Metereologia 24 h

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terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Decorações Natalícias


Ela disse "não".

Não quis que colocasse um azevinho em gel na porta do seu quarto. 
Perguntei-lhe por ter colocado um na porta do novo inquilino. Foi ele que disse para pôr. E eu gostei disso. Estava a decorar a porta do corredor com esses autocolantes que tinha desde o ano passado por estrear, quando ele o sugeriu. Pensei em colocar em todas as portas dos quartos, porque fica bem e descentraliza. Só não o fiz por saber que ela ia detestar. Capaz até de arrancar o seu fora.


Por isso esperei para lhe perguntar. E disse.... "não". 

Ah, o enorme espírito natalício, o desprendimento, a alegria típica da quadra... chegam ali e encontram um muro velho e decrépito. 

Ela decorou a sala toda faz dias. Sozinha, ao gosto dela. E tudo idêntico ao ano anterior. Presumo inclusive, que idêntico a todos os anos desde que cá mora. Nenhum toque de diferença ou laivo de originalidade. Não... livrai-nos! Montou a árvore de Natal no mesmo sítio, da mesma maneira, com as mesmas decorações. A diferença? Este ano montou-a sozinha. Os dois rapazes italianos saíram sem ajudar - creio eu pelos sons que escutei. 

Lembro-vos que, o ano passado, mostrei interesse em participar e até perguntei se precisava de decorações de Natal e ela respondeu que não, pois tinha tudo. Semanas antes encontrei-a no supermercado a segurar decorações natalícias que depois vi penduradas na árvore, que ela montou junto com outros dois italianos, estando eu em casa e nem teve a amabilidade de me convidar a participar. 


Um enorme espírito natalício, o dela!! 

Até vêm lágrimas ao olhos, como é tão benemérita e boa, esta alma caridosa, que trabalha com adolescentes com necessidades especiais. Só pode ser alguém com um fundo muito bom, não é mesmo??


A jarra saltitante - assim a apelidei o ano passado por estar sempre a ser tirada do lugar, voltou a "desaparecer" do cimo da lareira. Foi colocada em cima de uma mesinha volátil, frágil, baixa, que sofre empurrões a cada passagem. Ali a jarra ia acabar por cair e despedaçar-se. Quase que eu própria a deitei ao chão só por aproximar-me. Por isso peguei nela, voltei a colocá-la no centro da lareira e dirigindo-me à mais-velha, que estava estatelada no sofá da sala, disse-lhe:
-"Não faz mal se ficar aqui ao centro, pois não? Ali vai acabar por cair e partir-se".


Ela não tossiu nem mugiu. Ignorou-me. Nem sequer desviou o olhar do jogo no telemóvel. De seguida o inquilino mais-recente que estava no piso superior falou-lhe e ela recuperou a sua audição. Milagre!! Deve ser da aproximação do Natal. E ainda há quem não creia em Jesus...


terça-feira, 15 de outubro de 2019

Atrações Física-químicas inexplicáveis



Há coisas que não sei explicar. São coincidências, sensações ainda por definir numa palavra apenas. 
Pelo menos que eu lembre ou conheça. Alguém mais erudito ou elucidado saberá, decerto, indicar-me que palavra isolada refere-se ao que a seguir vou descrever. Afinal, existem palavras para definir tudo nesta língua portuguesa. 


1) Quando estava a morar na outra casa, passei a frequentar um parque um pouco afastado e, mesmo antes de lá chegar, passava por uma longa rua que eu achei que tinha lindas casas, com traços antigos. Punha-me a olhar para elas, imaginando o que se terá vivido ali noutros tempos e o que era das casas agora. E como seria bom poder comprar uma casa ali, recuperá-la e viver numa delas.


Por coincidência, vim morar numa casa nessa mesma rua. 



Coincidência? 
Ou ter gostado, ter sentido uma ligação, um apreço pelo local conduziu a este desfecho?



2) Há coisa de seis meses, quando comecei a ir e regressar a pé do emprego ocasional, sempre pelo trajecto do autocarro, notei uma rua com o nome Newton. Não tinha de caminhar por ela, simplesmente reparava na placa com a indicação e punha-me a imaginar o que estaria por ali. Achei curioso existir uma rua «Newton» no meio de outros nomes que nunca me chamaram a atenção. Associo o nome "Newton" ao físico Isac Newton, cujas leis estudei na escola, um tanto sem grande aptidão para a disciplina. FÍSICA... (Ai,!!) As principais três leis de Newton são: O princípio da Inércia, a Força e a Acção Reacção. (Tive de ir espreitar, já não estava lembrada, eh,eh).

Por esta altura, estava muito desanimada e triste. Já não podia mais ocultar o sol com a peneira e continuar sem admitir que os colegas na casa não conversavam comigo. Além de me sugarem boas energias, desanimava-me. A nível laboral candidatava-me a tanta coisa e não havia meio de algo decolar. Senti que tudo não dava certo. Por isso roguei muito ao Universo, em estado atónito e de incompreensão, para que me fizesse o favor de colocar gente boa na minha frente! Porque merecia.

E foi então que em Julho surgiu um emprego. Ia durar apenas dois meses mas, aproveitei. Fui abordada via telefone por uma agência de recrutamento que nunca contactei a pedir trabalho. Isso surpreendeu-me. Quis saber como chegaram até mim. Mas, num mundo global onde a partilha de dados pessoais tornou-se uma banalidade, acabei por deixar passar e abracei a oferta de emprego com satisfação, gratidão e ânimo! 

Enviaram-me por texto a morada da empresa, «segue por esta rua, até ao fundo... vira à esquerda...»
Algo confuso, feito "acima do joelho"... No primeiro dia, quase me enervei, não dava com ela. Lá arrisquei procurar na esquina, ao final da rua indicada... e encontrei-a.

A empresa funcionava na rua... Já adivinharam? A rua era a Newton!


Acho tremendamente curioso que tenha sentido atracção e curiosidade por uma rua e terminar por arranjar emprego nela. Também tenho de acrescentar o parque! Passava por ele "de raspão", a caminho do tal emprego. Despertava-me muita curiosidade. Mas nunca me atrevi a aventurar-me por ele, pois não sabia ao certo onde ia dar e temi aumentar demasiado o tempo de percurso pedonal, acrescentando cansaço desnecessário aos pés e pernas. Quando descobri que o parque onde passei a ir todas as tardes à hora de almoço pela entrada a Norte era o mesmo pelo qual passava a sul, fiquei maravilhada!

Dois locais a suscitarem a minha atracção, onde acabei por ir parar por um curto período de verão. 

É como se existisse uma energia extra-celestial, de uma outra dimensão, que de vez em quando estende-nos um tapete, esperando que consigamos ler as mensagens do caminho.

Nesta rua de Newton... 
Foi onde tudo aconteceu e deixou de existir. 



A terceira lei de Newton fala de "acção-reacção": "Quando dois corpos interagem, as forças exercidas são mútuas. Se o corpo A faz uma força no corpo B, o corpo B irá fazer a mesma força, só que no sentido oposto, em A".

E sim, existiu um princípio de atracção mútua. Mas a força final foi poderosa e em sentidos opostos.


Resta-me rezar bastante para que a minha cabecinha fique mais lúcida, consiga ler entre as linhas destas súbitas mensagens e comportar-se à altura. Sinto muita curiosidade para saber qual o nome que se segue. Se terei mais alguma intuição/atracção, alguma energia especial por aí...


Qual a palavra para isto?


quinta-feira, 7 de março de 2019

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

E sai hoje... a que-vai-sair vai de vez


Não cheguei a contar, mas dei uma escapadinha até Portugal.
Fui apanhar um pouco do espírito Natalício. Por mim, o Natal foi enquanto lá estive. E não preciso mais dele.

Percebi isso no dia seguinte ao  regresso. Quanto cheguei, entrei em casa todos os italianos estavam na sala. As suas caras de surpresa revelaram-me que esperavam que demorasse mais a aparecer. Só entendi a palavra "retornato" pronunciada algumas vezes, aparentemente referindo-se a mim. Se ficaram descontentes por não me terem fora por mais tempo, temos pena, ahah. Desta vez, não lhes dei a notícia com dias de antecedência. Nem disse em que dia ia voltar. Essas coisas que fazia sem dar muita importância, por não ver mal algum, não quero mais fazer. Quando são eles a viajar fazem questão de manter isso em segredo. Sabem entre eles e com todos os detalhes, mas não partilham com os outros na casa. Ainda hoje uma se foi, vi-lhes as malas, mas nada disse. Não a mim, que não interesso. Ainda me corre nas veias a cortesia de avisar, pelo que deixei escrito no quadro - como habitualmente, a informar que ia ficar fora até o final da semana. Mas não especifiquei o dia... Aprendi com a italiana-mais-velha e o italiano-rapaz, que nos informou há duas semanas quando ela subitamente desapareceu, que estava a viajar mas voltava numa quarta-feira. Só que voltou foi numa segunda. 

E ao me verem entrar, lá repetiram "estai retornato" ou algo do género. 
Qual é o espanto? Se vivo aqui? "Retornato" foi inesperado, foi? Fez-lhes comichão?


Após arrumar as coisas que trouxe comigo, subi ao quarto para descansar. Precisava, não tinha dormido na correria de fazer tudo e apanhar o avião bem cedo. 

Quando desci percebi que haviam decorações de Natal e uma árvore montada na sala. Mas saí porta fora, tinha de ir trabalhar. Foi só no dia seguinte, quando entrei na sala e vi a árvore com mais atenção, que percebi que aquilo não era o meu Natal. E que aquelas decorações bem podiam ser desmanchadas que não me ia causar tristeza.

Não foi só por ter apanhado o espírito Natalício em Portugal. Foi mais por me terem privado dele aqui. Sim, privado. Eu havia perguntado quando iam montar a árvore. Mostrei interesse em participar. Nisto chego a casa mesmo antes deles se porem a fazer as decorações, oiço-os falar algo em italiano nesse sentido, e nada de me convidar? Olha, portuguesinha, junta-te a nós e vamos por as decorações de Natal juntos?

Que cozam num caldeirão de cozido à portuguesa...

E a "estrelinha" no topo da árvore foi ontem. Quando ao final da tarde desço para a sala e verifico que uma visita que escutei entrar na casa para almoçar e espreitar o quarto que vai vagar, ainda perdurava pela sala. Prontificou-se a sair rápido, assim que apareci (se soubesse tinha aparecido mais cedo, mas foi por pura casualidade que não o fiz - não me apeteceu e só senti vontade de dormitar). Mas não se foi embora sem antes as duas me presentearem com esta conversa, em ITALIANO.

-"Questa non labora" -diz a mais-velha à visita.
-"Come non?!"
-"Non labora diesde a Setiembre e era quatro giorni fuori".


Mas que é isto...?? A manter um registo mental das minhas actividades e a falar da minha vida assim, gratuitamente, com uma estranha? Quem lhe passou procuração? De início até me agradou que a minha presença não tenha resultado nos habituais constrangimentos e interrompido o fluxo da conversa. Falavam em Italiano sem parecer que estar ali lhes incomodava. Foi a primeira vez que tal aconteceu e agradou-me. Mas enganei-me. Quando começaram a dizer "portuguesi" e "portucalo" comigo ali... já comecei a estranhar. A fazerem referência a nós, como povo, ou a mim em particular, na língua deles, comigo presente? Que má onda... 

Então sempre é verdade... usam o italiano para falar sobre a pessoa que está presente sem que esta entenda. Mas se isso significa que vão falar de mim na minha frente aproveitando-se do facto de acharem que não capisco niente de italiano... enganam-se. Estou a melhorar o meu entendimento da língua que vai ser falada nesta casa praticamente em exclusivo. Ter sido a mais-velha a agir assim não devia surpreender-me, porque, no fundo, já lhe vi a careca. Mas ainda assim, choca-me. Ela, que ficou toda irritada nas primeiras semanas em que me mudei para esta casa. Um antigo inquilino passou por cá para levantar uma encomenda e calhou referir que existiram situações chatas aqui dentro, mas que decerto a "mais-velha" já me tinha posto a par. Ela ficou enervada - notei-o no rosto, interrompeu-o com uma voz doce, para dizer: "mas o que ela vai ficar a pensar de mim? Achas que eu sou quadrilheira? Eu não falo da vida dos outros". E quando este se foi embora e mencionei tê-lo achado simpático, franziu o nariz e disse que era muito metediço e inventava coisas sobre a vida dos outros. Repreendeu-o por ter dito o que disse sobre ela, pois ela não anda a falar da vida alheia.

PIMBA!

Já diz o provérbio: mais depressa se apanha um mentiroso, que um coxo.   


quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Mensagem enigmática resultado: desconhecimento e ansiedade


Começou um mês depois de estar no emprego. A superiora apareceu no posto turístico no exato momento em que estava cheia de clientes. Foi o dia em que facturei mais, até hoje. Porque de início ao fim, não parei de atender pessoas. Não tive tempo nem para engolir uma cereja que tinha trazido comigo. Escusado mencionar que durante as 8 horas de trabalho não fiz uma única visita ao WC.

 Ao vê-la chegar tive tempo de lhe esboçar um sorriso. Mas ela, nada. Nem pareceu reconhecer a minha presença. Sem dizer uma palavra, um cumprimento, percebo que tem o semblante carregado. E com essa má cara começa a desviar uns centímetros para lá e para cá os publicitários visuais normalmente presentes neste tipo de locais. 

Quero lhe falar, mas estou com clientes a fazer fila. Só tenho tempo de a ver a mexer nas coisas como se estivessem mal colocadas e a ouvir refilar por faltarem alguns panfletos nos mostradores, por os clientes se aproximarem e tirarem um exemplar de cada um. E antes que conseguisse atender todos os clientes, antes de lhe poder falar, ela foi embora.

Deixou contudo algo no ar. Uma energia negativa, pesada, que ficou palpável.
Fui surpreendida. Senti de imediato que o ambiente tinha-se alterado. Estou sempre contente no local de trabalho mas naquele instante percebi que o meu estado de espírito tinha  mudado. E porquê? O que tinha acontecido? O catalizador tinha sido a energia negativa que ela abandonou no local e que pude sentir instantaneamente. Subitamente já não me sentia feliz, o dia estava estragado, tinha deixado de apreciar a função. Tentei concentrar-me no atendimento e extrair daí a habitual felicidade. Mas algo mudou e durou quase até o final do turno.

Para com os meus botões pensei: "tenho de lhe mencionar isto. Que estranhei quando chegou, não me cumprimentou e foi embora sem me dar oportunidade de lhe falar. Tem de perceber que os panfletos que faltavam era porque, obviamente, os clientes os levavam e como estava ocupada a atendê-los uns atrás dos outros, não deu tempo para encher com mais. Nem faltavam tantos assim mas para ela, bastou alguns, bastou uns centímetros de espaço a mais ou a menos do sítio que só ela consegue visualizar que as coisas têm de estar. 

Diria que mais de metade da minha função é "perdida" a dispensar tempo a explicar a não-clientes que ali passam coisas que não são de minha competência, mas que eles esperam que seja, por a empresa carregar no nome a palavra "turistas". Todas as dúvidas que lhes passa pela cabeça, até por preguiça de se informarem no google maps, ou antes de viajarem, chega ali e eles esperam resposta imediata. Por exemplo, ontem, uma mulher chegou-se a mim só a falar o que supus ser russo. Não parava de falar, de gesticular, de me enfiar o telemóvel pela cara a dentro. Outra a falar frances (para não mencionar os que falam só em espanhol), todos esperavam à força toda que lhes colocasse o telemóvel a funcionar. 

Uma exigência muito comum por ali, visto que os turistas nem sempre conseguem se ligar com os seus telemóveis à internet local. Ou não sabem fazer chamadas, não conhecem os indicativos, não têm um telemóvel que funcione fora do país, etc...

Por mais que tente os ajudar - e tento sempre, por vezes dificultam-me a vida, ao não saberem falar inglês, por exemplo. Mas o pior é quando os telemóveis vêm com aqueles caracteres que são "desenhos" para nós. A senhora que supus russa nem tinha o telemóvel com caracteres iguais aos nossos. Os chineses então, quando me mostram os telemóveis todos em caracteres esquisitos que não sei ler - como supõem que os posso ajudar?

É uma situação que se repete constantemente. Acabei por ajudar e muito a senhora que só falava comigo sem parar em russo. Mas sem entender oralmente o que me dizia. Para ela se ligar à net "gratuita" tinha de se registar no site. Mas "cadê" que ela tinha um email? Nada. Quando finalmente percebeu, introduziu um que não foi reconhecido. Tentei introduzir um meu, mas o telemóvel não tinha os caracteres certos. Acabei por lhe indicar onde ficava a internet a pagar e depois perguntou-me onde eram os lavabos - outra questão muito recorrente por ali. Onde fica o WC, a saída, o parque de estacionamento, porquê o telemóvel não funciona, porque é que não conseguem se ligar à net....


Enfim.

Duas semanas depois uma outra situação resultou num "confronto" directo entre a superiora e eu. Como ela me pediu, deixei uma mensagem no grupo avisando que estava a ficar sem stock de um determinado produto e a perguntar se o podia requisitar numa loja com quem partilhamos produtos. A resposta escrita dela foi esta:

-"A culpa é tua! Não disseste quanto te restou portanto se agora falha é por tua culpa! Eu te avisei quando começaste a trabalhar que todos têm de me dizer quando o stock é menos de 100! Todos fazem isso menos tu. Custa assim tanto? Achas que consegues fazer isso?!!!!".

Eu escrevi-lhe de volta, desta maneira:
-"Simpatizo contigo mas por vezes tens uma forma de falar desnecessariamente agressiva. Se não fiz como indicas é porque desconhecia que existia esse procedimento. Fiz exatamente o que me ensinaste. Registei as transacções na folha de stock e escrevi aqui no grupo. Mas falamos quando chegares, está bem? Cumprimentos".

Nesse dia ela chegou com meia-hora de atraso para me substituir e com má cara. Não se dirigiu ao assunto. Começou de imediato com implicância: "Pensei que já tinhas terminado" (quando só posso terminar de atender clientes e fechar as contas quando aparece quem me vem substituir). "Despacha-te que eu preciso do computador". "Já vim tarde intencionalmente para te dar tempo para te despachares".

Acabei por ser eu a puxar o assunto e achei que tinhamos falado abertamente. Ela acusou-me de tantas falhas que por uns instantes fiquei calada, achando que não adiantava argumentar. As situações estão sujeitas a interpretações. E estas podem estar correctas ou equivocadas. O que ela me estava a dizer é que eu tinha "desculpas" para tudo. As minhas explicações para a situação - inclusive aquela que descrevi acima, eram "desculpas". Se é assim que vai interpretar tudo, então sabe-se que é infrutífero tentar uma argumentação. Se a pessoa é teimosa, estabelece o seu ponto de vista a partir de uma observação sem fundamentá-la ou contextualizá-la e teima que está certa, sabe-se que qualquer argumento cai em saco roto.

Além de me criticar por isso, acusou-me de "chatear" os colegas com uma dúvida que eu devia saber por ela ter dito na formação. 

Do muito que tive de aprender, acho que me saí muito bem. Para quem só estava ali há 30 dias, achava que me estava a sair bem mas, depois das suas palavras, percebi o quanto estava equivocada. Acusou-me de falta de consideração para com os colegas, por ter visto panfletos em falta e por ter dúvidas e recorrer a eles para as esclarecer. Sendo tão nova na empresa, esperava um pouco mais de compreensão para com dúvidas que pudesse ter. Afinal, estou a exercer funções há muito pouco tempo. Acho natural se existirem dúvidas. E acho pior dar uma informação errada a confirmar.

Mas este ponto de vista é um erro meu. Hoje em dia não se querem pessoas assim. Hoje em dia é suposto uma pessoa FINGIR QUE SABE TUDO. E se não sabe, inventa. Finge que sabe e só depois é que vai informar-se, sem incomodar ninguém, usando motores de pesquisa como o google.


O desconhecimento e a busca por saber deixou de ser bem visto. Pretende-se pessoas máquinas, que nasçam pré-programadas com um chip de conhecimento e com um software anti-erro.


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A realidade é que entendi que estou inserida, por duas frentes, num ambiente com pessoas controladoras que esperam telecomandar os outros à distância. Mais tarde explicarei. Uma pessoa pode tolerar, fazer vista grossa, respirar fundo como acabei de fazer e seguir em frente. Se calhar, é só isto que lhe resta, realmente. Se calhar este foi o destino e a escolha de todos os que alguma vez trabalharam para outro. Há sempre alguém que não "regula bem" mas que não pode ser contrariado. Sempre sapos a engolir. Sempre incompetências de tua parte.


Bom, sem querer me alongar neste assunto, quero só explicar a situação em que me encontro agora. A realidade é que dou por mim em aflição cada vez que vou trabalhar. Tenho receio de não encaixar bem um panfleto no sítio e por isso escutar uma reprimenda, tenho receio de ir ao WC na hora errada, receio de escolher consultar o grupo no telemóvel no momento errado, receio de estar posicionada na cadeira na direcção errada (sim, fui criticada por isso), receio de não ter o aviso publicitário para a esquerda ou direita, centímetro a mais ou a menos correcto... Receio de ser vítima de uma cilada. Esse receio é fruto de experiência de vida e surgiu agora mesmo.

Para que entendam, recebi agora pela manhã uma mensagem da superiora, dizendo para ir ter com ela antes do meu turno começar. Como podem imaginar, uma pessoa teme o motivo do pedido. Será que vem aí outra reprimenda? O cérebro começa a pensar "o que será que fiz errado" e um «filme» de possibilidades começa a desfilar. O coração fica aflito o espírito irrequieto. A preocupação instala-se. Este tipo de aflições são como um cancro no espírito, que pode muito bem trazer malfeitas também para o corpo.

Será isto que eu quero?
Deverei me sujeitar?
Dúvidas...

Agora estou aqui, a desabafar e a tentar fazê-lo rapidamente. Quero sair de casa com duas horas de antecedência e descobrir de uma vez por todas que assunto poderá ela querer comigo. Será que foi porque ontem viu o publicitário fora do lugar? Será que isso é motivo tão grave assim? Ou será que teve queixas de alguém? Uma colega foi armar conflitos? Ou será que foi outra pessoa? Ou será que não se passa nada disso? Será que me vai demitir atestando uma incompetência incompatível com as espectativas? 

É exatamente isto que não quero para mim. 
Não devia ser assim.
Não esperava que fosse.

Espero que não seja. 
Mas se existe pessoa com tendência para este tipo de coisas lhe acontecerem, essa pessoa sou eu. Tenho de aprender de uma vez por todas. Seja lá que lição tenha de tirar daqui. Se for para fingir competência e conhecimento, que seja! Em roma sê romano... não é mesmo?

Mesmo sabendo que fui eu que ensinei algo a uma colega que surgiu na empresa dois meses antes de mim, e tendo a percepção que não falhei tanto assim ou cometi erros graves - pelo menos que tenha conhecimento. 

Da vossa experiência de vida e por aquilo que observam, o que têm a dizer?

sexta-feira, 31 de março de 2017

cansada dos «foda-se caralho»


O meu espírito está a sentir falta de trabalhar num ambiente mais requintado. 

Não sou nem nunca fui uma pessoa de fazer distinções entre as outras. A prova é que tanto trabalho com uns, quanto com outros, sem me lamentar constantemente e sem me vangloriar para uns e outros dos feitos do passado ou das conquistas de vida. Lá porque sinto falta de um outro tipo de ambiente, isso não me faz pedante - caso alguns já estejam a pressupor esse defeito.

Trabalho rodeada de todo o género de pessoas - o que adoro. Em comum temos o facto de sermos  todos emigrantes e de nos sujeitar-mos aos empregos com mais procura - os não qualificados. 

Mas depois existem, aqui e ali, algumas diferenças. A maioria daqueles que me cercam têm pouca instrução. Ninguém ali estudou até obter um curso superior, muitos nem chegaram a completar o 7º ano. 


Sempre admirei pessoas mais velhas que, não tendo tido a chance de se instruírem, não deixavam por isso de possuir sabedoria de vida, que sabiam usar como ninguém. Mesmo pouco instruídas, auto-instruíram-se da melhor maneira possível. Essa constatação precoce fez com que não desse grande importância à instrução de cada um. 

Portanto, não será, decerto, a falta de instrução que me abala. O que mais me incomoda é quando, aliado a esse detalhe vem uma certa falta de educação e maldade de pessoa que gosta de prejudicar os outros como modo de vida. 

As tais pessoas pouco instruídas que mencionei admirar, podiam não ter frequentado a escola, mas não deixaram de ser criadas com valores. Receberam educação, conceito de boas maneiras, de responsabilidade, de consequências dos seus actos. Noções de ajuda ao próximo, de solidariedade, de luta. 

Mas estas a quem estou a tentar fazer referência não fazem parte da mesma estirpe. É outro tipo de falta de instrução. Diria até que esta é um detalhe que palidamente têm em comum, porque o que mais carenciam é exatamente dos valores, da educação. 


Se antes a escolaridade não estava ao alcance dos pobres, hoje ela está. E tornou-se obrigatória, a pretexto de se combater a desanalfabetização. Mas nunca antes como agora existiram tantos jovens a fazer pouco caso dela. Algo que já me incomodava constatar aquando andava nos bancos de escola. Como tantos se queixavam, se lamentavam, se auto-prejudicavam, repetindo a ladaínha de que os estudos «não serviam para nada», queriam era trabalhar para «ganhar dinheiro» e que estudar era uma «perda de tempo». 

Portanto, muitos daqueles que não têm instrução devem esse facto não tanto às más condições de vida, quanto à própria pouca vontade de se instruírem. Depois crescem, trabalham e lamentam-se. Alguns, os de boa índole, não se tornam vingativos e maliciosos. Aceitam os limões da vida e fazem limonada. Outros, procuram somente atirar os limões para o quintal dos outros. 

Bom, mas tudo isto para desabafar que estou cansada de trabalhar num ambiente onde todas as frases que certas pessoas dizem incluem a expressão «foda-se caralho». Sim, estou no UK mas trabalho com alguns portugueses e até os ingleses, por sua vez, só querem aprender palavrões em Português. Então, quando se reúne uma certa equipa, passam-se os dias de trabalho inteiros a escutar palavrões. Nove horas de trabalho sempre com os «foda-se caralho» a soar nos ouvidos. Quer se goste, quer não. 

E é essa «pobreza» que o meu espírito lamenta. 
Ele sente falta de um contra-balanço. 


Já noutra ocasião no passado, senti a mesma falta. Posso até dizer que estava totalmente deslocada daquele ambiente. Trabalhava em portugal, mas com muitos emigrantes ou descendentes, na sua maioria cabo verdianos ou angolanos. Ou seja, pessoas que, tal como eu, foram para outro país à procura de melhor condições de vida. Porém, pouco instruídas. Mais uma vez, o problema não estava tanto aí tanto quanto estava na má educação. Não de todos porque, felizmente, existem sempre excepções. Mas uma maioria também só sabia estar no ambiente de trabalho a perseguir os outros, a ter como objectivo o confronto, o destrato... enfim. Uma total falta de educação, uma carência de instrução, porque só esta, tanta vez, nos faz perceber a outra...

Quando terminei nesse emprego decidi meter-me noutra coisa totalmente diferente. E de uma «fábrica» passei para um escritório de uma multinacional. Bem, o que dizer? Acabaram-se os palavrões. Se fossem ditos, estavam contextualizados e justificados. Não eram gratuitos. E até hoje recordo com saudade que uma das circunstâncias que mais me agradou - os homens a dar prioridade às senhoras na altura de entrar no elevador. Ver as pessoas a cumprimentarem-se educadamente, os homens a dar prioridade às senhoras ao se aproximarem de portas, o segurarem a dita para que estas pudessem passar. Estes pequenos gestos de cortesia e boa educação. Que eu tenho, mas não recebo. Estava então tão precisada de os ter à minha volta! 



quinta-feira, 2 de março de 2017

Quem explica a depressão?


Venho a querer falar sobre este tema tão... depressivo.


O que é que vocês conhecem sobre depressão?
Há dias em que nos sentimos mais em baixo, outros há em que essa sensação dura mais que 24h e não se apaga quando o corpo conhece o colchão e o travesseiro. Então, o que é isso de depressão?


Não sei se concordam comigo, posso estar equivocada mas, penso que a mulher está mais vulnerável a depressões do que, à partida, está um homem. Se nós somos a nossa biologia - as nossas células e os nossos hormónios, então a mulher está sempre a mudar substancialmente os seus a cada semana. Costuma-se dizer que é uma vez por mês (ehehe)... mas não. Só uma coisa é «uma» vez ao «mês». Tal como a lua só é lua cheia uma vez por mês. Mas entre essa fase, tem outras: lua minguante, lua crescente e lua nova. 


A mulher é de luas?
Sim, o seu organismo é. Está muito sintonizado com a natureza da própria natureza da lua...




Então, onde entra aqui a depressão?
Bom, falando do meu caso particular, faz algum tempo que «descobri» que a minha vulnerabilidade para sentir um tanto de depressão é bem maior em determinadas alturas do mês. Digamos que, na fase da lua Minguante. Bem que gostaria de descobrir que tipo de hormona estou carenciada, para assim poder «injectar» uma dose de remédio :)

Mas desconfio que esta vulnerabilidade não tem só origem química. Grande parte dela deve ter origem emocional.


As variantes emocionais:
Quando emigrei algumas pessoas mantiveram um contacto regular, querendo saber das novidades. Ora, na fase inicial de uma mudança destas, uma pessoa nem tem muito tempo para sentir solidão ou ficar deprimida. Tem tanta coisa para resolver, tantos lugares para ir, tanta burocracia a tratar, que acaba por ter o dia ocupado. As chamadas telefónicas de amigos e familiares preocupados surgem em simultâneo com estas mudanças e responsabilidades. No início tinha de falar com tantas pessoas ao mesmo tempo que precisava de horas e corria o risco de esquecer de alguém e essa pessoa levar a mal Foi preciso diplomacia no caso de umas e outras mais «centradas» em si mesmas. 

Mas é quando uma pessoa já está mais ou menos «assente», que duas coisas acontecem: sobra-lhe tempo para sentir emoções profundas e as chamadas praticamente sessam. 


Foi uma «coisinha de nada» que me conduziu ao último caso de depressão (já passou). Não tinha qualquer intenção de alimentar o sentimento pelo que me surpreendeu a forma como me atingiu. Começou com uma intuição. Uma amiga do tempo de infância estabeleceu contacto comigo e pediu insistentemente para nos encontrarmos. Mas depois senti uma intuição a soprar-me ao ouvido que ela não ia dar mais notícias. E de facto, isso veio a acontecer. Claro que eu a contactei, sem ser chata. Falámos pelo face-coiso. A meio de uma conversa que estava a começar, ela deixou-me pendurada, sem resposta. Leu o que escrevi, porque o f-coiso avisa-nos da leitura, mas não deu resposta, nem para se despedir. Preferi acreditar que estava com sono e havia adormecido...

Desde então o seu interesse parece ter-se eclipsado. E pronto. Foi isto. A origem da coisa está aqui, ainda que eu preferisse não lhe dar importância. Senti tristeza assim que essa suspeita surgiu e depois o tempo praticamente o confirmou. Uma situação que veio a comprovar que o interesse era só superficial, relacionado a razões pouco invejáveis. O interesse estava somente em perceber como é que estava, mas para se comparar. Se me encontrava melhor do que ela própria, se era mais bonita, gorda, magra, feia... melhor de vida. É só isso que parece interessar as pessoas hoje em dia. Isso e perceber se estas podem ter algum uso para as tuas ambições. 


Ainda assim não permiti que o abalo fosse fundo. Só que, desde o instante em que o índivíduo fez aquela birra de criança mimada que se recusa a aceitar uma chamada de atenção e reagiu como um teenager agressivo, que responde com violência e ameaças, que a minha vida aqui ficou de imediato estragada. Ficou triste. Viver nesta casa, nestas circunstâncias, não é uma maravilha. E isso, mais aquilo e aquela outra coisa... Tudo somado, resultou numa insatisfação que abre as portas e janelas à depressão.

Ainda por cima hoje um dos tipos cá de casa veio dizer-me para fazer a limpeza com dias mais espaçados entre os que ele escolhe para limpar na sua vez...  Passo a explicar: cada qual tem uma semana do mês para limpar a casa. Como somos 4, cada qual é responsável por isso uma vez por mês. Acontece que, mesmo existindo um calendário, o tipo antes de mim nunca o cumpre. Limpa sempre a casa «quando lhe apetece», permitindo que se passem 15 dias... Ora eu, que limpo a seguir, para manter-me no horário estipulado, tenho de me desdobrar para limpar a casa não muito próximo da data em que ele a limpou - porque seria de menor utilidade - ou tenho de ir limpar de propósito num dia em que não me apetece nem é tão conveniente como outros, porque o prazo está a terminar.


Adivinhem, por exemplo, o que tive de fazer na tarde do dia 31 de Dezembro? Estando eu seriamente doente? Tive a limpar a casa! Porque o tipo decidiu usar a sua vez no dia 28... ou coisa que valha, quando esse dia já era o da minha semana. Eu subi as escadas a carregar o pesado aspirador e logo a seguir tive de me deitar no quarto, exausta. Fiz a limpeza nestas condições e todas as que se seguiram foram feitas no mesmo género de raciocínio: tentando espaçar mais o tempo entre limpezas. Acontece que as pessoas que se seguem a mim cumprem a limpeza nos seus dias, quando lhes convém. Por vezes limpando 3 dias a seguir, ou 5... ou até mesmo dois.

E tudo porquê? Porque o tipo antes de mim não cumpre horário. Ora, as nossas folgas nem sempre permitem limpezas afastadas umas das outras. E o tipo, ao fazer isto, limita bastante os movimentos dos outros. Há dois dias apeteceu-me limpar a casa porque já sentia o corpo a querer ficar doente e fraco. E como tive vontade, aquela antes da queda total de energia, fi-lo. Foi a primeira vez que limpei porque me apeteceu - tal como ele faz. Tenho direito a isso, ou não??

Hoje veio dizer-me para limpar a casa mais espaçadamente... Ignorando o quadro que mostra que os outros têm limpo a casa regularmente sempre com curtos espaços de dias entre eles. E eu, feita idiota, ainda lhe apontei para os outros dias de limpeza - dias de 2, 3, 5 dias afastados, ele ainda justificou um deles, dizendo que a pessoa tinha de ir a algum lado... Ora e eu? Não posso também ter de ir «a algum lado»? Feita idiota não lhe fiz ver que é ele que atrapalha tudo. Que os horários são para se cumprir ou entra tudo num descalabro. Ele diz que o quadro é só um guia, que não se tem de limpar naquelas datas... mas se isso acontecer, então eu vou limpar na semana da outra pessoa, a outra pessoa depois não limpa, ou eu não limpo, e depois chega a vez dele novamente, e ele refila porque vai dizer que outro não limpou...

Se cumpre as datas não haveriam chatices. Agora vir chamar-me a atenção.. é preciso ser um pouco sem noção. Também tenho direito a limpar quando me é conveniente. E assim, agora, a próxima pessoa fará a sua limpeza com alguns dias afastados da minha - pela primeira vez. E ele, se quiser limpezas mais espaçadas, que não espere vários dias quando chega a vez dele. Afinal, de todos nós, é o único que tem dias fixos de trabalho por semana - três - e descansa os outros quatro. Tempo para limpar, quando quiser, sobeja-lhe. Aos restantes nem por isso.