sábado, 28 de novembro de 2020

Quebrar o passo

 Gostava de atrair boa sorte e dinheiro como atraio transito quando vou para atravessar uma estrada ate entao nao movimentada.




sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Sem noção

 "Estás sempre em casa!"- diz-me a M  depois de disparar um "vais trabalhar hoje?" assim que saio do quarto, onde permaneci tres horas .

A M. sofre do mesmo síndroma do qual padecia o rapaz da primeira habitação. Quem esta lembrado? É o sindrome do "quero a casa so para mim". 

Ele, 50 anos, so trabalhava aos fins de semana e ficava por casa todos os outros dias. Ainda assim sabia-lhe a pouco.  Cada vez que via um de nos tres de folga, logo nos aconselhava a ir passear, aproveitar o dia. Dizia: "Acho que nao devias ficar em casa. Digo isto para o teu bem. Fazia-te bem ir dar uma volta. Podes apanhar o comboio até outra cidade..."

Uma pessoa com turnos rotativos com horarios doidos, que todo o final de turno entra'em casa arrebentada, muitas'vezes direta para a cama sem duche por nem conseguir dar um passo mais e quando finalmente consegue um dia para descansar, tem um colega na casa a dizer-lhe repetidamente isto.

Percebe-se logo o que realmente pretendem.

A M. queixou-se que vai regressar ao trabalho ja para a semana.  "É muito dificil acordar as sete da manha e chegar a casa la para as sete da tarde"- diz-me. Concordei. Mesmo sabendo que nao o vai fazer todos os dias. "Pensei que ainda tinha uma semana mas o lockdown termina na proxima... queria continuar por casa, entendes o que quero dizer?"

Respondi que nao sabia, porque nunca estive em forlorn. (ficar por casa a receber salario mas sem trabalhar).

O que sei eu realmente sobre o que isso é? Como a pessoa se sente por ter de abandonar esse conforto de meses ou semanas e regressar a rotina?

Nao sei absolutamente nada.

Durante a reclusao obrigatoria devido a pandemia estive sempre a trabalhar fora de casa. Foi ate o meu periodo mais requisitado. 

Ha coisa de tres meses arranjei dois empregos. Porque um ja estava a ser menos regular. Nem por isso me deu mais tempo livre, porque quando se conta em ir trabalhar e no ultimo minuto recebe-se a mensagem de cancelamento, todo o teu dia girou a volta daquele compromisso. As coisas que deixaste de fazer e o que podias ter feito e nao fizeste por priorizares o descanso antes da labuta.  Muito esforço, pouco salario. 

A decisao de conseguir um segundo emprego pareceu logica. E consegui, mesmo nestes tempos dificeis. Foi o emprego que deixei na terça-feira. Teve ser. Estava a ser muito menos regular do que o prometido, com a inconveniência dos dois turnos dados por semana estarem sempre a coincidir com os atribuidos no outro trabalho. Andava a perder saude e dinheiro.

Na quinta-feira consegui outro emprego. Esta e a novidade que ainda nao havia contado. É prematuro e nao quis azedar a coisa por a mencionar cedo demais. É num armazém (é o unico tipo de emprego que tem sobrevivido ao Covid). Aquele que deixei era o de uma empresa  Americana, noneadamente a conhecida Amazon. Foi a minha segunda experiencia com empresas americanas em solo ingles e em termos de organização e simpatia estao no meu top do raking. Esta nova é alemã. Primeira impressao: desorganizada. A ver vamos.

Ja tive de cancelar o primeiro turno - para amanhã de tarde, por o final coincidir com o inicio de um turno que me ofereceram a ultima da hora na empresa a qual sempre vou dar prioridade: a primeira. 

Ja trabalho com eles faz dois anos, conheco os cantos a casa e... ganho bem - se tiver horas para fazer.

Nenhum outro lugar em parte alguma vai pagar proximo do que ganho ali. Em uma semana na Amazon, com dois turnos de extenuante trabalho, apos pagos os impostos, fazia menos do que com um unico dia de trabalho na empresa original. Fui percebendo que estava a prejudicar a minha saude e a comprometer o meu desempenho na empresa que nao quero abandonar. 

Tive de sair.

Em termos de pessoas que ali encontrei e ate de sistema de trabalho, foi uma perda. Mas tambem exigem muito de ti, fisicamente. Nem todos conseguem manter um ritmo acelerado continuo por varias horas, para atingir o target numerico. Principalmente quando a empresa exige que se cumpram as regras do covid, e impoe uma distancia de 2m a todos os trabalhadores. Tinham instalado  cameras biométricas que toda a hora enviavam um relatorio. A minha temperatura corporal era medida todos os dias a entrada e mascaras e desinfectantes estavam disponiveis por todo o lado.

Na empresa original muitos nao usam mascara, ninguem cumpre distanciamento chegando a roçar uns nos outros, existiram casos positivos de Covid e nao isolaram os trabalhadores em contacto com o infectado/a. Alem disso tudo e mantido muito porco, sujo e desorganizado. 

Existem aspectos positivos mais e menos bons em tudo.

O que me fez especie foi mesmo o comentario da M. 

No ultimo mes ando a sair de casa as 3 da manhã, para, por vezes, so regressar por umas horas e voltar a sair para mais um turno inteiro de trabalho noutro lugar. Passei 24 ou 48h sem vir a casa realmente para ficar. O meu cérebro ficou a sentir que dois ou tres dias foram apenas um.  No passado domingo sai as 4 da manha do emprego1, onde entrei as 22h de sabado, para apanhar o autocarro as 4.10, descer na estacao, apanhar um transfer e chegar as 4.30 ao emprego2. Para recomeçar a trabalhar no duro, a suar e sem tempo de ir ao wc mesmo tendo vontade. Porque não deu para parar. E ali fico a trabalhar ate as 13h. 

Apanho novamente o transfer, depois outro autocarro e finalmente chego a casa as 14h, nao tendo dormido a noite, tendo saido as 21h do dia anterior e sabendo que era para sair novamente as 18h so para regressar as  23h e voltar a sair as 3am para a Amazon e regressar as 14h do dia seguinte, já uma segunda-feira. 

Em casa o "dia inteiro" (tirando as horas que andei na cidade para ir assinar o contrato e passar pelo supermercado) só fiquei realmente ontem. Contrariada, porque a ultima da hora quando menos esperava,  cancelaram-me o turno pelo qual ansiei a semana inteira, por contar que pudesse vir a durar 12h.

E vem a M. que não sai para o emprego dizer-me que me vê sempre em casa e quer saber se pelo menos hoje vou trabalhar.















 


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Humor inteligente e actual

 

*Piadas Atuais*😂🤭😂


🦜- Troco massa, arroz e açúcar por papagaio.  Preciso de falar com alguém.


🏃🏻‍♂- Se virem que saí do Grupo, adicionem-me outra vez. É o desespero para sair para algum lado.


🦸🏻‍♂- Nem nos meus sonhos mais loucos imaginei entrar mascarado no Banco.


✋🏻🤚🏻- Nunca pensei que as minhas mãos iam consumir mais álcool do que o meu fígado.  Nunca...


💀- A Quarentena parece uma série da NETFLIX: Quando parece que vai acabar, vem mais uma temporada.


😷- A máscara até tem coisas boas... No supermercado passei por 2 tipos a quem devo dinheiro e nem me reconheceram.


📆- Queixaram-se que 2020 tinha  poucos feriados.  Como estão agora?


😜- Preciso de manter distância social com o frigorífico. Testei positivo para gordura abdominal.


👨‍👩‍👧‍👦 Alguém sabe se a segunda quarentena se repete com a mesma família? Ou podemos trocar?


🖥 Faltam duas semanas para que nos digam que faltam duas semanas para nos dizerem que faltam duas semanas...


⏳ Não vou acrescentar 2020 à minha idade. Nem sequer usei!


😟 Queremos nos desculpar  publicamente com 2019 por tudo o que falamos mal dele.


🙎🏻‍♀ Essas mulheres que pediam a Deus que os maridos ficassem  mais  tempo em casa... Estão satisfeitas agora? 


🚰 A minha máquina de lavar roupa só aceita pijamas... Coloquei umas calças de ganga e ela mandou-me a  mensagem #ficaemcasa 😷🏠.


🎉 O primeiro que eu vir 👁 em 31 de Dezembro a chorar pelo ano que se vai, vou enchê-lo de porrada.


💉 Depois de passar por toda esta angústia, só nos falta dizerem que a vacina será um supositório.


👨‍🦱👩🏼‍🦱 Sinto-me como se tivesse 15 anos novamente: Sem dinheiro na carteira, com o cabelo comprido, pensando no que fazer com a minha vida e sem permissão para sair. 


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

 Estava na pasta dos emails "por enviar".

Sera que cheguei a faze-lo?

Dizia: 

Vou para Portugal. Podemos nos encontrar mais uma vez? Bloqueaste-me do whatsapp. Quando percebi isso achei que ias fazer o mesmo ao meu email e presumi que nao ias responder caso te enviasse um sms ou fizesse um telefonema. Presumi certo, nao foi? Mas quem é que age assim com alguem de quem gosta? Por algum motivo cortaste-me abruptamente da tua vida e esse teu gesto tem vindo a causar-me muito sofrimento. Preciso de saber o que se passa nessa tua cabeça. Gosto de ti. Preocupo-me. Vamos nos encontrar para falar, o que for... Nao ha nada a temer nisso, certo? Tenho sentido a tua falta.

Esta mensagem estava na pasta de rascunhos da minha conta de email. Data de Setembro de 2019. Sera que cheguei a enviar?

Acho que sim, enviei. Mas devo ter usado outra conta de email. Tenho muitas e na ocasiao senti que tinha de abrir outras so para ter a certeza de chegarem a este destino. 


Que pena que nunca respondeu. Teria lhe estendido o convite para viajar comigo. Casa de graça, duas semanas frente ao mar, com um pais inteiro por explorar.

Tudo se perdoa. Mas o querer falar com alguem e essa pessoa nao permitir, nao dispor de um segundo do seu tempo para to dar, é cruel e desumano. 

Se ages assim com quem tratou bem de ti e gosta de quem és, o que reservas aos teus inimigos?


terça-feira, 24 de novembro de 2020

 O nome dele é Roberto.

Neste meu ultimo dia de trabalho perguntou-me se tinha facebook ou whatsapp. Despedi-me dele dizendo que foi um prazer e quem sabe um dia nos voltavamos a cruzar num armazem por ai.

Caminhava pela cidade quando me'"bateu". Porque nao lhe dei o meu numero de telefone? Nao tinha mal algum. Podia vir a ser um amigo. Foi verdadeiro o seu espanto e descontentamento quando soube que eu ia embora. Tal como foi  com as outras colegas brasileiras que la encontrei e a quem havia contado ontem dessa decisao. Uma ate fez questao de me dar boleia. Ele perguntou-me se eu tinha trocado contacto com elas. 

É porque provavelmente nao gostaria de perder o contacto comigo.

Afinal, quantas mais ocasioes posso eu ter na minha vida daqui adiante em que alguem, homem ou mulher, principalmente mais jovem, mostre interesse em manter contacto comigo?

Naquele local conheci pessoas pertencentes a um leque bem mais vasto da vida, pessoas oriundas de todos os cantos do mundo, simpaticas, cultas, inteligentes e bem educadas.  É o que vou sentir falta. 

Foi pouco tempo mas valeu pela atmosfera, os rostos e as conversas.

Ele veio ao pensamento...





segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Actualizacao laboral

 

Amanha, mais exatamente daqui a 6h, começa o ultimo turno de trabalho que vou fazer no meu segundo emprego. Decidi terminar o contrato. Com muita pena minha. Na actual conjectura nem sei se faço bem, mas decidi assim e agora e continuar para a frente.

Combinar os dois trabalhos precarios na esperanca de ganhar o de um, nao resultou. Em termos financeiros sai prejudicada porque tive de priscindir daquele que da mais dinheiro por sempre apanhar parte do turno do novo. E o novo so me estava a dar dois dias por semana.

Em termos de saude o novo emprego exige demasiado esforço no ombro e faz-me gastar todas as energias nas primeiras horas da funcao. 

Dormir é aquela coisa que raramente acontece durante os dias de trabalho e a unica coisa a acontecer de modo intermitente e continuo nos dias de folga. 

Hoje despertei as tres da manha para comecar as cinco. Dolze horas depois iniciei outro turno menor no primeiro emprego. E finalmente cheguei a casa, para descansar. A sensacao de tirar os sapatos é indescritivel. Mas dura pouco porque novamente as tres da manhã...

Pela ultima vez.

O mais triste disto tudo é que nao ganho nada melhor ou nada especialmente satisfatorio. É so  mesmo para sobrevivencia.

PS: Temo que o meu ombro nunca va ficar como de antes. Temo que sare mal posicionado, inpedindo-me para sempre de poder chegar com as maos as Costas. E que falta me faz fazer esses gesto todos os dias! 









domingo, 22 de novembro de 2020

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

The blues

 "The blues" é estar com uma certa tristeza e desanimo. É assim que me sinto.

Em casa os roubos continuam. Fiz queixa a agencia que me aconselhou a chamar a policia. Chamar a policia porque andam a roubar bens alimenticios??

A M. Saltou logo de contentamento. Mas eu nao quis dar esse passo. Se fiz mal ou bem o tempo dirá. Roubaram-me uma garrafa de vinho vintage engarrafada ha 20 anos, que trouxe comigo de Portugal para beber numa ocasiao especial. '

Sim, talvez seja o novo inquilino o responsavel por todas estes desaparecimentos. Mas tambem me ocorre que possa ser um dos outros, aproveitando que as suspeitas recairiam logo noutra pessoa.

Desmotivei e fiquei a sentir-me triste.

Ate cancelei o trabalho que ia comecar amanha as 5am. Nao me sinto nada motivada para executar aquela funcao. O meu ombro pode parecer estar optimo, mas ainda nao recuperei a 100%. Sinto sempre uma pontada de dor faça o que fizer. Ate mesmo agora ao teclar no smartphone. Ter continuado a trabalhar nessa condicao ate pode ter prejudicado as minhas hipoteses de obter shifts com regularidade. Aos olhos dos gerentes, posso ter parecido mais vagarosa ou limitada e ser essa a razao de nao me darem mais  tantos shifts.

Mas isto posso ser so a minha tristeza a falar. 

Na quarta feira recebi a temivel mensagem de cancelamento para um shift que so ia acontecer na sexta. Percebi que sao estas mensagens o que mais afecta as minhas emocoes. Duas horas depois, o cancelamento para o shift daquele dia.

Tiraram-me todos os que tinha para a semana inteira. De dois passei a nada. 

Dizem que estes cancelamentos sao aleatorios. Mas nao e verdade.  Podem significar que te vem como dispensavel no rol dos muitos que por la andam. Por algum motivo, cai nesse grupo.

O que me entriscece muito.

Os colegas da casa estao em forlorn... significa que continuam a receber salario mesmo sem ir trabalhar. A M. Esta feliz porque pode fazer outras coisas... mas isso nao é novidade. Quando me mudei para esta casa ela tinha recomecado a trabalhar nessa semana, apos tres meses em forlorn. As queixas sobre ter uma chefe psico começaram de imediato e so pararam quando ela voltou a nao ir trabalhar. 

 As nossas conversas demoravam-se longamente nesse tema. A M. Consegue envolver todos nos seus dramas. De modo que a casa inteira andava chocada com o descaramento da chefe dela. Ate que passado uns tempos questionei-me ate que ponto o que a M. Contava da chefe que a demonizava por completo, podia ter fundamento. Comecei a ver o ponto de vista do outro lado. E percebi que a M. Nao teve  tempo de ter tantos desentendimentos com a sua chefe se tinha acabado de regressar ao trabalho apos uma ausencia de tres meses.

Por isso agora esta feliz. 

Esse e um luxo ao qual nao me posso dar. Se  nao trabalhar, nao ganho. Simples. E ainda tenho as financas a dizer-me que lhes devo 100 libras que mas vao descontar na carga fiscal... Assunto que ainda tenho de resolver. Afinal eu pago os impostos todos. Das 120 libras que ganho por dois shifts no novo emprego, 23 sao para descontos. Algo nao esta bem mas o governo nao quer saber. Os pequeninos sao sempre roubados. Seja comida seja nos impostos.

 


quinta-feira, 19 de novembro de 2020

A melhor série de humor de todos os tempos

 A melhor serie de sempre foi feita há muitos e muitos anos. É americana e foi filmada durante a presidência de Nixon.

Afirmo com todas as letras: trata-se da melhor sitcom alguma vez feita. É completa. Tem todos os ingredientes para isso. Quanto mais anos passam, mais actual permanece. Mudam as referencias politicas, jamais mudam as situacoes.

Continuamos a experenciar a vida da mesma forma e a ter as mesmas preocupacoes e alegrias que as retratadas naquela historia. Mesmo nao existindo nela a tecnologia de que hoje estamos tao dependentes. Mesmo que na altura em que a serie foi filmada se tivesse o costume de enviar telegramas.

Ao rever os episodios, a minha gargalhada nao e menos fresca. Parece que descubro sempre algo novo, que me emociona e me faz crescer. Uma nova referencia politica, uma previligiada espreitadela aos pensamentos e eventos daquela decada, em que a america estava enfiada na guerra do vietnam. Mas existiram outras guerras, com iguais consequencias para a economia e para a sociedade.

Esta serie tem tudo. 

Faz rir e faz pensar. Tem muita identidade. Total autenticidade. Nao é "uma casa na pradaria" mas consegue emocionar-nos sem a ajuda de um cenario colorido ou bem decorado. Esta serie deu origem a mais duas ou tres. Todas fantasticas, pioneiras e premiadas, mas que nunca mais passaram na TV portuguesa.

Está a ser emitida agora na RTP memória as 22h ou 3 da manhã. Voces que nunca viram e nao se imaginam a gostar de algo tao datado, vejam. Se nao gostarem, permitam-se a continuar a ver. De todas as series familiares que alguma vez existiram pelas decadas adentro ate chegarem aos padroes que conhecemos hoje - esta nunca perderá o pódio. Continua actual e atingiu a imortalidade.

 

  








quarta-feira, 18 de novembro de 2020

O roubo de alimentos

 Tenho deixado de fazer muitos posts brincalhoes, ironicos ou reflectivos.

Acabo por escrever mais sobre as preocupações e conflitos. Mas acho que isso e natural. 

Fiz uma maratona de trabalho que começou no passado Domingo e terminou na terça de manhã. Quando chego a casa e vou para tirar o pao, reparo que ja nao está inteiro. Alguem abriu o saco e cortou quase metade. 

Ja tinha pedido para nao mexerem na minha comida. Se por algum motivo de maior o fizessem, pedi para que deixassem um bilhete a explicar. 

Nao adiantou nada.

É uma falta de respeito. E uma provocação.

Tive de deixar claro o meu descontentamento. Escrevi um bilhete dizendo que nao compro comida para eles. Pedi para que cumpram a regra mais basica de convivio em casas partilhadas: nao mexer nas coisas dos outros. 

Deixei etiquetas a identificar os espacos que me sao destinados e escrevi que era para os auxiliar a compreender onde nao devem mexer, tal como se faz com as crianças.

Depois contei a agencia que faz as vezes de senhorio o que se estava a passar.

É a terceira vez que isto acontece. Na primeira procurei saber quem foi e nao dar muita importancia, porque eram chocolates. A segundo foi com pao e achei muito desrespeitoso. Pedi para nao o voltarem a fazer e caso o fizessem, deixassem uma explicação num bilhete. 

Passados 3 dias repetem a façanha?

É  provocação. 

Decidi demonstrar uma postura mais intolerante e incomodada com a situação. Nao quero que se venha a repetir uma quarta. Como a agencia reagiu dizendo que nao ia aceitar mais queixas do genero, espero que quem quer que seja que ande na boa a tirar comida perceba que é para acabar já.

Temos um enorme supermercado a tres minutos de caminhada da casa... nao ha realmente necessidade de andarem a tirar do frigorifico  comida dos outros.

Este tipo de comportamento transforma-se em padrao se nao for travado de inicio. 

Depois das experiencias na outra casa, pode me custar muito, mas ja nao fecho totalmente os olhos para com provocacoes.







 

 

domingo, 15 de novembro de 2020

Deem-me espaço, sff!




 Sabem quando só pretendes algo rapidamente, coisa de dois minutos, e nao pretendes encontrar ninguem?

Faz dias que não consigo ficar a sós. 

A casa pode estar silenciosa, sem ruidos de gente de um lado para o outro. Se aproveitar esse instante para ir à cozinha tirar algo do frigorifico com ideias de seguida subir novamente ao quarto, sei que em segundos aparece alguem. 

Nao importa a que horas o tente fazer. Tanto pode ser as três da manha, como as seis e meia. Ou sete. 

Esta gente nao dorme??

Estou a ir ou a chegar do emprego. Cansada. Sabe bem ficar apenas uns minutos sozinha e em silencio, sem que para isso seja preciso ir logo fechar-me no quarto. Tenho horarios noturnos e mais ninguem na casa os tem. Não há realmente justificação para andar a esbarrar em pessoas. Deem-me espaço, sff.

Só eu estou a ir trabalhar. Dois deles tambem podiam fazê-lo mas preferem a preguiça. Porque pagam-lhes na mesma. Então para quê se ralarem? Ficam por casa, desocupados. Vao as compras, vao passear... mas nao saem para trabalhar.

(Discordo totalmente desta postura. Mas isso é um à parte). 

Nesta clausura de ócio deixam de ter o que fazer e com o que se preocupar. Por vezes sinto que descem só para observarem o que posso estar a fazer. Escutam os meus passos a descer as escadas em madeira e decidem vir atras. 

Tambem e quando  lhes da vontade para tossir a grande e a francesa (o rapaz) sem cobrir a boca, porque  isso e para mariquinhas. 

Ou então, quando estou na cozinha, entram como quem nao quer a coisa só para olhar o que faço. 

Quando cheguei do trabalho sexta-feira de madrugada, ainda o dia não tinha raiado, decidi que ia tomar um duche, lavar a roupa e preparar o que comer. Mal ponho  a chave a porta vejo logo o rapaz, a preparar-se para sair pela outra porta para ir fumar. Lá se vai a chance da solidao matinal. Ponho a roupa a lavar na máquina e vou para o duche. O tempo todo oiço ruidos fortes na cozinha. Lá se vai aquele silencio sepulcral e tranquilizador que tanto almejava... 

Quando saio para preparar algo para comer, já não lá esta ninguem. Mas também, empatei-me no duche propositadamente para isso.

Reparo que o micro-ondas foi deixado aberto. Achei por isso que tinha sido a M. A autora dos ruidos que ouvi enquanto estava no duche, porque já presenciei que, pela manhã, ela é ruidosa na cozinha e deixa a porta do microondas aberta. 

Cortei um pao que tirei do frigorífico, estou a enfiar duas fatias na torradeira e aparece-me a M. Que se poe a preparar algo para ela também. Logo me pergunta porquê o frigorifico esta aberto. (Para depois ser ela a deixa-lo assim). Fica ali parada, a olhar para o frigorifico, maos a cintura, com ar de censura. Só o ja começar com as implicancias ja me chateia porque me priva da tranquilade com que sonhava por chegar a casa aquela hora. 

Pao com queijo e torradas nem é coisa para demorar muito a preparar. Mas foi tempo que nao me foi concedido.  Podia ser. Faço questao de os deixar a vontade quando precisam do seu espaço. Podiam fazer o mesmo comigo. Principalmente se sou a única a sair para trabalhar e estou a chegar do emprego, com fome, cansada e são sete da manhã! 

 

              O manipulo da porta das traseiras

Estamos todos a tentar manter a distancia de dois metros devido a pandemia. Quando estou na cozinha lavo o manipulo da torneira com sabao, limpo superficies, nao toco na porta do frigorifico sem ser com um papel guardanapo, caso contrario estou sempre a ter de lavar as maos por de seguida ter de tocar em comida. 

Dai a porta ficar aberta, enquanto retiro o pao, a manteiga e desvio do caminho tudo o que esta na frente, para voltar a encaixar tudo de volta na prateleira que me foi concedida como se um jogo de tetris se tratasse.

A M. Apareceu, abre com as maos a torneira que eu lavei e por esse motivo terei de a lavar novamente ou tocar nela com algo descartável. Tambem tem o habito de falar por cima do tacho de comida que tenho ao lume e esses pequenos gestos acho que sao evitaveis. Numa cozinha pequena em que nos cruzamos para abrir armarios, quando estamos tambem a tentar manter a distancia de dois metros por causa da pandemia. Nao seria mais sensato deixar cada qual usar o espaço à vez?

Eu e a M. Temos muito presente a preocupação de contágio. Ela nao fala de outra coisa. E ate ligou para a linha do Covid a fingir sintomas para receber de graça um kit de teste. Ela teme que o novo rapaz esteja doente. O antigo também. Esta convencida disso.

Por isso somos as que tem mais cuidados ao tocar nas superficies como a porta do frigorifico e a manter as coisas limpas. Mas ela nao nota quando é ela a falhar. So percebe as falhas dos outros. 

Nessa madrugada a M. perguntou-me se estava zangada (porque lhe respondi que o frigorifico estava aberto porque eu o queria aberto) disse-lhe que nao, mas depois mudei para um sim. De certa forma. E apontei para a bancada. Uma gosma vermelha e seca estava em destaque. Mas nao roubava de todo o protagonismo das brancas e das migalhas por todo o lado. 

Vai ela, que sempre diz que é "ele" que deixa tudo sujo e faz gestos e caretas de nojo, sai-se com esta: "ah, esta vermelha acho que fui eu, ontem de noite".

Lol.

Depois da senhora da limpeza ter cá vindo fazer o que lhe compete, o vidro do duche no WC  de cima ficou quase translucido. Durou apenas instantes. Duas horas de M. Dentro do Wc e olhem o resultado:

                         Estas marcas sao do lado de fora!

Limpinha e asseada era a que saiu.
No wc dela este vidro estava sempre translucido.

sábado, 14 de novembro de 2020

Dia da Bondade e natureza humana

Sexta-feira, dia 13 de Novembro, foi o dia internacional da bondade. 

Foi tambem nesse dia que me vi acomedida para fazer um post sobre o comportamento das pessoas perante o virus Covid19.

Fala-se em bondade. Mas nao se demostra.

Bondade nao é falar gentil, dizer bom dia e boa noite. Vejo falta de bondade quando vejo pessoas dentro dos supermercados sem usarem mascaras no rosto. Vejo falta de bondade quando me deparo com ajuntamento de pessoas nas ruas, nenhuma com mascaras no rosto, quando o governo decretou o recolhimento obrigatorio. Vejo falta de bondade quando estou no autocarro onde um individuo senta-se no banco atras de mim, estando o autocarro vazio. Ou quando alguem poe a máscara no queixo para poder mastigar à vontade.  E quando saio desse transporte, encontro a passagem bloqueada por tres pessoas que estao a falar a vontade sem o uso de mascara. Nao da para passar por elas nem com 20cm de distancia, quanto mais 2m.

Fala-se de bondade mas nesta situação de Virus versus Pessoas, o grande vilão nao e o Covid.

O virus esta a fazer o seu papel. So quer sobreviver. Reproduzir-se. E é um viruszinho da treta. Morre com agua e sabão!! Bastam 20 segundos para o matar. A sua força está em ser um melga do caraças, que se transmite com facilidade. Mas ainda assim, lavas as maos, usas mascaras e pronto: atrapalhas logo os planos do Covid-Corona em existir em ti.

Então se é tão simples, porquê os casos estão a aumentar? Porque esta o virus a ganhar esta luta, conseguindo o que mais quer?

Mantem 2m de distancia e tapa a boca!

É o que te pedem. 

Custa tanto assim?

Preferias que te pedissem para nao ficares em casa, para te recrutarem como soldado para uma guerra distante e desses o corpo as balas?

Máscara abandonada na rua 
(foto dia 12 de Novembro)

Parece que mais depressa as pessoas estão mentalmente formatadas para isso do que para usar água com sabão. Ficarem sentadas no sofa a ver netflix o dia todo sem ir trabalhar mas ganhar salário á mesma? O pedido que sempre fizeram a Deus. Agora que por meios estranhos o desejo foi concedido, saem as ruas com a criançada para ver montras e passear entre multidões de sem e com máscaras de protecção.

Enquanto a postura for essa, estamos a enterrar a economia, a cavar um buraco tão fundo que nos vai tornar dependentes da ajuda de terceiros, a condenar-nos a nos mesmos e aos nossos filhos a carencia de emprego e à falta de auxilio e cuidados médicos.

Não me falem de bondade. 

Mostrem-na.  






  

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Porque esta reclusao esta a ser particularmente mais dificil

 Sempre fui uma pessoa sozinha. Um dia reflecti nisso. Imaginei-me a viver o resto dos meus dias sem ninguem. E sabem o que aconteceu? Pareceu-me bem. 

Foi um momento libertador. Uma certa ilusao romantica e uma certa pressao social deixaram de fazer sentido. Sentia-me bem comigo mesma.

Brotou uma nova portuguesinha, segura de si. Gostando de quem é. 

E o que acontece?

Apaixono-me de verdade!

Com tanto tempo que existiu para isso acontecer. Porque?? 

Sinto-me usada e abusada. O cosmos é sádico. Gosta de brincar com as pessoas. Pos-me  novamente a sentir emocoes que ate ja estavam esquecidas de tao distantes que haviam ficado no tempo. Nao as queria mais realmente. 

E o que aconteceu?

Deu-me as emocoes todas mas removeu o alvo das mesmas. Tirou da minha vida a pessoa que fez nascer tudo novamente. A portuguesinha afectivamente resolvida e segura de si e da sua solteirice, ficou com a alma a sangrar. 

É como por um rebuçado na frente de uma criança e tirá-lo quando esta vai para o segurar.

Assim tem sido o destino comigo.

Ja esperancosa que pudesse escoar as emocoes para algum lado, o que é que acontece? Depois da paixao nao vivida surge um virus que nos obriga a manter a distancia uns dos outros, a nao nos tocar-nos.

Tudo bem. Resigno-me a minha solteirisse. A condiçao nao me faz especie. Mas depois disto, tudo custa. Custa tanta vez sentir desejo e nao ter a pessoa a quem o poderia dar. Custa precisar daquele abraço. Custa nao partilhar aquele olhar cumplice que diz muito em silencio. 

Outros estao a faze-lo, neste momento. Alguns, pela primeira vez. Vivendo primeiros amores. Nada disto é para mim.

Teria acolhido bem esta situacao ANTES.

Antes tudo era suportavel. 

Agora tudo pesa. 

Ver a vida a seguir em frente para os outros nao mos faz inveja-los.  Mas fico com a ideia de que nao esta mesmo destinado para mim. 

Ver um casal apaixonado juntos, durante a quarentena, tambem mexe com o emocional. Nao sabem a sorte que tem.  Ha algo que me impede de viver certas coisas. E para ser ainda mais sadico, faz-me ver essas coisas a acontecer com os outros. Aposto que ele esta resolvidissimo, como nunca esteve antes na sua vida. Sinto-o. De certa forma, Deve-o a mim.

Que bom para eles.




ssada decadas a alimentar involuntariamente esperanças. Traida pelo meu cerebro, pelo meu coracao, pelas minhas emocoes. Que se apaixonaram de verdade

nao desperta nada em mim. Algonpor qual sinto ate alguma repulsa. Percebendo que nada me estimulava, a possibilidade de nada vier a estimular como tinha sido ate entao, nap mais me deixou triste. 

nunca antes tida. Era eu e mais ni guem 





Há anos que nao sinto interesse por  alguem. Que o coracao nao palpita, que as endorfinas nao sao estimuladas. 

Sempre ha quem cisque a nossa volta. Mas daquela forma que cisca aqui e ali, e o que vier a rede e peixe. Neste instante tenho pelo menos tres homens a quem um simples bons-dias com um sorriso aberto, ia ser interpretado como disponibilidade sexual. É exatamente esse tipo de postura que nao me diz nada. É muito simplorio. Nada estimulante. 

Perceber que podia ficar sozinha para o resto dos meus dias agradou-me. 





quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Senti-me indignada!

 Sao quase quatro da manha. Estou na paragem do autocarro a aguardar que chegue para ir trabalhar.

Antes de sair de casa deixei um bilhete escrito. Para ver se corto de vez com uma situacao que ja aconteceu a semana passada e que voltou a repetir-se.

Se aprendi algo com o terrorismo que sofri na outra casa é que nao posso ser sempre compreensiva e benevolente.

A semana passada comprei uma caixa de Ferrero Rocher e guardei-a no frigorifico. Abri-a nesse mesmo dia e tirei dois bombons. Passados tres dias reparo que a primeira camada mais um bombons da debaixo tinham desaparecido. Alem disso a caixa de plastico tinha sido pressionada com tanto força que ficou rachada. Senti-me triste, pois fiz questao de escolher uma caixa com bom aspecto. Sabem como é... por vezes damos uso a caixinha.

Nao quis dar demasiada importancia ao gesto feio de tirarem algo que pertence a outra pessoa. Ainda por cima sem se acusarem. Relevei pelo facto de serem chocolates e estarem ali a vista. Podia ser demasiado tentador. Condenei foi quem tirou nao se ter acusado. Isso deixa-me triste. Esperava, ao menos, que deixassem um bilhete. Ou esperavam sinceramente que nao se notasse? 

 Era chocolate embrulhado em  papel, por isso tambem relativizei a questao da higiene.


Mas hoje foi pao fatiado. Que comprei ontem toda feliz, porque e raro nestes anos todos encontrar aqui um pao que goste. Pensei ter encontrado um polaco, mas a semana passada comprei-o e nao me senti nutrida. Sinto falta disso. Desta vez tive sorte. Encontrei em promocao que pareceu ser exatamente aquilo que precisava. Hoje vou para me servir de duas fatias, quando abro o frigorifico vejo o saco rasgado ao meio, mesmo a bruta, e pelo menos uma fatia do meio foi retirada.   

Senti-me indignada.

Subi ao quarto para escrever um bilhete. Estava a cozinhar. A tentar aproveitar aquele tempo em que a cozinha estava livre (e mesmo assim as 3 da manha nem sempre esta) para cozinhar algo que me nutra. So como comida de "plastico" ou vegetais sem gosto. Preciso de me manter saudavel. O pao era um passo para isso. Foi como se me lesassem profundamente. Tinha ali outro pao, no meio do frigorifico. Tive de o colocar na prateleira do novo rapaz. Mas esse pao nao estava fatiado. Foi mais facil irem a minha prateleira pequena e individual, que fica discretamente na porta, rasgar ao meio o resistente plastico ao inves de abrir o saco e no processo de o enfiar a bruta de volta na prateleira, derrubar a lata de bebida energetica. Sou muito organizada e responsavel nas areas em comum. Por isso sei como deixo as coisas. Nao gosto que mexam nelas. Se estao no meu espaço e nao no dos outros, nem tem de lhes tocar!

Aproveitei e mencionei que a cozinha e para deixar limpa, ja que estava, como aparentemente esta todos os dias, mais uma vez uma batata frita caida no chao. Migalhas de pao (provavelmente o meu!) A cobrir toda a bancada, uma faca suja de algo tipo geleia em cima de um pano da louça e louça por lavar. 

Nao conseguem manter o espaço limpo nem por 24h. 

No Domingo perguntei ao novo inquilino se tinha sido ele a servir-se dos bombons. Pois ate ele chegar nunca me desapareceram coisas. Alem disso no dia em que chegou, foi tomar banho e usou a toalha de outra pessoa para se secar. O que nao abona nada a favor dele, como na altura mencionei aqui.

Ele respondeu que nao gosta de amendoas, que tinha visto os chocolates mas que nao os tirou. Acredito nele. Mas isso significava que outra pessoa o fez.

Agora hoje... acho que foi ele.

 Nao tem mesmo maneira, e um bruto. No Domingo deixou cair uma batata frita partida ao meio no chao, apanhou-a e, sem soprar nem nada,  atirou-a de volta no prato, em cima das outras. 

Nao vou admitir que se sirvam das minhas coisas. Ja passei por isso na primeira casa e depois dos maus tratos vivido na segunda, acho que aprendi a refilar. Ahah. 


A M. Tambem me ensinou umas coisinhas. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

A saída da melhor na casa

A rapariga do andar de baixo abandonou a casa. Foi uma decisão repentina, motivada por um comportamento do rapaz com quem ela até simpatizava. 

Contei aqui sobre o episódio em que o rapaz se embebedou. A forma como reagiu comigo no dia seguinte. Desde então não nos falamos. O que me incomodou foi eu tentar lhe falar, pedir mesmo para que parasse para me escutar e ele a ter a postura de quem não quer saber, de quem tem razão para me maltratar. Nesse dia ele e ela até se entenderam bem, a respeito da bebedeira que ele apanhou e que ela teve de aturar, certificando-se que ele ia dormir sem se magoar. 

O que eu não sabia é que ele ficou bêbado mais vezes. Numa dessas passou das marcas com ela, deixando-a muito desconfortável. Ela achou que ele passou dos limites da tolerância. Fez as malas e foi embora.

Descobri-o porque estranhei não a ouvir. Quando não vi os seus shampôos no WC, pressenti o abandono. Foi rapidamente confirmado ao abrir a porta da dispensa e vê-la vazia. 

E assim partiu. Sem nada dizer. Está já a viver noutra casa.

Senti-me triste. De todos, era ela a que eu mais gostava.

De todos os companheiros, achava-a a mais fácil de lidar, descomplicada. Falamos algumas vezes e não existiu incompatibilidade.

Na casa era arrumada, limpa, não se queixava, não exigia nada, se usava algo comum da casa devolvia de seguida, (ao contrário da M.) não pedia muito espaço para as suas coisas... era realmente uma pessoa simples com quem conviver.

Enviei-lhe uma mensagem querendo saber o que se passou. E foi assim, enviando textos uma à outra, que fiquei a saber o verdadeiro motivo da sua decisão em sair desta casa. Até então achei que estava a adorar cá viver e tinha no rapaz o seu companheiro favorito. 

É o que faz as pessoas guardarem tudo para si. Até tinhamos coisas em comum mas, compreendo-a. Também não gosto de partilhar coisas menos boas com outros. Acabei por fazê-lo - acabámos, aliás. Por estas mensagens que enviamos uma à outra por um período de duas horas. 


Ela foi embora por causa dele. E nada mais que isso. Disse-me que pediu à M. para se despedir de mim por ela. Nunca recebi tal recado. A M. sabia que ela foi embora mas nada me disse. Ao invés de me contar, só sabe falar mal do novo rapaz. Assim que me vê é a primeira coisa que faz. Começa logo com as queixas. Comecei a evitá-la, só para não ser puxada de volta para esse vértice onde ela também enfiou o JS. 

É certo que ambos deixam um tanto a desejar no que respeita a atitudes que se devem ter ao partilhar um espaço com desconhecidos. Mas considero a marcação serrada, o descontentamento imediato e abrasivo, algo desconfortável. Implicância instantânea com a qual não concordo.  Sim, ele não é cuidadoso como nós. Não é a melhor pessoa com quem se dividir um espaço. Mas a falar é que as pessoas podem chegar a um entendimento. Ou não... se eu fosse inteligente nesse departamento, não teria passado pelo que passei. Se calhar a M. tem razão e é logo para se cortar a coisa pela raiz, antes que tudo piore.

Quando perguntei à M. porquê não me disse que a rapariga abandonou a casa, não respondeu. Quando lhe perguntei porquê ela foi embora, disse-me que foi por causa do novo rapaz. Claro. Ela não responsabilizá-lo é que seria inesperado.


E é assim que estamos. Todos um pouco desconfortáveis mas a levar a vidinha. A casa tem estado numa sujidade tremenda. Bagunçada. Felizmente hoje a senhora da limpeza apareceu. E fez a diferença. A carpete foi aspirada, desapareceu a lama deixada pelas botas do novo inquilino. O chão da cozinha foi varrido - desapareceu migalhas de todo o tipo de produto e até rodelas de cebola e batatas fritas deixadas pelo chão. 


As marcas de líquido salpicado pelas portas do frigorífico foram esfregadas. E finalmente houve quem tirasse toda a louça do escorredor e a arrumasse nos armários.


Sim, porque a M., por mais que fale, tem a sua cota-parte de responsabilidade no desmazelo da casa. Ela deixa o seu kispo na cadeira, como se esta fosse cabide. Faz já mais de um mês. Se fosse qualquer outra pessoa a exibir este comportamento ela ia insurgir-se. Mas como é ela, tudo bem.... A julgar pelo estado em que recorrentemente deixa o WC e por ser ela que esteve o dia todo em casa na cozinha, vou também presumir quem sujou o frigorífico. 



Certamente foi ela que deixou um frasco de molho de carne vazar para a prateleira que a (agora ex) colega tinha acabado de lavar. Faz mais de mês e o líquido ainda está lá. O frasco "culpado" já saiu, mas as outras embalagens que ela ali mantém por teimosia e insensatez continuam mergulhadas naquela gosma. Quem é realmente asseado assim que vê sujo, vai logo limpar. Ela não. Mas sabe apontar o dedo aos outros.


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Quando nao o tenho sinto so a tristeza

 O trabalho é a minha bolha de oxigénio.



quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Lembranças apagadas e o lockdown

 Faço o género de pessoa que faz fotografia de tudo. Sou aquela pessoa que tira 50 fotos de um só momento para escolher uma que preste. Mas depois guarda todas e não selecciona uma favorita.

Assim sendo, fui procurá-lo a ele. Fiz tanta questão de separar as fotografias daquele momento, que agora não as encontro em qualquer lugar. Sei que não as apaguei. Mas não existem. É como se uma força maliciosa tivesse erguido uma barreira impenetrável. 

Tenho imagens de tudo e mais alguma coisa, ao longo dos muitos anos de uso de máquina fotográfica digital. Coisas que não têm interesse algum. E dele? Nada. Não se compreende. Não as eliminei. Apenas quis afastar as lembranças para não cair na tentação de ir sempre espreitar e transferi-as do telemóvel para dois discos rígidos. Sempre com a mania do backup... Mas nem assim. Eclipsou-se como um raio, tanto da minha vida como do registo fotográfico que fiz. 

Ultimamente tenho regressado emocionalmente à saudade...

E por isso decidi ir espreitar essas imagens. Em particular o único vídeo. 

Quem sabe olhando, a coisa ao invés de continuar, se dissipava de vez?
Por vezes quando os fins são abruptos, fica tudo tão idealizado que um reality check pode ser a cura.

Mas se o seria, não conseguirei saber.
Volta e meia estou a desejar a tal conversa que o radicalismo do seu comportamento me privou. Dispenso tudo. Mas a falta de diálogo deixa-me a sofrer perpetuamente.

Dialogar é preciso



Hoje, quinta-feira dia 5 de Novembro, Inglaterra entra num mês de lockdown devido à pandemia mundial do Covid-19.
(durante toda esta vivência não soube nada dele! Nem ele alguma vez se interessou em saber de mim.)
 
Vou ficar a trabalhar. Pego num turno de apenas quatro horas daqui a cinco. O armazém onde trabalho com correspondência não tem quaisquer cuidados com o Covid19 e já teve casos positivos. Vai fazer em Dezembro dois anos que estou ali como trabalhadora e ainda não faço parte do restrito grupo de pessoas que é sempre chamada para trabalhar. Mas sou aquela que mandam fazer de tudo um pouco sem quaisquer instruções de como o fazer e o faz bem. Depois descartam, substituem por mão-de-obra mais recente a ganhar menos... É uma luta diária, mensal, semanal... tentar obter horas de trabalho. Supostamente agora no Natal devia existir um pico de volume, o que resultaria em ser chamada com muita frequência Dou por mim a contactar a agência com regularidade, pedindo para me darem turnos. Das oito horas que fazia, duas a três vezes por semana, agora estou com sorte se me derem quatro. Faz-me sentir que me dão zero de valor. 

No outro armazém onde comecei a trabalhar faz três semanas, tem muitos cuidados com o Covid19. Tem estações de higienização espalhadas por todos os cantos, a transbordar de produtos. A cafetaria está dividida com separadores de dois metros, cada mesa tem desinfetantes, tanto em forma de gel, como em spray, como em toalhetes. Existe uma pessoa cuja única função é certificar-se que todos mantêm os dois metros de distância e usam máscara adequadamente (sem a meter no queixo e afins).
Mas  também aqui as horas começaram logo por ser bem menos do que o anunciado. E em três semanas, fiz três dias de trabalho de sete horas. 

Sim, trabalho muito. Mas também trabalho pouco. Como é possível?
Acordo as três da manhã, para lá estar às cinco, regresso às duas, não dá para dormir, adormeço lá para as três ou seis da tarde, acordo com barulhos e, sem descansar por outras tantas oito horas, volto a pegar num turno das 6am...

Sinto que trabalho bastante. Mas quando vou a ver, são poucas as horas e muito, mas muito, o transtorno para as obter e muito o tempo dispensado nisso e nas deslocações. 

É a vida. O que fazer?

Suspeito que todos estes entraves existem para me afastar daquele lugar. Gosto imenso de trabalhar lá e ganha-se melhor que em qualquer outro. Mas se for uma fonte fácil de contaminação por Covid19 como tem tudo para ser, então estes impedimentos que venho a sentir como estranhos e os quais estou a fazer de tudo para contrariar, existem por esse motivo. 




segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A aproximação do COVID

 Disse-me que tinha feito o teste porque estava com tosse e aguardava o resultado. Duas horas depois envia-me um texto a dizer que deu positivo. 

Trata-se de uma colega minha, a mesma que há três meses foi fazer o teste do Covid19 comigo. Foi a última vez que tivemos juntas. Na altura ambas tivemos resultado negativo. Mas hoje a coisa mudou para ela, os filhos e o marido. 

Fiquei triste. Ela parece estar na boa. Há uns quatro meses contou-me que teve amigas com o Covid19 - uma delas grávida, e que já tinham recuperado. Também tinha aquela postura de "se tiver de vir vem, evitar não adianta muito não". 

Ela é brasileira, casada com inglês e tem vida feita aqui em Inglaterra. Deve ter quem a ajude e família do marido por perto. Ainda assim prontifiquei-me a ajudar no que pudesse. Comprar mantimentos para a casa  deixar tudo à porta, estar aqui para a ouvir se quiser falar...

Se este "bixo" vier bater-me à porta (o diabo seja cego, surdo e mudo! Cruzes canhoto!) espero ter alguém que me estenda uma mãozinha amiga. Não faço ideia quem poderá ser. Ou se existirá essa mão amiga. Por isso mesmo, não posso baixar a guarda. Estou sozinha. E sozinha terei de sobreviver a qualquer maleita que sobre mim recaia.

Rezo para que este Covid desapareça logo porque já cansa!

A partir de quinta-feira o UK vai ficar um mês em Lockdown.

É pouco. Muito pouco. E também muito pouco eficaz. As pessoa já desobedeciam enormemente quando este durou três meses. Nem vão notar que existe. Só poderão sair de casa para compras de bens essências (mais passear o cão e dar as voltinhas do costume) ou ir trabalhar se for essencial. 

É o meu caso: sou considerada trabalhadora essencial. Por trabalhar nos correios. 

Onde já existiram casos positivos de Covid19.

Parti o ombro, estão a dar poucos ou nenhuns shifts, quase que não consegui avião para regressar ao Reino Unido. Não consigo parar de pensar que tudo isto é o destino a dar "dicas" de que devo ficar em casa e isolar-me. 

Mas também em casa, quem cá mora, sai para trabalhar... 

Vai dar ao mesmo.

Um abraço, fiquem bem, cuidem-se.


domingo, 1 de novembro de 2020

Feliz dia das bruxas ou dos mortos?s

 Com a passagem do tempo e as mudanças na tradicao, não sei bem que nome dar a esta data. Se o cristao se o pagao.

Aqui no Reino Unido as lojas ja estao cheias de coisas de Natal por isso nao surpreende que tambem de halloween. Mas sao artigos que causam tristeza. Tudo reciclado do ano anterior. Nada ou pouco e recente. Nao se encontra mais a variedade de outrora. 

Por esta noite passada ter sido de lua azul (nada a ver com a cor significa que o mes teve duas luas cheias) vou optar por desejar feliz dia das bruxas!

Mas o que quero e que me descrevam aqui o que costumava ser a tradicao em Portugal nesta data. Como a passavam voces?