Metereologia 24 h

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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

É por aqui que vieste ao MUNDO

 


A DOR DO PARTO 

"O corpo Humano só pode suportar 45 unidades de dor. Durante o parto, uma mulher suporta até 57, o que equivale a 20 OSSOS quebrados todos de uma só VEZ.

Respeite o género feminino. Tome consciência do que nos diferencia e ame o amor capaz de suportar tamanha dor".


Encontrei esta informação na internet. 

O que acham?

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Tomara que fosse tão rápido....

 


Era bom se os traumas emocionais passassem tão rápido quanto as marcas de traumas físicos.


As feridas já estão a sarar. A pele regenera. Libertou a crosta e está cor-de-rosa. 

O hematoma que surgiu dias depois da queda, continua a pintar de castanho escuro a minha pele branca. Ainda não mexo o braço, mas tenho-o mantido em repouso. Conto que o osso partido esteja em pleno processo de fabricação daquilo que precisa para se voltar a unir. Não tenho tido acompanhamento algum da parte da fisioterapia ou do hospital. É "deixar andar" - dizem. 

Nunca parti um osso do meu corpo. Pelo menos oficialmente. Sem ser oficialmente, penso que parti o das pernas, quando era apenas uma criança. Num episódio que não quero contar por ter um elemento que me custa relatar.  

Vão-se as feridas, as crostas, talvez até fiquem pequenas marcas do trauma físico. Mas as dores emocionais... essas podem manifestar-se para sempre. 

Não devo ocupar o meu cérebro com coisas que me entristecem ou me deprimem. Já andei a lembrar de uma certa pessoa e devia saber melhor que isso. E em casa, pequenas coisas... pequeninas... já me estão a tirar do sério. Vou precisar ser frontal com as mesmas. Jamais passar pelos mesmos erros do passado - é a lição a tirar.

É impressionante a regeneração das lesões físicas. 

Gostava que as emocionais tivessem uma duração igualmente curta.  

sábado, 15 de agosto de 2020

E se a dor se conseguisse ver?

 Se as mágoas e sofrimento interior se revelassem por fora fazendo aparecer nodoas negras, o meu corpo estaria coberto dos pés à cabeça.  Como aquelas pessoas com muitas sardas.



segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Covid ou nao Covid? Continua a duvida.

Sao 5 da manha e vou tentar dormir para acordar as 7.30.

Dez minutos depois de ter escrito aqui respostas aos comentarios do ultimo post, envio uma mensagem ao rapaz da casa, para saber como se sente. Ouvi-o a vomitar no wc.

Nada disse (nunca diz) e por ser muito tarde nao o quis importunar pessoalmente. Desligo a luz. O primeiro dia de trabalho num novo emprego ia começar em poucas horas. E ainda tenho o noturno com que me preocupar. E muito importante descansar. Entre os dois, tenho apenas 4h para dormir e a meio da tarde. Nada mais.

Mais dez minutos e oiço a rapariga a sair do quarto para abordar o rapaz. Chamam o meu nome pela porta. Abro. Ela diz que temos de chamar uma ambulancia. Pego no telemovel e disco o nimero de emergencia: 999.

Nao vos conto mais nada, mas foi exaperante. Basta contar que a primeira chamada foi feita as 1.15am e a ambulancia apareceu as 4.00am.

O rapaz tinha dores no peito e dificuldade em respirar. Um provavel bloqueio numa veia perto do coracao. E talvez Covid. Quem sabe?

Espero que ele fique bem. É boa pessoa. A rapariga tambem. Louca, mas boa gente.

Se vim para esta casa existe uma razao. E ja gosto deles e me preocupo com o seu bem estar, mesmo que nao venhamos a ser grandes ou intimos amigos.

Estamos todos no mesmo barco e temos de nos ajudar mutuamente. Sem familia por perto. Se o covid aparecer nesta casaz terei de ser cuidadosa com a minha familia do outro lado do atlantico.

Mas vao ser estas as pessoas que terao de me auxiliar. E eu elas. Nao podia ter calhado melhor, diante da alternativa.

Bom, vou tentar descansar. Duvido que adormeça. O rapaz levou morfina, tomou aspirina e foi para a ambulancia amparado por duas paramedicas. Fizemos-lhe uma mala de roupa, metemos o passaporte e o telemovel com carregador. Espero que nos de noticias.

No meio desta comocao, como estamos numa casa e aqui deixa-se a porta aberta, as 4 da manha uma rapariga loura toda produzida surge do nada a pedir o telemovel para chamar um taxi porque o namorado deixou-a ali. Fria, sem querer saber da comocao, sem interagir. La dei o meu telemovel a uma estranha, que foi para casa de taxi enquanto o meu colega estava ligado a um aparelho cardiaco e a ser injectado com morfina.

Quando regressar vai ser mimado. Algum bem tem de sair deste mal. Aposto que e desta que vai deixar de fumar. Ele tentou, mas so conseguiu por 3 dias. Voltou a fumar em força e coincidiu nessa altura começar a ter pior aspecto. Fiquei preocupada e tomei uma nota mental para estar atenta.

Mas ele nao me disse hoje que estava com dores no peito. Tem-se mantido afastado, devido a suspeita da rapariga dele ter Covid.

Foi para o hospotal, onde esta a ser vigiado e espero que, bem tratado. O coracao dele nao estava a funcionar bem. Espero que consigam reverter isso e que ele nao fique com problemas.

O melhor que podemos possuir e a nossa saude. Bjs e cuidem-se.


domingo, 1 de março de 2020

Mensagem de Fé


Recebí no messenger uma daquelas mensagens: "passe a outro e verá que amanhã aquela questão vai resolver-se e o seu desejo será realizado. Em nome do anjo disto e daquilo".

Nos momentos de fossa profunda uma pessoa põe fé em tudo. Partilhei a mensagem, desejando que desse resultado.

É o dia seguinte. A minha mente sempre a levar-me de volta para ele. Um colega pede-me que acompanhe uma visita que está para chegar até a cafetaria. Subitamente pensei que seria espantoso se fosse ele a visita a aparecer-me na frente. Existia essa possibilidade pela profissão. Lembrei-me de imediato da mensagem partilhada que me garantia que nesse dia o que mais queria ia realizar-se. E é inegável: o que mais quero ainda é  lhe falar e estar com ele.

Surge-me então a pessoa. Não é ele. Claro, não podia ser. Era outro. Percebi que mais afável (o que não é nada difícil), uma pessoa mais doce e simpática. Ia fazer um turno de 15h. Só por isso sabia que não podia ser ele. Trabalho árduo de muitas horas, ele dispensa. Mas não enquanto esteve comigo. E isso fez-me acreditar que ele era muito melhor do que apregoava. Pelo menos vi-o assim.

É nele que os meus sentimentos e desejo ainda repousam. Praticamente 24h por dia. Que retrocesso, Deus Meu! Ainda estou para descobrir qual a finalidade disto tudo - se de facto é como dizem: existe um propósito para tudo o que nos acontece na vida. Penso nele e sofro horrivelmente. O pior é que sei, sinto, que tudo isto, estas emoções e sofrimento, não teriam razão de existir, caso tivessemos falado. 

É tão simples! Uma conversa. Franca, honesta, pontos nos "is". 
Porque será que o mais simples e fácil é o mais negado?
E porquê sofremos quando é tão simples deixar de sofrer? Temos na nossa posse ferramentas para a cura e todas começam com D I Á L O G O.

Sei que podia abdicar de todos eles (sentimentos), tivesse eu a oportunidade de falar sobre tudo isto com ele.

Suspeito que ele nem está mais aqui. Na cidade, nas redondezas até mesmo no país. 
Faz o tipo que coloca distância. Deixa de passar pelos lugares, é como se nunca lá tivesse estado. Nunca mais frequenta aquele sítio.

O que me dói quando o imagino a seguir feliz com a sua vida sem perder um segundo a pensar na minha, é saber que pôs-se a caminho de espírito confortado, porque eu ajudei-o a acreditar mais em si a todos os níveis. Encheu-se com a auto-estima que lhe dei e foi entregar-se a outro alguém.

Em troca, deixou-me de rastos.
E nem sequer lhe dá comichão.


Ser "boa pessoa" é uma MERDA.
Como não admirar as Rebeccas?

Na próxima encarnação vou ser uma bitch, uma cabra, uma sacana, uma besta, uma... Rebecca. 


terça-feira, 26 de novembro de 2019

Poema que não rima e não tem nome mas todos conhecem bem


Olhos tristes.
Vontade lânguida.
Ainda me é fácil deixá-los encher de água.
Que teima a cair.
Tristeza habita no meu olhar.
Bem que gostaria que assim não fosse, mas meu olhar se recusa a trair meu coração.

Vontade para as coisas, não tenho.
Ou tenho pouca, momentânea.
Preciso de as fazer - as coisas.
Mas elas não são feitas.
E quero fazê-las.
Mas elas não são feitas.
E quero parar de estar assim.
Mas nada acontece.

É patético - tento convencer-me.
É perda de tempo - tento convencer-me.
É ridículo.
Tento que as palavras me tragam alento ao coração.
E me tirem de vez desta situação.
É inútil.

Perdi a dor do desejo.
Ajudou.
Mas não perdi o resto da dor.
O que não ajuda em nada.

E cá está ela, a lágrima...


terça-feira, 19 de novembro de 2019

O que me ajudou a recuperar (do sofrimento)



Três meses de sofrimento diário e uma intensa dor que, não tendo origem física, é ainda mais devastadora e maléfica do que uma maleita na carne. Dia e noite, qualquer instante de consciência, foi passado a pensar nisto. A senti-lo. A disfarçá-lo quando em público com pessoas conhecidas, a senti-lo intensamente a cada distracção dos seus olhos. A chorar por ter soltado um riso e estar triste. 

Pensei que não ia parar nunca. Mas rezei para que isso acontecesse. Orei a santos, a Deus, a Jesus, a Maria, a várias Nossas senhoras, aos pássaros, às árvores, às flores, ao vento, à chuva, ao sol, ao mar, à lua, às estrelas, às nuvens, ao céu, aos gatos vadios que me miravam na rua... Fui a igrejas, acendi velas, orei, pedi, supliquei. Supliquei muito, com muita fé, angústia e desespero.

Mas por algum motivo, não estava a surtir efeito. Ninguém me escutou, nenhuma mezinha resultou. Era suposto sentir-me assim por quanto mais tempo? Talvez se ele se dignasse a aparecer e me contasse o que lhe deu, talvez só assim passasse. Mas ele não o ia fazer. Sabia disso. Restava-me continuar a orar, mas também isso não estava a resultar!

Na noite de terça-feira passada, chovia bastante e decidi ir a pé a hora e meia do emprego para casa. Chuva, vento, o caminho todo em lama, pés e pernas ensopados... nada disso me afectava. O meu pensamento estava nele e só nele, como sempre. Como água que escorre para terreno mais baixo. É inevitável.

Mais sofrimento, mais lembranças, mais e mais dor! Parecia que não ia terminar nunca. Três meses haviam passado e eu nisto! Queria que terminasse. Se ele não vai aparecer-me à frente e dignar-se a conversar comigo, então que algo me fizesse esquecer que ele alguma vez existiu! Que me desse uma amnésia selectiva e pudesse esquecê-lo a ele, só ele. A dor, tão intensa, fez-me novamente rogar, suplicar, pelo fim desta emoção tão dolorosa.

Foi então que dirigi as minhas preces diretamente a pessoas de quem muito gostei e há muito partiram. E disse do fundo do coração e cheia de emoção: "Por favor, (....), acaba com isto, faz com que a dor pare!" "Por favor, (....), não posso mais com este sofrimento! Faz com que pare!".


Talvez um minuto depois, por uns instantes, consegui perceber uma mudança. Ténue. Mas senti-a. Por uns instantes, o meu pensamento voou para outro lado, deixou de se fixar nele. E isso foi o sinal. A dor, ainda que presente, pareceu pela primeira vez, que ia transformar-se em não dolosa. Ia ser ultrapassada.

Foi há uma semana. De lá para cá, continuo a tê-lo na minha mente quase 24h por dia. Ainda faço "filmes" sobre o que poderá acontecer caso o encontre e lhe consiga falar. Mas tenho agora pequenos e breves instantes em que o consigo afastar. Não totalmente, mas do consciente ele passa para o sub-consciente e mantenho-o lá o máximo de tempo que conseguir.

Segunda-feira pela manhã, ele acordou comigo e logo com intenções de dominar-me o pensamento e encher-me de mais uma sessão de "porrada" emocional. Mas quando desci para a sala, a paz e o sossego que lá senti, fez-me querer ficar por ali. Senti que o quarto está povoado de lembranças e era o pior lugar para me enfiar. Fiquei pela sala, onde estava a sentir-me bem. Mesmo quando outros logo apareceram para marcar lugar, esperando que saísse dali, não o fiz. Se voltasse ao quarto, ia fazer o mesmo que na véspera: a clausura ia fazer-me pensar, sentir, chorar e ia terminar a desabafar horas em vídeo tudo o que quero dizer. Não queria isso. Já tenho uns 100 vídeos... Precisei contar esta história em voz alta, contar o meu ponto de vista, o que penso, o que sinto. Não para alguém, mas para mim mesma.

Ainda não estou curada, mas sinto que também já não estou totalmente presa. Começo a pensar que sou alguém e preciso cuidar de mim. Não por dor, mas por merecer. Por ser uma pessoa, por já não ter muito tempo de vida na terra, e por isso ter de aproveitá-la melhor, para ser feliz, não miserável. Já chega de tristezas. Esta dor também irá ser (mais) uma que vai passar (?). Espero não esquecê-la, para que possa aprender a não voltar a cair em nada parecido. Mas quero, sinceramente, começar a viver a vida pelo prisma oposto àquele que me é mais oferecido: O sofrimento. Quero explorar as alegrias, o bem-estar, a felicidade.

Tenho esta dor como entrave e muitas outras contrariedades também. Mas faz parte da vida. Não se pode deixar que nenhuma delas tenha mais importância ou se sobreponha à vontade/necessidade de se viver feliz.

E acredito mesmo que "eles" é que me ajudaram.
Eles escutaram-me. E logo a bondade neles se compadeceu.
Onde estão só há amor e amor é o que sentem por mim.

Temos de nos sentir abençoados.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Fiz uma(s) coisa da qual me arrependi


Por vezes tenho impulsos, gerados pela indignação ou outro sentimento profundo.
E isso leva-me a agir impulsivamente, parece fazer sentido na altura - mas segundos depois, lamento ter agido sem pensar e o meu lado racional toma conta e acalma a ira, a noção de intolerância para com a injustiça.

Uma coisa que me arrependi de fazer - embora não tenha realmente feito nada - é mal a mim mesma. Em várias ocasiões na vida, fustiguei-me devido ao quão profundo estava o sofrimento. Os métodos são tão banais e comuns, que ninguém percebe. Passou por ficar uma década a marcar o rosto com cicatrizes. Mas ninguém percebeu nada, porque essas cicatrizes confundiam-se com acne e eram criadas pelo impulso de espremer os poros durante horas e horas. Davam-me muitos conselhos, mencionavam o estado do meu rosto, mas não percebiam a origem - para mim tão obvia, nem eram capazes de entender que nada ia impedir-me de "tocar no rosto". Tinha-se tornado uma necessidade proporcionada por sentimentos de angústia diários, com origem nas atitudes de algumas pessoas mais próximas e sabia que não ia abandonar-me tão cedo. Mas eventualmente, iria.  

As pessoas estão preparadas para escutar "corta-se com uma lâmina" ou "usa um chicote nas costas" - coisas que os filmes mostram. Mas não são tão hábeis para detectar o mesmo em gestos corriqueiros que os filmes não trazem a lume. Até mesmo drogas e álcool - podem ser sintomas de um mesmo problema. 

Há poucos dias, sem dar conta, ou melhor, sem pensar e sem ir até ao fim, por impulso comecei a traçar marcas no braço pressionando com força um objecto afiado e movendo-o sobre a pele. Não cortei, só senti a pressão, e mantive-me a fazer isso até que pareceu aliviar a angústia. Não pensei mais no assunto, foi só uma coisa impensada e sem qualquer intenção de ser flagelo. Mas está ali na barreira e só dei conta depois. Quando senti o braço a incomodar-me e surpreendi-me por estar com marcas vermelhas. Vão demorar a desaparecer. Estas não podem ser confundidas com acne. Posso sempre dizer que me arranhei, ao mexer no mato no jardim e no emprego. Aliás, é costume sofrer cortes de lâmina e papel de tanto manusear os instrumentos de trabalho. Ninguém pensa muito nisso e o quanto é impressionante que uma folha de papel possa cortar tão profundamente que te vai sangrar. 

O problema é mesmo esse. As pessoas não pensam duas vezes quando se trata de magoar os sentimentos dos outros.

Outro impulso que tive mas logo a seguir fui desfazer, prende-se com algo mais "malvado". Numa ocasião de revolta com o cinismo e malícia cá de casa, pensei comigo mesmo: "vão comer merda!". Estava a sair do WC, incomodada até fisicamente com este ambiente e subitamente pareceu fazer sentido. Cheguei perto de realizar o meu intento, mas depois travei-me. A pensar no absurdo. Eu não sou assim! Eles não iam fazer-me rebaixar a esse ponto.  

Por vezes quando continuam este bulling mascarado, por um milésimo de segundo sinto que devia ter ido até ao fim. Que comessem merda, literalmente! Seria cá uma "vingança"!

Alguma vez se vingaram de alguém com requintes de malvadez?
Contem tudo!!!
Quero e preciso saber.

PS: Não dêm muita importância à parte da fustigação, é tão ligeira que só os profissionais classificariam-na como tal.


Contem tudo! Hoje é o Halloween e até caem bem histórias de horror, nojo e medo eheh.


domingo, 22 de setembro de 2019

O homem do supermercado telefonou!


Estava eu na maior depressão, a sofrer de desejo, de rastos como se calhar conseguem imaginar. Tenho passado as semanas a tentar afastar estas emoções de mim, até já orei, fiz simpatias, mas assim que desperto, o meu cérebro leva-me de volta para a saudade. 

Decido enroscar-me no cobertor e dormir. Talvez passe o desânimo. A dor.
Nisto toca o telefone. 


Atendo. 
Na véspera ligaram-me no preciso momento em que também estava mergulhada no pico do sofrimento e saudade. Atendo na esperança de ser alguém que faça a diferença. Mas é uma chamada a perguntar "se estive envolvida num acidente de automóvel no qual não tenho responsabilidade".


Oh, Please!!! - exclamo em dor, e desligo a chamada.
Desato num misto de riso e choro. Riso por ter piada, choro por estar a rir e estar a sofrer.

Atendo mas não escuto nada. Desligo a chamada e voltam a ligar. Atendo. Não escuto nada novamente. Até que percebo que isso se deve ao facto de ter colocado os auscultadores. Removo-os e uma voz masculina de início imperceptível diz algumas palavras.

Ultimamente a únicas chamadas que recebo são todas relacionadas com empregos. Já nem imagino que me possam ligar por outro motivo. "Ele" não me vai ligar. Deve até ter apagado o meu número dos seus contactos. Portanto era mais um outro frete qualquer.

..."das promoções no supermercado. Estivemos a falar. Pedi-te o teu número de telefone e fiquei de te ligar".

Só uma única vez dei o número de contacto a alguém - foi ao tipo que há dois meses, mo pediu no supermercado. Já relatei a história neste post. Ele ficou de me ligar no fim-de-semana, de tarde, para irmos jogar ténis. 

Só que não o fez. Nem no fim-de-semana seguinte. Eu que estava relutante em aceitar por perceber que as suas intenções envolviam romance e até lhe confidenciei coisas privadas do foro íntimo para o fazer entender a alta improbabilidade disso vir a acontecer, não fiquei muito desapontada. Ele insistiu e quis saber: "Então se conheceres um tipo e desenvolveres sentimentos por ele, o que vais fazer?" -perguntou ele. Respondi: "Não sei. Tinha de passar por isso para saber".

Estava tão longe de sequer conjecturar essa hipótese!!!!!
E olhem agora onde estou. 

É tão surpreendente que se fosse a contar a alguém (que não vou), não iam acreditar.

Falo com o Jason (assim se chama) na boa. A conversa continua a sair fluída e sincera e frontal, como eu gosto. Perguntei-lhe se se lembrava do que me perguntou. Ele lembrava-se de muita coisa da conversa e rapidamente percebeu ao que me referia. 
-" Deves ser bruxo... porque... aconteceu.". 
-"O quê? Já tiveste sexo com um gajo?!?".

Entre explicar que foi totalmente surpreendente, não estava nada à espera por estar convicta que jamais ia voltar a envolver-me com alguém, ele revelou que achou que fui rápida demais e não esperei por ele. (??).
Voltei a relembrá-lo: Sessenta dias... Estás a ligar, mas passados sessenta dias!". Disse-me que o desapontei porque afinal não esperei tempo algum. Voltei a relembrá-lo: Sessenta dias!. Em que não deu notícias, não mostrou interesse, deixou de aparecer no supermercado. Que não me viesse dizer que achava normal que uma pessoa que tentou engatar esperasse 60 ou mais dias pelo telefonema que devia ter feito no fim-de-semana.
Mas eu estou a cumprir a minha palavra - diz-me, engatatão. Ao que lhe faço lembrar: "A tua palavra tinha um prazo. Disses-te que telefonavas no Domingo, à tarde". - digo em voz de brincadeira. 
-"Quis dar-te tempo. Percebi que estavas a colocar muitos obstáculos e que precisavas de pensar. Se eu tivesse te ligado logo, o que é que fazias? Não ias atender."
-"Ia."
-"Se eu tivesse ligado-te no Domingo, atendias?"
-"Sim".
-"E saias comigo?"
-"Sim".
-"Então e quando o Domingo chegou e eu não liguei, o que é que pensaste nos dias seguintes? Que eu deitei o teu número de telefone imediatamente no lixo?
-"Pensei que podias ligar no fim-de-semana seguinte, ou que podias ter mudado de ideias e deitado o contacto fora". 
-"E se me visses no supermercado. O que fazias?"
-"Se te visse no supermercado cumprimentava-te e perguntava: "Então, e esse telefonema?".
-"Mas onde e quando conheceste esse tipo?"
-" Há coisas de cinco semanas" "No emprego".
-"Cinco semanas?!? Mas isso foi quando me conheceste!"
-"Não sei. Não ando a contar... Mas não aconteceu há cinco semanas. É recente, foi gradual... "
-"Não esperaste pelo meu telefonema! Abriste logo as pernas. Sabes qual foi o mal? Foste para a cama com o gajo errado. Devias ter ido comigo".  

Ele ter-me dito que escolhi o gajo errado não me caiu muito bem. Quem se julga que é para saber? Mas deixei passar. Em honra da franqueza que logo se estipulou no primeiro contacto. A conversa estava a ser honesta e estávamos a usar termos honestos.

Ele entendeu que não sou de ir para a cama por dois tostões. Nem por um milhão. Tem de existir uma atracção e cumplicidade, caso contrário tudo me repele. O que estranhei foi ele insistir que cumpriu a palavra dele e fui eu que não fui correcta. Disse-me que nem tinha deitado fora o meu contacto, e isso provava que estava a conceder-me tempo para me habituar à ideia. (?? a sério? Acha-me burra?). Disse-me diretamente: "Eu é que era o gajo com quem tinhas de ir para a cama. Fui eu que te abri a mente para essa possibilidade e tu foste abrir as pernas a outro". 

Opah... 
A coisa só entrou em desacordo quando ele repetiu isto e notei que não foi com ligeireza. Disse-me que não esperei tempo algum e fui logo abrir as pernas ao primeiro que "avançou por ali a dentro". Ao que lhe respondi que eu não era assim: "Não sabes quantos gajos andam a tentar, quase diariamente..." ele corta-me a palavra, concordando, e com esta simples afirmação convenceu-me:
-"Eu sei! Eu sou um gajo".

-"Foi especial" - voltei a mencionar, sem querer entrar em descrições. Quis evidenciar que não cortei o celibato por um motivo frívolo qualquer. Mas por um sentimento que brotou onde julguei que não havia mais lugar por a terra ser árida e infértil. 

E também lhe disse, já que insistia que o decepcionei por não esperar por ele (é mesmo um sedutor!), se durante esse tempo ficou trancado em casa na companhia do gato.

Ficou um pouco irritado mas eu expliquei que era uma brincadeira. O ponto de vista estava claro, parece-me.

Tive de me despedir dele e pedir para que terminássemos a conversa. Penso que já não me vai ligar. Mas fiquei contente que o tivesse feito. Mostra coragem. Ao fim de tanto tempo - e depois de não ter cumprido a palavra - é preciso tê-los no sítio para pressionar o número e ligar. 

Porém também fiquei com uma ligeira impressão de "ALERTA". Então ele não liga, não aparece, não mantém o contacto, não nos relacionamos de todo, deixa que se passem mais de dois meses e cobra-me fidelidade? Essa de ter sido apanhado numa falha de palavra e querer reverter tudo para o papel de injustiçado, cuja pessoa a quem ficou de ligar não esperou por ele ao final de 60 dias... até dá para rir. Mas ele estava a falar sério nessa parte e aí senti um alarme baixinho a soar dentro de mim. 

Mais uma vez reconforto-me por fazer questão de, por mais que simpatize com alguém, nunca lhe dar a conhecer onde moro. 

Só existiu uma excepção. Porque ele foi inteligente, tão sereno e confiável ao passar-me o telemóvel para colocar o endereço no Google Maps... Nem me passou pela cabeça que tivesse segundas intenções. (Embora tivesse passado não digitar o endereço...).

Nesse sentido não sinto perigo vindo dele. Provavelmente nunca mais vai querer passar pela porta. Quem sabe? Não o entendo, afinal. O que sei é que estava mergulhada numa depressão sem tamanho! A questionar-me incessantemente, desde o despertar até o adormecer de exaustão e dor. Porquê!?? Que lições tenho de tirar daqui?? Pedi a todos os santos que metesse alguém realmente bom no meu caminho, merecedor.

Toca o telefone.
O inesperado telefonema do Jason não podia ter vindo em melhor altura.
Acabou por ajudar-me a afastar três semanas de uma dor dilacerante.
E fez-me pensar que tenho de tirar daqui uma lição.

Será que é Deus a querer dizer-me que existe mais peixe no mar?
Que devia lembrar-me disso??

Mas não creio que o Jason seja o "merecedor", a pessoa certa.

Também, inesperadamente, ontem de noite, ligou-me um amigo que só liga de vez em vez, quando tem uma novidade. É uma pessoa que também se deu a conhecer assim, sem amarras, de coração aberto. Não temos intimidade de contacto, mas falamos com o mesmo tipo de abertura e sinceridade como se fossemos amigos íntimos. Já somos amigos "de há muito tempo" - vai por volta de 12 anos. Mas não do género "vou à tua casa, tu à minha" contudo, convidou-me a aparecer por lá ao saber que ia viajar para Portugal. E sei que estava a ser sincero. Isso agrada-me.

E isto é OUTRO SINAL.
Que tenho de aprender a ler.

Existe quem goste de nós mas não está presente todos os dias.
Este amigo tem o dom de me fazer sentir bem sem se esforçar, só por ser como é e mantermos uma conversa normal. E também ele ligou inesperadamente, num momento de profunda depressão e desespero.

Já é a segunda vez que me faz isto, sem sequer suspeitar.
Deve ser a providência.

Quanto ao Jason, o seu telefonema acabou por fazer-me um bem imenso.
Estava a ser disputada, ahah!
Passados mais de 60 dias do que imagino terem sido outras investidas frustradas, achou que ainda encontrava aqui a "sobresselente" para provar. Ai, ai... Fez-me gargalhar de espanto.

Senti-me de imediato melhor.
Espero que a sensação dure.



PS: Se o Jason ligou passados 60 dias com interesse por mim, quem sabe ele não ligue também?
Mas aí já estou a alimentar esperanças. Não quero fazer isso. 
Gostei do Jason mas obviamente não me envolvi com ele, nem com ninguém que tivesse mostrado interesse nisso entre ele e "ele". Ter convivido diariamente com "ele" e tê-lo visto transformar-se em algo que me agradou dia para dia foi o que fez com que desenvolvesse sentimentos. Prestativo, atencioso, acanhado, insinuador e algo hesitante... pronto a agradar. Mas também volátil. Por vezes frio. Precisava ir lá aquecê-lo até vê-lo sorrir. Isto fez com que fosse possível nascer sentimentos especiais. Não. Não vou alimentar esperanças. Não posso. É idiota da minha parte. 




domingo, 17 de janeiro de 2016

Sorri

Um post num blogue fez-me recordar... 

Eis uma melodia (e uma lírica feita 20 anos depois) que me tocam muito.
Partilho-a com vocês.
Para que possam também tirar dela ESPERANÇA e força para lidar com os percalços da vida.


Versão em português


Assim que escutei esta versão, composta principalmente do meu instrumento musical favorito, imediatamente lembrei-me da música do filme "Dança com Lobos". É do mesmo compositor, John Barry.

domingo, 13 de outubro de 2013

A morte e a hipocrisia

 "ao menos respeite os mortos".

Não gosto deste chavão que se escuta cada vez que se sabe do falecimento de alguém. Acho que as pessoas, algumas pessoas, aproveitam-se da situação e usam o morto. Parece impor-se uma espécie de contenção e anda-se a pisar ovos, com receio de qualquer coisa que se diga, faça ou pareça fazer possa ser mal compreendido e disso conduzir a se escutar uma tirada destas.

O espírito crítico não pode ser revelado. Tem de ser oprimido. Se alguém erra mas é aparentado do falecido, não se pode abrir a boca. E depois existem os choros. Alguns de situação, que mais parece que a preocupação de quem os tem é ser julgado se não os tiver. Entendo o respeito, acho até que sempre tive bastante deste sentimento em mim, mas não entendo estas pequenas coisinhas que agora não consigo bem explicar.

E existe também um prazer mórbido. Que faz algumas pessoas desejarem serem as primeiras a trazer a notícia, a espalhar aos quatro ventos algo que é tão pessoal e tão íntimo... Que querem é ser politicamente correctas, nem que para isso tenham de ser inconvenientes e injustas.

 Acho que muitos se aproveitam para demonstrar uma falsa indignação e um falso sentido de correção. Quando não mesmo para receberem atenção e pena. E a expressão "respeite os mortos" como que revela e legitima isso, tal é a banalidade e a "ocacidade" com que tantas vezes é pronunciada.

Na morte parece que existe também um comportamento de HIPOCRISIA. Por qualquer coisa, uma atitude, um gesto, uma palavra, uma crença, alguém gosta de se armar em detentor da moral. E o que tantas vezes é irónico é que os primeiros a dizê-lo não têm tanto respeito assim, seja por mortos ou por vivos. Só depois de passar o funeral é que as pessoas acham que já se pode voltar ao que se era. E a crítica volta a ser aceitável. Já está enterrado, já podem falar o que quiserem... e até faltar ao respeito.
 
LOL. Percebem o que quero dizer?


segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Mortalidade aponta para o viver a VIDA

Não sou pessoa de ter experimentado muitas perdas para a morte. Só mesmo há seis anos é que se foi a primeira pessoa a quem era próxima com uma regularidade diária e foi esse o momento em que senti pela primeira vez, o «peso» do luto.

Já havia perdido meus avós paternos muitos anos antes mas o sofrimento foi diferente. Custou, mas foi aceite como uma consequência da vida e da idade. A distância e, creio que a juventude, não permite que nos prendemos em grandes reflexões. A vida "continua"... Senti muito mais estas perdas pela tristeza de meu pai, por lhe observar a sofrimento, do que tanto pela minha, pois acredito que custa mais a um filho. A história de vida que estes dois indivíduos partilhavam em comum é diferente e assim o demanda a "lei" dos afectos.

Como explicava, considero o "primeiro" contacto com a perda de um ente querido aquele que vivi há seis anos. E desde então voltei a viver outro, o ano passado. Não foi preciso nem um instante nem mais experiências para concluir que, cada caso é um caso. É, por comparação, como uma gravidez. VIDA e MORTE são únicas para cada indivíduo. Nunca são iguais. Não se sentem iguais e não se vivem de igual modo.

Mas uma coisa também aprendi logo: quando um avó nos falece e nós somos adultos, é quando, pela primeira vez, começa-se a reflectir na própria mortalidade. Até então, diria que a natureza faz o ser humano ser um pouco alienado dessa realidade. Ah, ele a conhece, pois claro que conhece! Sabe que existe e que é inevitável. Mas também a sua chegada é hipotética e longínqua  A probabilidade dela ocorrer lá no fim da vida, daí a muitas décadas, é quase como que imaginar o hipotético. A juventude vem carregada com tanta força vital, que enquanto jovens nos concentramos mais na conquista da vida. Estamos demasiado ocupados em tentar nos entender no meio dela, para reflectir demasiado no assunto da sua perda. A noção existe, o assunto é abordado, mas tudo é ainda no campo "hipotético"...

Mas quando alguém falece e nos é próximo, isso muda. Ainda mais quando já temos uma boa idade para entender. E é quando se sente que uma página FOI VIRADA. Agora, TU estás mais perto desse outrora LONGINQUO destino. Ocupado que estavas com a escola, com a puberdade, com a entrada para o mundo adulto... Percebe-se, muito de repente, que o tempo passou e que estás um degrau acima na sucessão. Só uma geração te separa do tão falado momento. Tão "hipotético" que este tinha sido até então na vida da pessoa.

Nesse instante, pensar na própria mortalidade ainda não assusta tanto quanto irá certamente assustar. Ainda não ocupa tanto o pensamento quanto um dia irá ocupar. A mortalidade "que se segue", quando a natureza segue o seu rumo sem "baralhar" as cartas, é a dos pais. E a PERDA destes passa de forma fugaz pelo teu pensamento. Mas passa a ser mais "material". A consciência que um dia um deles ou os dois te vão faltar, no sentido de não estarem mais cá, passa quase que a ter "carne". É como se pertencesse ao estado gasoso e começasse a passar ao líquido. Um dia passará a sólido e depois a constatação. Nessa altura, quando passar a constatação, outra constatação certamente se materializará: envelheci. O tempo passou. A juventude se foi e a maioria da minha vida também. O que me aguarda? A morte. E nela irei pensar muito mais vezes...

Sentindo que a morte está mais próxima, certamente que isso me fará dar mais valor ao milagre da vida. E a desejar ter tido um pouco mais dela, mais nova, para poder viver com esta renovada sabedoria os anos que passaram e não voltam mais. Conclusão a que provavelmente chegarei:
Porquê desperdicei tanto tempo desta maravilhosa vida??