segunda-feira, 31 de outubro de 2022

A detestável

 

18:39: Entrei em casa para tomar um duche. Subo as escadas e pretendo ir logo tomar banho. Mas primeiro, descalço-me e abro a porta do quarto para lá deixar a mochila. 

Não dá tempo. A M. abre a porta do quarto dela e aparece atrás de mim, a segurar uma toalha de banho. 

Entro no WC com mochila nas costas e tudo. 
Que mania ela tem de esperar ouvir uma pessoa chegar para ir tomar duche!!

É uma sociopata. 

Não estou para permitir que aquela gaja continue a agir como dona da casa. 

Cada vez que ela percebe alguém entrar, corre para usar tudo: o WC, a cozinha, as máquinas... 

Querem-me convencer que ela, estando o DIA INTEIRO sem fazer nenhum só precisou tomar banho quando me ouve chegar? 

Claro que não! Ela faz sempre isto. 

Continua a bater com as portas. Excepto aos Domingos, claro. Que é hoje! (foi). Sabem porquê? Porque mete um gajo cá dentro. AI ELA REVELA SABER MUITO BEM como fechar uma porta sem ser com estrondo. 

Por isso me irrita muito. Antes até me ocorria que ela poderia genuinamente não ter percepção do que faz. Mas isso mudou antes de Maio de 2021, quando começou este ritual de trazer homens para o quarto às escondidas.

Farta-se de ir ao WC tomar duches. 
No corredor, disse-me que "Precisava tomar banho porque tinha de sair de casa em menos de uma hora". E eu, feita PARVA, cedi. Abri a porta do WC, peguei na roupa que já tinha tirado, e PERMITI que ela fosse tomar duche no meu lugar!

Temos um WC no andar de baixo. Porque não foi ela para lá, já que tinha tanta pressa?
BURRA!

Eu sou uma burra. Não admira que assim continuem a pisar em mim.
E já notei que ela logo mudou para um ar de "superioridade" comigo. 

Ontem gritei para que parasse de bater as portas. E entrei no WC para o meu banho. Ela sai do quarto e, no corredor, começa a dizer-me "EU acho que tu és doente". 

Eu só disse "blá, blá, blá wiskas saquetas" -  e recusei-me a escutar a ladainha dela. 
Saí por cima. Falei alto que a casa nem devia ter portas porque não sabem usá-las. 

E hoje, o que faço?
Cedo-lhe o WC. 

PARVA!
E tem mais: ela não saiu de casa COISA NENHUMA. 

Às 22.22 - passava eu no corredor e sai ela do WC, embrulhada numa toalha. Ao me ver, faz um ar de zangada e enfia-se de volta no WC. 

E agora, às 1.50 - novo duche! 

Obvio que eu sei o que se passa. Mas esta mania que ela tem de achar que é DONA do espaço.... A falsidade. A armar-se em "boazinha" para obter o que queria e, agora ao me ver no corredor, irritada. Devia era me agradecer e dizer "obrigada". Ou sorrir e desviar-se para que ambas passássemos pelo corredor. Arre! Não aprendo. Mas será que nada acontece para que me veja livre desta bicha??

Manipulou-me. Falou-me pelo corredor com voz doce. Eu cedi: Voltei a recolher a roupa que já tinha despido, peguei nas minhas coisas, abri a porta e disse-lhe que, se vai sair e não vai demorar, então eu deixava porque queria relaxar. Eu vinha da rua, de um turno pesado de 8h de trabalho. Apanhei chuva. Tinha a roupa húmida. Estava quente. Precisava de um banho e não podia esperar eternamente. Passados 15m dela lá enfiada, desci as escadas e usei o banheiro do andar de baixo. 

BURRA NOVAMENTE!

Ela é que devia ter lá ido, se estava assim tão precisada. 

Com esta gentileza - que é de minha natureza, regredi nos possíveis progressos que fiz ontem, ao, de certa forma, vincar posição. Fazendo-lhe frente. Usando os únicos recursos que ela me deixou disponíveis: a ira. O descontentamento. A voz alta. 

Contei aqui (num post demasiado longo e que por isso transformei em rascunho), que ela esteve ausente durante quase 2 semanas. Foi uma PAZ. E eu reencontrei-me. Sou a pessoa que julgo ser. Boa, serena, pacífica, com vontade de deixar a casa arrumadinha e limpa. Coisa que, com ela cá dentro, é inútil e frustrante. 

                            janela depois de pintada, mas já usada para colocar coisas


Há duas noites decidi pintar a base da janela do WC com tinta branca, porque estava toda pelada. Hoje já está a começar a pelar novamente porque ela DANIFICA TUDO!! Coloca ali um daqueles panos esponjosos encharcado. A base da janela do WC parece ser feita de uma espécie de placa em MDF. Claro que pela com água. Mas nem é preciso ter dois neurónios para se saber que, deixando coisas molhadas em cima de qualquer superfície, tem consequencias. 

janela depois de ter removido o pano molhado que ela colocou ali
(não pode ver um bocadinho de espaço algum que vai e o ocupa logo com porcarias)


Ela chegou na noite que pintei a janela. Que nem o furacão Katrina, eu, dormia na paz dos anjos. Exausta, por só ter dormido 2h na véspera. E acordo. Com o enorme estrondo da porta do WC e os ruidos que lá dentro se seguiram. 
Abro a porta. Vejo-a a sair do WC. Cumprimento-a ela nem faz caso. Tenho a voz ainda embargada do sono do qual ela me retirou sem dó nem piedade. Eram 4.45 da manhã! Depois fecho cuidadosamente a minha porta e, quando ela fecha a dela, é com outro estrondo.

Perco as estribeiras: abro a porta e grito: Não BATAM COM AS PORTAS!

Mas estou calma. A paz e tranquilidade ainda reina dentro de mim. 
Ela sai para o corredor e começa a ladainha dela - que eu recuso-me a ouvir. Já ouvi milhares de vezes. É inútil. Ela não aprende. Não aprende a menos que se fale a linguagem dela. 

O que também me irrita é saber que hoje, "Domingo" para segunda, ela já foi ao WC uma série de vezes quase sem fazer as tábuas do corredor ranger. A porta? Essa fecha que nem um doce, quase nem se ouve. 

Mas deixa chegar a tarde e o resto dos dias da semana, para se ver só quantas vezes as portas vão bater pela casa!

Esta gaja merece ser expulsa daqui. 
Sanguessuga, porca, falsa, mentirosa, manipuladora, intriguista. 

Adoraria que sumisse de vez. Já está na altura de ir infernizar outras pessoas. Talvez um dia apanhe alguém que não goste das suas "brincadeiras" e lhe dê o merecido troco, com juros e correcção monetária! 

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Novo país para morar?

 


Noruega ou Suiça?

Que país ia eu "encaixar" melhor?

Estou em Inglaterra mas não tenho aquela sensação de "uau!" ou identidade com algo que me faz falta. 


Vou dar um exemplo: eu adoro andar com a minha trotinete eletrica. Foi o primeiro veículo em que coloquei o olhar e com o qual me identifiquei. 

O tradicional veículo a motor a gasolina nunca me fascinou. Sou claramente uma pessoa virada para o verde, para a natureza, para o belo, para a caminhada, para o silêncio e tranquilidade. Não gosto de andar nos autocarros - são muito barulhentos e o transporte público que sempre gostei mais é o eléctrico de Lisboa - os ANTIGOS.


O meu sonho? Ir ao polo Norte, estar perto de Icebergues e regiões cheias de gelo. 

Definitivamente, nem Inglaterra nem Portugal facultam este tipo de experiências. Chateia-me as multidões, lerdas, burras, sem cortesia que muitas vezes se encontram em locais sobrepovoados. Detesto o barulho de máquinas, principalmente do trânsito automóvel. Não gosto de respirar o AR perto de estradas. O ruído de motores refrigeradores e as suas vibrações (estou a escutar agora vindo do parque de estacionamento sete casas de distância). 

Será que um destes países se encaixaria melhor em mim?
Eu acho que sim. Se não para sempre, pelo menos por um bom tempo. Acho até que a altura ideal já passou. Era quando era mais jovem. Meu corpo a envelhecer agora pede sol. O gelo, a neve, por que tanto clamei... pode agora vir a ser um inimigo. 

Só para poder viver melhor este tipo de experiências, gostava de voltar a ter 30 anos. 

Para poder reinventar o meu destino e ter mais tempo e facilitismos para usufruir dele. 

Alguém por aí sabe dar umas dicas sobre estes ou outros países?



segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Cadê a tua scooter eletrica?

 Esta é a pergunta que estou constantemente a ouvir da parte de colegas de trabalho. Durante o expediente mas  principalmente na hora da saída.

Hoje não foi exceção.

Alguém que segura as chaves do carro na mão, barra-me no parque de estacionamento para fazer esta pergunta.

Depois despede-se de mim como já a querer ir embora. Nunca que alguém oferece uma boleia. Por vezes perguntam como vou para o trabalho ou para casa. Posso ate responder "a pé". Onde moras? Quanto tempo leva? "Uma hora, hora r um quarto, dependendo da velocidade que caminho". - respondo.

Uma generosa oferta de boleia, mais que não fosse ate meio caminho raramente se segue.

Esta curiosidade intensa sobre a minha vida não e motivada por querer ser generoso. Não sei porque me cravejam de perguntas. Faz três meses que não uso a trotinete. Avariou. Meus pés, pernas e joelhos voltaram a overdrive. Mas o que mais me aborrece e o tempo que voltei a precisar dispensar para chegar pontualmente  aos locais. 

Agora, que e inverno, a scooter eletrica faz-me falta. Mas tambem me lembro o quanto pode ser um transtorno quando chove ou faz muito frio.

Gostava de yer ummpequeno carro eleteico. De ligar a tomada normal mesmo 😁



Nrm sei se existem. Algo parecido a este dos CTT.

E quando alguém me pedisse boleia, eu ia responder que dou boleia a todos aqueles que mas deram a mim pelo igual numero de vezes. Zero vezes zero é nada.

Aqueles que já ofereceram - raros casos mas existentes, estariam à vontade. Ajudaria só aqueles que se desviar um pouquinho da rota para me deixarem quase a porta de casa. Desses si a minha amiga brasileira e mais recentemente um rapaz e um gerente. Mas são cados raros.

Colegas do dia-a-dia, esses nao se chegam a frente. Muito pelo contrario: parece ate que temem que a pergunta lhes seja feita e fogem rápido para não a terem de ouvir.

Tenho brio. Mesmo querendo se os sinto assim, não lhes peço. Já teve alturas que fui eu a pedir. Mas são mais as ocasiões em que percebes que te evitam para que não possas perguntar.


Quando me vi sair com a scotter sempre me pediam boleia. Claro que nao podia dar, mas sempre escutei os pedidos. Se arranjasse um carro temo ate de pensar quantos, subitamente, viriam falar comigo a pedir pata que os levasse.


O trabalho que fazemos e duro. Estou a caminhar rumo a casa apos um turno. Doem-me as costas. Mal posso esperar para tirar os sapatos. 



sábado, 22 de outubro de 2022

Palavras que tocam emoções

 

Pensei que já estava imune às palavras. Ao efeito que me causam. 

Eram tantas no vocabulário. A doença de à três anos deixou-me sensível a uma lista enorme delas. Tais como Denim, pêssego. Avistar certas coisas também gerava igual sofrimento: barras energéticas de cereais, aquela tira plástica que se descola das embalagens de frutos secos para que voltem a selar, vozes graves, um certo nome - coisas. Os meus cinco sentidos estavam todos fragilizados, por terem sido todos despertos ao rubo e sofrido um genocídio emocional. 

Pela visão, pela audição, cheiro, tacto e paladar - tudo, a qualquer instante, podia despoletar emoções. 

Há uns meses vinha aqui escrever uma lista enorme de palavras que já podia ouvir pronunciar sem que me trouxessem lembranças ou emoções. Ah, que é tão bom, estar "curada!". "Só" demorou uns três anos... coisa pouca. Ou, se calhar, como não foi pouco, não foi embora depressa.

Mas talvez existam sempre resíduos. Que ficam sempre para trás. E despertam quando bem lhes apetece. Um desses foi este, ontem. 



Mas já não dói... quase nada. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Sudoku? Não! Tsundoku!

 

Tsundoku.

Trata-se do hábito de comprar materiais de leitura e deixá-los em uma pilha sem nunca serem livros. Em entrevista ao Quartz, o professor de japonês Sahoko Ichikawa, da Universidade Cornell, dos Estados Unidos, explicou que o termo teve origem no século 19 e que "tsunde" significa empilhar coisas e "oku", deixá-las de lado por um tempo.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Conseguirei ler livros?

 

Uma das consequências secundárias do sofrimento devido à paixonite - (já lá vão três anos!) foi inesperado e incompreensível: deixei de ler livros


Não sei como uma coisa pode estar ligada à outra e jamais, em toda a minha vida, achei que podia cair nessa categoria. Mas aconteceu. Durante a "doença do P" (chamemos-lhe assim) continuei a pegar nos livros mas não os conseguia ler. Lia linhas, frases, parágrafos, páginas e capítulos de livros mas a história não conseguia se sobrepor à narrativa que não abandonava o meu pensamento. Insistência causava-me súbitos picos de dor, por existirem palavras e descrições que reavivavam memórias. 

Tive de os colocar de lado. 

Desde então já tentei pegar neles mas não é mais o mesmo. Algo desapareceu. Coloco-os de lado com intenção de regressar e nunca regresso. Considero esta realidade uma significativa perda para a minha pessoa. Mais ainda sendo sozinha. Gosto de ler desde menina, desde que aprendi a juntar as letras e descobrir seu significado. Ficava deitada de barriga no chão, com uma pilha de livros à esquerda e outra à direita. Passava horas a ler, por vezes o dia inteiro, e foram momentos muito bem passados. O prazer que os livros me proporcionam foi algo que sempre surpreendeu quem me rodeava. (Já estão a ver o tipo de pessoas que me rodeiam). Incluindo o P. Ficou muito surpreso. Mas gostou. Admirou. 

E agora não os leio mais!

Não consigo entender porquê. Mas não quero ir contra. O que quer que seja que se perdeu, quero que volte naturalmente, sem ser forçado. 

Tenho outra explicação que poderá influenciar esta realidade. Parece-me que, para esta específica necessidade que é a leitura em papel, já não consigo usar os olhos tão bem quanto antes. Sei que preciso de óculos com alguma graduação mas quando os tentei usar pareceram-me terríveis e não usá-los pareceu-me melhor. Para quem usou óculos todos os dias da sua vida desde a infância até a maturidade dos 25 anos, também me surpreende essa rejeição. Se fosse novamente miopia talvez conseguisse lidar bem com isso, porque me foi tão familiar. Mas é outra coisa, que requer lentes bi-focais e é uma chatice. Contudo, o que me aborrece com a minha visão não é nem miopia nem vista cansada ou má visão. É a "névoa" e os "mosquitos". Sempre tive uma visão do mundo através de um astigmatismo. Por vezes gostava de lavar a vista para ver se, como acontece quando se lava um vidro ou uma lente, a sujidade sai e fica-se a ver bem. Mas para esta específica condição ocular - todos os especialistas me dizem, não há "nada a fazer". 

E eu a achar que hoje em dia, em que se faz de tudo em medicina, implantes inclusive, já não houvesse nada que não tivesse arranjo. 

Talvez esta mudança na visão seja a razão pela qual os livros, anteriormente muito apreciados, lidos e relidos, são agora duas pilhas de papel que guardo a um canto.

Nem sabia mas, há três anos, estava a perder não um, mas dois amores



sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Resposta de SIM ou NAO

Imagina que é possivel escolher voltar a ter 25 anos. Mantinhas a evolucao que obteste ate agora. As responsabilidades, a familia, as posses.

Voltarias somente a ter 25 anos. No corpo, na aparencia, na vitalidade e saude. Com mais tempo de vida pela frente do que por trás.  

Ias querer?

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Mundo sabotado


8 da manha em ponto e dois funcionarios parecem atarefadissimos nos seus computadores. Vejo-os atravez dos vidros que fazem de parede da loja. Esta chama-se Builting Solicitors. Tem um televisor gigante a mostrar somente vistas aereas de casas e empreendimentos. Antes das secretarias estao varios sofas de pele virados uns para os outros a espera de acolher investidores.

E o unico estabelecimento aparentemente ja em funcionamento nesta rua estreita e movimentada em que passo de autocarro.

Confirma as minhas suspeitas: os ricos nunca sao afectados pelas crises. Ao contrario: elas tornam-nos ainda mais ricos.

Pelo percurso de autocarro que tenho de fazer pela manha, vejo tambem mansoes a serem construidas do zero. Uma sequencia delas, por todo um percurso recto de estrada, embora estejam semi ocultas pela densa vegetacao. Qualquer uma destas casas nao e coisa barata nao.


No centro da cidade avistei um novo edificio que, pelo exterior, me pareceu um hotel. Afinal sao apartamentos para venda. Com piscina e ginasio interior. Quando chego ao meu destino, ao lado, estao a contruir algo bem grande. 
Existe uma torre erguida assinalada na base com o numero 0 e sobe ate o 13. Perguntei a 
um dos trolhas que me cumprimentou e fez perguntas sobre mim o que estavam ali a contruir. Resposta: apartamentos.

Vejo-os brotar que nem cogumelos selvagens. E com a mesma velocidade sao comprados. Eu nao tenho nenhum. Agora e para perguntar: se eu nao tenho nenhum, muitos de voces se calhar tambem nao... alguem tem-nos todos.