Metereologia 24 h

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Saudade daquela palha

 

Uma directiva europeia decretou o fim da produção de palhas em plástico. Alguém decidiu "salvar" as que pudesse ter por casa? Olhem que passou a ser um artigo raro, daqueles que nunca mais se vai encontrar. 

E assim, algo a que nos habituámos, que davamos como garantido e acessível, desapareceu. No seu lugar, surgem as palhas de papel. 

Esse canudo é tudo menos eficiente. A sucção que proporciona é inferior e insatisfatória. E quanto a furar o orifício da embalagem de cartão para aceder ao conteúdo? 


Esqueçam. Cartão/papel não consegue furar a frágil mas resistente película de acesso. Dobra, desfaz-se. Um gesto que agora exige pericia, tempo, talento, paciência - quando antes, com a palha de plástico era um gesto rápido que furava de imediato, criando grande satisfação. 

E, assim sendo, um gesto corriqueiro que não nos fazia pensar muito, passou a estar mais consciente e a gerar alguma frustração e stress.

Alguém já passou pelo mesmo?


domingo, 30 de janeiro de 2022

Porquê Deus nos coloca sempre em situações semelhantes: a resposta

 

Hoje pela madrugada ocorreu-me que nunca mais pensei na Gordzilla. Aquela que me atormentava os dias na outra casa. Não é que ela acabou de me aparecer à frente?

Cruzes canhoto! Passava bem mais um ano, ano e meio sem lhe por a vista em cima. Assim que me afastei, ela ficou reduzida à sua insignificância. Demorou muito - porque saí traumatizada a um nível que nem consigo explicar. Cheguei a duvidar da realidade. Tal foi o nível de mentiras, intrigas e tratamento discriminatório que recebi. Não só dela, mas de todos a quem convenceu que eu era uma espécie de monstro mentalmente desequilibrado quando nenhum mal alguma vez fiz. Sentir esse comportamento vindo até de pessoas que acabaram de se mudar para a casa e nem me conhecem, ainda me machuca. Como pode alguém se deixar levar tão facilmente? 

Sofri muito. Pensei até se não seria melhor... não ter vindo ao mundo. Que é algo que sempre nos ocorre em momentos de grande desespero e total perplexidade. 

Pois deixem-me que vos diga: quero existir. 

Mas já começo a me revoltar com as condições em que "existo". 

Ontem de noite, desci à cozinha. Logo de seguida a M. segue-me. Como sempre faz. Ela tinha algo no forno que, pelo cheiro pela casa toda e o ar irrespirável e quente, provavelmente já estava a passar do ponto. Como é sempre o caso. Mas foi só porque eu fui lá que ela se lembrou de ir verificar. Nisto abre o forno (ao contrário dela eu me desviei sem lhe soltar um grito) e diz com uma voz de menina doce, algo para me agradar. Do género: "mesmo a tempo, mais um pouco e não dava mais". 

Não reagi. Continuei calada. 

O meu "eu" original teria sorrido. Teria dito algo como "pois é" e mostrado que estava tudo bem. 

Ainda bem que não o fiz!
Não teria me ajudado em nada. 

Subitamente senti que o meu silêncio me dava força. Foi uma coisa minúscula e fugaz mas senti que era esse o caminho a seguir. Tinha de ser dura com as pessoas. Senti que u não podia ser "eu" quando lido com pessoas como ela, como a Gordzilla. Porque elas sempre vão aproveitar e voltar a pisar em cima. É como estar sempre a oferecer a cara para ser esbofeteada. 

Deve ser por isso que Deus me faz viver situações destas, umas atrás das outras. Para ver se aprendo de uma vez por todas a ser agressiva. Egoísta também. Pensar em mim. Eu nunca pensei em mim. Ainda não penso. Começo é a perceber as consequências terríveis de ter passado a vida sem conseguir fazer isso. 

Depois deu-se uma epifania. Era fim-de-semana, os sinais estavam todos lá: demasiada comida a ser feita, aspirar o corredor, dois duches seguidos, roupa toda lavada na véspera: significa um gajo na cama. Ela sempre fala e age diferente quando está a esconder um homem. E não para de andar pela casa toda a seguir todos. A presença dele altera-lhe os modos. Aprende a dizer coisas como "olá, bom dia" -  coisa que se esqueceu momentos antes mais cedo. Pára com a brutalidade, os ruidos intensos, o bater portas estrondosamente. É como se entrasse numa personagem. Uma que só surge aos fins-de-semana. Para a representar ela veste roupa ao invés de andar de robe, solta o cabelo e fica maquilhada. Depois recolhe para dentro de si tudo o que a faz ela: a agressividade, a brutalidade, os ruídos absurdos, as constantes implicâncias. Passa a andar devagarinho sem bater com os "cascos" no chão, a fechar portas com gentileza. Ser "doce" nestas alturas é a forma que tem para se aproximar dos outros e inquerir sobre os seus intentos para esse dia. E fingir que é o que não é para a sua "audiência". Puro egoísmo. Só está a pensar em si, mais ninguém. 

Na rua não sou muito paciente com as coisas quotidianas. Com o chocalhar do autocarro, o tempo que demora, as pessoas lerdas que me bloqueiam o caminho ou falam sem máscara em cima de mim, os veículos a passar a ritmos diferentes que me impedem de atravessar uma estrada de pouco movimento, o respirar do tubo de escape, o odor constante de cigarros a entrar-me nos pulmões e por aí adiante. Coisas pequeninas destas, para as quais tenho pouca paciência e das quais procuro distância. Sou um pouco "bixo do mato" - dizia a minha mãe. Mas sou boa pessoa. Ainda agora procurei ajudar pessoas que precisavam de informações sobre a cidade. 

No autocarro, uma bebé linda, ainda de colo, com uns olhos de um lindo azul claro mas sem ser aquele meio perturbador, sem alma, olhava para mim fixamente. Tinha tanto espaço e direcção para olhar, mas era para mim que olhava. Não chorava, chegou a esboçar um sorriso. E olhava fixamente para mim. 

Sempre me aconteceu com bebés e até crianças. Dizem que estas ainda têm uma ligação especial com o lugar de onde todos nós viemos. Será que elas conseguem ver algo que nós não percebemos? O nosso espírito? A nossa aura? 

Nunca me ocorreu pensar tais coisas tão místicas só por ter bebés especados a olhar para mim, ora a sorrir ora a olhar. Mas de uns anos para cá este "fenómeno" faz-me pensar. Provavelmente tenho "agarrado" a mim alguma espécie de «nuvem negra». Embora em prefira imaginar que seja a minha essência aquela que cativa o olhar dos pequenitos e puros. Talvez não seja. Talvez os fascine alguma sombra que paire por cima de mim. 

Tenho de tomar um banho de descarrego. Quero ver se me afasto de pessoas más, com má energia. Porque elas se sentem tão atraídas por mim!  Também me sinto apagada, a me tornar em alguém menos paciente, menos tolerante, não tão simpática, menos tudo. Menos eu. Não queria sentir-me amargurada com a vida. Nunca fui disso. De tristezas sim - tristezas como um fado. Mas não de amargura. Azeda. Isso não. 

Temo vir a ser. 

Uma coisa parece que tenho de aprender: ser mais agressiva. Impor-me mais. Por os pontos-nos-is logo de início. Para que assim ninguém abuse. Dizer quando não gosto de alguma coisa e tomar satisfações com as pessoas. 

Talvez se essa lição for praticada, Deus pare de me enviar este género de problemas e me passe a enviar outro tipo de pessoas. Afinal de contas, se sou permissiva, calma, calada é natural que atraia, que seja o alvo de pessoas de outra estipe. Quem é invejoso, egoísta e algo sociopata, obviamente cria uma antipatia imediata por quem não inveja ninguém e mostra ser feliz com isso. É quase como que obrigatório odiar pessoas assim, quando se é o oposto.

Vou viajar. 

Percebi que decidi fazê-lo porque preciso me afastar desta casa. Não é uma razão que me deixe feliz. Talvez devesse me deixar preocupada. Há  outras, claro. Ver a família, levar uns presentinhos que há muito tinha comprado. Mas a sensação de alívio por me afastar e a necessidade de viver numa casa sem estar a ser controla e observada foi o gatilho. 

Está na hora de mudar?


domingo, 26 de julho de 2020

Entrando na arena e enfrentando o touro


Acho que é um processo que vai levar tempo, este de me curar dos efeitos nocivos que a anterior casa me incutiu.

Hoje, antes de despertar, consegui ouvir os restantes na casa a conversar (por enquanto sao so dois). Pude perceber que falavam de experiencias da pessoas na casa e isso despertou em mim a sensacao familiar de que falavam nas minhas costas.

Decidi abrir a porta do quarto devagar tentando nao fazer barulho. A ver de ouvia algo. Nisto calam-se e oiço a rapariga a comecar a subir as escadas.

 Veio espreitar se eu me aproximava e confirmar se podia ter escutado a conversa deles?

Seria o retorno da familiaridade da conspiracao?

Entrei no WC e de seguida, desci para o espaco comum. Agora vazio. Fiquei a aguardar um deles se aproximar.

Nesse tempo, que me parece uma eternidade, a familiaridade da maledicencia tornar-se uma rotina começa a assolar-me e  tomo uma decisao: Abordar o assunto.

A rapariga entra, pergunta se eu estou bem. Respondo que sim, mas que queria dizer uma coisa e pedi-lhe para que chamasse o rapaz.

Expliquei que fiquei com a sensacao de que esvaziaram a sala por me ouvirem a aproximar. Comecei por dizer que podia ser da minha cabeca devido ao que me sujeitei na anterior casa e que queria que soubessem que podiam dizer-me o que quer que fosse se tiverem algo para me dizer, algo com o qual nao estejam de acordo.

- Nao podias estar mais errada, tuguinha!
- nao, nada disso. Acho que ainda estas muito sintonizada no que era a outra casa - responde o rapaz.

E assim, com esta simplicidade, por ter decidido expor o que senti ao inves de o guardar ca dentro, tudo se desvaneceu.

Nada ficou pendurado no ar, como um cancro, a ganhar tamanho ate ficar gigante e colapsar em cima da minha cabeça.

Tenho orgulho em mim.
Por ter reagido face ao meu receio.
Assim ele nao cresce. Matei-o. Entrei na arena, chamei o touro e preparei-me estoicamente para a sua força brutal.

Tinha de aprender com os meus erros. Deixar estas impressoes regressarem à minha vida seria um erro grave, cometido muitas vezes no passado.  É logo para exterminar.

Este foi um grande passo no caminho para a cura. Porque existe um trauma. Este nao desaparece como por magia devido a mudanca geografica. Nao e assim que as coisas acontecem. Vai ser gradual, esta recuperacao da minha auto-estima e confianca nas pessoas. Os efeitos nocivos do veneno daquela mafia italiana vao perdurar.

Mas eu vou enfrentar todos os touros. Sou uma gaja super guerreira. É tudo frente a frente, olhos nos olhos. Como um forcado diante do touro.


É profundo, o nivel de fragilidade a que cheguei por ser tao tolerante com a maldade alheia. Nao cheguei a contar aqui mas contactei uma entidade que oferece apoio psicologico naquele que foi um momento em que percebi a profundidade e ramificações do mal que me vitimizava. Porém, deles nao escutei resposta. So me telefonaram para confirmar os meus dados pessoais e fazer uma ficha. (Grande ajuda!).

Eu so queria falar de forma anonima com alguem. Precisava  de contar o que se estava a passar. Mas o anonimato, hoje em dia, é pura ficção cientifica. Os teus dados pessoais sao mais ambicionados que ouro.  Recolhem-nos cada vez que te aplicas a um emprego, cada vez que usas um cupao, cada vez que procuras um serviço "gratuito".

E em troca, recebes nada a nao ser publicidade, vendas e pedidos de doacoes.


Sim, posso sentir-me muito fragil. Mas na minha fragilidade existe tambem uma resistencia de diamante. Podem lapidar-me em frangalhos, mas nao conseguem destruir-me. Porque o meu interior nao é uma imitaçao barata. É puro e cristalino tal como a pedra preciosa.


E é essa pureza que muitos cobiçam. Porque  nao a tem e por isso tentam destruir.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

FELIZ ANO NOVO!

Foi desta maneira que me cumprimentaram ontem, dia 2, quando regressei ao trabalho. Estranhei esse cumprimento, porque já não era dia 1 e a tarde estava a terminar.

Mas aparentemente deve ser costume dizer-se isto quando se vê a pessoa pela primeira vez, ainda que já não seja primeiro de Janeiro.


Este ano fiquei surpresa com este momento. Como de costume, não celebro nada. Era para estar a trabalhar, pelo que nem me ocorreu pensar no dia que era nem na importância que tem para certas pessoas. Esqueci que havia fogo de artifício, pessoas a celebrar... 


Foram os colegas da casa que o fizeram sobressair. Um convidou-me para juntar-me a ele e uns amigos que cá vinham para jantar. Quando chegou perto da hora, este teve de ir dormir por ir trabalhar cedo e o outro desejou-me um feliz ano, com um abraço e dois beijos no rosto.




O contraste com o que aconteceu no ano anterior veio à lembrança. Sinto NORMALIDADE a regressar ao quotidiano - embora não queira falar disso para não atrair outro tipo de energias. Gosto dos dois colegas mais recentes que cá entraram, embora ainda tenha receios. 

Só cá estiveram esses, os outros estavam fora. E sem a mais-velha, esta casa tem uma excelente energia. Falando na dita, chegou hoje. Ao contrário do que aconteceu comigo quando regressei das férias de Natal, aparentemente chegou para uma casa vazia. Ninguém cá estava para a acolher. Que foi o oposto do que veio a acontecer comigo. Quando cheguei, surpreendeu-me o calor humano que encontrei. Falaram comigo. Um agradeceu-me de imediato o presente que lhe deixei debaixo da árvore. Estavam dois amigos de um deles cá em casa, que já havia conhecido, todos conversámos entre si tendo como tema em comum umas obras que o senhorio precisou fazer na casa neste período de ausências. Estava tão receosa por temer a hostilidade e frieza habitual e acabou por ser um regresso para uma casa harmoniosa. Também um grande contraste com o ano passado

Na bagagem trouxe, mais uma vez, um bolo-de-rei. Contrastando com o que aconteceu no ano anterior, este foi elogiado, apreciado e «devorado». Não chegou ao novo-ano! Comeram-no com gosto e com gosto voltaram a comer no dia seguinte. Não foi como no ano anterior, em que o bolo-rei ficou intacto, nenhum dos italianos quis prová-lo, tive de o congelar. 

2020 parece vir a ser melhor.
Eu mereço!

Busquem a vossa felicidade e sejam felizes! Feliz 2020!!

domingo, 1 de dezembro de 2019

A minha natureza sobrepondo-se




Não sei se fiz bem, apenas fui genuina e natural. Por isso mesmo é que estou na dúvida e recrimino-me por ser assim. É que, tratando-se da mais-velha, se me manter assim estou numa enrascada.


Ontem de noite desci à cozinha para beber água. Temos um jarro que a filtra. Vejo-o quase vazio e como estou com muita sede, despejo umas gotas para a garrafa que trouxe comigo. Vejo que a água está quente e por isso despejo-a. E volto a encher com água fresca. É aqui que a mais-velha (receando que a julgasse desmazelada por o ter encontrado vazio) diz:
-"Ah, eu ia esvaziar o jarro e trocar o filtro".  


Esta sua intervenção, como se estivesse a falar com uma pessoa a quem quer bem, despoletou uma pequena conversa que, aos de fora, soa normal. A conversa foi só sobre a água, o tempo, perguntou se estava bem porque parecia pálida, falou-se do supermercado, do frio etc. Mostrei-me interessada em saber como se procede à troca do filtro e limpeza do jarro. Já o havia feito antes, quando o comecei a usar, por volta de Março do ano passado. Por esta altura, as poucas palavras mais demoradas que lhe dispensei já pareciam estar a incomodá-la. Como se, para a vontade dela, a conversa já devesse ter terminado, como se não quisesse falar mais.

Quem não soubesse o que ali está, enganar-se-ia. Mas eu, genuinamente incapaz de mostrar fel por alguém, falei-lhe como se não soubesse que, toda aquela simpatia, provavelmente foi antecedida por um enorme "descascar" na minha pessoa que foi tão bem sucedido em influenciar terceiros, que a fez agir com maior falsidade.

Só vi o novo inquilino uma vez mais, ontem de madrugada, quando me preparava para sair para o emprego e ele tinha acabado de entrar. Ao me ver na cozinha, ia eu a sair já enluvada, de gorro, capuz e cachecol rumo à noite de -1º, quis saber se ia "you're going out?" - que significa sair para me divertir. A sério?? Aquela hora com aquele frio?
-"vou trabalhar" - respondi-lhe.

Desejei-lhe um bom dia e só o voltei a ver, de relance, à hora de almoço, preparava-se ele para sair. 

Não consigo deixar de sentir que ele está demasiado centrado no me ter ou não em casa. Tal como o outro. Não posso esquecer que escutei a mais-velha dizer-lhe que eu "estava em casa o dia inteiro" e que o que saiu "disse que eu estava em casa o dia todo". 

Deu a entender que eu era um inconveniente, uma imposição, que eu não lhes dava espaço. Quando a realidade sempre foi oposta!!! Isto é de uma difamação infame, porque retrata-me exatamente o oposto que sou! Eu sou trabalhadora, esforçada, faço horas extra se mas disponibilizarem, vou trabalhar nas folgas se me chamarem... Sempre fui assim. E esta parvalhona anda a espalhar a todos os conhecidos que eu sou... como eles.

Sim, porque o que saiu, era o maior preguiçoso de todos. A maioria deles escolhe a profissão que têm pela quantidade de dias de folga que têm. Pelo facto de poderem ficar em standby (em casa) podendo ser ou não chamados para o trabalho - e ganham à mesma salário. O outro rapaz esteve DUAS SEMANAS em casa e foi trabalhar pela primeira vez, no dia em que o novo chegou. Teve - disse-me ele, 5 dias em standby, antecedido por 2 de folga por estar com tosse, antecedidos por outros 3 ou 4 de standby, antecedidos por um fim-de-semana de folga... 

A rapariga que cá esteve, supostamente detentora de um emprego das 9 às 5, segunda a sexta, ficava em casa amiúde. Era vê-la a faltar com uma desculpa qualquer, vários dias por semana. Ficava em casa agarrada ao telemóvel, pela cozinha, sentada no sofá... toda confortável e a queixar-se que não queria ir para o emprego. Mas na altura de falar dos benefícios e de se descrever como funcionária, foi "exemplar" e até lhe deviam "dias de férias". Isso me deixava atónita. Uma miúda que quase nunca punha os pés no laboratório onde devia trabalhar - e isto certamente não é profissão para se faltar - ainda tinha férias a tirar! E porquê? Porque cada vez que faltava, usava como pretexto uma desculpa de saúde. E esses dias em que ficou em casa por se sentir sem vontade de ir trabalhar, não são contabilizados. No currículo em papel não transparece esta preguiça, a constante falta a dias de trabalho por sempre encontrar um pretexto de saúde. Ela tinha uma "condição rara" mas que não a limitava ou impedia de ir para a farra ou ir trabalhar para sustentar a boa vida que almejava. E usava-a para tirar benefícios e privilegiar a sua preguiça. Usava o que podia.Também estava inscrita na universidade a tirar um curso sem data para terminar e à distância e também isso usava para se baldar áquela que é a prática mais árdua de uma vida adulta responsável: Trabalho!

Que seja EU a que fica com a fama é... revoltante.
As poucas pessoas que me conheceram na outra casa e nos empregos que tive, todas me apontavam o excesso de trabalho como algo em que devia reflectir, pois não fazia bem, etc. Mas eu, não tendo outras coisas com que me ocupar e não podendo usufruir da casa onde pago para morar de forma livre, até me custa quando não tenho trabalho, quando mo cancelam, etc. Quero é trabalhar!

Porém, este verão de facto entendi que eles estão certos. Trabalhar tanto, ganhar uma miséria e no final, se tiver direito a reforma, esta não vai espelhar o que eu fui. Outros, como a tal jovem rapariga que nunca ia ao laboratório, serão aqueles que se pintam de árduos trabalhadores e terão as boas reformas. Não gente como eu. Por isso mesmo, devia aproveitar melhor a vida enquanto ainda me resta alguma energia e saúde. Esperar pelo "final" para o fazer não é correcto. Ter passado pela "paixonite" fez-me entender isso. Que as minhas prioridades deviam ser outras.

Mas sem amigos íntimos, sem amores, longe da família e a viver numa casa com pessoas como estas, quero é trabalhar! Mesmo por uma ninharia. Ao menos não estou aqui rodeada de gente intriguista, maliciosa e muito de meter o nariz na vida dos outros. Que tenha passado o Verão a equilibrar-me entre dois empregos, tendo conseguido estender o diário por duas horas extras além das 8 que me eram pedidas, e juntando a este o outro que mantenho há um ano, que me dá 4h por dia... Sair às 6 da manhã e regressar às 23h.... 

E estou o dia todo em casa?!?!?!!!!

Pintarem-me assim a um rapaz que acabou de chegar já a perguntar sobre a minha rotina de empregabilidade é uma atitude de meter nojo.

E é tudo ELA.
Com quem eu ainda troco palavras genuínas!



sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Previsível

Yap!
Logo na primeira oportunidade que teve, no primeiro contacto com o gajo novo, já lhe proporcionou o relato audio-tour da versão italiana: "falar mal da Portuguesinha".

"Ela não trabalha", "Está em casa o dia todo", "Teve este emprego por estes meses, depois outro por estes meses, depois não esteve a trabalhar por estes meses, depois trabalhou por estes meses",  Não se junta a nós para ver televisão", "Não gasta dinheiro em comida", "trouxe um rapaz cá para casa"....



Fico a torcer (mas com pouca esperança) que este seja mais íntegro que os outros e a maledicência com que ela os presenteia durante as refeições para repelir simpatias a meu favor, se vire contra ela mesma. Tanto veneno. Só maledicência! Nenhum refreio imposto por bom carácter, valores... 

Vi isto no blogue da Elvira, e guardei. É a ilustração certa para este tema.


quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A Portuguesa


Não me refiro ao nosso Grande Hino e sim à forma como os cá de casa, entre si, fazem referência a mim. Ao invés de me chamarem pelo nome, dizem "a portuguesa", o que comprova a postura pejorativa.

Mas não me afecta. É só um facto que quero partilhar e registar. Sei que tenho de enfrentar o que vier pela frente com a mesma postura que tive até agora. Estóica, resistente, a levar porrada de todos os lados e ter de lidar com o cinismo e falsidade. Tudo bem. Os intentos de me colocarem fora daqui é que não lhes vou conceder. Não sem luta. Mesmo sendo uma guerra travada não com balas, mas com cravos. 

Partilho isto por já fazer algum tempo que não actualizava a situação doméstica. Temo que nada mude, porque o trato depreciativo que adoptaram é transmitido de velho inquilino para novo inquilino. E é essa a novidade: Um novo inquilino chegou ontem. 

Não posso já dizer como é o seu carácter mas é cauteloso de minha parte presumir que será como todos têm sido. Existiu apenas uma coisa que me fez lembrar por demais "o que saiu" e enviou-me uma vibração de alarme. Ele entrou em casa e ao me ver diz:
-"Não vais trabalhar hoje?"

Arrepios... Fez por demais lembrar o outro. 
Foi a única interacção por iniciativa própria que ele se prestou a ter comigo, no início, antes de cessar qualquer comunicação: "Vais trabalhar hoje? Vais trabalhar hoje??"

Até arrepia! Existe lá maneira mais camuflada para sondar uma coisa, fingindo que é outra? Não é preciso uma mente muito inteligente para o perceber.

O novo inquilino trouxe dois amigos para o ajudarem na mudança. Mas eu não soube, até eles passarem pela porta e se apresentarem como tal. E o que é que a rapariga me pergunta? Isto:
-"Não vais trabalhar hoje?".

Sem os conhecer - nem os nomes fiquei a saber, a primeira informação que quiseram sacar de mim foi os horários de trabalho. 

Irra! Tanta insistência transmite a sensação de que pretendem algo e não me querem por perto. O ambiente vai ser sempre assim na casa onde vivo? Vou continuar a sentir-me uma indesejada? Este rapaz acaba de chegar. Só o cumprimentei e dei-lhe umas dicas. Percebi que é vivido, sabido e esperto. Capaz de ser tão cínico ou fingido como os que já cá estão. Ele sai e quando retorna, ao me ver em roupa de estar por casa dispara a questão "não vais trabalhar hoje?"

Mais um que mal pisa este chão, se sente tão seguro, tão no seu direito, como se já cá vivesse há anos. Porque é imediatamente integrado, de uma forma que eu não fui, não sou, nem serei. Sendo a origem desse facto xenofobia disfarçada, não é situação que me aflija. Porque, claramente, não ser integrada não é realidade de responsabilidade minha, fruto de acções erradas, mal intencionadas, infelizes. Não fui cínica, nem falsa, nem mentirosa. Não excluí ninguém da minha companhia e afecto. Muito pelo contrário. Estes comportamentos partiram todos deles. Isso me conforta. 




quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Saiu como um rato e à francesa


O rapaz já foi embora. Sorrateiramente, como sempre foi a sua postura. 
Toda a gente que é normal, quando muda de casa, enche caixas, faz barulho, arma confusão. Ele não. Tal era a vontade de o fazer sem eu dar conta, escutei-o em ruídos contínuos, em acções quando virei as costas, tirou tudo da dispensa da cozinha sem eu dar conta, tudo do quarto sem se notar, etc. Por mais que eu queira, tanta vez, ir à cozinha buscar algo no frigorífico sem ninguém notar, raras vezes sou agraciada com essa sorte. Não dá. Há sempre alguém a cuscar. Alguém na espreita. 

Ele conseguiu remover até todos os produtos do WC sem que fosse perceptível. E eu sou a única que nada guarda dentro dessa divisão! Devia ser a única capaz dessa destreza impressionante mas não sou. Nem quando fui de férias uma semana sem avisar fui capaz de o fazer sem que a minha ausência fosse quase de imediato detectada. 

As gravações que deixei na box intencionalmente cheia, foram todas apagadas em menos de 24h da minha partida. Fui verificar há poucos dias. Quarta vez consecutiva que isso acontece. Maus hábitos não morrem nunca. E aquela tipa não consegue deixar de os ter. 

Estou aqui há semanas a tentar ter tempo só para mim para poder começar a tirar coisas do quarto - que vai ser alvo de uma expansão daqui a menos de um mês - e não tenho como! Há sempre alguém por perto, sempre alguém no caminho a querer passar ou a observar um movimento por menor que seja. 

O senhorio também anda estranhamente desaparecido. 

Nem apareceu para verificar o estado do quarto ao ser abandonado. Coisa que sempre fez!!
Tal é a confiança (cega) que deposita no rapaz.

Um controlador de primeira que sempre necessitou de ditar quem vinha morar para a casa. Até escolheu o seu substituto. 


E é assim. 
Uns conseguem, outros não. 


sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Trancado no quarto a falar Frances



O rapaz que vai-sair afinal, ainda vai demorar a fazê-lo. Só quase em Dezembro é que se vai embora. Vai mudar-se para França - que foi sempre o seu objectivo. 

Decerto não se recorda de o ter mencionado uma vez, no chat. Por isso, devido ao clima de secretismo que os Italianos impuseram no ambiente da casa - pois nada é mencionado à minha frente - devem ter achado que esta sua saída vem como uma surpresa. E os cuidados que procuram ter para que eu não escute nada a respeito de nada, deve fazê-los pensar que nada sei ou imaginar que estou em pulgas para o saber. 

Nada mais errado. Não quero saber. Isso é o mais interessante. Tanto aprontaram, que ganhei-lhes uma quase indiferença. Se sangram, se riem ou se choram... é lá com eles. Já não me aflijo como seria de minha natureza. E nada neles realmente apanha-me de surpresa, por já os conhecer intimamente. Não aquela intimidade que é física, mas a psicológica, o que a pessoa realmente é em termos de carácter. Sem as máscaras.


Então o rapaz, que neste ano e meio nunca ficou fechado no quarto por coisa alguma - muito menos pelas primeiras horas da manhã - sempre enfiado que fica na sala por horas e horas sentado à mesa diante do computador - hoje decidiu não sair do quarto. Oiço-o ao telefone, a falar num tom bem mais alto que o habitual. É natural, quando se fala ao telemóvel, projectar a voz. Mas até isso ele tinha o cuidado de não fazer - para que não pudesse ser escutado. Nenhum problema em falar com uma voz normal diante dos outros - apenas se eu estivesse por perto é que vinham aqueles silêncios, os suspiros, deixando de ver no computador o que fosse que estivesse a ver e regressando ao me verem sair da divisão. 

Ele não se lembra de ter revelado que contava mudar-se para Nice antes de Dezembro. Nem se lembra de uma pobre coitada que trouxe cá para casa para transar, que ousou mencionar que dali a seis meses esperava mudar-se para Nice - lançando-lhe um olhar matador. Coitada... Nunca mais apareceu para uma segunda dose. E pensava ela que ia viajar com ele!!

Não têm boa memória - só uma memória selectiva, distorcida, que oculta o que fazem. 
Quando passei pela porta a caminho da cozinha - claro que se escuta o som da pessoa a passar - ele teve o cuidado de parar de falar em francês ao sentir-me perto. E é por eu estar perto, que está fechado no quarto. Nem ao WC foi ainda. E se for, vai de mansinho, ao andar de baixo. Para passar despercebido já que estou em casa. Caso contrário? Duvido que não estivesse pela sala. Não há cá mais ninguém.

A respeito do "novo" inquilino, não se sabe nada, a não ser que tem o mesmo nome daquele que vai sair. Conversei com o "mais recente", que me contou que ficou um pouco triste por o senhorio não ter escolhido o amigo que ele recomendou. E na conversa, disse-me que não conhecia este novo, que ele não fazia parte do circulo de amigos dos que cá estão. Foi "arranjado" pelo que-vai-sair

E a mensagem da cobra venenosa, antes dela a ter apagado, dizia: "Assim sabemos com o que podemos contar!".

Ah sabem, sabem.
Sabem mesmo, não há dúvida!
Ahah. O facto é que nem conhecem a pessoa.

O único critério utilizado é ser ITALIANO.
E foi recrutado (a palavra é esta) pelos mafiosos cá de casa. Que têm uma necessidade praticamente psicótica em ter o controlo absoluto. 

Agora relembro as palavras que este-que-vai-sair me disse quando o senhorio meteu cá dentro a tal rapariga que eles usaram como marioneta. Eu disse-lhe que ela parecia muito simpática e tinha simpatizado com ela, por ter um sorriso muito aberto e aparentemente franco e ele, secamente só respondeu:
-"Parecem todos simpáticos ao início".

Estava TÃO PREOCUPADO!!!
Não estava no controlo. Não tinha sido ele a decidir.
E precisava ficar no controlo o mais rapidamente possível.  Estava a preparar-se para isso.
Porque para ele, esta é a SUA casa. 
Ele decide, ele controla quem cá entra, o que se faz, ele manda.


Ela foi "recrutada" e usada por eles para me atingir. E por isso e por ser uma miúda, festeira, altiva, imatura e fácil de manipular, eles lá a suportaram. Mas aceitar? Não, não aceitaram. Tivesse ela ficado mais tempo e teria percebido que eles já começavam a demonstrar sinais de saturação. A mais-velha cada vez que a mencionava a mim era com desprezo. E cada vez que falava de mim a ela, era com desprezo. Não dá para disfarçar a sua natureza.






quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Mais um sumiço


Já é a terceira ausência de férias em que no regresso, constato que as gravações deixadas na box de TV foram eliminadas.

A mais-velha sabe que estou a gravar uma série inteira no intuito de a manter num disco rígido. Para esse efeito adquiri um aparelho que coloquei no móvel da sala. 

Nas férias de Junho, quando regressei, tinham, pela segunda vez, apagado todo o conteúdo da box.

Tal como tinha acontecido nas férias de Fevereiro

Como em ambas as vezes todo o conteúdo foi eliminado, quis acreditar que era coincidência. Embora também me lembrasse que quando vim para esta casa e aprendi a usar a box, encontrei gravações que datavam de 2016! Uma delas, o eurofestival da canção, a mais-velha atribuiu ao "gostos" da rapariga cujo quarto vim ocupar - dando um tom de censura e repreensão aos mesmos e dizendo não partilhar dessa preferência. "Eu não vejo isso!" - afirmou ela com cara de nojo. Este ano ficou na sala a ver o mesmo festival que disse desprezar, do início ao fim!!

Segundo ela, a função de gravação da box é "inútil" e não entende como alguém pode dar uso aquilo. Disse-me que ela nunca se servia da função gravação, por "não precisar" e "ver sempre" os programas que queria. Também disse que não entendia porquê alguém ia querer gravar fosse o que fosse quando tudo está disponível online. (não é nada assim, e expliquei-lhe que aquela série não estava, mas ela acreditava e insistia que sim). 

Se anteriormente tudo foi eliminado, nesta ausência de Setembro, mantiveram gravações de AGOSTO. E que gravações são essas? Séries que ELA está a ver!!

Tudo o que é série de romance, de época, tudo o que é reality show de culinária e todo esse junk TV mascarado de "erudito ou histórico", ela "papa" tudo. As receitas são sempre as mesmas (e não falo dos programas de culinária), mas mesmo repetidas até a exaustão, ela vê tudo. Sempre as mesmas formulas e histórias. Aliás, nunca vi ninguém consumir tanta televisão! Nem eu, nos meus mais dedicados dias.

Mas ela diz que não. Que muitas vezes só liga a TV para "escutar vozes".


Como esta série  tem 12 temporadas de vinte e tal episódios, até passarem todos e voltar ao início (a série por enquanto repete-se) passam-se meses. Mas eu vou insistir! Os actos mesquinhos dela só adiam ou perpetuam a minha necessidade. Quanto mais apagar, mais tempo vou precisar. 

Como tal, de Junho até ao momento, não liguei a tv na sala nem coloquei nenhum episódio a gravar. Por ainda não ter chegado à primeira temporada - aquela em que me faltam muitos. 

Ainda assim, estavam lá gravados 30 episódios de outras temporadas. 

Agora, com tudo eliminado excepto a série que ela vê, vou demorar ainda mais tempo para conseguir reunir todos os episódios e ficar com a série completa.  Mas não vou desistir, não lhe vou dar esse gosto.

Ela também voltou a desligar os cabos de ligação do meu aparelho. Para isso tem de ir atrás do móvel e puxá-los, tendo cuidado para não desligar nenhum dos outros. O cabo da tomada do aparelho, esse sou eu que só o ligo quando o vou usar. Pelo que o aparelho nem sequer está a consumir energia, pois nem ligado à corrente.

Ainda assim, ela tem necessidade de interferir e sente-se incomodada com a presença de algo meu na sala.

Deve estar feliz, porque a jarra decorativa, essa removi-a antes de ir embora.

Já as duas com flores naturais que cá deixei na minha ausência, continuaram no mesmo sítio, sem sofrerem manutenção. A murchar... Ninguém trocou a água. Nem sei se ela conhece que esse procedimento deve ser feito! Pois colocou um ramo de flores num copo ao lado, sem sequer remover a película em plástico, e também essa água está turva, esverdiada e quase evaporada. Nunca a vi compor flores numa jarra, ela simplesmente deixa-as a um canto.

E depois acha-se uma pessoa de classe.
Conhecedora de etiqueta.
Vende-se assim, mas as suas acções mostram quem realmente é.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Janela fechada, porta aberta - o pior é?


Agora já me sinto melhor mas passei o dia triste. 
O motivo? Estive a escutar o que as colegas da casa conversaram quando lhes virei as costas ontem de tarde. Após o duche, fui para o jardim deixar o cabelo secar ao ar. Elas estavam na cozinha/sala. Nisto escuto as portas do pátio fecharem-se com trinco. Como elas têm o costume de as abrir e deixá-las abertas toda a noite até irem dormir, fazendo com que todo o insecto entre na casa, estranhei terem-nas fechado. O que imaginei? Não podia ser diferente, tive de pensar que iam cortar-me na casaca e queriam certificar-se de que eu não as escutava. 


Não quis saber. Mas depois de sair do jardim, deixei o gravador a funcionar. Só assim para tentar obter algum comprovativo inegável do que se passa. O som é mau - o aparelho não é bom e capta mais ruido que voz, mas está perfeitamente audível. 

"She's such a bitch. She keeps them in her room".


"Ela é uma grandesíssima cabra/filha da mãe. mantêm-nas no quarto"- disse a mais-velha.


Fiquei estarrecida. Do que estariam a falar? Como gostam de shows de culinária e falavam sobre colheres, pensei que estavam a falar de receitas mas quando surgiu esta frase, percebi que estava a ser acusada de manter no meu quarto colheres. Se de sobremesa, se de sopa, não sei. Não tenho nada no quarto. Sabem qual é o meu hábito desde que cá cheguei? 

Lavo a louça que sujo antes mesmo de comer a refeição que preparei. Se for tachos, pirex de ir ao forno, o que for. Só deixo a comida no prato e no final lavo este e os talheres de imediato. Separei para mim dois talheres de cada assim que cá cheguei, porque a casa tinha muitos e eu não queria privar ninguém de nenhum. Além disso, trouxe talheres meus e as colheres de sobremesa são minhas. Estão marcadas desde da outra casa, onde todos tinham talheres próprios a uso. Para diferenciar dos meus, marquei-os com dois traços de verniz para as unhas.


Acusaram-me também de ter visto uma delas no WC e ter saído de rompante para usar a outra WC - não sendo boa pessoa por isso, o correcto seria ter uma conversa sobre o querer usar o WC. Isto é totalmente inventado. Não lembro de ver ninguém no WC e se usei outro foi porque quis e porque posso. Agora tenho de justificar qual dos WC's vou usar a certas horas? 

É constantemente assim. Sempre com mentiras com o propósito de gerar conflitos. Noutra ocasião sumiu uma tampa de um tacho da mais-gorda e uma mensagem surgiu no quadro. Não ia aparecer mensagem nenhuma se não quisessem insinuar que a responsável era eu. Até pedi para ma descreverem, porque não sabia do que falavam. Só uso uma e nunca reparei noutra. Uso muito ocasionalmente, talvez uma vez por... cada dois meses. Porque raramente cozinho e isso deve-se bastante ao saber que se o fizer, vão inventar 1001 mentiras sobre o acto. A tampa a que ocasionalmente  dou uso é a única que serve os dois tachos que a casa dispõe. Os mesmos tachos que esta que me acusou de ter as colheres no quarto manteve dois dias em cima do fogão, com comida no interior. Ninguém os pode usar nessa ocasião, por dois dias. Onde está o ser-se correcto nisso?? Também, por duas vezes, usou um tacho colocando-o na dispensa onde se estende roupa para descongelar comida, tendo-se esquecido do mesmo ali por 48 horas. Ninguém o pode usar. Ninguém sequer saberia onde o encontrar!

É esta tipa que se acha com moral para atirar tijolos no quintal dos outros. Esquece-se que os telhados dela são de vidro. E do rasca.

A realidade é que no que respeita a respeitar o espaço e as coisas partilhadas não podiam pedir melhor que eu. Não existe ninguém como eu! Vejam só que, até quando comecei a trabalhar, pensei em recusar entrar mais cedo, só por saber que elas as duas tinham de se levantar quase à mesma hora para irem para os empregos. E elas fazem o género de quem demora horas no duche, horas para se prepararem. Eu não. Eu sou "faz xixi, vai-te embora" - tipo de pessoa. 

Por dividir casa, não fico no duche por horas e horas. Sou rápida, principalmente se sei que todos estão em casa ou para chegar. Tenho imensa consideração por todos, todos os dias, em cada gesto. Nunca os critiquei ou tentei os comprometer com o senhorio. E a paga que recebo é esta vilania.

Tenho de dizer que li hoje no chat uma mensagem com três dias, deixada pela mais-nova que está para ir embora mas a agir assim nos seus últimos dias já está a estender a sua presença para além do que é desejável. A mensagem voltava a referir a janela fechada. Um grande testamento, dirigido a mim, a exigir que lhe explicasse porque é que fechava a janela do WC. 


Epá... a sério?
Ela não sabe para quê servem as janelas?? Será que fechar uma é assim um acto tão extraordinário? Que precisa de ser explicado??

Vi-a ontem de tarde quando entrei na sala. Falei-lhe, ela ruminou um som, sem tirar os olhos do telemóvel. Ainda tentei ir mais longe na conversa, dizendo que me assustei com a mala castanha dela, deixada no chão - pois pareceu-me um cão. Nada disse. Dão-me o tratamento silencioso, mas para falarem de mim pelas costas e inventar problemas, olha quem!


Ela podia ter aproveitado que me estava a ver e falado sobre a janela. "Olha, já que estás aqui, porque é que fechas a janela?" - isso seria «normal». Mas calou-se. Sabe bem que eu não li a mensagem porque a tecnologia informa a pessoa disso. E sabe que estive online só hoje. Só hoje no emprego, li a mensagem de assédio. Sim, porque isto é puro assédio. Mais uma mensagem maliciosa, para deixar a pessoa mal disposta, para para criar pressão, para magoar e prejudicar.  

Como estava a ser assombrada pelo choque do que escutei - ser chamada de cabra, o inventarem atitudes que não tenho, ao ler aquilo escrevi uma resposta. 

Não a enviei, mas soube-me bem escrevê-la. Disse mais ou menos o seguinte: " E depois? Já está aberta, não está? Então pára de me chatear. Eu nunca agi assim com nenhum de vocês e não me faltam motivos. E já agora, parem de falar mal de mim quando viro as costas. Que tal portarem-se como as pessoas que alegadamente dizem ser e pararem com o bulling? Sê decente". 

Na hora de almoço, deu-me uma vontade de ler o livro que deixei em casa. Também, por estar triste, apeteceu-me andar, gastar energias. Não estava boa companhia para ninguém. Decidi ir buscar o livro a casa, mesmo sabendo que a deslocação consumaria todo o meu tempo livre. Apanhei o autocarro, ainda fui ao banco, a uma loja e segui a pé para casa. Quando fui abrir a porta, esta não estava trancada. Bastava rodar a maçaneta e qualquer um entraria.


Estranhei. E depois assustei-me. Estaria alguém cá dentro? Algum estranho?

Então anunciei-me:
- "Hello?"


Nada. Nisto vejo umas pernas nuas com pés descalços a enfiar-se no quarto do rapaz. Percebi de imediato o que se passava. Subi ao quarto e a porta do quarto dele abriu e fechou. No wc a água corria livre na torneira. A porta volta a abrir e ele sai, com cara de sono, embrulhado numa toalha. Perguntei-lhe se acabou de sair do WC e ele disse que sim, que ia fechar. Fechou e fechou-se no quarto. Claro que tinha uma rapariga com ele, a dona das pernas magrelas que vi correrem para o quarto. Isso não me incomoda. O secretismo sim, a mentira também, mas o acto de querer transar não.  O que realmente me incomoda mais é ele deixar a porta de casa aberta! Que faça como qualquer outra pessoa: quando o convidado chega, vai abrir a porta. Deixá-la acessível a qualquer um que se aproxime é perigoso. Bem mais do que deixar uma janela de WC num segundo andar, fechada ou aberta! Podia surgir um assassino e matá-los aos dois no quarto, sem eles mesmo perceberem o que lhes caiu em cima.

Já encontrei a porta aberta mais de 10 vezes. As primeiras vezes às 4 da madrugada, quando saía para o emprego. Numa rua cheia de gente mal encarada, que briga à porta de casa, drogados e bêbados... Agora, novamente, porta aberta, a uma terça-feira, ao meio-dia e meia. Bem perto da hora e do dia da semana em que surgiu aquele estranho homem a querer forçar entrada na casa, até a polícia aparecer.

Tivesse ele aparecido hoje ao invés de mim... e??

Uma janela foi inventada para se manter aberta ou fechada. Uma porta, para alguém entrar ou sair, e os trincos para impedir estranhos de invadirem o espaço alheio. 

O que é uma janela de WC fechada no segundo andar comparado com a porta de casa aberta??

Até me fez ver melhor as coisas.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Reutilizo tudo o que me vem parar às mãos: inclusive tubos de pasta de dentes (que quase não uso)

Como muitos por aqui já sabem, não sou muito consumista ou de desperdiçar. Estou verdadeiramente optimista em relação a mudanças de práticas sociais que poluem o planeta e a cabecinha das pessoas.Vejo uma crescente preocupação em facultar produtos alternativos ao uso do plástico. Claro que tal acontece porque a alternativa é um grande negócio. E por essa razão muitos mergulham nela. Mas se o preço para deixarem de fabricar tudo em embalagens plásticas for esse, não é muito a pagar para ter o planeta de volta ao que era no tempo dos nossos bisavós. 

Falta agora retornar o interesse mundial por produtos alimentares com gosto e produção natural. Mas aí não há lucro, não há dinheiro a ganhar, e por isso a industrialização alimentar e o segmento "produto mais-caro e não mais saudável biológico" não vão sofrer alterações tão cedo. A nossa saúde vai continuar a diminuir e a nossa alimentação vai ainda ficar mais parca em nutrientes. No futuro a única coisa que vai aumentar são os casos de pessoas com problemas e a precisar de ir aos hospitais sabendo que não são desejados, tal vai ser o caos. 

Mas pela saúde do planeta... o plástico tem os dias contados. Pelo menos nos países de primeiro mundo. As alternativas tornaram-se rentáveis. Abriram-se possibilidades de negócio. As pessoas vão abandonar uma prática feia e suja que já não rende, por outra que lhes vai dar mais.

Hoje empolguei-me por estes produtos:
Sacos plásticos em silicone e shampôo em barra. 

Empolguei-me, mas não emburreci. 

Dimensões aprox. 19 x 19cm  capacidade aprox. 400 ml
Preço: 15€ / unidade

Primeiro, a durabilidade do silicone tanto pode ser a esperada, como surpreender pelo desgaste. O "saco" e uma coisa minúscula. Não vai poder conservar no interior algo mais que pequenos vegetais ou fruta. Tem umas asinhas de frango para meter no congelador? Esqueça. O volume de cada saco é diminuto. Mas o princípio está cá e é interessante. 

O que o produto tem e não tem que pode interessar: 
1) não contém PVC/latéx petróleo ou derivados
2) Antibacteriano (a sério??)
3) Fecho pinch-loc para selar os produtos (coloque dúvidas quanto à eficácia) 
4) Pode ser usado no micro-ondas (descobrir até que potência), ir ao congelador, frigorífico, forno (potência? Alguma substância nociva se liberta ao alterar a temperatura?) e pode ser enfiado em água a ferver.
5) É reutilizável (dah!), lavável à mão ou na máquina. 

Não dizem quanto tempo dura. Ms também, deve depender da utilização.
8€

O shampôo em barra atrai-me bastante. Fiquei fã deste género cómodo e fácil de tratar da higiene. Adoro o meu sabonete e gostaria de passá-lo pelo cabelo, mas desconheço se é recomendável. O cabelo já não é farto, lustroso e grosso. Está parco, como sabem, caminho para a calvice. Por isso, neste departamento, preciso de alguma garantia de que não irei acelerar esse processo. No site onde encontrei um desses produtos, aparecem comentários de utilizadores. As opiniões dividem-se mas as mais detalhadas revelam o produto como um flop. Por mais optimista que o cliente tivesse, verificou que no seu caso, o cabelo começou a cair em maior quantidade e enfraqueceu. E o que é pior: uma utilizadora ganhou uma reacção alérgica! Não sendo ela alérgica a nada e sendo aquele um produto todo "natural". Preocupante.

A vantagem deste produto, além da obvia que é te veres livre de umas tantas embalagens plásticas a poluir visualmente o espaço no teu banheiro, é que dura o dobro do shampôo convencional! Dizem que esta barra equivale a duas embalagens de shampôo líquido com 200ml.

Desvantagem, que só eu vi: No site dizem isto do shampôo:

Ora, se não testam no pêlo de animais, então estão a testá-los em humanos. Nós somos as cobaias. Por isso as críticas de reacções cotâneas etc. O que é um pouco mau... Tudo bem, em prol dos animais... mas para estes não serem as cobaias, somos nós. Isso não é inteligente ou ético. O produto e os ingredientes que lhe dão origem não é testado em pêlo vivo até o esfregares no teu cabelo. 

E vocês?
O que acham disto?

segunda-feira, 4 de março de 2019

Aprender a ser MALEVOLA Ahahahah!


Há uma coisa que nunca aprendi: ser malévola.
Saber manipular as situações e ser oportunista.
Mas gostava de aprender.

Acho que um pouco de know how nestas artes ia trazer algo de bom.
É que por vezes, a minha ingenuidade espanta-me.
Já não tenho idade para ser tão idiota.
E dou por mim a ser.



Dito isto, hoje vejo a rapariga-amiga a passar pela sala, banho tomado, toalha na cabeça, enquanto eu estou a comer uma sopa que aqueci no microondas. Passadas umas horas, a casa está toda pestilenta com o cheiro forte de cozinhados. É quando volto à cozinha. Quero preparar algo para comer enquanto todos já a usaram e a tenho disponível, não ando a alimentar-me bem. Sei que todos saíram, porque só cá estava a rapariga "emprestada" e o rapaz. Que foi trabalhar. Desci e deparei-me com duas italianas na cozinha. Duplicam-se. Estavam a lavar a louça que usaram para comer. DUAS. Não uma... duas. A mesma que cá esteve ontem. 

Mas será que dormiu cá?

Não pude mais avançar com os meus planos, pois precisava de usar a torneira e tive de esperar que elas terminassem. Isto tudo sempre com elas a falar entre si, em italiano e eu ali, a remexer na minha gaveta de congelados, à procura de algo nutritivo que fosse rápido de fazer. Eu é que parecia ser a sobresselente. Está SOL na cozinha. O tempo está horrível e o sol aparece pouco. Apeteceu-me ficar por ali. Olhei para a sala, espreitei a televisão. Continuava acesa com a imagem pausada no menu com os picks de vários episódios de uma série. Ponderei se podia usar a TV. E depois percebi...  para todos os efeitos... esta é a casa onde moro. Supostamente TODOS os meus colegas estão ausentes. E nem assim tenho a TV disponível? 

Foi quando reparei que uma estava com o comando na mão, bem sentada no sofá em frente ao televisor. Ficou claro que iam ficar ali a ver episódios da tal série. 

Sem ser pelo sol, nem me apetecia muito ficar. Mas aquela «apropriação» do espaço, o não poder estar sozinha em casa quando todos estão fora, esta hóspede que traz outra para se entreter, que encontro pela casa sempre a comer, em horários em que tantos estão nos seus empregos... subitamente tudo isto pareceu-me de mau tom. 

Fazem-me sentir má pessoa. E eu sei que não sou. Gosto de ajudar o próximo. Teria gosto em as integrar. Mas não consigo digerir estas novas formas de sociabilizar. Chegam e não são sequer apresentadas, não se apresentam, não puxam conversa com quem cá mora e não conhecem, nem sequer perguntam onde meter um prato, um copo... enquanto usam os utensílios da casa. Usufruem do espaço na boa, batem com as portas ao ponto de ser irritante, dão gargalhadas atrás de gargalhadas. Nada de cerimónias. 

Bem sei que a casa é toda italiana e que as duas, sendo italianas, devem ter deduzido que iam ficar na casa de italianos. Como eles mesmos tanta vez o disseram: "Esta é uma casa de italianos". Mas eu existo... também estou aqui. Caramba!  

O que fiz de seguida não devia ter feito. Digo que não devia, porque acho que foi um indicativo. De telemóvel em riste, fui aos interruptores verificar se as lâmpadas da sala se mantinham avariadas. É que, tirando as do teto, as das paredes subitamente deixaram de ligar. Isto já faz algum tempo. 

Nós temos um senhorio que, felizmente, gosta de ser avisado quando algo nao está bem. Mas ninguém lhe disse nada. Talvez para não o ter por perto. Agora que a vida dele ficou mais ocupada, a verdade é que deixou de aparecer quase diariamente, como fazia.

E com isso, notou-se que certos hábitos que mantínhamos por causa da sua vigilância, decaíram. Como por exemplo, o de desligar a tomada do televisor. É um requisito dele: ele não quer o aparelho em stand-by. Quê-lo sempre desligado. A porta do chuveiro também se soltou e está mal encaixada. Aos poucos, a casa começa a acumular avarias e isso nunca é bom.

Depois fiz aquilo que queria fazer desde que notei o problema na electricidade: avisei o senhorio da avaria, para que ele pudesse verificar o que se passa. Não sabendo quando ia aparecer. Ele tem os seus compromissos e já não está a morar perto. Só o alertei.

Como eu gostaria que ele apanhasse estas situações em flagrante! Como é que ele ia agir, caso visse duas estranhas dentro da sua casa, a lavar a louça, à vontade e de pantufas?? COMO é que ele ia agir se as visse sentadinhas no sofá a ver televisão? Sozinhas, desacompanhadas de quem cá mora?

E é por isto que eu digo que devia aprender a ser MALÉVOLA.
Um pouco de tudo na dose certa não faz mal a ninguém...

Podia ter planeado isto. Tentado atrair o senhorio para o flagrante. Duvido muito que ele esteja a par da situação da "hóspede". 

Ele acabou por aparecer dali a minutos. Mas nessa altura, as duas até parece que foram alertadas. Subitamente enfiaram-se no quarto e, ao contrário do comportamento dos outros dias, ficaram em silêncio. Nada de horas de risadas e portas a abrir e fechar. Que aliás, é o som que escuto delas agora. Depois de sossegadas lá devem ter percebido que já podem estar à vontade.

Sou uma idiota.
A frase acima de facto confirmou-me isso.

Mas nunca se sabe se um dia conseguirei ser malévola.
É preciso ser-se idiota para se entender os benefícios na dose certa de certas atitudes tidas como menos adequadas. É que de atitudes e comportamentos bons entendo eu. E a frase acima está correta. Pessoas muito boazinhas são idiotas. 

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Actualização:
De noite uma colega deixou uma mensagem no chat a dizer que alguém estava a usar a sua gaveta de congelados e ela precisava do espaço. Por isso ia deixar embalagens de carnes, feijão verde, batatas para fritar e batatas para assar na bancada. Não sabia de quem eram. Como nas primeiras semanas ela não usou a sua gaveta e eu precisava de espaço, pedi-lhe se uma comida que tinha podia permanecer ali e ela consentiu. Não quis que pensasse que desde então não as tirei como prometido e continuei a colocar lá mantimentos. Pelo que respondi-lhe que não tinha lá mais nada.

Só tive tempo de escrever isso e logo escutei vozes femininas jovens a dialogar com a dela. Só então ocorreu-me que pode ter sido a "hóspede" a meter as coisas lá. Ao ouvir a comoção, lembrei-me de colocar a possibilidade no chat. E escrevi: Pode ter sido a nova rapariga. Talvez o rapaz tenha espaço livre na sua gaveta. (para as coisas não ficarem na bancada a estragar). Espaço de congelador é o que menos há na casa. Sempre foi do que me queixei. É pouco para os que cá estão, está tudo cheio. E vem para cá viver de favor uma miúda (ou duas, já nem sei) e... compra congelados para os ir consumindo quando lhe apetecer? Mas quanto tempo pretende cá ficar? Um mês??

Lembro-me que fiquei cinco dias a viver na primeira casa a "favor", embora a contribuir para as despesas. Mas fiz questão de dizer que só ia puxar o autoclismo, de resto não ia cozinhar nem lavar roupa. Só precisava de internet e do sofá, onde dormi até o meu quarto ficar vazio.

Enquanto não ocupei o quarto não usufrui do espaço como normalmente. Na hora do almoço, saía de casa para deixar os restantes à vontade. Comi sempre saladas do supermercado, na rua. Não cozinhei, só tomei dois duches... pedindo permissão e dizendo que ia ser rápida.

Sou tão diferente que não sei... Muita vez duvido de mim mesma - outra coisa que tenho de aprender a equilibrar. Uma pessoa põe em dúvida os valores que lhe foram transmitidos como corretos para aquela circunstância.

Mas quando coisas destas acontecem é que percebo que não estou errada nas minhas presunções.

Cá está o que disse acima... se as raparigas tivessem dialogado, se comportado normalmente numa casa onde estão de favor, não dava em merda. Estão a usar o espaço como se fosse delas, sem cerimónias, sem perguntar onde colocar um prato... fica mal. Dá problema.


Mas a "malévola" não soube entrar em acção. Ia para deixar escrito "talvez tenham sido as miúdas que estão no quarto da P" - o que deixaria explícito a presença de hóspedes.

Não escrevi assim. Não especifiquei.
Ainda tenho muito a aprender ahah.




quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A jarra saltitante


Não estive para me aborrecer, então nem desci à sala ontem.
Não fosse dar conta que a jarra foi novamente removida do local.

Mas desci agora à pouco...
E a jarra foi NOVAMENTE removida da lareira e colocada na berma da mesinha.

Gostava que quem está a fazer isto me desse UM BOM MOTIVO para o fazer.
Vou perguntar-lhe na cara: "Dá-me um bom motivo".

É que eu não vejo nenhum. A não ser má vontade, má indole, pirraça, coação... só coisas más.

É que é todos os dias - por vezes mais que uma vez (se eu der pela jarra removida de noite e a recolocar no lugar) pela manhã já a removeram. Acho espantoso que tenham montado a árvore de natal mesmo ali ao lado - que é suposto trazer o espírito Natalício e a compaixão entre os Homens, e desde que ali a puseram já retiraram a jarra mais de cinco vezes. Uma atitude tão feia. 

A jarra não estorva, não impede que se vejam ao espelho, não está no lugar de nada que ali estivesse antes...
No meu entender, o problema está em alguém na casa não saber partilhar espaços e achar que a sua vontade é a que tem de ser seguida. 

Porra... e eu que deixei um pai e uma mãe com essa forma de ver as coisas lá atrás, na adolescência. Porque será que sempre há quem adopte esses comportamentos?




segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

E sai hoje... a que-vai-sair vai de vez


Não cheguei a contar, mas dei uma escapadinha até Portugal.
Fui apanhar um pouco do espírito Natalício. Por mim, o Natal foi enquanto lá estive. E não preciso mais dele.

Percebi isso no dia seguinte ao  regresso. Quanto cheguei, entrei em casa todos os italianos estavam na sala. As suas caras de surpresa revelaram-me que esperavam que demorasse mais a aparecer. Só entendi a palavra "retornato" pronunciada algumas vezes, aparentemente referindo-se a mim. Se ficaram descontentes por não me terem fora por mais tempo, temos pena, ahah. Desta vez, não lhes dei a notícia com dias de antecedência. Nem disse em que dia ia voltar. Essas coisas que fazia sem dar muita importância, por não ver mal algum, não quero mais fazer. Quando são eles a viajar fazem questão de manter isso em segredo. Sabem entre eles e com todos os detalhes, mas não partilham com os outros na casa. Ainda hoje uma se foi, vi-lhes as malas, mas nada disse. Não a mim, que não interesso. Ainda me corre nas veias a cortesia de avisar, pelo que deixei escrito no quadro - como habitualmente, a informar que ia ficar fora até o final da semana. Mas não especifiquei o dia... Aprendi com a italiana-mais-velha e o italiano-rapaz, que nos informou há duas semanas quando ela subitamente desapareceu, que estava a viajar mas voltava numa quarta-feira. Só que voltou foi numa segunda. 

E ao me verem entrar, lá repetiram "estai retornato" ou algo do género. 
Qual é o espanto? Se vivo aqui? "Retornato" foi inesperado, foi? Fez-lhes comichão?


Após arrumar as coisas que trouxe comigo, subi ao quarto para descansar. Precisava, não tinha dormido na correria de fazer tudo e apanhar o avião bem cedo. 

Quando desci percebi que haviam decorações de Natal e uma árvore montada na sala. Mas saí porta fora, tinha de ir trabalhar. Foi só no dia seguinte, quando entrei na sala e vi a árvore com mais atenção, que percebi que aquilo não era o meu Natal. E que aquelas decorações bem podiam ser desmanchadas que não me ia causar tristeza.

Não foi só por ter apanhado o espírito Natalício em Portugal. Foi mais por me terem privado dele aqui. Sim, privado. Eu havia perguntado quando iam montar a árvore. Mostrei interesse em participar. Nisto chego a casa mesmo antes deles se porem a fazer as decorações, oiço-os falar algo em italiano nesse sentido, e nada de me convidar? Olha, portuguesinha, junta-te a nós e vamos por as decorações de Natal juntos?

Que cozam num caldeirão de cozido à portuguesa...

E a "estrelinha" no topo da árvore foi ontem. Quando ao final da tarde desço para a sala e verifico que uma visita que escutei entrar na casa para almoçar e espreitar o quarto que vai vagar, ainda perdurava pela sala. Prontificou-se a sair rápido, assim que apareci (se soubesse tinha aparecido mais cedo, mas foi por pura casualidade que não o fiz - não me apeteceu e só senti vontade de dormitar). Mas não se foi embora sem antes as duas me presentearem com esta conversa, em ITALIANO.

-"Questa non labora" -diz a mais-velha à visita.
-"Come non?!"
-"Non labora diesde a Setiembre e era quatro giorni fuori".


Mas que é isto...?? A manter um registo mental das minhas actividades e a falar da minha vida assim, gratuitamente, com uma estranha? Quem lhe passou procuração? De início até me agradou que a minha presença não tenha resultado nos habituais constrangimentos e interrompido o fluxo da conversa. Falavam em Italiano sem parecer que estar ali lhes incomodava. Foi a primeira vez que tal aconteceu e agradou-me. Mas enganei-me. Quando começaram a dizer "portuguesi" e "portucalo" comigo ali... já comecei a estranhar. A fazerem referência a nós, como povo, ou a mim em particular, na língua deles, comigo presente? Que má onda... 

Então sempre é verdade... usam o italiano para falar sobre a pessoa que está presente sem que esta entenda. Mas se isso significa que vão falar de mim na minha frente aproveitando-se do facto de acharem que não capisco niente de italiano... enganam-se. Estou a melhorar o meu entendimento da língua que vai ser falada nesta casa praticamente em exclusivo. Ter sido a mais-velha a agir assim não devia surpreender-me, porque, no fundo, já lhe vi a careca. Mas ainda assim, choca-me. Ela, que ficou toda irritada nas primeiras semanas em que me mudei para esta casa. Um antigo inquilino passou por cá para levantar uma encomenda e calhou referir que existiram situações chatas aqui dentro, mas que decerto a "mais-velha" já me tinha posto a par. Ela ficou enervada - notei-o no rosto, interrompeu-o com uma voz doce, para dizer: "mas o que ela vai ficar a pensar de mim? Achas que eu sou quadrilheira? Eu não falo da vida dos outros". E quando este se foi embora e mencionei tê-lo achado simpático, franziu o nariz e disse que era muito metediço e inventava coisas sobre a vida dos outros. Repreendeu-o por ter dito o que disse sobre ela, pois ela não anda a falar da vida alheia.

PIMBA!

Já diz o provérbio: mais depressa se apanha um mentiroso, que um coxo.   


terça-feira, 13 de novembro de 2018

Hostilidade



Deixei um rabisco colorido a um canto no quadro a giz da cozinha. Tem lá estado há semanas. Escrevem-se mensagens, apagam-se, mas o rabisco colorido fica lá. Não faz mal a ninguém, não incomoda. Certo?

Pois hoje passei pelo quadro e vi que alguém riscou o rabisco não com um traço, mas com vários riscos. Talvez com fúria. Talvez não. A questão é: porquê? Porquê haveria alguém de se dar ao trabalho de pegar no pau de giz, transferir pó para os dedos, para riscar um inocente padrão colorido?

No meu íntimo sei que é um sinal de hostilidade. 


A jarra que encontrei no chão quando cheguei de férias - a única peça que me pertence que coloquei na sala, continuou no chão por uma semana. Quis entender se alguém a ia colocar de volta em cima da lareira. Não existiu aparente razão para ser removida. Não colocaram nada no seu lugar. Pareceu-me apenas que tinha sido retirada por malícia. Como se ao removê-la o proprietário pudesse ser afectado. 

Ao limpar a sala, tornei a colocar a jarra no sítio. Uma semana depois uma colega recebeu um cartão postal e decidiu colocá-lo bem ao lado da jarra. Na manhã seguinte remove a jarra para um canto, para colocar o postal no centro. A jarra ficou numa das bermas. Daqui a nada volta para o chão, estou a imaginar. Em sete dias, ela colocou mais três cartões. E estão todos ainda ali, em cima da prateleira, onde os deixou. Porque não existe malícia de parte de terceiros em removê-los do lugar. Penso que cartões de aniversário são artigos pessoais que se querem guardar a nível pessoal, pelo que têm um interesse para uma pessoa só. Não é como se fossem votos de feliz natal, que é algo que, mesmo personalizado, pode ser deixado exposto antes e durante a quadra natalícia. Por norma, numa casa partilhada, é o tipo de coisa que ocupa um lugar comum por pouco tempo, depois deve ser retirada e guardada com carinho. Até mesmo para não se estragar ou desaparecer. 

Mas isso é a minha forma de pensar. Se calhar estou errada. Tendo em conta o historial da casa - as porcarias deixadas por toda a sala por meses, se calhar os cartões de aniversário vão ficar ali até o ano seguinte.

O que eu percebi é que sentiu necessidade de os exibir. Como se para mostrar aos restantes que tem pessoas que a acarinham e gostam de si. Ela contou-me que tem muitos amigos por onde passou, grandes amigos. Vive cá há 12 anos, tem família a viver por perto, pelo que acreditei. E acredito. Contudo, perguntei-lhe se fazia anos quando trouxe do emprego um ramo de flores. Respondeu-me que o aniversário era no dia seguinte. Prontifiquei-me a meter umas velas num bolo que havia comprado e cantar os parabéns, já que também lhe havia perguntado se gostava de festejar os anos. Respondeu que sim, gostava, mas quando quis saber o que pretendia fazer, respondeu "nada". O que me surpreendeu. Então gosta de celebrar, tem tantos amigos, e não faz nada?!? Diz-me que não gosta de ter a casa vazia e liga a televisão para escutar vozes, por não gostar do silêncio, da falta de pessoas. Cada vez que alguém quer fazer uma festa aqui, ela parece-me muito satisfeita. Por estas razões, mais o ter tantos amigos e ser fim-de-semana, estranhei. Ela trabalha apenas durante a semana, tem o sábado e domingo livres. E era o seu aniversário. Podia ir visitar quem quisesse. Podia ir passear, sair, divertir-se. Esteve um sábado espetacular, com sol. Contudo, não o fez. Ficou o dia, a tarde e a noite na sala, sentada no sofá, com a televisão acesa em contínua programação e o telemóvel na mão. Que é o que sempre faz.

Que raio de aniversário escolheu ter! Para quem disse gostar de o celebrar, quero salientar.


Há coisas que não batem certo. Até neste simples facto constatei que, se os italianos estivessem cá naquele dia, o «seu» aniversário tinha sido diferente. Tinha tido festa e convidados. Mas como não estavam, ela não sai da rotina. Disse-me que não queria o bolo que lhe ofereci, que era mau ter um bolo que tinha decoração de halloween... Ora, eu não sabia que ela fazia anos, comprei aquele bolo para partilhar com quem mais o quisesse. Teria improvisado uma deliciosa celebração com gosto e sinceridade. Eramos só nós as duas na casa naquela ocasião, por mim fazia-se algo. Mas ela mostrou-se pouco receptiva e então recuei. Não ia impor a minha presença, se não parece ser essa a sua vontade. Dei-lhe espaço, para gozar o dia como desejasse. E desejou ficar a manhã, tarde e noite a ver televisão na sala. Quase lhe perguntei porquê não ia ao cinema, ou sugeri ir com ela almoçar fora, pelo menos, seria diferente. Mas não me intrometi. Como disse, deixei-a estar. Porém, para quem gostava de celebrar aniversários, teve um muito solitário.

O ramo de flores que os colegas de emprego lhe ofereceram, veio enfiado num saco com água. Assim as recebeu, assim as deixou na beira da mesa da sala de jantar, encostadas à parede. Nada de abrir e tirar as flores do plástico, nada de as compor e escolher um local para embelezar. Estão a murchar, a água nunca foi trocada, as flores parecem ter sido esquecidas naquele canto, onde nem se dá por elas, onde são desperdiçadas. Podia muito bem tê-las composto numa jarra e as colocado no centro da mesinha redonda, ao lado da poltrona, perto da porta que dá para o jardim. Ficariam tão bem! Dá um ar de cuidado, de atenção, até mesmo de apreço para com as flores recebidas Mas não. Ali as deixou, ali ficaram, ali vão ficar até as meter no lixo.

É esquisito. Ou há algo mais nisto, ou é o «sangue italiano» que é muito particular e os faz inclinarem-se mais para o convívio com outros italianos. Afinal, durante a 2ª GG, identificaram-se com os valores narcisistas e separatistas de Hitler. Se calhar não é à toa que gozam de uma reputação excessivamente nacionalista e conta-se que olham com maus olhos quem entrar no seu país e não saber falar a língua. Sei por facto, que olham com repulsa para as pizzas pré-fabricadas. Mesmo que a massa tenha sido feita fresca na loja, para eles, aquilo não é pizza e é sacrilégio levar uma à boca. Pizzas de verdade têm de ser feitas de raiz, com ingredientes específicos italianos de origem italiana e sem variações. Ananás na pizza? Nem fales disso, se queres manter uma relaçao com um deles.



 São todos muito "educados", com os "bons dias" e "olás". Mas é só isso. É frio e distante. Em todas as outras coisas que servem de sinais de aceitação, falham. Já dei exemplos: nunca convidarem para jantar, fazerem festas e trazerem pessoas cá para casa sem estenderem, pelo menos uma vez, um convite a ti ou sequer te comunicarem que vão receber pessoas. Recusarem todas as vezes que lhes ofereci comida ou disponibilizei mantimentos, não mostrarem interesse em ter uma conversa com algum conhecimento pessoal, etc, etc. 

São esses os "sinais" indicadores de que uma pessoa quer estar contigo e está aberta a te conhecer. Por exemplo, a "mais nova" faz isso. Ou melhor, fazemos. Posso ter uma conversa com ela, já trocamos informações pessoais. Aquela cuja presença eu mais temia por a saber amiga de outra na casa ao lado, onde mora a vizinha histérica, acabou por ser a mais normal. É amigável. As coisas fluem naturalmente, as reacções são naturais. Os italianos... não sei se é o "lote" que me calhou, mas... não mostram interesse em ti. Dizem os "bons dias" e pronto. Ficam-se por aí. E unem-se de uma maneira que não é bonita de ver. Uma das italianas nunca limpou a casa. Nem sequer uma vez. Seria de esperar que os próprios amigos a chamassem à atenção e reclamassem. Mas não. Ser italiano nesta casa parece ser um cartão de impunidade, como aquele "livre da prisão" do jogo monopólio.

No Domingo, sem nada dizerem como habitual, a mais velha recebeu na casa a ex-colega, a jovem mal-educada que cá viveu com o namorado. De quem eles não gostavam muito mas, como era o «escolhido» da compatriota, acabou aceite. Mas sempre com «pé atrás». Tanto que quando os dois sairam daqui para irem viver juntos, a mais "velha" vaticinou que a mal-educada ia arrepender-se, que ele ia "fazê-la sofrer". "Tem mais chances de ser o contrário" - pensei.

Dei conta de alguém entrar na sala por volta das 11 da manhã. Mas não fui logo espreitar quem era, não faz o meu género. Dei espaço, tempo, privacidade. Só não contava é que traçassem de imediato uma barreira. Porque o hábito de fecharem a porta da sala regressou assim que a outra se enfiou cá dentro. Até à meia-noite, mantiveram-se na sala, de porta fechada. Quando finalmente desci para me servir de algo na cozinha, cumprimentei-as (foi então que vi quem era) mas não puxei conversa, porque assim que me ouviram aproximar, pararam de conversar. Ficou um silêncio estranho, trocavam olhares mudos, como se a minha presença as incomodasse. Até podiam estar a falar de assuntos particulares, íntimos, desabafos. Tudo bem. Mas cá está: é a atitude como um todo.

Uma pessoa normal - a meu ver - quando é interrompida no meio de uma conversa privada, é capaz de cumprimetar outra, meter conversa de "chacha" e depois sabe que pode retornar ao assunto sério. Não podem esperar estar a dividir uma casa com terceiros e ocupar a sala por 13 horas, sem serem  interrompidas. Não é bonito. Deviam, segundo as minhas normas de boa educação, dizer: "Olha, portuguesinha, fulana X vem cá. Ou está cá em baixo. Vem dizer um olá. Vamos beber um chá, queres um também?".

Coisas assim. Normais.
Vocês não acham que isto é que é um comportamento normal? Educado, ao menos?

Eu tenho um palmo de testa... se percebo que querem ficar sozinhas na sala, não ia ficar ali a empatar. Quem empata são elas, que tomam o espaço para si, fechando a porta, já de si uma forma de fechar a entrada a terceiros. E quando te vêm chegar ficam a olhar para ti como se tivesses interrompido algo e a desejar que vás embora. Depois aparece o desenho no quadro a giz rabiscado...

É desnecessário.

Não existe convívio orgânico, paciência. Não vou morrer por isso, não vou embora daqui nem vou alterar o que tenho de bom. Vou continuar a dizer os bons dias e a perguntar como foram as suas férias (ninguém quis saber das minhas). Porque esse interesse é genuíno em mim. Não pretendo perder o que não está mal para ser perdido. Posso nao lhe dar o uso que esperava, mas não vai secar. Ao contrário: vou mostrar outra forma de reagir a uma situação e talvez esse exemplo seja seguido, talvez não, e prefiram ir rabiscar mais desenhos deixados por mim no quadro.

Porque vão estar rabiscos no quadro, sempre que me der vontade. Não vejo mal algum nisso.

Mas é factual e tem de se aprender a viver com as cartas que nos são dadas.
Podiam ser outras, podiam ser melhores mas também podiam ser bem piores.

Por mais que alguém nos diga que foram criados a convidar outros para partilharem as refeições à mesa, tem de se acreditar é no que se vê, não no que se ouve. Talvez tenham sido educados assim, esqueceram foi de estender o convite a não-italianos. Já os portugueses, foram criados a: " ♪ e se à porta humildemente bate alguém, senta-se à mesa com a gente  ".

Esse alguém não tem de ser português.

" ♪ fica bem essa franqueza, fica bem. E o povo nunca a desmente ♪  ".
"♫   a alegria da pobreza, está na grande riqueza, de dar e ficar CONTENTE ♪  ".

Palavras tão certas.