quarta-feira, 27 de julho de 2022

Mistérios pela casa

 

Faz muito tempo que não comento nada sobre as minhas "domestiquices". Então cá vai: hoje encontrei uma pá na cozinha. Igualzinha a que comprei para a jardinagem. Interroguei-me para quê precisam os outros daquela pá. É que não me cheirou bem. 

Ninguém usa o jardim. E pás daquelas não têm outra utilidade. Muito menos na cozinha. Quando regressei de férias notei três coisas no jardim: beatas espalhadas pelo relvado - coisa que eu tanto temia, o vaso onde plantei cactos sadios na epoca da chuva estavam agora raquíticos e, pasme-se, um buraco. Localizado num canteiro selvagem onde ninguém passa, bem por detrás do vaso de cactos. 

Vi à volta terra remexida e decidi tapá-lo com ela. Não cobriu tudo, mas a maior parte. O resto coloquei folhas e ramos secos. Achei que poderia ter sido um animal - já que o jardim ao lado é visitado por raposas. 

Em dois anos, jamais vi raposas ou buracos no jardim. Mas não quer dizer que seja impossível. Este não é um jardim bem cuidado. Nem é plano. Quando me mudei pedi muito à agência para que cortassem a mata. Desde então a agencia envia um jardineiro com regularidade. Assim sendo, muitas vezes fico por lá, estendo uma coberta, levo um livro, faço exercícios aerobicos, simplesmente caminho ou sento-me a apanhar ar fresco. 

Mais ninguém faz isto. Não usam aquele jardim para coisa alguma. Uma surpresa que tenho constado em todas as casas onde morei: ninguém gosta de ficar no jardim. No máximo gostam de ir fumar para ele, ou  conversar. Plantar, regar, cuidar, ficar... não. Preferem o sofá, o conforto das quatro paredes. 

No dia seguinte a ter coberto o buraco, achando que a coisa ficava por aí, logo depois reaparece. Volto a tapá-lo. E quando regresso, está novamente remexido. Volto a tapá-lo. Desta vez certifico-me que coloco algo que indique se foi realmente mexido ou não. Ponho uma pedra dentro e vejo um pedaço de madeira solto que uso para colocar na abertura. 

Desde então o buraco mantêm-se assim.

Não foi só o buraco. Outros cantos no fundo do jardim, que serve como depósito de coisas descartadas, revelaram terra remexida. Uma coisa atribui a mão humana: a presença de uma garrafa de vidro dentro de uma caixa plástica onde coloquei um monte de pedrinhas decorativas que removi do canteiro da frente, quando lá plantei ervas aromáticas. Uma garrafa antiga, pertencente ao "lote" das cerca de 30 ou 40 que eu removi na semana em que para esta casa me mudei. 

Se estava ali, é porque alguém intencionalmente a colocou. E para a colocar, tiveram de andar a remexer porque eu recolhi todas que estavam à superfície da terra, também tirei as que apareciam debaixo das ervas, fui fundo no entulho, retirei algumas até presas no chão. Que tenham ressurgido garrafas é porque alguém as colocou ali. Beatas de cigarro ao lado delas já me indicam quem possa ter sido: M. 

Mas porquê? 

Bruxaria. É a única coisa que me vem à mente. Uma pá e um buraco. Velas que aparecem sempre queimadas e caídas pelo chão. Rituais do género é algo que ela faz amiúde. Disse-me que só faz bruxaria da "branca". A cor não sei, certo é que as faz. E deve dar certo, pois tanta vez vou para mencionar à agência certas coisas que ela anda a fazer e acabo por falar de outras menos significativas, ocultando as mais preocupantes. Para não falar das vezes que tentei apanhá-la em vídeo a fazer algo menos próprio, como seguir-me pela casa, estar despreocupada depois de activar mais uma vez o alarme de incêndio...  E os vídeos não mostrarem isso claramente. 

Hoje quando acordei e fui ao wc, vi uma folha enorme de papel de cozinha dentro da sanita. Tinha sido colocada no topo, estava seca. Temi o pior: que escondesse algo por baixo. Levantei-a para ver se se passava alguma coisa. Tenho motivos para isso: a M. entupiu a sanita há coisa de um mês. E pelos vistos, foi a segunda vez num espaço de semanas. Durante 3 dias a sanita permaneceu entupida. Até que eu comuniquei à agência e supliquei para que mandassem um canalizador. 

Como sempre eu chego de madrugada a casa vinda do emprego, uso a sanita, fiz a descarga e tudo funcionou muito bem. Sei disso porque eu sempre olho para o interior para me certificar que tudo está limpo. Fui dormir e quando acordei (ao meio-dia ou dez da manhã - não recordo agora), entrei no WC e vi três tipos de papel higiénico e também papel de cozinha no interior. Ora, isso não é normal. Todos enrolados, mesclados, como que se a entupi-la. Dei a descarga e a água veio ao de cima e não desceu. Percebi logo que a tinham entupido e tinham dado conta, mas decidiram fingir-se de "mortos" para que fosse outro parvo a ter de lidar com isso.

Voltei para a cama e não mais fui ao WC. As horas passaram. Aproximava-se a hora de ir trabalhar novamente. Eram talvez umas 21h quando a M fechou-se uma hora no WC. Sem fazer barulho. Depois tomou um duche e saiu. Começo a ouvir rabiscar e então abro a porta. Era ela a dizer que a sanita estava entupida. Estava a escrever um bilhete. 

Não me convenceu. Duvido muito, com a frequência com que sempre a vejo ir ao WC, tanta vez sem necessidade, só para espionar ou lavar louça que tem no quarto - duvido muito que ela não soubesse o que tinha acontecido. Eu acordei eram 10 da manhã e dei conta. Eram agora 21h. Em ONZE horas em casa ela não foi ao WC? E levou uma hora lá dentro para descobrir só no final que a sanita estava entupida?

A sua ausência só por si já denuncia a sua responsabilidade. O que fez foi aguardar que outros se deparassem com o cenário e agissem. Mas todos ignoraram. E teve de ser ela a "fingir" que fez a descoberta. Porque os outros trabalham longas horas fora de casa e quando estão dentro dormem de dia. Ela não. Não trabalha, não sai de casa. Que desculpa podia dar?

Fingiu que tinha descoberto mais de 12h depois de a ter entupido. Vou trabalhar, volto de noite. Tinha esperanças de encontrar a situação resolvida porque quando me fui, ela tinha-se fechado no WC e tinha vindo do supermercado. Vi uma garrada de "desentope canos" e somei 1+1. Achei que não ia resultar. Imagine se algo danificado por ela se resolvia despejando líquidos na sanita... Contudo quando regressei de madrugada, julguei que tinham solucionado a questão. 

Enganei-me. 
Fui dormir. Era talvez meio-dia quando acordei com vozes no corredor e barulhos no WC. O rapaz do andar de cima e a senhora da limpeza, falavam sobre a sanita entupida. Ele lhe pediu para tentar desbloquear e disse-lhe que tirou um grande pedaço de algo azul de dentro dela. Deve ter sido durante a minha ausência. Também contou que era a segunda vez. A primeira tinha acontecido quando me ausentei de férias para Portugal, duas semanas antes. 

Só isso já me iliba de qualquer suspeita. Por isso ao ver aquela folha gigante de papel de cozinha ali, tive receio. Papel de cozinha, wipes - que todos sabem que não se deve descartar pela sanita e são muito poluentes, tudo isso e mais coisas ainda, a M. despeja ali. Outra coisa que ela nunca faz é DAR A DESCARGA. Por isso, com ela aqui, nunca se tem o prazer, o gosto de ir usar a retrete e encontrar a água cristalina. Há sempre papel dentro. 

Hoje acredito que ela faz isto para esconder porcaria que deitou em primeiro lugar. 

Até a senhora da limpeza deparou-se com aquela cena e tentou em vão e muito desajeitadamente desentupir com um cabide de plástico. 

Depois disto pensei que tinham contactado a agencia e reportado o insucesso em desentupir a sanita eles mesmos. Precisavam de um profissional, como era obvio. Pensei eu que tinham tratado do assunto. Vou trabalhar novamente, faço um turno de 12 horas e quando regresso de madrugada, a sanita continua entupida. Com o cabide lá dentro e merda espalhada por todo o lado. 
Deduzi desde a primeira ocasião que tinham de imediato contactado a agência. Mas não. Enganei-me. Foi preciso 3 dias para o perceber. 

Tenho de ser eu. Lá escrevo um email a pedir por favor para que enviem um canalizador. Quando acordei nessa manhã, já funcionava. Para meu alívio! 

Os outros? Não se importaram mais. Não quiseram saber como a situação se resolveu. Estava resolvida e isso é que lhes interessa. Já nem queriam falar do assunto. Passaram a usá-la novamente com regularidade como se tivesse sido por "milagre" que aquilo se resolveu. 

Não!

Tive de chamar o "canalizador" - através da agência. Eles só sabiam discutir e mostrar desagrado e enfiar cabides pela sanita a baixo. Temos um senhorio para exatamente para este tipo de situações, por deus. Mas eles têm aquela mentalidade que sabem que danificaram e não querem que a agência saiba que danificaram mais uma coisa.  

No domingo de manhã, acordei e fui para o parque. Regressei a casa às quatro, tendo passado pelo supermercado. Visto que trabalhei sábado e só adormeci pelas 6 da manhã de Domingo, ter acordado às 10 não foi muito beneficial. Acordei porque as portas pelo corredor não paravam de bater

Quando entrei no WC vi a janela toda aberta. Esta abre como uma porta, para fora. Pelo que fica difícil de alcançar. Para voltar a fechá-la, é preciso me esticar toda e ver se consigo agarrar o manípulo. Desgosto ter de fazer isto, é desconfortável, tenho de ficar em bicos de pés, pressionar a minha barriga no lavatório e esticar ao máximo o braço, que tem de se desviar do monte de embalagens que a M. e o rapaz mantêm na berma da janela. Um gesto que não devia ser necessário, se soubessem manter o manípulo fixo numa das três posições disponíveis para ter a janela aberta sem estar solta. Um dos estrondos de porta a bater aconteceu por causa disso: corrente de ar porque alguém é demasiado preguiçoso e prefere abrir a janela toda soltando a manípulo. 

Eles sabem que aquela janela deixada aberta vai produzir ventania quando alguém no andar de baixo abre outras portas e janelas. O resultado é o vento empurrar a porta que fecha com um estrondo. Guess who sleeps ao lado da porta??

Vivi os meses de mais frio e ventania de inverno com aquele manípulo PARTIDO. Sim, eles também conseguiram partir o manípulo. Durante semanas, achei que tinham comunicado o problema. De noite, no meu quarto, tinha de colocar um cobertor extra, devido ao frio. Até então não sentia frio no quarto. Passei a sentir o quarto gelado e passei a ligar o aquecimento - coisa que nunca precisei fazer antes. 

Estava a ir de férias para Portugal quando decidi comunicar à agência aquele e outros danos. Na minha ausência estes foram arranjados. Agora o manipulo estava partido e a janela vivia aberta, sem se conseguir alcançar. Eu lá me estiquei, consegui fazer força na lateral e trazê-la de volta. Existe um trico e eu usei-o para fechar a janela. Mas eles vão e abrem de novo e eu desisti. Com a ventania, aquela janela batia constantemente na parede externa. Temi que o vidro se partisse. Tive de ser eu, que tinha regressado de férias e encontrado aquilo assim, a comunicar o dano à agência. Tal como comuniquei muitos outros. 

Tenho a certeza que foi a M. qe partiu o manípulo. Ela é que tinha o hábito de abrir sempre a janela, com uma certa postura de zangada. Só que ela é preguiçosa por demais. Nem sei se o termo é esse. Ela é... sem modos. Só sabe soltar o manípulo e empurrar a janela. Não é delicada ou atenciosa. É bruta. Selvagem. Concluí que é cigana. Só pode. Não querendo desmerecer quem é dessa etnia porque nunca tive qualquer problema nem nunca me pautei por descriminação. Mas existe uma terminologia comportamental que foi associada a eles e que tem razão de ser, por no passado também estes não revelarem hábitos mais civilizados. Sabia-se que não viam água para banho, as roupas nunca eram lavadas, faziam as necessidades pelas pernas abaixo e eram descuidados no geral. A M. é tudo isto. Pode tomar banho - isso toma. Mas em tudo o resto encaixa nesses hábitos nada civilizados. 

Ontem encontrei a parede da cozinha assim: 


Salpicada de gordura. Depois de ela ter estado pela cozinha a fazer imensos barulhos. De seguida subiu ao WC e ouvi os mesmos barulhos. Ruídos de quem está a usar a torneira para lavar coisas, não para lavar as mãos ou o rosto. Quando fui ao WC vi as mesmas marcas castanhas que salpicam a parede da cozinha a cobrir o armário por baixo, nas paredes, na sanita, no reservatório...

C I G A N A 

Com a pior conotação que a palavra tem. 

Já aqui vos disse que ela também deixa cair sangue menstrual pelo chão, não disse? 
Nunca na minha vida - e já partilhei casa com outras mulheres até mais novas, alguma vez vi tal coisa.  Nem sabia ser possível. No chão da cozinha, no corredor, no chão do WC. Tudo lugares onde alguém já avistou "pingos" suspeitos. Sempre pela altura em que ela está menstruada. Sabe-se logo quando é, porque aparecem marcas pela sanita, pelo chão e o tampo do balde do WC nunca fecha, sendo possível ver por fora aqueles pensos higiénicos mal embrulhados. 

Cigana. Não foi isso que disse? Na pior conotação que a palavra pode ter. 

PS: Se calhar é mesmo, porque foi criada na roménia. E agora vou ter de explicar que não considero todos os romenos ciganos não é? Que cansativo. Obvio que não pretendo maldizer todo um país por causa de uma indivíduo. Mas sabe-se que existem os "ciganos romenos", vi documentário a respeito e até respeitei uma senhora muito idosa que admitiu que ciganos como ela andam a roubar e fazem de tudo para se sairem bem. A M. pensa que é uma lady, mas comporta-se sem bons modos, é autoritária, desrespeitosa, suja, manipuladora, maldizente, faz bruxarias ou rituais (tal como os ciganos têm essa reputação) por isso... de cigana tem muito :De senhora bem educada? NADA.

terça-feira, 26 de julho de 2022

Compras não essenciais deixam remorso?

 

Não resisti em fazer uma compra. Passei no supermercado e senti atracção por uma... mangueira. Sim, amigos. Uma mangueira. 

Na realidade tivemos uns dias de imenso calor por aqui. Sendo que ficar no quarto estava a ser insuportável. Muito calor. Sempre a suar. Mesmo de noitinha. Ocorreu-me que, ao invés de atirar baldes de água para as telhas debaixo da janela do quarto, que repelam o calor para fora, devia era regá-lo com mangueira. Assim não ia ver a água a evaporar-se assim que toca a superfície.

Isso deu-me a ideia de comprar uma mangueira. Fui online fazer pesquisa e tudo. Mas depois entrei no supermercado e ali estava uma: praticamente o mesmo preço que online, mas mais acessível e de melhor qualidade. 

Comprei. Uma amiga me viu e brincou que estava a gastar dinheiro no que não devia. Se devia ou não não sei. Mas me fez voltar atrás e acabei por ir devolver a mangueira. Não antes sem experimentar ligá-la ao chuveiro a ver se dava. Não deu. É preciso uma ligação especial. 

Nesse mesmo dia mais tarde, volto ao supermercado e um empregado está a empilhar novos artigos de verão: piscinas insufláveis (que estive quase para comprar e usar a mangueira para encher) e lá estavam as mangueiras, muito mais reduzidas em número. Aquilo vendeu que nem água. 

Falei com o senhor a respeito de ser ou não possível conectar a mangueira a entrada do chuveiro. Explicou que sim, se comprar uma determinada peça de nome "borboleta". Se isso é possível ou não, não sei. Sei que online não encontrei nada a esse respeito. 

Disse a mim mesma que, se no dia seguinte fosse ao supermercado e ainda encontrasse mangueiras, comprava. Seria esse o "sinal" que me diria se devo ou não comprar a dita. Da maneira como estavam a ser compradas, achei que não tinha hipoteses. 

Volto ao supermercado no dia seguinte por um motivo qualquer e assim que entro vejo uma única embalagem. Não foi esse o "sinal" que tinha dito a mim mesma? Peguei, comprei, trouxe comigo, toda contente. 

Na realidade acho que é um artigo que é sempre útil. O empecilho é... não ter a minha própria casa, com o meu próprio jardim, para então a poder usar. Mas existem mais oportunidades - como a finalidade que me levou a conjecturar arranjar uma. 

Ontem voltei ao supermercado e enquanto procurava frango panado, vi um display só de jardinagem. Todos os artigos em promoção, visto estarem a querer se livrar do stock. 

Ainda por cima todos a combinar, todos numa cor verde que me cativou. Não ia para comprar mas... quanto custa mesmo dar um euro por um manípulo que a mangueira não trouxe? Existiam dois modelos, não sabia qual deles escolher... trouxe os dois. A pá, por 75 centimos e o springler - que achei imensa graça. Se funciona ou não, só a pressão de água o dirá. Mas imaginei crianças a rir e a divertirem-se com ele num jardim. E trouxe porque, por 1.25 euros não vou encontrar outro tão cedo nem tão em conta. 

Ao todo gastei 20 euros em todos os artigos. 

E vocês? Também são de comprar coisas com preço em conta para usar numa eventualidade?


domingo, 24 de julho de 2022

Domingo a passear num parque com um lago

 Estou num banco no parque.

Passam por mim duas criancas. A ultimà corre e grita: Daddy, daddy, wait!

E chega-se perto de um homem que me passou despercebido e estava perto da outra crianca.

Logo atras vem uma mulher. Empurra um carrinho de bebe que transporta outra crianca. E a mae delas tres. Mas o que lhe apanho é o semblante.

Esta com pessima cara. Nao esta feliz. O marido caminha bem distante, nao a aconpanha. Percebo entao que a energia entre os dois devia ser pessima.



Muitas pessoas passeiam no parque: amigos, casais, numerosas familias. Todos caminham lado a lado.
A seguir a eles passam dois casais na casa dos 40. Caminham os quatro lado a lado.

De seguida um outro casal, na casa dos 50. Estao de maos dadas. Algo que vejo muito aqui no Reino unido, principalmente quando se trata de casais idosos. ADORO ver.

Tambem me faz entristecer pela solidao terciaria que me aguarda. E subitamente tenho uma epifania: nao foi este o exemplo com que cresci.

Se eu fosse aquela mulher tambem nao estaria feliz. Qual o objectivo de passar o dia em familia no parque se o teu marido caminha distante de ti? E nem sequer empurra o carrinho ou transporta sacolas.

Conclui que, se um homem nao passeia ao teu lado no parque, se ele nao quer saber de te ajudar a carregar sacolas, ele nao sabe ser companheiro.

Minutos depois passam por mim  um casal septagenario. Ele a empurra-la a ela, que esta sentada uma cadeira de rodas. Suas pernas tremem sem controlo. Muito magra, visivelmente fragil. Mas ele cuida dela e continua a leva-la a passear no parque.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

Comida de fingir

 Do you want some gravy?


Fizeram-me esta pergunta no refeitorio do emprego. Automaticamente respondi que nao. Assim que a palavra me saiu da boca estava com duvidas. Se calhar as batatas assadas e a salsicha saberiam melhor com molho.

Molhos. Veio-me a lembrança o primeiro contacto gastronomico com esta cultura inglesa. O choque que foi entrar na cantina da universidade onde fui estudante Erasmus e ver uma quantidade imensa de molhos com aparencia e cheiro repelentes.

EU e uma amiga portuguesa sempre sentimos que nao conseguia-mos encontrar nada para comer.

Escolhia-mos sempre alface.

O tempo passou. E com ele a gastronomia foi sofrendo influencias. Os sabores genuinos a que nos habituamos na infancia estao a desaparecer. No seu lugar uma invasao de sabores artificiais, comida pre-congelada, criada ou modificada em laboratorios.

Enquanto a lembrança me vinha a cabeça, ia comendo as batatas, quase tao duras quanto uma pedra. E desejei ter escolhido molho.

domingo, 10 de julho de 2022