Curiosa e com vontade de ver o concerto solitário realizado para angariar fundos para ajudar a região de Pedrógão, que há uma semana sofreu um forte incêndio que ceifou de forma dantesca 64 vidas humanas, procurei a transmissão do mesmo online.
em direto: «Luis Represas e João Gil»
Alegremente surpreendida com a quantidade de links online com transmissão em direto: TSF, RTP, SIC, TVI.
TSF: direto em formato rádio: entrevistados e muitos depoimentos. Mais uma vez, gostei de ouvir Carlos do Carmo - o entrevistado no momento em que sintonizei a TSF.
em direto: «Jorge Palma e Sérgio Godinho» (Portugal, Portugal)
Ele não diz aquelas «balelas», aquelas ideias-chavões. Ele pensa e emite opiniões. Reflectidas e não gratuitas e que «ficam bem». O que não gostei: eu sei que tem de ser assim - ossos do ofício - mas não gostei da forma como tentaram lhe cortar o discurso. Lá conseguiram o interromper numa pausa da sua respiração e subitamente alguém lhe pergunta algo assim:
-"Então acha que se deve fazer, agir, e mudar alguma coisa?"
O que é que a maioria das pessoas responderia?
O standart. O que estamos habituados a ouvir e o que esperam que digamos:
-"Sim, tem de se fazer alguma coisa, alguma coisa tem de mudar"....
em direto: «Jorge Palma e Sérgio Godinho» (Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida)
O que é que Carlos do Carmo respondeu? Nada disso!
Ele assumiu-se como uma pessoa não qualificada para oferecer assim de forma imediata soluções. E disse algo muito importante: qualquer solução não vai ser encontrada de um dia para o outro. Leva tempo.
Cortaram-lhe o «pio» de vez e a emissão da TSF continuou...
Mas GOSTEI do formato rádio, gosto do contributo dos artistas. Apenas os que estavam a fazer a ligação entre tudo aquilo usaram subterfúgios demasiado simplórios.
em direto: na TSF, vão tentar entrevistar Ricardo Araújo Pereira
na TVI - Pedro Teixeira, emocionado, a transmitir COMO se deve transmitir - e ele não é jornalista nem entrevistador de TV, é ator em primeiro lugar. Está em direto de Pedrógão e está, no meu entender, a fazer a coisa como esta deve ser feita.
Depois tentei a SIC - não transmitiu nada. Fui para a RTP - funciona. Mas a qualidade de imagem é deficiente. Sintonizei a TVI - qualidade superior, mas transmite sem gelar a imagem apenas durante uns 30 segundos. Depois exige um refresh da página e «leva-se» com anúncios automáticos que duram outros 30 segundos. Totalmente impossível de digerir.
Ainda assim, deu para entender a transmissão de cada canal (excepção SIC). Não sei se é da distância... mas senti pouco prazer no modo superficial de «enche chouriços» e, por vezes, até inadequado (aquela tipa da TVI que parece uma miúda e é do Norte cujo nome não recordo e que fazia alguns diretos da Casa dos Segredos - Isabel qualquer-coisa - essa aí entrou em direto e teve uma prestação horrível! Perguntas de treta ao exponente máximo, comportamento condescendente com todos, demasiada ALEGRIA num momento que não deixa de ter algum toque de luto, com respeito e tristeza, e, no final do seu direto, a parvalhona (desculpem-me mas é) pediu PALMAS!! Aos pulinhos e de forma toda entusiasta. Palmas... às quase crianças que estavam à sua volta. Palmas num momento algo solene... que ela transmitiu como se estivesse numa festa de verão. Tão errado!!
em direto: Matias Damásio -Loucos
Não conheço este artista mas quando a parvalhona da «Isabelinha» estava a entrevistar as miúdas com um entusiasmo de quem está a transmitir em direto da praia, este foi o nome mais mencionado pelos entrevistados como o artista mais esperado. Estou surpresa... não tem uma voz muito afinada. Deve ser um daqueles artistas que faz uma gravação de estúdio com tudo atinadinho e as rádios metem o batuque e «explode» um sucesso. Até porque é um artista com ar africano, um certo sotaque e a africanez (como é o termo musical para músicas africanas? Agora não recordo mas... caramba! Não recordo.) é desde há muitos anos um grande hit por tudo o que é discoteca, bar, etc... E se só metem batuques africanos (assim como fast-music americana) então os sucessos são sempre dentro dessas categorias.
Na RTP surge a Catarina Furtado a conduzir a emissão. Só enche-chouriços. Fiquei um pouco escandalizada com o alinhamento superficial e vazio. Não só da RTP mas como da TVI e vou presumir que a SIC não fugiu dessa linha. Tirando poucos profissionais que sabem, organicamente, como agir em cada situação, existem outros que têm sempre a mesma linha, sem sobriedade. Tentam passar esse respeito por palavras, mas é um tanto oco. Ainda que o sintam, o formato é sempre aquele que a SIC introduziu com programas como o "Muita-Louco". Ou o Big-Show-SIC - que é ideal para definir a forma de comunicar daquela Isabelinha da TVI.
em direto: Fim do espetáculo do pouco dotado em cordas vocais Matias Damásio. Surge uma voz a GRITAR "Matias Damásio" - em excesso de euforia. A sua voz surge logo depois do locutor da TSF, que diz "Matias Damásio" num tom de voz normal. Graças a Deus!
Mas que exagero, que euforia desnecessária - a destas apresentadoras/res das nossas estações de televisão/rádio. Não que eu diga que alegria tem de ser excluída. Não é isso. Mas a falta de sobriedade... O excesso de «alegria», de euforia. Tão errado como modelo de comunicação televisiva. Já cansou. Tudo virou "Big Show SIc".
Conclusão sobre as emissões:
Ganha quem acompanha a rádio. Neste caso em particular, acompanhei a TSF.
Televisões: É para excluir tudo, excepto as partes em que deixam os artistas atuar.
PS: Exemplo de um fraco momento televisivo entre repórter e entrevistados. Já não recordo quem (talvez TVI) mas alguém perguntou a um bando de crianças se sabia porquê estavam a fazer o concerto. Além destas não conseguirem se explicar bem, uma delas afirma que é para ajudar as pessoas que morreram no incêndio.
em direto: «Anda comigo ver os aviões»
Ora, as que faleceram, infelizmente, já não precisam de ajuda. O repórter não corrigiu a criança - perdendo assim uma oportunidade para transmitir corretamente a informação ao mesmo tempo que ajuda um grupo de crianças a compreender adequadamente a quem se destina o apoio solidário. E isso, é uma grande falha para um repórter-jornalista. Não lhe ficava nada mal, com tacto, emendar e corrigir. Mas se calhar, ele nem percebeu!
Até agora e desde que comecei a ver este concerto, quem mais gostei de ver em cima do palco foi o Palma e o Sérgio Godinho. Que além de emotividade, escolheram temas que achei ajustados ao momento.
Aguardo o Salvador Sobral - apenas porque o tenho como um intérprete, alguém que canta com emoção. E é só isso que espero e mais aprecio em musicos e cantores. Que cantem com sentimento. E se existe causa que pede sentimento, esta é uma destas.
23h56: Democratico e que não banaliza - diz António, na TSF, fala sobre a sua emissão de rádio. Concordo.