da minha mente - esse género de sensação. Não desejo a ninguém.
Na casa anterior a estas duas, todos tinham sérios problemas com o homem que já lá vivia há 15 anos. Também agiu como um canalha comigo e todos os restantes. Fez-me passar por terríveis momentos, sendo a constante perseguição e vigilância mais um caracter ditador de regras que o próprio não segue o traço em comum deste tipo de gente.
Concluí por estas experiências, que existe sempre pelo menos um maluco em todo o sítio. Escuto as senhoras da limpeza dizerem que esta casa, que considero suja, não é "das piores" e fico aterrorizada com o que poderá existir por aí.
Em Janeiro muda-se cá para casa uma nova inquilina, que conheceu a M. de vista, nesse "emprego" de duas semanas que ela arranjou pelo Natal. A M., à minha frente, "falou" com ela como se fossem conhecidas e íntimas. Uma atitude previsível, que eu antevi quando fui de férias de Natal. Fez questão, como faz sempre, de aparecer sempre que escuta duas pessoas a dialogar e interrompe as conversas. É uma forma de impedir os outros de comunicarem entre si e controlar o que a rodeia. Não deixar que se criem laços e, com tempo, vai jogando um contra o outro. Não precisei sequer partilhar uma única história sobre a M. com a nova inquilina. Foi ela que abordou-me para desabafar as coisas que a M. lhe disse logo nos dias da sua mudança - estava eu ausente. Quis dizer-me que ela não regula bem da cabeça e nunca vai mudar. Só não sabe se ela percebe que precisa de ajuda.
Claro que não. É narcisista. Está tudo bem com ela e os outros é que não são tão evoluídos e inteligentes quanto. Acho que nem existe ajuda para pessoas assim.