Ao longo da vida viajei poucas vezes de avião (15 no total) e desta última vez descobri que não gosto muito da experiência. A começar pelos aeroportos. Já perceberam o ambiente dos aeroportos? Algo ali não está bem.
Na última vez que viajei a coisa começou a correr menos bem logo no balcão de atendimento. Um homem que pertencia ao aeroporto - embora não tivesse ficasse claro se era segurança ou se era o flirt da rapariga atrás do balcão já que com ela e com outro indivíduo ali tagarelava - viu-me aproximar a pedir informações e adoptou uma postura de gozo. Estive quase para demonstrar o meu desagrado pela falta de respeito do senhor, que até me chamou um nome menos agradável entre risadinhas, como se eu e ele já nos conhecêssemos de longa data.
Normalmente não me perco quando existe sinalização bem colocada, mas naquele dia a coisa não estava fácil. Talvez porque ainda era de madrugada e a iluminação era deficiente, não sei. O mal-educado ainda me disse, a gozar, que estava a fazer-me um favor e que eu não o enganava porque "tinha visto muito bem que eu havia passado à frente de todas as pessoas da fila". Que fila? - pensei eu. Decerto estranhei que a única fila existente estivesse um tanto afastada daquela balcão, mas como no bilhete vinha o número daquele, não me dirigi a outro. Tive o cuidado de contornar o cordão de segurança e entrar pela abertura, mesmo tendo visto um homem abrir a fita e passar directo sem a contornar. Até pensei que aquela zona ainda estava fechada ao atendimento, embora estranhasse isso acontecer em aeroportos. Mas como a zona estava cheia de cubículos mais vazios do que ocupados e era mal iluminada, se calhar tinham acabado de iniciar função.
Fazia algum tempo que não viajava e já não me recordava dos parâmetros. Esta experiência não veio ajudar a ficar com uma boa impressão. O homem observou-me enquanto me afastava e manteve o seu ar juncoso. Fiz questão de procurar a sinalética que ele indicou. De facto, muito depois daquele balcão e completamente fora de visão por se encontrar atrás de um grosso pilar, estava no chão um daqueles postes plásticos com um papel e uma seta. Não esperava algo tão deficiente e amador no principal aeroporto do país, mas enfim...
Primeira lição que tiro com esta experiência: As pessoas que trabalham em aeroportos são desconfiadas e preferem tratar primeiro com desrespeito e desconfiança os passageiros.
Retiro esta conclusão de todas as outras experiências que tive. Tirando a primeira vez, (antes do 11 de Setembro) em que vivi episódios singulares mas positivos de recordar, acho que tive sempre experiências estranhas em aeroportos ou aviões. Numa ocasião em Amesterdão quase vivi um desacato porque a pessoa que estava a fazer o check-in tratou o meu grupo como se fossemos hollygans. Fingiu não ouvir a nossa nacionalidade e pediu para a repetir-mos. Estranhou o nosso cartão de identidade. Não nos olhou na cara uma única vez e não respondeu ao nosso cumprimento inicial. Depois iamos para entrar no avião e manda-nos recuar, dizendo que estávamos a passar à frente dos passageiros que têm de entrar primeiro: os VIP. Foi grosseira e logo nos ameaçou de não nos deixar entrar no avião e obrigar-nos a ficar no aeroporto. Não hesitou em partir para a agressão e intimidação, o que me deixou atónita!
Fiquei tão mal impressionada que fiz a viagem toda em silêncio, mas notei os olhares fixos das hospedeiras de bordo, que me tomaram como desordeira. Logo eu, que sou tão pacífica! Fechei os olhos e quis dormir. Na hora de servir a refeição estava de olhos fechados mas mexi-me. Elas passaram por mim sem me tocar no ombro e perguntar se queria tomar alguma coisa. Não fui servida. A pesar de tentar aguentar até chegar ao destino, tive de me erguer para ir ao WC, e nessa altura os olhares das hospedeiras voltaram a cravar-se em mim e uma delas começou a andar na minha direcção, seguindo-me até o WC. Este episódio foi tão marcante que, chegada a casa comecei a escrever uma carta a narrar os acontecimentos e a condenar a atitude da tripulação, tanto em terra quanto em ar. Informei-me online e fui ao aeroporto entregar no balcão a carta de reclamação. Estava indignada!
A falta de educação e o desrespeito imediato pelas pessoas fez-me deduzir que a maioria dos funcionários de aeroporto perderam a noção de como se faz um bom atendimento ao cliente. Julgo que isso se deve porque têm tanto temor de terroristas, que perderam a noção que a todos devem tratar com respeito e cordialidade. Desconfiam logo dos actos e das pessoas, gozam, intimidam, ameaçam, como se todas as pessoas estivessem ali com más intenções.
Desta última vez em que viajei, constatei que o ambiente dentro do avião também mudou consideravelmente. Já viajava um tanto triste porque na viagem anterior tinha pedido um sumo de laranja à hospedeira quando esta os estava a distribuir, mas este não apareceu. Sou daqueles passageiros que não gostam de incomodar, pelo que fiz a viagem inteira cheia de sede. Muita sede! Não nos deixam levar garrafas de água connosco -pelo menos assim pensei, mas logo vi alguém a carregar uma. Só pensava que seria a primeira coisa que ia fazer ao sair do avião! Ainda por cima o ar condicionado estava tão forte, que mesmo tendo fechado todas as aberturas de ar à minha volta, sentia-me a congelar. Não foi uma viagem confortável mas nem chamei as hospedeiras ou estas vieram ter connosco a perguntar se precisávamos de algo. Quando pisei fora do avião, ah! O SOL!! O abraço caloroso do sol restituiu a energia de volta às células do corpo :)!
No regresso aconteceu o mesmo: o hospedeiro (um homem) passou por mim e eu lá disse: "Desculpe, se faz favor..." mas ele não ouviu, acho eu, e achei isso tão estranho! Lá continuei com sede... Esta viagem foi também diferente por outros motivos: foi a primeira vez que os meus ouvidos reagiram à mudança de pressão, tendo vibrado bastante. E tive de lidar com comportamento das passageiras atrás de mim, um grupo de adolescentes italianas, barulhentas e irrequietas. Não paravam de dar pontapés e empurrões no meu assento. Falavam alto, puxavam o assento e eu estranhei muito este tipo de comportamento ser aceite dentro de um avião! Parecia mais uma creche! Podia jurar que a miúda atrás de mim estava numa de me pregar partidas, daquelas de mau gosto, porque sentia quando ela se levantava do assento e depois sentia algo tocar nos meus cabelos. Como se tivesse a atirar para cima de mim o conteúdo que a levava estar a "inspeccionar o interior do nariz com os dedos". Quando olhava para trás, ela parecia fingir-se de despercebida e dava muitas risadas com as colegas. Tal e qual uma adolescente que se elege a "palhaça" do grupo e as gracinhas são pregar partidas a outros, achando que isso a torna mais popular e especial.
Foi uma viagem estranha e eu só desejava que acabasse logo! Bem... decidi retaliar e pregar-lhe uma partida. Já que estava a ser tão desrespeitosa e os hospedeiros a bordo nada faziam para as acalmar, à terceira ou quarta vez em que a miúda enfiou o pé por entre a janela e o meu assento, tocando-me no braço, decidi que merecia uma surpresa. E, com uma esferográfica, fiz-lhe um desenho na biqueira do ténis. Isto sim, uma brincadeira bem colocada, porque era merecida! Achei que ela não ia olhar para os pés até se descalçar, mas depois percebi que podia, no meio de tanta agitação, perceber e chatear-se, mas não resisti. Fiquei contente por retaliar com humor! Desde que não percebesse que estava a desenhar naquele instante, os riscos podiam ter ido parar aos ténis em qualquer altura, se calhar até como partida das colegas... Só é pena não saber nenhum palavrão em italiano e não ter desenhado um símbolo grosseiro!
Chegada ao aeroporto, voltei a passar pelo cordão de fitas colocado de forma a ser um corredor em forma de serpentina. É chato andar às voltas numa pequena sala, para frente e para trás, quando atravessá-la a direito levaria metade ou mesmo 1/3 do tempo. Mas todos os passageiros têm de passar por aquilo, ás voltas e voltas... porque será? É para reconhecimento facial? Não entendo, não aprecio, mas temos de seguir esta e muitas outras regras dos aeroportos e das viagens em aviões comerciais...
Concluí então que não me agrada viajar de avião. Parece que estou a entrar numa ceita! Pode ser stressante, principalmente quando se leva com o stress dos outros. É uma pena que as viagens de navio tenham caído em desuso! Atravessar o oceano não é rápido, mas deve ser tranquilo. Será?
sábado, 22 de outubro de 2011
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Mudanças de hábitos INTERNET
Sou da opinião que as mudanças graduais são as que mais ameaças apresentam. Porque as pessoas não percebem que o que as rodeia, e elas mesmas, estão a mudar. Depressa se alteram os hábitos, sem que se dê conta da magnitude de tudo.
Por esta razão considero as mudanças súbitas muito mais benéficas. Assustam-nos de morte. Temos receios, medos, é o desconhecido... mas uma mudança súbida não tem máscaras. É o que é.
A principal mudança na sociedade tem origem na tecnologia, em particular na internet. Esta surgiu gradualmente, mas mudou radicalmente todos os costumes. Costumava pegar numa caneta e escrever um diário, agora escrevo aqui. Costumava sentar na cadeira a ver televisão, agora distraio-me no computador. Costumava brincar com outras crianças aos jogos de tabuleiro, cartas, ou jogos de contacto físico. Agora brinca-se na internet, a jogar jogos virtuais.
Mudanças radicais, mas graduais. Pouco recriminadas porque ninguém tem nada realmente mau a apontar à internet, só benefícios. E fica-se viciado nisto! Diria até que dependentes!
A internet serve para tudo: precisa-se de saber onde fica determinada rua? Vai-se à internet. Queres saber uma receita especial? Vais à internet. Queres rir um bocadinho com scketchs de humor ou ler umas piadas? Vais à internet. Queres trocar de carro, comprar um animal, vender alguma coisa? Vais á internet. Procuras emprego? Vais à internet. Precisas de comprar mercearias? Vais à internet. E que tal fazer umas transacções bancárias? Vais á internet! Queres falar com os amigos? Vai à internet. E que tal namorar um bocadinho? Vais à internet!
As pessoas não têm presente na consciência o quanto mudam. Podem achar que não, mas a isso são conduzidas sem se darem conta. Mesmo quem, eventualmente (não sei se existe), não tenha internet, acaba por ser conduzido a usar o serviço. Por exemplo: os pagamentos à Segurança Social deixaram de ser possíveis pela via presencial, num balcão de uma das instalações do Instituto, em frente a uma pessoa de carne e osso. Parece-me que só se aceitam formulários via-internet.
Estava lá uma vez e vi a aflição de algumas pessoas mais velhas, que logo afirmavam: mas eu não tenho isso! Não percebo dessas coisas!
- "Então peça a alguém para a/o ajudar". - responde a/o funcionário.
E pronto! Parece tão simples!! Mas não é NADA simples. Descartam-se das pessoas e dos problemas com facilidade, mas ele(a)s não deixam de existir!
Precisei escrever sobre este assunto porque comigo sucede-se o seguinte: entristece-me quando oiço dizer "está na internet, procura". Qualquer questão que se tenha, a resposta vem igual. Mas que raio! Acho que as pessoas estão a ser preguiçosas e não necessáriamente práticas ao depositar demasiada fé numa coisa. É quase deixar que essa coisa pense por elas. Por exemplo: uma pessoa mandou-me procurar uma informação que estava num site. Mas não sabia que site era esse. Apenas que se tratava do site de um "Instituto" e que o nome era "Portugal qualquer-coisa". Com esta e outra referência, achou que tinha dado todos os dados necessários para qualquer pessoa chegar à informação.
É claro que não se consegue!!
E depois desenvolve-se uma "conversa de burros", em que uma pessoa diz que "só encontra isto" e a outra responde "mas no site vem a dizer aquilo" e, para agravar, a pessoa também nunca viu o site, foi uma terceira que ouviu dizer que era assim!
Não gosto. Detesto! Faz perder tempo. É informação inútil, que ainda por cima conduz a conflitos. Se formos a ver o método tradicional, quando em comparação, acaba por sair em desvantagem. Preciso de uma informação, vou ao tal Instituto e pergunto! É mais rápido ou não??
A geração dos meus avós "aventurou-se" no mundo por necessidade de uma vida melhor. Abalaram do norte porque disseram-lhes que havia uma "vida melhor" em Lisboa. E partiram apenas com a vontade de encontrar essa vida melhor e confiantes na sua capacidade de trabalho. Ao chegar-se ao destino, "achavam-se" os compadres pela boca. Dizia-se a um qualquer trauseunde o nome do sítio onde se queria ir e bastava-lhes seguir as direcções para chegar lá.
Agora temos a internet, temos GPS, mapas, temos tanta coisa mas falha o principal: falta-nos o NOME!
E, sem nome, não se chega lá. Haja a tecnologia que houver, ao invés de se encontrar o "Instituto X", encontram-se os Institutos do abecedário inteiro!!
"Mais" não é melhor. "Fácil" não significa rápido. Até porque se perdem muitas horas de volta dos afazeres e entretenimento que a internet e outros gadgets tecnológicos proporcionam. Não sobra muito tempo para outros convívios.
Não, definitivamente, a internet não torna nada mais rápido, porque a dependência é muito morosa!! E a qualidade que impôs nos trabalhos exige uma utilização de recursos mais ampla, o que aumenta o tempo de execução de qualquer tarefa. Utilizam-se mais ferramentas, mais programas...
Um dia de 24h não chega para tudo o que a internet tem para nos aliciar...
Por esta razão considero as mudanças súbitas muito mais benéficas. Assustam-nos de morte. Temos receios, medos, é o desconhecido... mas uma mudança súbida não tem máscaras. É o que é.
A principal mudança na sociedade tem origem na tecnologia, em particular na internet. Esta surgiu gradualmente, mas mudou radicalmente todos os costumes. Costumava pegar numa caneta e escrever um diário, agora escrevo aqui. Costumava sentar na cadeira a ver televisão, agora distraio-me no computador. Costumava brincar com outras crianças aos jogos de tabuleiro, cartas, ou jogos de contacto físico. Agora brinca-se na internet, a jogar jogos virtuais.
Mudanças radicais, mas graduais. Pouco recriminadas porque ninguém tem nada realmente mau a apontar à internet, só benefícios. E fica-se viciado nisto! Diria até que dependentes!
A internet serve para tudo: precisa-se de saber onde fica determinada rua? Vai-se à internet. Queres saber uma receita especial? Vais à internet. Queres rir um bocadinho com scketchs de humor ou ler umas piadas? Vais à internet. Queres trocar de carro, comprar um animal, vender alguma coisa? Vais á internet. Procuras emprego? Vais à internet. Precisas de comprar mercearias? Vais à internet. E que tal fazer umas transacções bancárias? Vais á internet! Queres falar com os amigos? Vai à internet. E que tal namorar um bocadinho? Vais à internet!
As pessoas não têm presente na consciência o quanto mudam. Podem achar que não, mas a isso são conduzidas sem se darem conta. Mesmo quem, eventualmente (não sei se existe), não tenha internet, acaba por ser conduzido a usar o serviço. Por exemplo: os pagamentos à Segurança Social deixaram de ser possíveis pela via presencial, num balcão de uma das instalações do Instituto, em frente a uma pessoa de carne e osso. Parece-me que só se aceitam formulários via-internet.
Estava lá uma vez e vi a aflição de algumas pessoas mais velhas, que logo afirmavam: mas eu não tenho isso! Não percebo dessas coisas!
- "Então peça a alguém para a/o ajudar". - responde a/o funcionário.
E pronto! Parece tão simples!! Mas não é NADA simples. Descartam-se das pessoas e dos problemas com facilidade, mas ele(a)s não deixam de existir!
Precisei escrever sobre este assunto porque comigo sucede-se o seguinte: entristece-me quando oiço dizer "está na internet, procura". Qualquer questão que se tenha, a resposta vem igual. Mas que raio! Acho que as pessoas estão a ser preguiçosas e não necessáriamente práticas ao depositar demasiada fé numa coisa. É quase deixar que essa coisa pense por elas. Por exemplo: uma pessoa mandou-me procurar uma informação que estava num site. Mas não sabia que site era esse. Apenas que se tratava do site de um "Instituto" e que o nome era "Portugal qualquer-coisa". Com esta e outra referência, achou que tinha dado todos os dados necessários para qualquer pessoa chegar à informação.
É claro que não se consegue!!
E depois desenvolve-se uma "conversa de burros", em que uma pessoa diz que "só encontra isto" e a outra responde "mas no site vem a dizer aquilo" e, para agravar, a pessoa também nunca viu o site, foi uma terceira que ouviu dizer que era assim!
Não gosto. Detesto! Faz perder tempo. É informação inútil, que ainda por cima conduz a conflitos. Se formos a ver o método tradicional, quando em comparação, acaba por sair em desvantagem. Preciso de uma informação, vou ao tal Instituto e pergunto! É mais rápido ou não??
A geração dos meus avós "aventurou-se" no mundo por necessidade de uma vida melhor. Abalaram do norte porque disseram-lhes que havia uma "vida melhor" em Lisboa. E partiram apenas com a vontade de encontrar essa vida melhor e confiantes na sua capacidade de trabalho. Ao chegar-se ao destino, "achavam-se" os compadres pela boca. Dizia-se a um qualquer trauseunde o nome do sítio onde se queria ir e bastava-lhes seguir as direcções para chegar lá.
Agora temos a internet, temos GPS, mapas, temos tanta coisa mas falha o principal: falta-nos o NOME!
E, sem nome, não se chega lá. Haja a tecnologia que houver, ao invés de se encontrar o "Instituto X", encontram-se os Institutos do abecedário inteiro!!
"Mais" não é melhor. "Fácil" não significa rápido. Até porque se perdem muitas horas de volta dos afazeres e entretenimento que a internet e outros gadgets tecnológicos proporcionam. Não sobra muito tempo para outros convívios.
Não, definitivamente, a internet não torna nada mais rápido, porque a dependência é muito morosa!! E a qualidade que impôs nos trabalhos exige uma utilização de recursos mais ampla, o que aumenta o tempo de execução de qualquer tarefa. Utilizam-se mais ferramentas, mais programas...
Um dia de 24h não chega para tudo o que a internet tem para nos aliciar...
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