Metereologia 24 h

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quinta-feira, 1 de junho de 2023

A idade tem cheiro

 

Já me sinto a envelhecer de uma forma com a qual não me identifico. Nunca pensei que envelhecer ia perturbar-me, porque presumi que se vivia cada momento da vida em pleno. Só que não aconteceu assim. Agora a idade "apanha-me" algo desprevenida. 

O que descobri é que não gosto do meu cheiro. O cheiro da minha pele é uma das últimas constatações sobre mudanças em mim que a idade me traz. Não é falta de higiene - nunca tive mais do que agora. É alteração biológica.  Estranho isto, não é? Não me identificar com o meu próprio odor corporal! 

Não tresando - sosseguem. Mas tenho um suave trave a algo que estranho, me desagrada e não me é familiar. Tomo banho e visto roupas perfumadas, acabadas de lavar na máquina, deito-me em lençóis lavadinhos. 

Será que é das máquinas de lavar? Todos sabemos mas escolhemos ignorar, que são reservatórios imundos por dentro cheias de bactérias e contaminantes. Experimentem lavar as roupas sem recorrerem a amaciadores perfumados e vão sentir um odor desagradável, que detergente e água não elimina. 

Com tudo lavado e fresco, sinto-me bem. Mas isso pode durar apenas umas horas. Em menos de um dia, já não sinto as roupas agradavelmente aromáticas e o odor das mesmas mistura-se com um outro que não me agrada. Busco perceber de onde vem. Quero eliminá-lo. Lavo tudo: lençóis de cama, toda a roupa, colchão, passo detergente aguado na carpete e salpico os cortinados com aroma de lavanda. OK. Agora sim! Vou viver num espaço permanentemente agradavelmente perfumado - penso. Passadas umas horas, depois de estar deitada na cama com lençois lavados, vestindo roupa lavada e fresca, principalmente se adormecer, ao despertar já sinto um suave "trago" a cheiro corporal que me desagrada. Só pode emanar de mim, mas não o reconheço.

Será isto a que chamam "cheiro de velho" ?


Pensava que "cheiro de velho*" era apenas uma expressão para a falta de higiene mais regular que a terceira idade exige, em particular em casos de incontinência. Uma vez que a pessoa está mais cansada e debilitada, é completamente compreensível que deixe de conseguir manter essas rotinas tão amiúde. Agora já não sei se assim é.  Se calhar, não é bem uma escolha, assim como o próprio envelhecimento. "Cheiro a velho" é, na realidade, cheiro a decadência. A podridão. Não me levem a mal, refiro-me ao ciclo da vida.  Somos como uma flor: nasce botão, floresce perfumada e apodrece. 

Subitamente me lembrei de um outro cheiro que quase todos adoram - inclusive eu: "Cheiro a bebé". Nossa! Como o cheiro a recém-nascido é uma coisa maravilhosa. Gostosa. Costumava ser um odor desse género a emanar da minha pele por muitos anos, até quase aos 30, fresquinho, sempre presente, mesmo quando ficava uns dias sem tomar banho e os hábitos de higiene não seguiam as normas da altura. Cheirava sempre bem, adorava "snifar" meu próprio odor. Dava-me prazer. Outros me diziam que cheirava bem e queriam saber que perfume usava. Lembro-me de responder que não usava nenhum e também não usava cremes para o rosto ou produtos para o cabelo sem ser champôo normal - o que os surpreendia.  E não, não eram perguntas irónicas. Eram sinceras. 


Santa ignorância! Porque desaprendemos a nos familiarizar com o ciclo da vida? Lições que pais passavam aos filhos por gerações - desapareceram ou estão a desaparecer. Estes dizeres nos tornava  conscientes, conhecedores, simpatéticos, caridosos. Foi tudo substituído pela falsa sensação de que se pode manter a juventude a todo o custo, se se comprar bons cremes, se submeter a procedimentos cirúrgicos, etc. Como se "ser velho" fosse indesejável e para evitar, quando, na realidade, é inevitável - para todos os que vivem. 

Encontrei uma fotografia onde estou debruçada sobre um bolo com velas acesas e um gigante número indicando: "35". 

O que me lembrei ao ver aquela fotografia, foi que já me sentia no final da vida, sem muita esperança. Uma autêntica parvoíce! Mas também recordei-me das razões que me levavam a sentir assim: Naquele instante de celebração que devia ser feliz, todos na família me disseram que estava velha. Lembro-me em particular de uma frase habitual, sempre dita pela minha irmã com um tom de prazer na voz: "Estás a ficar velha, vais ficar para tia". e que os outros repetiam. Neste instante desta foto em particular, lembro-me que reforçaram a dose e me disseram isto, que instantaneamente senti como uma ferroada em mim: "Tu nunca vais ter filhos!



Porquê deixei? Porquê me abandonei? Porquê não combati eu esta opressão? Porque não me rebeliei - que é o que a juventude DEVE fazer? 

O tempo passou e eu fui deixando que passasse. Agora estou desfasada do mesmo e o que ele me traz é justíssimo - só não foi justo não ter vivido com o tempo.

Podem até me ter dado vinte e poucos anos recentemente. Podem achar que estou ainda na casa dos trinta. Podem dizer-me que pareço mais nova. (será que pareço? Não acho mais!). Mas é o meu corpo que escuto, que vive comigo e que me mostra, por vezes de forma cruel, que o que as pessoas dizem não corresponde à realidade. 

Um destes dias o corpo colapsa de vez, tudo fica flácido, mostrando todo o seu horror e desmistificando de uma vez só o real tempo que estou sobre esta terra.


https://www.campograndenews.com.br/colunistas/em-pauta/-cheirando-a-velho-o-odor-corporal-que-comeca-aos-30

https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2016/08/16/clique-ciencia-o-que-causa-e-por-que-os-idosos-tem-um-cheiro-diferente.htm


sábado, 25 de abril de 2020

Nunca digas Nunca


Tábua de engomar - é assim que me percebo quando vejo o reflexo do meu peito ao espelho. Calma, seus malandros! Estou vestida. Eheh.

Poucas pessoas falam sobre isto.
Eu vou falar.

Porque nunca me ocorreu que fosse acontecer comigo ou, sequer, era coisa que me preocupava a mente. Recordo tão perfeitamente as palavras que disse à minha amiga:

"Se há coisa que sei que nunca vou fazer é isso!"


Foi há vinte anos. Ela queixava-se do tamanho dos seus seios porque quase não os tinha e disse que, se pudesse, fazia implantes para os aumentar. A minha muito sincera e espontânea resposta, foi (vou repetir):

"Se há coisa que sei que nunca vou fazer é isso."


Nunca digas nunca.
Mesmo. Nunca. Mesmo que te apeteça dizer "Nunca vou assassinar alguém" e saibas que isso é verdade. Não o digas. Porque a vida dá voltas e não é preciso imaginar muito, basta pensar nos jovens que foram para a Guerra de Ultramar para se perceber que até um pacifista pode ser forçado a disparar contra um ser humano.

Adiante...


Seios. Os meus, há 20 anos, eram bem perfeitinhos. Subidos para caraças. Bem cá no alto, nunca os tive descaídos nem formados mais abaixo. Tinha colo, eles sempre se encostaram um no outro. Desconhecia o que era ter espaço entre os dois e olhava para as fotografias das modelos sem perceber porque razão os colares compridos lhes ficavam tão bem e a mim ficavam horríveis. Era porque elas eram tábuas e eu não! Ou simplesmente porque, tendo-os tinham daqueles afastados um do outro, o que deixava o "caminho livre" para os cordões. Mulheres de muito peito (que nunca foi o meu caso, eu tinha-as no tamanho ideal para o meu protipo) não usam muito colares compridos porque é como usar um medalhão que vai do pescoço até à ponta do seio e desce para ficar a balançar em frente da  barriga. Nada lisonjeador!

Mas só fui entender isso mais tarde, quando os malandros decidiram começar a esvaziar como um balão. Reduzi o número de soutien e agora não me reconheço mais. Pareço não ter mais seios. Se me despir, estão lá. Ainda no mesmo formato, bonitos. Mas... não têm o volume de antes. Falta a "carne" em cima, o contorno do seio a começar uns quatro dedos acima de onde começam no presente.

Não me incomoda envelhecer, mas acho que muitos sinais estão a aparecer de forma precoce! Isso é que me incomoda. 

Estão menores, queria-as de volta normais :)
Assusta-me o "moderado" e acho que o severo é a morte!




Tenho a minha mãe como referência do que se deve esperar das fases do envelhecimento de acordo com as idades. As nossas mães são quase sempre o reflexo do nosso futuro, ainda mais se formos anatomicamente parecidas, o que é o meu caso. 

Mas a minha mãe nos entas... parecia uma jovem! Magra, pele perfeita, nenhuma ruga. Ela sempre teve um ar muito jovial. Ainda o preserva, abençoada. Vai completar 70 anos. Os sinais de envelhecimento que ela apresenta com esta idade são os mesmos que eu, FILHA, apresento sendo 30 anos mais nova!


Não pode ser. Tirando a pele mais madura que ela tem, as rugas são mais acentuadas em mim do que nela. Nem se pode comparar os papos, que ela quase não tem. De resto, as rugas de expressão em torno da boca e a flacidez debaixo do queixo que exibe aos 70 são as mesmas que eu tenho aos 40. Então alguma coisa está mal... Porque eu sou filha da minha mãe, não sou irmã :)

Ela teve os seus seios bem formados até avançada idade. Só depois de passar pela menopausa e posteriormente lhe ser removido o útero é que notei uma ligeira diferença. Mas para quem tem 70, ainda são espetaculares. E nada de serem daqueles descaídos até à cintura. É espantoso! Se eu não me cuidar, aos 70, tenho-os nos joelhos. Mas tão vazios que mais parece um balão comprido sem ar com uma alvéola na ponta. 

Exagero?
O pior é achar que não.


Tenho a certeza que muito se deve aos níveis de stress. Mas também uma razão pode estar na alimentação. Mudou tanto de uma geração para a outra. Ambas não bebemos, não fumamos... A diferença maior é mesmo a alimentação e as horas de sono. Ela sempre foi dormir cedo e quando está cansada, tem de dormir. Eu sempre fui de estar desperta. O SONO da beleza não é uma invenção da indústria de beleza. É uma realidade do organismo. Dormir faz melhor que uma série de cosméticos. 

Bom, mas o que posso fazer eu?
Começo a aceitar a minha nova imagem. Vejo os ossos, toco-lhes e sinto-os onde antes sentia uma "almofada"... Noto a diferença de trato que uma pessoa recebe conforme o "tamanho" dos ditos. Pois é verdade!!

Nunca usei uma camisa que não fosse abotoada até acima, até ao botão do colarinho. Porque se desabotoasse o seguinte, eram os olhares todos a tentarem espreitar disfarçadamente, quando julgavam que não seriam detectados. Roupa justa, a mesma coisa. Decote em V ou em U, camisas de alças no pico do verão... não usava. Só se disfarçassem, de algum modo ou na privacidade da casa, longe de olhares. 



Uma fotografia que me tiraram num desses momentos sempre me incomodou. Só via seios grandes expostos, um rosto gordo... o desconforto foi tão grande que acabei por a rasgar em pedaços, sentindo de imediato um alivio reconfortante.  

E agora nos meus entas... sinto falta dos MEUS seios.
Daqueles seios que não deixava ninguém ver mas que eram parte da minha identidade. Quero-os de volta. 

Isso não vai acontecer, não é assim que a vida funciona. Tive uma colega que, aos 40, decidiu fazer um (novo) implante mamário. Era magra e pequena, mas muito mamuda. E vejo agora a razão de o fazer. Era sem graça... o tamanho do peito chamava mais a atenção e proporcionava-lhe momentos de muito interesse masculino. 

Sei como é o pós-operatório por ter visto incontáveis programas sobre cirurgias plásticas. Não me apetece, não tenho nenhuma queda para esse recurso MAS, aqui também entra o "NUNCA DIGAS NUNCA". 


Não gosto de ver seios falsos. Acho que dá sempre para estranhar alguma coisa ali não está bem. Acho que dá para detectar. Porque será que não dá para injectar "gordura" nessa zona e ficar tudo bem, hei? Deflectiu? Torna-se a "encher" ehehe. Tal como um pneu que vai perdendo o ar. Ah, isso seria o ideal. 

Já fui a uma consulta médica e falei deste assunto. Recomendaram-me um certo procedimento - cerca de 8.000€, dura "dois anos" e vai levantar "ligeiramente" os ditos, causando a sensação de também ficarem mais cheios. 

Não me convence porque, o que quero, é ter de volta o que tinha. O que não vai acontecer. 
E aquelas almofadas de silicone... Jesus. Terei eu de recorrer a isso??




Já não digo "NUNCA".
É só o que sei. 


Onde raio foram eles parar??



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Diferentes reflexos


Deve de existir alguma coisa errada com os meus olhos.
Quando vejo o meu rosto reflectido num espelho normal, penso: "OKaaay..."



Mas quando me devolve o mesmo rosto numa ligação de Whatsapp ou Messenger... Jesus!




O que é aquilo??!?!

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Eutanásia humana


Um cientista australiano solicitou o direito à morte assistida.
Com 104 anos, David Goodall que se manteve extremamente activo durante a sua vida, diz que lamenta muito ter chegado até a sua idade.


Quando me dizem que queriam viver até os 100 anos, respondo sempre "Eu não!".
Espantados, os outros dizem-me que querem viver muito tempo e, se pudessem, viviam para sempre. Ao que lhes respondo: "Se pudesse chegar até lá como estou agora, tudo bem mas como não é isso que vai acontecer....80, 70 é o suficiente.".

Sempre tive na ideia que, naturalmente, se morre lá pelos 80. E não me desagrada - nesta altura da minha vida e até este instante- essa eventualidade. Mesmo mais cedo, não me desagrada. Agora o que irei sentir quando lá chegar, será a realidade que, presentemente, só posso intuir. A morte não me assusta o que me entristece é o sofrimento em vida. A solidão, a doença prolongada, a falta de mobilidade, a dependência de terceiros até para as necessidades básicas. Essa condição natural de quase todo o  envelhecimento que proguide até a total degradação física e psicológica. Não quero que o destino me reserve uma existência onde «morro» viva.

E viver até os 100 anos ou mais será, certamente, estar sujeito/a a tal realidade.

A luz de David Goodall está calendarizada para se apagar no dia 10, em Basileia, na Suiça, onde a morte assistida é legal. Acho que uma pessoa lúcida e consciente tem o direito de  decidir isso. Respeito a sua decisão. 



segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Viver e não desistir (?)


Nascemos assim:


Mas depois...





E quando crescidos...





Será (que) assim (que) chego à terceira idade???









quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Quem és tu?



Quem és tu?
Tu não és eu!

(após mirar o meu reflexo)

sexta-feira, 17 de março de 2017

Olhar o meu rosto


Minha avó.

Uma vez disse-me que não era ela que aparecia ao espelho. "Aquela não sou eu, pareço velha". 

Ela sabia que tinha envelhecido, que era avó, aceitava muito bem tudo. Nunca foi vaidosa. Então porque o disse? 

Porque tinha um «eu» por dentro, que não correspondia à pessoa ao espelho. A sua identidade não era aquela imagem que o espelho retribuía. 

Estava eu longe de imaginar que ia intuir o mesmo. 


Como também nunca fui vaidosa, apesar de estar rodeada de espelhos raramente olhei para um. Essa falta de vaidade estende-se às práticas que a sociedade actual estipulou como rotineiras e «necessárias» para a «beleza»: uso de cremes no rosto, no corpo, maquilhagem, etc, etc. Facilita passar meses sem apanhar a nossa imagem reflectida num espelho, quando não se tem estes hábitos. Nunca olhei para me ver, avaliar. Sempre apanhei o meu reflexo por acaso, sem lhe prestar atenção. Contudo, construí uma identidade visual de mim mesma, onde a aparência do rosto tinha características próprias. Essa identidade foi construida devido à existência de fotografias.



Durante anos apareci nas fotografias sempre com o mesmo tipo de rosto e de cabelo. Sem que tivesse percebido, acabei por me identificar com aquelas características. Reconheço-me.

Quem tem vaidade, quem cuida de si, acaba por ter vantagens. Porque está muito consciente das mudanças que o corpo pode sofrer. Tanto que faz de tudo um pouco para as combater. Então cada ruga, cada alteração, é assimilada como fazendo parte da sua pessoa.



Quem não é vaidoso e não se olha ao espelho, um dia tem um choque. Não se identifica com a imagem reflectida. Quando se procura no reflexo, encontra «outra pessoa».

Quando me olho, dou conta de uma série de características que não tinha e não dei conta de vir a ter. Rugas debaixo dos olhos, pele não mais de 20 anos...

Continuo a não ser vaidosa, a não cuidar de mim com os critérios que a sociedade impõe. Critérios esses ainda hoje discutíveis se verídicos ou fantasiosos. Seja como for, a realidade é que criei uma identidade como pessoa. E essa identidade sou eu entre os 20 e os 30, com um rosto mais ou menos maturo, mas ainda fiel pelo tempo. Este rosto de hoje mudou um tanto. Existem características que ele perdeu, que faz com que «não seja eu».



ESPIRITUALISMO

Dizem que a alma da pessoa não morre e esta, quando pretende comunicar-se com o mundo dos vivos, pode escolher a imagem que quiser. Recordo «testemunhos» de pessoas que afirmam ter vivido milagres ou ter sido visitadas por entes queridos já falecidos em sonho ou em doença ou mesmo despertas. Algumas descrevem que a pessoa parecia "o meu tio/pai/tia/mãe, mas mais novo". 

Algumas pessoas que afirmam comunicar-se com os espíritos dos mortos, costumam dizer que a pessoa está bem, em paz, num mundo sem dor e sem muita coisa que aqui sobrevalorizamos, e que escolheu como aparência para se comunicar "os seus 20 anos". Lembro-me de um episódio que vi de um destes programas sobre contactar os mortos, em que o contactado era um idoso que sofreu muito, acabando por ficar amputado, em cadeira de rodas, etc, outro caso era uma senhora que chegou a muitos anos de vida e que costumava ser muito vaidosa. No caso do senhor, foi dito que "onde ele está" pode correr como sempre gostou e que se sentia muito feliz porque ao fim de muitos anos conseguia finalmente andar com os movimentos livres e correr, que foi a sua paixão na vida. Do outro lado, não existem sequelas de doenças, não existem marcas de tortura, nada. A mulher que em vida tinha muita pena de ter perdido os seus fartos cabelos, mandava dizer que adorava os seus fartos cabelos e que escolheu essa sua imagem. Outros dizem que quem morre na infância, pode escolher aparecer como adulto.


Tomemos como exemplo o mundo do cinema.
Ali, todas essas mudanças ficam registadas. Mas, de alguma forma, o «mundo» seleciona a imagem que vai querer associar àquela pessoa. Algumas, ficam estigmadas com uma imagem mais madura. Outros, são sempre associados a uma imagem de muita juventude. 


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Anda-me a apetecer muito...


Ver-me de súbito com uma grande fortuna em mãos, daquelas que permitem que possas viver os restos dos teus dias sem quaisquer sufocos financeiros.


Sinto que devia ser assim... Por algum motivo não é mas era para já ter sido.  



Sonhos adiados... sempre os sonhos adiados. E os receios... de se perder o pouco que se tem. De se ver forçado a começar tudo de novo, noutro lugar, estando mais velhos, mais cansados, mais derrotados, com menos forças...



Os sonhos têm prazo de validade. A conversa do "nunca é tarde" não se aplica a muitos casos. As coisas são desejadas em determinadas alturas por algum motivo. O espírito, a alma, o nosso bem-estar a nosso progresso como seres humanos - está tudo interligado. 


Sempre disse: queria ter muito dinheiro para poder gastá-lo com a saúde. Para pagar médicos caros, tratamentos dispendiosos, boa comida, boas actividades físicas... Para ser saudável e feliz. Não o queria para possuir muitos bens e o amealhar no banco. Podia até ter alguns, mas por existir um propósito. Ter ideias e investir nelas, criar, arriscar e aprender - coisas que precisam de capital para investimento. Bem sei que os riscos investem o capital dos outros mas... Eu não queria ser tão rica, lol.

Se não fosse pelo pouco dinheiro... todos os desafios seriam melhor encarados. Em qualquer idade. 


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Mudança de Visual


Tem-me apetecido mudar algo na minha aparência.
Mas não estava convicta de que mudar o penteado era a mudança que procuro.

O que mais quero mudar é a aparência da pele do rosto.

Não que tenha problemas mas... queria voltar a reconhecer-me nela. A identificar-me. Com a pele e com os meus traços. A idade e os seus sinais bem que podem ficar. Não me reconheço nos poros mais dilatados, nas diferenças ténues de tez, nas marcas de borbulhas do passado impulsivo... Se um dia soube que ia estragá-la tendo-a boa, hoje quero-a boa tendo-a estragado.

O que preciso agora é de uma mudança diferente.


Peelings?
Não sei.
Talvez um dia vá cuidar de mim como nunca pensei cuidar antes.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Também já fui a coisa mais sexy do mundo! E daí?


« Meu Deus, Glória! Devoraste o Cabeça de Abóbora?
Ela disse que põe maquilhagem e a peruca grisalha?!?!?!  A pu** já parece velha!
Ela parece o Dani Devito com peruca loura.
Jabba!
Mulheres brancas não envelhecem bem. Ela realmente relaxou-se! Não esperava isto nem num milhão de anos! Ela era tão boa!! »

Comentários que podem ser encontrados em vídeos no youtube sobre Sally Strudders. Sally protagonizou a jovem Glória na sitcom que referi aqui, na década de 70. Estava então a meio dos seus 20 anos e ainda não tinha sido mãe. E tal como Brigitte Bardot, Katelyn Turner, Goldie Hawn, Michelle Pfeiffer ou Meg Ryan, todas excelentes atrizes, o tempo passou e nenhuma manteve a aparência física de uma menina de 20 anos. E porquê??

Porque a vida não é suposta ser assim!!

Dos 20 aos 60 vão décadas...

Acho importante chamar a atenção para a frivolidade com que se fazem comentários destes. A normalidade com que os aceitamos não é boa para a sociedade, se a queremos respeitosa e sem preconceitos. A facilidade com que hoje em dia se acolhe estas violências verbais, neste e noutros meios de divulgação, é perniciosa. A pressão a que as mulheres, em particular, estão permanentemente sujeitas para que se mantenham jovens e sexys, boas de cama, disponíveis para tudo, não é digna de uma sociedade que se diz respeitadora e liberal. Não envelhecer e não perder os belos traços da juventude, é impossível. Tanto para mulher, quanto para homem!! Que se recue no tempo e se passe a aceitar cada etapa da vida, apreciando-a. Que se olhe para o rosto de uma mulher com rugas e se veja beleza. Que se procure a alma. E não um pedaço de carne. 

Esta sociedade sempre tão machista, tão centrada no supérfluo carnal... não tem moral para criticar outras que ainda aprisionam as suas mulheres em tradições que ditam opressão. Pois não se desviou tanto assim de fazer o mesmo.


Entre alguns comentários ignorantes, quase todos da parte de homens, surgem alguns sensatos, quase todos da parte de mulheres. Como este:

« Não entendo os palavrões e os maus comentários. Ela deu-nos anos de risadas, contribui para a sociedade doando o seu tempo a crianças necessitadas. Não entendo a maldade. Não gostar dela é uma coisa, ser malévolo é outra. »


Se continuarmos assim, malévolos e superficiais, passo a entender e a defender a ideia apresentada em tantos filmes futuristas de que a humanidade não deve viver para além dos seus 30 anos. Que tal? Agrada esta ideia? A todos aqueles que acham que uma mulher é um pedaço de carne que deve envelhecer mantendo um corpo escultural de 20 anos? Ou ser uma bomba sexual sempre cheia de desejo? É que nem quando algumas fazem isso, deixam de ser severamente atacadas verbalmente com insultos. Por parecerem tudo e mais alguma coisa devido à libido «precoce» ou às plásticas... É então um conceito impossível, que está perdido à partida, mas continua a ser exigido. Tanto «levas» na cara por envelhecer, quanto por evitá-lo. Ó «críticos»: E se fossem mas é aprender a alimentar o cérebro??


Sim, porque isso faz falta para que entendam que estão a dar um tiro no próprio pé. Frivolidade gera e cobra frivolidade. E se exigem às mulheres de hoje coisas como depilação total, corpo escultural, magro e musculado, etc e tal, porque um homem gosta é "de coisa boa", claro que geram mulheres que fazem um alto investimento nelas mesmas e não o vão entregar a um homem barrigudo, baixo, careca ou pobre...

Se tudo ficar definido no supérfluo, então perpetuam-se certos erros. E o que já não falta por aí é mulher a cuidar de si na esperança de encontrar qualquer homem com uma carteira recheada e vontade de gastar dinheiro com ela. E se não apanharem uma destas, apanham das outras: que também querem um homem todo depilado, musculado, magro, fiel, inteligente, respeitador e bem humorado. Vão ser picuinhas com o tamanho da barba, com o tamanho de tudo... Gerações de homens e mulheres a tentar atingir o impossível e a valorizar o que pode até ser bom, mas por motivos errados. E por isso todos ficamos cada vez mais sós, cada vez, os homens pelo menos, mais íntimos de bonecas.... insufláveis ou de silicone.


Pronto. É isto. A sociedade está a evoluir para o ridículo e como tudo o que é ridículo, se a juventude é a única coisa que se quer valorizar, então que ninguém viva para além dos 30. Eutanásia para todos e que sobreviva o melhor. Lol.


sábado, 1 de março de 2014

Algumas coisas a se saber sobre o envelhecimento que não nos dizem

Algumas coisas a se saber sobre o envelhecimento que não nos dizem:

1 - Pode acontecer de um momento para o outro. Num piscar de olhos. O «mito» de que algumas pessoas envelhecem bastante da noite para o dia tem fundamento. É verdade que se pode sofrer um trauma no organismo ou um choque emocional tão intenso que os cabelos ficam subitamente brancos, por exemplo.

2- Usar cremes anti-rugas não está comprovado em lado algum que seja eficaz ou faça o efeito pretendido. Mais vale prevenir, está certo. Mas é MENTIRA que tais cremes vão fazer desaparecer ou atenuar os sinais de envelhecimento. Pessoas com a mesma idade podem apresentar sinais diferentes de marcas de envelhecimento ainda que a mais marcada use cremes e a menos marcada não.

3- Sofrer envelhece. 

4- Usar e abusar da expressividade facial NÃO CRIA RUGAS. Não as traz mais depressa. É mentira.  Cada qual é propenso às suas. Pode dar gargalhadas até ficar com os músculos doridos e franzir a testa continuamente por quatro horas. É indiferente. 

5- A exposição ao sol ENVELHECE. É verdade. Pele e sol é bom, mas com muito protector solar. 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Lista de recordações de Nascimento e da Vida


Cordão Umbilical                     
Madeixa de cabelo de bebé       
Primeiro dente de leite a cair      
Primeiro dente molar arrancado 

Primeiro fio de cabelo branco     


Hihihihihiiiiii ! 


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A senhora?


Todos nós passamos por aquele momento em que alguém nos dirige a palavra com referência a uma certa idade. A minha primeira vez foi aos 24 anos, numa caixa de supermercado.

-"A senhora vai pagar com dinheiro ou cartão?"

A miúda que me atendia não podia ser muito mais nova que eu mas ainda assim dirigiu-se a mim e atirou-me aquele "senhora". A primeira vez causa sempre impacto. É tão estranho como nos enfiarem escaravelhos debaixo da epiderme. Até então era "a jovem" ou simplesmente o trato vinha na primeira pessoa do singular. 

-"Vai pagar com dinheiro ou cartão?"

Hoje, novamente, uma rapariga mais jovem mas não tanto assim dirigiu-se a mim e perguntou: 
-"A senhora vai para onde?"

Chega de mansinho, como quem está só de passagem e pá! Um dia gruda e não descola mais. Aquele trato por "senhora" já nem teve o impacto estranho de antigamente. Começa a invadir o meu espaço gradualmente, como quem não quer a coisa. Um "senhora" aqui, outro ali. Hoje um, amanhã dois, daqui a uns tempos uns cinco, até que um belo dia todos me vão chamar de senhora! E o que é pior: vão acrescentar: "mas está muito bem conservada para a idade que tem!" Brrrrr!!!