Eu acho que sou um pouco. Mas não na perspectiva de quem deseja voltar atrás, mas na de quem aprecia as histórias que os lugares, pessoas e objectos carregam. E é por isso que vou sentir saudade do antigo cartão de identificação Português - o tão conhecido BI (Bilhete de Identidade).
Nenhum miúdo nascido neste século XXI sabe o que é um BI e contudo é uma expressão tão fácil e familiar a tantos. Mas não a eles. Eles conhecem o cartão de cidadão e nunca foram portadores de um BI - aquele cartão de papel plastificado grande, que levantou suspeitas a grande parte das autoridades a quem o mostrei aquando viagens em aeroportos e entre países desenvolvidos Europeus. Inesquecível a incredulidade de um fiscal Francês, que suspeitou do cartão de identificação que lhe mostrei. Nunca tinha visto um. Estava a duvidar. Logo em França! Onde a comunidade portuguesa é significativa. Ou no balcão de check-in da KML no aeroporto de Amesterdão, em pleno 2005. É caso para dizer que o atraso e o desconhecimento anda por toda a parte e mesmo em profissões que não o deviam ter :)
E são por "coisinhas assim" que sinto pena que algumas coisas acabem. Mas a vida é assim mesmo. Meus avós tiveram de se acostumar ao BI, meus bisavós então nem sei se chegaram a ter um (eu bem que procurei) ou se apenas eram detentores das Cédulas Pessoais, e agora as crianças nasceram já portadoras do Cartão de Cidadão. A pesar de terem surgido em 1914 (fui agora pesquisar e a quem me lê é «obrigatório» visitar o blogue onde recolhi a posterior informação), só começaram a ser obrigatórios em 1927 (para quem trabalhava aparentemente) e só em 1970 é que os BIs começaram a ter o aspecto que agora ainda lhes conhecemos: grandes e em papel plastificado. Meus avós ainda tiveram uns escritos à mão, mas rapidamente passaram a ser dactilografados.
E pronto. É esta a história "saudosista" que me apeteceu deixar aqui hoje para quem me lê. No fundo, é só um registo, um "adeus" a algo que se vai e que merece por isso mesmo, receber uma "homenagem". Adeus BI... a vida agora é electrónica e tu não cabes mais nela. Adeus «amigo», que tantas vezes precisei de ti para me matricular na escola e que ainda muito me acompanhaste, junto com o cartão em papel branco de eleitor, para que pudesse votar em quem escolhia para governar este país. ;)
Bolas, tu sabes como deitar uma ALien abaixo! :(
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