Metereologia 24 h

Mostrar mensagens com a etiqueta limpeza. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta limpeza. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Senti-me equilibrada, lúcida, mais leve e a viver num mundo que, afinal, faz sentido e interpreto-o bem!

 
Descobri que o meu mal é querer ver as pessoas por um lado bom. Mesmo quando a minha intuição logo me diz que algo nelas está errado, reescrevo essa impressão, e coloco-lhe por cima um verniz de optimismo, do género: "cada pessoa tem direito a ser diferente, não quer dizer que não tenha coisas boas". 

E a todas concedo o benefício da dúvida. Principalmente quando as evidências apontam para o contrário. Ainda busco a "coisa boa".  

A M. dizia-me, irritada, que eu "sou muito boazinha". 

Pois nisso ela era capaz de ter razão. Enfurecia-se comigo, porque ela, zangada com um dos outros colegas, queria que eu ficasse zangada também e lhe desse toda a razão. Eu escutava-a mas se demonstrasse querer entender o lado dela e também o da outra pessoa, ela se enfurecia, dizendo-me: "You are too nice. You think everyone is nice. You can't be like that!". 

Pois foi por ser assim - constatei, que ignorei os muuuuuitos dos sinais de que ela não era flor que se cheirasse. Sempre a lhe conceder atenção e o benefício da dúvida. Ninguém mais que ela beneficiou tanto deste meu lado. E se, mesmo assim, a M. conseguiu remover qualquer valor que pudesse ter pela sua pessoa erradicando tudo, duvido muito que ao longo da sua ainda longa vida vá conseguir encontrar alguém que goste dela. 

-------------

Esta conclusão partiu de uma conversa - a primeira que consegui ter - com a rapariga que se mudou para a casa em Dezembro. Estamos em Junho e, pela primeira vez, surgiu uma oportunidade de conversar. A constante presença da M é a razão, decerto, que impediu esta casualidade de acontecer mais cedo.  

Estava eu na cozinha - a aproveitar a raríssima ausência da M. para ali estar a almoçar (e fugir do calor abrasador do meu quarto) quando esta rapariga entra em casa. Passado um pouco, entra na cozinha. Cumprimenta-me e começa a falar comigo. A conversai flui fácil, amigável, com risos e humor.

O assunto depressa - nem sei como - entra na M. Ela começa a dizer-me que a M. é doente da cabeça e só não sabe se ela tem consciência disso e percebe que precisa de ajuda. 

Só essa constatação de alguém que praticamente não lidou com ela faz-me perceber os meses que passei a dar à M. o "benefício da dúvida". Emprestando-lhe os meus ouvidos, a minha presença, dando-lhe horas que deviam ser para o meu descanso e para a minha higiene - já que sempre "precisava" ir tomar duche exatamente quando eu entrava em casa vinda de um exaustivo turno. 

A energia que despendi em alguém que nunca dela ia tirar algum aprendizado. Porque já sabe tudo. É mais inteligente que todos. É como oferecer pérolas a porcos, na verdade. Todo o meu tempo, o cansaço que tive de ignorar para a escutar, os problemas dela que tive de ouvir e de me preocupar para tentar ajudar... tudo DESPERDÍCIO de tempo na minha vida. 

A rapariga também me disse que a M. nunca vai mudar.  Concordo em absoluto. Aquilo não tem remédio, não tem solução, é totalmente impossível. Porque a M. acha-se realmente melhor que todos que a cercam. TODOS. E nunca está errada, nem nunca faz nada de mal. Parte, suja, danifica, ofende, persegue, hostiliza - mas afirma que não faz nada disso. Se eu lhe der um pouquinho de atenção, basta olhar-lhe nos olhos, ela logo recomeça a mostrar-se incapaz de agir normalmente. Recomeça com as suas as atitudes de autoridade,  superioridade e perseguição obsessiva. Por isso sei que a doença que tem - se é que não é condição, o NARCISIMO que a assola - não tem concerto.

Depois a nova rapariga contou-me que a M. foi demitida em apenas uma semana. No Natal, a M. havia trabalhado na mesma empresa que ela, num departamento, claro, em que é só logística e nada de trabalho manual - pois a M. só "aceita" "trabalhar" se for em algo que não envolva trabalho físico e seja "digno" das sua autointitulada superioridade. Acabou demitida ao final de UMA SEMANA. O chefe desse departamento disse à nova rapariga, que trabalha faz anos nessa empresa, que a M. é o tipo de pessoa que "A culpa é sempre dos outros, ela tem sempre razão". 

A minha resposta foi: "Nossa! Não lhes levou muito a perceberem isso. Eu levei que tempos!"

A própria rapariga deixou claro que a evita ao máximo. E contou-me algumas situações de interações que teve com a M., as quais consegui perfeitamente visualizar. Como por exemplo, ela está na cozinha a preparar chá e a M. chega-se ao pé dela para lhe dizer que o cheiro daquele chá a incomoda. Para ela deixar de o fazer. 

Mas quem é que faz isto?? Por causa de um chá? Que a pessoa só ferveu ali, de resto, vai levar consigo para o quarto? Quanto a M. , ela própria, todos os dias, deixa a casa empestada de odores fortes e desagradáveis? O pior de todos, o de peixe? 

A nova inquilina também gostava de ver a M. fora desta casa.

No fundo, todos o desejam! Ninguém está é a falar disso. Ela perguntou-me se a agência sabe dela. Confirmei que sim. Sabem tudo. Mas não fazem nada. Mesmo com a agravante da M. deixar de pagar a renda por meses e meses. 

Isso nos espanta às duas. Podia-se estar a viver nesta casa em total ou quase total harmonia. Descontraidamente. Sem receio de circular ou conversar por uns minutos. Ao invés disso, fica claro que cada um se aprisiona nos quartos. Só saindo, quando a "costa está livre" da M. O que é muito raro.

Perguntou-me porque será que a M. não se vai embora. Ao que lhe respondi: "Porque aqui tem força, faz o que quer. Se for para outra casa, com um novo set de pessoas, provavelmente não vai conseguir levar a dela adiante. E aqui já conseguiu, porque nós permitimos. Se for para outro lado, vai ter de fingir ser quem não é, vai ter de recomeçar tudo de novo e provavelmente vão-lhe fazer frente. Não vai ser tão fácil". 

Mas eu rezo. Para que a M. desapareça. Acho mesmo que vou ser agraciada com esse momento. Rezo todo o dia para que esse momento seja amanhã!


 Outra coisa que muito me agradou foi que, pela manhã, saía do quarto quando vejo no corredor uma senhora idosa, que vem para limpar a casa. Deduzo que é a nova senhora da limpeza. Ela logo me pergunta do lavatório - cuja peça central que tapa o buraco ficou para baixo e não saía (inconvenientes dos lavatórios com tapa-ralo metálico). Nem a conheci antes, mas acabámos também por falar, ao mesmo tempo que tentámos maneiras de remover aquela peça para que a água pudesse circular. Foi ela que iniciou a conversa sobre o estado da casa. Disse-me que nunca viu alguém meter lixo no chão quando tem o contentor da reciclagem mesmo ao lado da porta e só tem de a abrir ou manter tanto rolo de papel higiénico VAZIO no WC. 

Nossa! Ouvi-la mencionar estas coisas que tanto me enervam foi um bálsamo para mim! Uma pessoa já começa a achar que esta bagunça e estas atitudes é normal... 

Até que escuta outra pessoa a reclamar do mesmo.
Adorei conhecer a pessoa. Ela, se calhar já nos seus 70s, conseguiu, com perseverança e genica, remover a peça, tanto a do WC de cima, como a de baixo que - afinal, também estava presa!

O técnico que cá veio nem perdeu muito tempo com aquilo. Disse apenas para esperar uns dias e, se não saísse, era preciso "remover tudo" (lavatório inclusive). 

Santíssima trindade!
Digo sinceramente: o que seria de uma casa sem uma mulher? São elas que acabam por resolver tudo. Principalmente coisas relacionadas com faz-tudo. Tradicionalmente atribuidas a actos do Homem mas que, suspeito pelas evidências que me cercam, que há muito que eles ficam com os louros, e elas com os trabalhos. 


terça-feira, 8 de março de 2022

A mancha castanha

 

Limpei todos os cantos do quarto quando me mudei para ele. Limpei tudo. Mas escapou-me uma mancha. Que só vi tempos depois. Até me interroguei se sempre terá ali estado e me escapou ou se alguém a tinha colocado ali depois de eu já estar no quarto. 

Essa mancha é castanha. Está em cima do rodapé, junto à parede perto da porta. Mais tarde, vendo bem a porta, reparei que também tem salpicos castanhos. É fácil de deduzir - tal como um detective forense, que alguém a segurar uma caneca de café, abriu a porta e nesse instante em que estava aberta, entornou café na carpete, o líquido castanho bateu também no rodapé e salpicou a porta.  

É a única coisa que... não limpei. 
E talvez nunca limpe. 


Hoje SEI quem deixou aquela mancha ali. 


You see... quando vim ver a casa pela primeira vez, foi-me dito que o quarto estava vazio fazia três meses. A rapariga que o alugava não o usava - provavelmente porque na altura isso era comum, visto que as pessoas viajavam e depois o espaço aéreo era fechado, não podendo retornar. Mas o indivíduo da agência disse-me que ela havia mudado para uma casa na rua em frente e não usava mais o quarto. 

Uma semana depois, peço para ver o quarto novamente, por já não me lembrar da sua configuração. O mesmo indivíduo da agência diz-me que só mo pode mostrar num certo dia. Quando chego para rever o quarto, uma das ocupantes da casa, uma rapariga, aparece de roupão para lhe encher os ouvidos de queixas a respeito de um outro hóspede. 

A tal rapariga, era a M. Claramente estava a aproveitar a ocasião para desenrolar uma infinidade de queixumes, mostrando nenhuma preocupação em influenciar negativamente a minha visita. Percebi que o indivíduo da agência sentiu um pouco de embaraço. Provavelmente deduziu que eu era uma candidata perdida. Depois daquele rol de queixumes, ninguém se mudaria para uma casa já a ouvir falar dos problemas. Às tantas, ele pergunta-lhe se pode subir e mostrar o quarto. Ela responde que sim e mostra-mo. É ela que o está a ocupar. Achei estranho, porque o quarto estava vazio e desocupado. A rapariga tinha-se mudado para outra casa, mas ainda tinha as coisas dela dentro. Deduzi que a M. era a rapariga a quem o quarto ainda pertencia, a que se ia embora. 

Aliado aos muitos queixumes, só podia ser. 

Porém, no final da visita, já fora da casa, fiquei a saber que a M. tinha acabado de se mudar. Não era ela que se ia embora. Mas então, porque estava a dormir no quarto vago? 

Agora penso também: se só estava a viver na casa há uma semana ou menos, como pode fazer a quantidade incessante de queixumes que a ouvi dizer? Não tinha tido tempo para estar tão incomodada! A quantidade e tipo de queixumes que prestou fez-me deduzir que morava na casa fazia muuuuito tempo. Mas não. Se isto já não diz tanto sobre o seu carácter... 

Não quis confrontar o indivíduo com as discrepâncias. Facto era que o quarto estava livre e eu ia poder ocupá-lo. Fiquei de dar uma resposta. Queria muito dizer sim. Mas ainda ia pensar bem. 

No dia seguinte liguei à agência e disse que ficava com o quarto. Pedi se podia  transportar as minhas coisas durante o fim-de-semana. Foi-me dito que não era possível porque o quarto estava ocupado. Estranhei, porque estava vazio há 3 meses e o indivíduo tinha-me dito que os pertences deixados no quarto iam ser retirados na semana anterior. Mas não quis saber porquê a história não batia certo. Talvez a pessoa não tivesse tido tempo de tirar as suas coisas e esticou para o fim-de-semana. Tomei a coisa como incontornável e combinei me mudar na data indicada: segunda-feira, 13 de Julho. 

Nesse tempo de espera, passei muitas vezes pela frente da casa. Fiquei alarmada com um elemento  novo: da rua, ouvia-se música alta a vir do andar de cima. Passei mais vezes, continuava-se a ouvir música alta. Fiquei alarmada.

Durante anos a passar nesta rua, nunca antes percebi música alta a tocar. Mas também não teria percebido, se existisse. Percebia-o agora, por me interessar vir a ocupar a casa. Na semana e meia que levei até pedir para ver o quarto novamente, não existiu música. Foi só depois daquela minha segunda visita. 

Voltei a ficar insegura sobre a mudança. E se fosse me mudar para uma casa com indivíduos que não querem saber se incomodam os outros, metendo música alta a tocar a toda a hora, fazendo barulho, deixando tudo fora do lugar, sujando sem limpar... enfim, O que ninguém gosta. 

 Reflicto muitos nos meus passos, antes de os dar, percebem? O receio de me mudar para uma casa com pessoas desrespeitosas regressou. Mudar para pior ou igual ao que já tinha não estava nos meus planos. Queria uma casa serena, arrumada, limpa. Esta casa era assim. ERA. 

A M. foi quem mudou tudo.

Embora ela ache que ela é a única pessoa que contribui para a casa estar arrumada, depressa percebi que era o contrário. E como tudo o que é preciso é que alguém comece a descarrilar para os outros seguirem atrás, foi exatamente isso que aconteceu. Para esta casa voltar a ser o que um dia foi, é necessário que a M. deixe de cá viver. Ainda assim ia levar tempo para conseguir reparar os muitos hábitos negativos que ela incutiu e outros repetem. Só que ela sair é coisa que nunca vai acontecer. Imagine-se! Aqui ela reina. Faz o que quer. Gasta pouco dinheiro. Poucos ou ninguém lhe faz frente. 

O melhor que fiz foi deixar de lhe falar. Agora recebo mais "respeito" do que quando lhe falava e ficava sujeita ao seu rol de queixumes. Só me extenuava. Tinha de andar em bicos-de-pés, sujeita às suas mudanças de humor. Dei um "murro na mesa" e disse chega. 

Agora tenho de aturar outros comportamentos irritantes. Por exemplo, continua a seguir-me. Não passam nem 30 segundos e ela vai enfiar-se no WC assim que me escuta a sair de lá. Se desço à cozinha, a mesma coisa. Basta eu dar sinal de vida, e ela trata de ocupar a casa como só ela sabe inconvenientemente fazer. 

No meu entender, está a ver se encontra algo mal feito de minha parte, para poder criar uma boa história de queixumes. Afinal, foi assim que a conheci - a fazer queixas, e queixas é sempre o que faz quando aparece alguém da agência. 

Amanhã cedo vem cá uma pessoa da agência inspecionar a casa. Pela tarde, quando desci à cozinha, o espaço estava caótico. Louça suja por todas as bancadas. Todos os quatro bicos do fogão ocupados com tachos com restos de comida. Tirei uma frigideira do armário, fritei um ovo, lavei a frigideira, sequei-a e voltei a colocá-la no armário. Tudo isto em 10 minutos. 

Aquela quantidade de louça suja... Não compreendo como não podem todos fazer o que eu faço. Custa tão pouco lavar assim que se deixa de usar! Não há nada meu naquela confusão. Nunca ouve, nunca haverá. 

Fiquei a imaginar se alguém vai se dar ao trabalho de limpar aquilo, uma vez que a visita vai aparecer amanhã e o mau aspecto que aquilo fornece não deve ser algo que a M. em particular, queira passar para fora. Afinal, parte daquela loiça - quase toda, é dela.

Tenho escutado barulhos de pessoas pela cozinha nas últimas horas. Estão a cozinhar. Quem sabe, depois de se alimentarem, decidam também limpar aquela porcaria? (sonha, sonha...)


Descobri que a M. dormiu no meu quarto uns dias antes de se mudar para o quarto maior da casa. Por isso é que não me foi permitido mudar no fim-de-semana.  Tive de esperar pela segunda-feira seguinte. A M. já a atrapalhar a minha vida, sem eu perceber. 


Ela própria contou-me que dormiu no quarto, que não gosta dele, que é pequeno demais e disse-me também que a empregada de limpeza tinha limpo o quarto e depois dela, a própria M. tinha "limpo tudo". Disse-mo depois de eu comentar que dava para perceber que o quarto estava desocupado fazia três meses, porque encontrei "muito pó" que tive de limpar. Ao que ela quis saber mais sobre o assunto, dizendo que tinha "limpo tudo", todos os cantinhos. Só que não. A forma como se descreveu, começou logo aqui, a causar discrepância com a realidade. 

Respondi que eram aqueles cantinhos que as pessoas preferem ignorar, como atrás da cama, os rodapés, os abatjour e as lâmpadas, que estavam todos cheios de pó preto. 


 Mas este post é sobre a mancha castanha... a mancha de café. 

A mancha de café, sei-o instintivamente, é coisa da M.

Num quarto desocupado por três meses, onde só a M. viveu por dois ou três dias antes de eu me mudar, quem mais, se não ela, podia ter manchado a parede e a porta com café??

Tudo o que a M. realmente é está ali resumido, naquela mancha de café. O seu descuido com as coisas, o facto de andar sempre com uma caneca de café e ser incapaz de o beber sem deixar vestígios por toda a parte. Seja no chão deixando o pó do café espalhar-se, seja com salpicos por colocar com força a caneca no tampo, deixando também marcas redondas nas bancadas, seja quando vai ao WC despejar o café na sanita e lavar a caneca no lavatório. Deixando o assento salpicado de café. 

A M. não é nem nunca será o que diz ser.  

domingo, 15 de novembro de 2020

Deem-me espaço, sff!




 Sabem quando só pretendes algo rapidamente, coisa de dois minutos, e nao pretendes encontrar ninguem?

Faz dias que não consigo ficar a sós. 

A casa pode estar silenciosa, sem ruidos de gente de um lado para o outro. Se aproveitar esse instante para ir à cozinha tirar algo do frigorifico com ideias de seguida subir novamente ao quarto, sei que em segundos aparece alguem. 

Nao importa a que horas o tente fazer. Tanto pode ser as três da manha, como as seis e meia. Ou sete. 

Esta gente nao dorme??

Estou a ir ou a chegar do emprego. Cansada. Sabe bem ficar apenas uns minutos sozinha e em silencio, sem que para isso seja preciso ir logo fechar-me no quarto. Tenho horarios noturnos e mais ninguem na casa os tem. Não há realmente justificação para andar a esbarrar em pessoas. Deem-me espaço, sff.

Só eu estou a ir trabalhar. Dois deles tambem podiam fazê-lo mas preferem a preguiça. Porque pagam-lhes na mesma. Então para quê se ralarem? Ficam por casa, desocupados. Vao as compras, vao passear... mas nao saem para trabalhar.

(Discordo totalmente desta postura. Mas isso é um à parte). 

Nesta clausura de ócio deixam de ter o que fazer e com o que se preocupar. Por vezes sinto que descem só para observarem o que posso estar a fazer. Escutam os meus passos a descer as escadas em madeira e decidem vir atras. 

Tambem e quando  lhes da vontade para tossir a grande e a francesa (o rapaz) sem cobrir a boca, porque  isso e para mariquinhas. 

Ou então, quando estou na cozinha, entram como quem nao quer a coisa só para olhar o que faço. 

Quando cheguei do trabalho sexta-feira de madrugada, ainda o dia não tinha raiado, decidi que ia tomar um duche, lavar a roupa e preparar o que comer. Mal ponho  a chave a porta vejo logo o rapaz, a preparar-se para sair pela outra porta para ir fumar. Lá se vai a chance da solidao matinal. Ponho a roupa a lavar na máquina e vou para o duche. O tempo todo oiço ruidos fortes na cozinha. Lá se vai aquele silencio sepulcral e tranquilizador que tanto almejava... 

Quando saio para preparar algo para comer, já não lá esta ninguem. Mas também, empatei-me no duche propositadamente para isso.

Reparo que o micro-ondas foi deixado aberto. Achei por isso que tinha sido a M. A autora dos ruidos que ouvi enquanto estava no duche, porque já presenciei que, pela manhã, ela é ruidosa na cozinha e deixa a porta do microondas aberta. 

Cortei um pao que tirei do frigorífico, estou a enfiar duas fatias na torradeira e aparece-me a M. Que se poe a preparar algo para ela também. Logo me pergunta porquê o frigorifico esta aberto. (Para depois ser ela a deixa-lo assim). Fica ali parada, a olhar para o frigorifico, maos a cintura, com ar de censura. Só o ja começar com as implicancias ja me chateia porque me priva da tranquilade com que sonhava por chegar a casa aquela hora. 

Pao com queijo e torradas nem é coisa para demorar muito a preparar. Mas foi tempo que nao me foi concedido.  Podia ser. Faço questao de os deixar a vontade quando precisam do seu espaço. Podiam fazer o mesmo comigo. Principalmente se sou a única a sair para trabalhar e estou a chegar do emprego, com fome, cansada e são sete da manhã! 

 

              O manipulo da porta das traseiras

Estamos todos a tentar manter a distancia de dois metros devido a pandemia. Quando estou na cozinha lavo o manipulo da torneira com sabao, limpo superficies, nao toco na porta do frigorifico sem ser com um papel guardanapo, caso contrario estou sempre a ter de lavar as maos por de seguida ter de tocar em comida. 

Dai a porta ficar aberta, enquanto retiro o pao, a manteiga e desvio do caminho tudo o que esta na frente, para voltar a encaixar tudo de volta na prateleira que me foi concedida como se um jogo de tetris se tratasse.

A M. Apareceu, abre com as maos a torneira que eu lavei e por esse motivo terei de a lavar novamente ou tocar nela com algo descartável. Tambem tem o habito de falar por cima do tacho de comida que tenho ao lume e esses pequenos gestos acho que sao evitaveis. Numa cozinha pequena em que nos cruzamos para abrir armarios, quando estamos tambem a tentar manter a distancia de dois metros por causa da pandemia. Nao seria mais sensato deixar cada qual usar o espaço à vez?

Eu e a M. Temos muito presente a preocupação de contágio. Ela nao fala de outra coisa. E ate ligou para a linha do Covid a fingir sintomas para receber de graça um kit de teste. Ela teme que o novo rapaz esteja doente. O antigo também. Esta convencida disso.

Por isso somos as que tem mais cuidados ao tocar nas superficies como a porta do frigorifico e a manter as coisas limpas. Mas ela nao nota quando é ela a falhar. So percebe as falhas dos outros. 

Nessa madrugada a M. perguntou-me se estava zangada (porque lhe respondi que o frigorifico estava aberto porque eu o queria aberto) disse-lhe que nao, mas depois mudei para um sim. De certa forma. E apontei para a bancada. Uma gosma vermelha e seca estava em destaque. Mas nao roubava de todo o protagonismo das brancas e das migalhas por todo o lado. 

Vai ela, que sempre diz que é "ele" que deixa tudo sujo e faz gestos e caretas de nojo, sai-se com esta: "ah, esta vermelha acho que fui eu, ontem de noite".

Lol.

Depois da senhora da limpeza ter cá vindo fazer o que lhe compete, o vidro do duche no WC  de cima ficou quase translucido. Durou apenas instantes. Duas horas de M. Dentro do Wc e olhem o resultado:

                         Estas marcas sao do lado de fora!

Limpinha e asseada era a que saiu.
No wc dela este vidro estava sempre translucido.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Mais um sumiço


Já é a terceira ausência de férias em que no regresso, constato que as gravações deixadas na box de TV foram eliminadas.

A mais-velha sabe que estou a gravar uma série inteira no intuito de a manter num disco rígido. Para esse efeito adquiri um aparelho que coloquei no móvel da sala. 

Nas férias de Junho, quando regressei, tinham, pela segunda vez, apagado todo o conteúdo da box.

Tal como tinha acontecido nas férias de Fevereiro

Como em ambas as vezes todo o conteúdo foi eliminado, quis acreditar que era coincidência. Embora também me lembrasse que quando vim para esta casa e aprendi a usar a box, encontrei gravações que datavam de 2016! Uma delas, o eurofestival da canção, a mais-velha atribuiu ao "gostos" da rapariga cujo quarto vim ocupar - dando um tom de censura e repreensão aos mesmos e dizendo não partilhar dessa preferência. "Eu não vejo isso!" - afirmou ela com cara de nojo. Este ano ficou na sala a ver o mesmo festival que disse desprezar, do início ao fim!!

Segundo ela, a função de gravação da box é "inútil" e não entende como alguém pode dar uso aquilo. Disse-me que ela nunca se servia da função gravação, por "não precisar" e "ver sempre" os programas que queria. Também disse que não entendia porquê alguém ia querer gravar fosse o que fosse quando tudo está disponível online. (não é nada assim, e expliquei-lhe que aquela série não estava, mas ela acreditava e insistia que sim). 

Se anteriormente tudo foi eliminado, nesta ausência de Setembro, mantiveram gravações de AGOSTO. E que gravações são essas? Séries que ELA está a ver!!

Tudo o que é série de romance, de época, tudo o que é reality show de culinária e todo esse junk TV mascarado de "erudito ou histórico", ela "papa" tudo. As receitas são sempre as mesmas (e não falo dos programas de culinária), mas mesmo repetidas até a exaustão, ela vê tudo. Sempre as mesmas formulas e histórias. Aliás, nunca vi ninguém consumir tanta televisão! Nem eu, nos meus mais dedicados dias.

Mas ela diz que não. Que muitas vezes só liga a TV para "escutar vozes".


Como esta série  tem 12 temporadas de vinte e tal episódios, até passarem todos e voltar ao início (a série por enquanto repete-se) passam-se meses. Mas eu vou insistir! Os actos mesquinhos dela só adiam ou perpetuam a minha necessidade. Quanto mais apagar, mais tempo vou precisar. 

Como tal, de Junho até ao momento, não liguei a tv na sala nem coloquei nenhum episódio a gravar. Por ainda não ter chegado à primeira temporada - aquela em que me faltam muitos. 

Ainda assim, estavam lá gravados 30 episódios de outras temporadas. 

Agora, com tudo eliminado excepto a série que ela vê, vou demorar ainda mais tempo para conseguir reunir todos os episódios e ficar com a série completa.  Mas não vou desistir, não lhe vou dar esse gosto.

Ela também voltou a desligar os cabos de ligação do meu aparelho. Para isso tem de ir atrás do móvel e puxá-los, tendo cuidado para não desligar nenhum dos outros. O cabo da tomada do aparelho, esse sou eu que só o ligo quando o vou usar. Pelo que o aparelho nem sequer está a consumir energia, pois nem ligado à corrente.

Ainda assim, ela tem necessidade de interferir e sente-se incomodada com a presença de algo meu na sala.

Deve estar feliz, porque a jarra decorativa, essa removi-a antes de ir embora.

Já as duas com flores naturais que cá deixei na minha ausência, continuaram no mesmo sítio, sem sofrerem manutenção. A murchar... Ninguém trocou a água. Nem sei se ela conhece que esse procedimento deve ser feito! Pois colocou um ramo de flores num copo ao lado, sem sequer remover a película em plástico, e também essa água está turva, esverdiada e quase evaporada. Nunca a vi compor flores numa jarra, ela simplesmente deixa-as a um canto.

E depois acha-se uma pessoa de classe.
Conhecedora de etiqueta.
Vende-se assim, mas as suas acções mostram quem realmente é.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Propaganda enganosa


Ontem acordei muito cedo. Pelas 7.30 dirigi-me ao Hospital para tirar sangue. No regresso, deu-me para pegar na vassoura e comecei a varrer a sala e o anexo. Sabia que ainda estavam três pessoas a dormir. Pelo que fiz por ser silenciosa. O que implica não usar o aspirador.

Varri tudo detalhadamente, removendo migalhas de todos os cantos. Depois apanhei a sujidade com a pá e vassoura menores. Coloquei água quente no balde e despejei no interior três detergentes diferentes. Passo a explicar: a mais-velha gosta de manter embalagens vazias. Tem quatro de detergente e amaciador para a roupa em cima do tampo da máquina de lavar, totalmente vazias e, para não surpreender, também fui encontrar algumas vazias no armário. Então nunca sei quando vou encontrar coisas cheias ou vazias. 

Peguei na lixívia que comprei - estava vazia. Peguei na outra - vazia estava. Só saiu de cada uma gotinha. Uma outra embalagem de limpeza de superfícies - também vazia. Coloquei as três em cima do tampo da cozinha para depois as deitar fora.

Quando estava a lavar os cantos da sala - por onde começo caso alguém precise passar, percebi que o chão estava a secar rápido. Por isso passei a esfregona no centro. Nisto desce um colega. Não dá tempo para a área secar. Digo-lhe que pode passar. E ele passa. Depois surge outro, e mais outro. Tomam conta da cozinha e atrapalham a limpeza. Lá consegui lavar a sala e o anexo, mas não consegui passar o pano de pó no móvel e na TV. Nada que não possa fazer no dia seguinte. Mas atrapalhou um pouco. Principalmente porque, ao passar, vi que aquela zona que tinha varrido e lavado já tinha migalhas. 

E as embalagens vazias que deixei no tampo tinham voltado para o armário.

O curioso é que, tento manter um cantinho no frigorífico para guardar uma caixa de ovos. Sei que se vagar o espaço, este é ocupado com merdinhas que nunca saem dali. Por isso, em duas ocasiões, servi-me do último ovo e deixei a caixa no lugar. Até porque era para colocar novos ovos dentro. Pois estes italianos são tão rápidos a perceber o que lhes interessa, que em ambas as ocasiões sem eu dar por ela e em menos de 24h, tiraram a embalagem do frigorífico. Algo que não lhes pertencia e não lhes competia fazer. Se ao menos estivesse ali há semanas... compreendia-se. Mas o que vejo são   frascos e mais frascos de molhos que já devem até ter expirado, porque faz meses que ali se encontram. Isso não deitam eles fora! Não me pertencem. Se pertencesse, era o que lhes ia fazer espécie. Assim, a sujidade, a má arrumação, nada os afecta. Só a caixa para guardar os ovos os incomoda.

Se deitam fora uma caixa para ovos que não lhes pertence e está discretamente no frigorífico, porquê foram guardar três embalagens de detergente vazias no armário??


WTF?
É assim... dividir casa com alguém. Tem de se fechar os olhos a tudo.

Mas e os ouvidos? 
Acho que percebi o mais-recente a comentar à mais-velha, que adora maldizer, que eu estava a lavar o chão sem aspirar. Isso é sacana. Ele não viu o que fiz antes. Quanto mais consideração se tem, menos apreço se leva. Chiça! Mas o que acho mesmo irónico, é que aquela expressão que diz que há quem atire pedras tendo telhados de vidro encaixa aqui perfeitamente. Assim como o "diz o roto ao nu".

Estavam a criticar-me por limpar, dizendo-se melhores, mais perfeitos e metódicos. Mas ainda não vi o rapaz fazer outra limpeza. E para ser sincera, se for espreitar debaixo do sofá, sei que encontro a mesma porcaria que encontrei na primeira vez que limpei a sala. Sei que atrás da TV iriam estar teias de areia e novelos de pó. Concluí - e estas pessoas só vêm a reforçar, que quem muito se auto-publicita como bom em algo, está a fazer publicidade enganosa

A mais-velha andou ali a inventar algo mais, para se fazer sobressair como heroína. Maldizer-me é um seu hobbie favorito. E parece que já abriu caminho com o colega mais-recente. São todos italianos, o que esperar?

Ela é tão hipócrita e não se manca, que andava sempre a contar a história do cheiro nauseabundo a comida, proviniente dos cozinhados de um casal indiano que cá morava quando ela para cá se mudou. Contou vezes sem conta que quando chegava do emprego tinha aquele odor forte e tinha de ser ela a abrir as portas e janelas. Que eles iam lavar a louça quando a viam chegar. 

Ela na cozinha é pior. Faz fritos e não liga o exaustor, não abre a janela, não abre uma porta. É comum o cheiro dos cozinhados durar até 48h e fazer-se sentir até nos quartos. E tem a lata, até hoje, de maldizer a reputação dos indianos contando vezes e vezes sem conta a mesma história. Onde é que ela é diferente? os cozinhados dela são melhores que os dos outros?  Os dela são perfumados com rosas, querem ver? É o velho ditado: "não te mancas"!

Eu só uso o microondas. Deixei de cozinhar no fogão e no forno. Por causa das merdinhas deles. Prefiro assim. É mais rápido e não conto ter muitas chatices. Um destes dias coloquei cogumelos com salsichas por quatro minutos e quando regressei, o rapaz tinha aberto a janela da cozinha! O cheiro ainda nem tinha passado da ventalização, a porta do aparelho ainda nem tinha sido aberta. Mas já "incomodou" o menino. No microondas, nenhum odor dura muito tempo. O que cozinho dissipa-se rápido. E é ele que tem o hábito de ligar o forno por quase uma hora, deixando-o vazio e na temperatura máxima. Só depois coloca coisas dentro. O cheiro é terrível e duradoiro. Quando tomo banho até receio que o cabelo e as roupas fiquem com o odor da gordura e cozinhados. 

E são estas pessoas que censuram os hábitos dos outros.
A falta de noção choca-me.

sábado, 17 de agosto de 2019

Louça descriminada?


Faz uma semana que o "novo" inquilino limpou a cozinha. E uma semana que, tendo-o feito sem remover a louça do suporte para secar, tirei-a eu, feliz por poder contribuir para a aparência "clean" com que a divisão ficou. 

Mas durou pouco tempo, porque nesse mesmo dia em que removi e arrumei todos os talheres, pratos, taças, copos, as flutes de champanhe utilizadas pelo rapaz, o descacador de legumes e a cafeteira, outra louça regressou ao mesmo lugar. O fogão estava sujo com manchas e salpicos e uma frigideira ficou por limpar dentro do lava-louças.

Mas o que mais estranhei foi ver no suporte, entre outra louça, um prato concavo, mais um pratinho. Não é louça que habitualmente os outros usem, preferem pratos rasos. Já eu, que uso o microondas quase em exclusividade, uso esses, geralmente, para não sujar nada, um  em baixo e outro em cima, a servir de "tampa". O "novo" inquilino viu-me a praticar esse hábito nesse mesmo dia, pela hora de almoço, naquela que foi a minha primeira refeição da semana feita em casa. O que não viu foi que lavei, deixei secar e arrumei esses pratos e toda a louça de seguida. 

Por isso, a presença de DOIS pratos concavos, na madrugada seguinte, um grande outro pequeno, deixados em cima do tampo da mesa, ao lado do suporte para secar louça, incomodou-me. Pergunto-me qual a razão pela qual alguém os colocou à parte. O armário dos pratos fica mesmo ao lado do lavatório, nem é preciso sair do lugar. É só pegar na louça à direita, e arrumá-la à esquerda. Pareceu-me que aquilo foi deixado ali propositadamente. Como que a indicar que "pertencem" a outra pessoa e a insinuar que essa pessoa é que tem de os arrumar no sítio correcto. 

No suporte foi deixado outras louças e ainda havia espaço para aqueles pratos. É como se não quisessem "misturas" e quisessem sublinhar que na casa praticam o "nosso" e o "teu". Vi que só havia um prato de cada a secar no suporte, nessa noite. Para quê então, por de lado dois de cada no dia seguinte? E mais nada... nem um copo, nem um prato raso. Só dois côncavos, um grande outro menor, isolados e descriminados...  Tsc, tsc, tsc...   :D

E após uma semana de uso da cozinha, (eu só lá vou beber água e tirar coisas do frigorífico ao sair de madrugada para o emprego) os pratos côncavos ainda ali estão. Ninguém os arruma. 

Depois de usarem a casa para dormir e comer, "piram-se" misteriosamente e pela calada. Quase sempre, quando confrontados com uma situação, alegam ausência física, suportada pela profissão que os faz distanciarem-se por quilómetros, para outros países, por um dia ou apenas umas horas.

Mas as curtas ausências, por mais distantes que possam ser, em nada os iliba se o contributo enquanto aqui estão é "usar e deixar para outros arrumar". Se vêm um dia para sujar e ficam fora três, então vão-se lixar, que são porcos há mesma! O facto de o serem por um dia ou uma hora, diferença alguma faz. É suposto limpar-se o fogão após cada utilização, não usar e deixar sujo para outros limparem. Epá, limpa a tua merda! É tão simples quanto isso. 

Get it? 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Cansada de lavar


Passei o Natal sozinha em casa. Mas ao contrário do que imaginei, mal tive tempo para fazer o que pretendia. Entre as horas de trabalho, as idas às superfícies comerciais em busca de mais uma coisinha e o chegar a casa e andar a limpar e arrumar, terminei o Natal a achar que passou muito rápido e a sentir-me exausta. Tal e qual como se o tivesse passado em Portugal, ehehe! 

A diferença talvez tenha sido os gritos e a algazarra familiar passar pelo "filtro" do microfone do computador e poder ser manipulado. Fisicamente, sentia-me cansada. Bocejava, corpo moído e um sono inoportuno. 

Mas nesses dias limpei a casa toda. Peguei em tudo que os outros deixaram espalhado pelos cantos e enfiei num armário e numa gaveta da cozinha. Comprei um ramo de flores, e depois mais outro, e depois uns vasos e enfeitei a sala com eles. 

Nem tive tempo de cozinhar. Mas comi e estava sempre a lavar louça e talheres. Ao ponto de me cansar e me chatear. Não recordo o quê comi. Sei que nada foi ao forno ou ao fogão. No máximo, microondas. Fazia intenções de almoçar e jantar mas na correria, só tive tempo para uma refeição por dia, geralmente a meio da tarde. 

Ontem duas das raparigas já estavam de regresso. A que não-limpa e a provisória. A que não-limpa foi a primeira a chegar. Ela tem sempre tempo para tudo menos uma coisa: limpar. Cozinha sempre  e suja, senta-se na mesa a comer e a ver filmes no tablet. Tem tempo para ir escovar os dentes, tomar banho, secar o cabelo, maquilhar-se e até tirar uma soneca. Só não tem tempo para passar a esponja na louça que sujou.

Eu escolhi bater um ovo e fazê-lo no microondas dentro de uma taça de louça. A seguir lavei a taça. Minutos depois apeteceu-me sopa, então fui buscar a mesma taça e aqueci no microondas a sopa.

A ideia de ter de lavar aquela mesma taça que havia lavado minutos antes até me chateou. Mas ao perceber que a que-não-limpa estava a terminar a sua refeição e eu tinha a taça para lavar, decidi ir lavá-la logo, antes que ela aproveitasse e me "deixasse" de legado a louça dela para lavar. 

Vai que ela ergue-se subitamente da mesa, mete-se no lava-louça pega no tacho que eu também lavei uma hora antes para ralar a sopa e que ela sujou para fazer a sua comida e entorna detergente para dentro. Será que o vai lavar? Não. Enche-o com água e diz que "não tem tempo" para lavar e que lava depois ou de noite, quando chegar.

Respondi-lhe, enquanto passava a esponja mal e porcamente na minha taça, que já estava farta de lavar louça, pois senti que passei o Natal inteiro a fazer isso. "Nem cozinhei e no entanto estive sempre a lavar" - disse-lhe. 

O tacho que lavei minutos antes (foto tirada às 13h)

Sou muito de ajudar os outros mas não quando isso entra na categoria "enabler". Se não vejo motivos para ela deixar ali a louça suja sem ser a preguiça, então, fica ali suja até ela ou outra pessoa a lavar. Lavei-lhe a louça algumas vezes, mas ao perceber que o faz por sistema e espera sempre que sejam os outros a lavar o que suja aí... paro de o fazer.

Tacho, agora acompanhado de outra caneca (foto tirada às 2am)
Já me chega que nunca tenha limpo NADA na casa. Se quer uma criada estas costumam ser pagas a preço de ouro. Não sou mãe dela. Mas ajo como se fosse, porque uma mãe das boas não é uma facilitadora. Ao ver que a filha é preguiçosa deixa de fazer as coisas por ela para que aprenda a lição. Não limpas? Então quando precisares encontras sujo.


O problema é que a casa só tem este tacho. Temos falta de panelas e tachos. Todos usam sempre o mesmo, à vez. Excepto entre "eles" que dividem entre si os tachos da outra. Mas se ela for buscar o da outra, tem de o lavar de certeza... Porque esse ela sabe que não é por mim usado. Logo, não pode esperar que o lave.

Ela entrou em casa, foi para a cozinha comer, relaxou, foi dormir... e o tacho fica ali sujo. Aposto que amanhã também "lhe falta tempo" para o lavar. A ver vamos. Amanhã, ao que parece, o senhorio ficou de cá aparecer. Exatamente porque a que-não-limpa vai embora dentro de dias. Só espero que não tenha o descaramento de partir, deixando o tacho por lavar. Mas creio que faz mesmo o género dela.

Já pedi ao senhorio faz mais de um mês, que arranjasse um ou outro tacho para a casa. Ele responde sempre que sim, mas depois não cumpre. A mais-velha diz que ele é "muito bom" nesse aspecto, porque o rapaz queixou-se que as facas não cortavam nada e o senhorio apareceu aqui com um set de facas "muito boas". 

Ás vezes penso que a mais-velha não regula bem... Eu é que acho que todos regulam melhor que eu, aahah. As facas são daquelas vistosas mas que após um único uso perdem aquela capacidade de cortar. Ela não conhece nada de boas facas. Acha que "caras" e "vistosas" é sinal de qualidade. Uma faca pode sempre ser afiada e voltar a cortar como nova. Tinhamos cá três "vistosas e de qualidade", que já não estavam a cortar (bastava afiar). Já tachos... temos mesmo falta. Porque fica um à espera que outro acabe de cozinhar e lave o tacho para o poder usar de seguida. Totalmente desnecessário. Um dia tiro uma foto para vocês verem. Deitei fora o que tinha FERRUGEM. 

O senhorio ignorou uma necessidade importante e deu prioridade a facas... Lembrei-me que quando as trouxe, a mais-velha desabafou que não sabia porquê o tinha feito. Agora veio dizer-me que foi "um pedido" do rapaz. Isto faz-me sentir que ele só responde aos pedidos de quem mais lhe agrada como inquilino. Porque ignorou a questão dos tachos dizendo "que podiamos comprar outros nós mesmos", ideia essa reforçada pela mais-velha que tem os seus próprios tachos e que acha que são baratos e se eu preciso posso comprar uns para mim. Contudo, também ela usa sempre este

Eu acho que não tem cabimento eu ter de comprar panelas e tachos para mim. É algo que a casa precisa de facultar, não sou eu que tenho de andar com isso às costas! 

Já comprei uma varinha mágica que não havia na casa... assim que a comprei e mostrei à mais-velha no dia seguinte apareceu como um milagre, uma máquina dela que faz o mesmo. Até parece que a tinha escondido com receio que eu a quisesse usar. A partir do momento em que arranjei uma, a dela já pode sair do "esconderijo".

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Despedida da praia.. com limpeza de areal


Deus sabe que não morro de amores por pombos. Mas não foi por isso que deixei de sentir alguma apreensão. 

Estava a passear na margem da praia, impressionada pela quantidade de gaivotas paradas no areal. Pareciam hipnotizadas a olhar no horizonte o lençol de água. O que aguardavam? Porquê se punham em tão grande número deitadas no areal, o olhar o mar, sem se mexerem? Por instantes uma sensação de temor veio ao de cima e percebi qual a inspiração de Alfred Hitchcock para o seu filme "Os pássaros". Aquelas aves pareciam ameaçadoras, misteriosas. 


Enquanto me perdia nestes pensamentos artísticos e despedia-me do verão (ainda que já no outono), dizendo "adeus, até para o ano" ao mar português, observei entre as marcas deixadas pela orla das ondas uns detritos brancos, em grande quantidade. Pequenos, mas numerosos. O que seriam? Aproximei-me para observar.

Sim, era lixo. Mas que lixo?
ESFEROVITE.

Centenas, milhares de pedaços de diferentes dimensões, depositados no areal, enquanto mesmo ao lado aves bicavam detritos, ingerindo-os. A mais próxima era um pombo. Pus-me a imaginar os efeitos que o esferovite ia ter no estômago do pombo. Provavelmente inchava até entupir-lhe as tripas. 


Não muito longe do pombo, um largo bloco em esferovite apresentava uns tantos danos. Furos tinham sido feitos, como se produzidos pelo bico de aves. Centenas de bicadas no mesmo local até o esferovite perfurar.

As consequências de lixo nos oceanos é esta: 




Mas também é esta:



Quando era criança - altura em que ia para a praia no verão, costumava encontrar na areia pequenas pellets redondas e translúcidas. Não eram duras como os grãos de areia, nem tinham peso como os fragmentos de conchas. Eram leves como penas, pequeníssimas mas maiores que um grão de areia e translúcidas e redondas como pérolas. Aquilo instigou a minha curiosidade e quando dei por mim, gostava de as levar à boca e mordê-las entre os dentes, até as achatar. Ficavam uma espécie de plástico achatado. Acho que eram isso mesmo: plástico!

Eram exatamente assim as pellets plásticas que encontrava
na areia da praia em criança: esbranquiçadas e translúcidas,
pequenas como pérolas.
Em criança levava-as à boca e mastigava-as até as achatar.
Não recordo se as cuspia ou engolia pequenos pedaços.

Na altura em que era criança e ia à praia, ainda não se falava em poluição plástica. Mas por algum motivo ela já andava pelas dunas brancas, na sua forma mais perniciosa para o ser humano: a ingestível.  No início da década de 90, em Portugal, ainda podia ser que estivesemos no princípio do que viria a ser um consumo excessivo de produtos em plástico, mas o oceano já era poluído com os mesmos há muitos anos. Vindos de outros países, trazidos por outras correntes, presentes nas águas e ficando nos areais por décadas. Estava a envenenar-me sem saber.



Quando saí da praia, trouxe o bloco de esferovite comigo. E o coloquei no contentor de lixo. Assim como outros plásticos que fui encontrando pela margem: uma tampa de um frasco, outra de um tubo de super-cola, uma vara plástica partida daquelas que se usam para atarraxar o chapéu de sol na areia e impedi-lo de voar com a força do vento. Mas o que mais me repeliu ver na areia seca ou molhada foram as beatas! Muitas "frescas", ali acabadas de ser depositadas. Tantas e tantas... existirá poluição mais difícil de eliminar do que aquelas fibras de filtro de cigarro?? 

Bastou o sol desaparecer e dar lugar a nuvens, para a praia começar a esvaziar de humanos e a ser invadida pelas gaivotas e pombos. Algumas pessoas mais aventureiras gostam de caminhar pela areia ou praticar desportos radicais que beneficiam do "mau" tempo e de praias vazias de banhistas: skimming e parapente. Mas a presença de nuvens e o sol escondido atrás delas - por apenas umas horas pela manhã, foi o suficiente para revelar outras realidades: A «pressa» das autoridades locais em começar a dar a praia como fechada para as pessoas. 

Um estudo efectuado este ano pelas Nações Unidas revelou que 90% das águas engarrafadas tiradas para análise (num total de 259, 11 marcas de noves países onde não se incluí Portugal) continham micro-plásticos. Uma quantidade superior aos 83% anteriormente encontrados na água canalizada mundial.

O mundo como os nossos antepassados o conheceram, não existe mais. Nós o transformámos para sempre. Não há mais fontes de água pura. Comida sem ter químicos, oceanos somente com peixes. Bebés são alimentados nos primeiros dias de vida, já com contaminantes. E, segundo uma notícia que saiu hoje, 9 tipos de microplásticos estao presentes nas feses humanas. Queriam vitaminas, queriam? Ahahah. A pegada humana é demasiado perniciosa para ser eliminada. 


O Fim do Mundo não vai ser nenhum asteróide a embater na Terra, nem nenhum maremoto. É o veneno constante e silencioso da acção humana em todos os elementos essênciais para a sua saudável sobrevivência. 




quinta-feira, 19 de julho de 2018

Ambientadores públicos. Alguém se lembra?


Existiu uma altura em que se usavam nos cubículos dos WC públicos ambientadores automáticos. Cada vez que uma pessoa entrava no espaço, uma ou duas borrifadelas de cheiro perfumado camuflavam qualquer outro odor que o "visitante" pudesse deixar.

Havia quem não gostasse disso. 

Eu cá não me importaria nem um pouco que esta moda retornasse. Mas sei que a razão pela qual desapareceu é muito forte: contenção de despesas.

Hoje o raciocínio não se prende na limpeza, conforto ou higiene. Mas no que fica mais barato. 


Ir à casa de banho no emprego não é uma tarefa que me agrade. Além de bastante barulhentas, estão quase sempre todas cheias de urina. Embora não toque em nada, não é uma experiência que queire que dure. Aliás, entro, faço e desapareço! Sempre com tempo para lavar as mãos.

Por vezes penso nos ambientadores. Como seria bom ter um naquele instante. Os wcs no emprego são os mesmos que os dos clientes. São usados por todos e a limpeza é uma coisa aldrabada. Passam o mesmo pano no assento de todas e puxam o autoclismo. No chão passam primeiro um esfregao para empurrar lixo e depois a mesma esfregona humida faz o resto. É isso que chamam limpeza.

Mas o que menos gosto nestes WCs é o que inventaram para "secar" as mãos: as máquinas de ar quente. Tudo para poupar dinheiro em toalhas ou papel, pois claro. São tão barulhentas! Uma máquina daquelas precisa de um motor potente para atirar ar quente com força. Então quando umas cinco pessoas estão a usar cada uma a sua, o barulho é infernal.


As que menos gosto são estas aqui na imagem acima. De início pensei que seriam para outro propósito pois parecem-me desadequadas. Tenho cá para mim que outros devem ter pensado que se tratava de um urinol, pois o cheio daquele "ar quente" vinha com indícios a urina. É suposto colocar-se ambas as mãos pela abertura. A primeira vez que o fiz, quando a mão tocou ao de leve naquilo, senti que já as tinha contaminado novamente. Mal dá para o fazer sem encostar as mãos e acho isso um despropósito. 

Outra coisa perigosa nos WCs públicos é o SABÃO.
Pois, não sabiam, pois não? Na realidade, não existe sabão. Seja qual for o produto que usamos a pensar que se está a limpar as mãos, é um produto que, no meu caso e no caso de outras pessoas que conheço, é muito agressivo para a pele. Acabando por desenvolver secura e alergia. 

Ambientador de WC público
Se formos a pensar bem é um químico. Um saco com um líquido dentro mas que quando se vai a tirar um pouco sai na forma de espuma, como espuma de barbear. Isto faz com que cada saco dure bastante tempo e economiza muito dinheiro aos proprietários. Mas a sua composição será segura? Estamos longe do tempo em que se usava um simples (mas seguro) e eficaz sabonete. 

É bem capaz de ser melhor ficar só pela água - que também nunca se sabe se é reciclada ou potável. 

E pronto.
Hoje decidi fazer um post sobre um assunto e aliviar um pouco os temas domésticos :)

Aos que estão de férias, gozem ao máximo aos que regressaram, que venham cheios de energia e boa disposição :) Saúde para todos.

Portuguesinha


sexta-feira, 21 de julho de 2017

Alívio e felicidade


... Por a «nova» inquilina ter ido buscar o aspirador e ter limpo a casa!
Disse-me a rapariga do andar de baixo que a outra pediu desculpa. Justificou que pretendia limpar a casa na data que colocou no calendário... Mas não o fez, nem nesse dia, nem nos dois dias seguintes.

Só digo uma coisa: chegar do trabalho, abrir a porta de casa e ter percebido de imediato que o chão foi aspirado foi uma sensação muito agradável, que me deixou feliz. Gostei de regressar para um espaço cuidado, ao invés de um imundo. Não há necessidade disso e como tal o meu coração encheu-se de alegria. Não sei porquê, mas hoje intuí que o dia ia ser positivo e ia passar sem percalços. Assim foi, a pesar de ter tudo para não ser.

Claro que reparei de imediato que a limpeza foi muito limitada. Foi mais para «inglês ver». Mas não me importei! Um chão aspirado, pelo menos, já me deixa contente. Ela só aspirou a casa (WC, corredor, cozinha) e passou um pano nas bancadas da cozinha.

O que ela não fez? Não lavou o chão, nem dos WCs nem da cozinha. pois as manchas coloridas ainda permaneciam no linóleo, o balde e esfregona permaneciam na mesma posição invulgar com os mesmos detritos no interior, assim como alguns detritos de terra e cales de frutos vindos da porta que dá acesso ao quintal estão no fundo do corredor do chão da cozinha. Sinal de que ela saiu lá para fora e trouxe os detritos com ela. No quintal, o pote de vidro com beatas desapareceu, só ficaram duas no chão. Mas nem me importei. Nadinha. Também despejou os cestos dos WC e da cozinha, mas tirando isso, não lavou o lavabo, que ainda tinha o mesmo cabelo de uns dias atrás no mesmo sítio e estava cheio de pequenas florzinhas trazidas pelo vento. A banheira também não foi limpa, pois o tom rosado misterioso que aparece no cromado ainda lá está. No fundo, limpar, limpar... aspirou. 


Mas não me importa nada!!

E ainda bem que anotei dois pontos de interrogação no lugar onde ela anotou que havia feito a limpeza. Porque se não o tivesse feito, talvez ela tentasse escapar com uma limpeza... virtual.



E eu que já me preparava parar fazer uma também! 



Ao lado dos pontos de interrogação desenhei uma cara sorridente. E espero que daqui a diante tudo entre nos eixos sem quaisquer aberturas para confusões. :) 

Ai que bom quando não nos complicam a vida quando não há necessidade para tal. Basta cumprir pequenos gestos que não custam tanto assim... e todos convivem em harmonia e confraternização. A vida já se complica por ela mesma - outros ajudam - porque havemos nós de facilitar?



quinta-feira, 20 de julho de 2017

Coisas que me causam impressão - 02


A limpeza VIRTUAL da «nova» inquilina.
Ainda me faz espécie.


Faz dois dias que estou de folga e ela, pelo que percebi, também está. 
Fica enfiada no quarto o tempo todo, só saindo da toca para meter os «corninhos» ao sol quando me sabe mais ocupada ou ausente.


Hoje saí de casa por volta da hora de almoço mais por a saber dentro do quarto e provavelmente a desejar sair sem encontrar ninguém. Por imaginar que gostaria de ter uns momentos para si... saí, para que, se desejasse, fosse almoçar tranquilamente à cozinha. Então almocei primeiro e saí de seguida.

Faço isso amiúde, sou assim. 


Saí e fui ver a grande «superfície comercial» da zona... Um local sem quaisquer atrativos, no máximo mantinha 10 lojas das quais quase todas também existem no centro da cidade. Foi aqui que voltei a ver o «futuro» do consumismo. E é este:


Uma loja onde estão sempre a dizer-me para ir toda a vez que penso em comprar um qualquer electrodoméstico dizem: Vai à Argus!

Só que a argus é um espaço físico para compras virtuais. O que as lojas Argus têm são catálogos. Vejam só a grossura dos mesmos nas fotos em baixo!! E com fotografias muito pequeninas dos artigos, sem grandes descrições.

Ora, se eu quisesse uma loja virtual, não me deslocava fisicamente a uma. Ficava em casa, sossegadinha, em frente ao meu computador, que ia dar no mesmo. Melhor ainda: ia encontrar outros sites a vender o mesmo produto, mas com valores mais baixos.

Tirei estas fotos para mostrar a tristeza do que nos espera no futuro do consumismo. Esta «loja» de fato tem de TUDO. São infinitos os artigos - desde sofás, a telemóveis, a... joalharia. Mas na foto de cima podem ver que existe um balcão, com três empregados. Então temos uma mega-estrutura que disponibiliza infinitos equipamentos e emprega um número reduzido de pessoas.

O cliente chega e é logo confrontado, ao centro da loja, com três ou mais «caixas multibanco» que permitem o pagamento imediato. Ao lado estão as mesas com os computadores onde o cliente antes de pagar, pode achar o que quer e a facilidade do pagamento é imediato e sem intervenção humana com um vendedor.

Faz-me impressão onde recai a escolha para o uso do VIRTUAL.


Nos filmes futuristas, o virtual é usado para o «bem», para criar cenários virtuais de natureza e deslumbrar o humano. Ou para lhe criar uma companhia com quem pode interagir e dialogar. Não me parece que seja essa a utilização real que o mundo virtual vai trazer para o real. 

terça-feira, 18 de julho de 2017

Limpeza Virtual


Ontem, dia 17, notei que a nova inquilina tinha marcado no calendário a data em que fez a limpeza à casa: dia 18 de Julho. Sim, dia 17 ela anotou como realizada, a limpeza. Mas feita numa data futura. Ora eu, intrigada, na brincadeira coloquei um ponto de interrogação ao lado. 

Será que ela decidiu indicar que ia fazer a limpeza no dia seguinte? - pensei eu, quiçá ingenuamente. 

Depois comecei a pensar e a chegar à conclusão de que, se calhar, ela teve a audácia de dar a casa como limpa, sem ter mexido um dedo nesse sentido!! 

Sim, porque assim que entrei pela porta, antes mesmo de ter dado com a nota no calendário, o que os meus olhos notaram foi a sujidade na carpete. Pequenos pontos negros por toda a parte - que até pareciam ter aumentado em numero.



Desiludida, verifiquei que as bancadas da cozinha estavam cheias de migalhas e marcas, o chão sujo, o fogão também sujo de restos de cozinhados. Nenhum cesto de lixo da casa-de-banho foi despejado e a banheira voltou a ter aquele tom rosado no cromado. Nem se via limpeza, nem cheirava a limpeza. Então, como podia ela ter anotado, com a caneta que mal escreve, que tinha LIMPO A CASA???


É o quê? Uma limpeza virtual??


A única coisa que notei foi que os caixotes da cozinha, para o lixo doméstico e o da reciclagem, tinham sido esvaziados. Mas dali a minutos chegou a casa a outra colega (a do andar de baixo) e, sem meter conversa a respeito do assunto que me estava a perturbar, é ela que me diz que despejou os sacos de lixo. Na véspera bem a vi a colocar os contentores lá fora, à entrada da porta, de forma a poderem ser coletados pelos homens do lixo. 

Então que conclusão pode-se tirar? A outra não fez nada!!
Mas teve a ousadia de anotar que tinha feito, tsc, tsc, tsc-

A única coisa que reparei que foi ela que fez foi o aproveitar que o cesto do lixo doméstico tinha sido esvaziado para lá colocar um saco preto cheio de lixo que trouxe do quarto dela. Um pequeno rasgão no frágil confirmou a suspeita. 

Outra coisa que notei que ela fez em termos de limpeza foi lavar a roupa dela e estender pelo quintal. Que, já é um quintal com ar abandonado e pouco convidativo a ficar. Por isso é que, na véspera, estive a arrancar ervas, a cortar ramos a ensacar os desperdícios e a tornar o jardim mais apetecível. Se eu soubesse que no dia a seguir o meu esforço ia servir para ela lá ir sentar-se numa cadeira para fumar - tendo já uma quantidade considerável de beatas enfiadas num frasco de vidro - talvez pensasse duas vezes antes de ter tomado a iniciativa.



Afinal, ninguém nunca lá põe os pés...  Até o momento em que fica mais composto lol. Porque o andei a arranjar. Mas irem lá limpar, isso é que não... 

A única coisa com que ela contribui na casa e no jardim é no transporte de terra e sujidade de fora para dentro de casa. Nesse dia notou-se no chão um aumento considerável de porcaria, proveniente do quintal e isso só é possível se uma pessoa entrar e sair sem prestar muita atenção ao que traz agarrado à sola dos sapatos.



O próximo a limpar devia ser o rapaz - mas ele ausentou-se de férias. Logo a seguir, sou eu. Estou a pensar seguir o exemplo da «nova» inquilina e também fazer uma limpeza virtual. O problema é que, até lá - daqui a 2 semanas, a porcaria que esta casa vai ganhar deve meter medo ao susto.

E depois quem vai ter de limpar de verdade é a que se segue - a rapariga de baixo. Com quem me dou muito bem e com quem converso lindamente. Infelizmente ela contou-me há umas semanas, que vai embora. Não só da casa, mas do país. Continua a trabalhar no mesmo mas pediu transferência para a sua terra natal, onde vai alugar uma casa e morar sozinha. 

Ontem ela avisou a senhoria que vai sair, dando assim o tempo necessário e exigido no contrato para se encontrar um NOVO inquilino.

Sinto um tanto de tristeza por perder uma pessoa que considero de valor - despreocupada mas cumpridora sem grandes conflitos dos seus deveres na limpeza. Capaz de pagar do próprio bolso algum produto que todos precisem (meteu lâmpadas na casa quando estas fundiram, comprou, assim como eu, papel higiénico várias vezes, depois deste acabar e é quase sempre a primeira a meter o dinheiro para as contas). E simpática. Sem manias.

Por outro lado, sei que ela vai estar melhor e isso deixa-me feliz por ela.

Noutro dia ouvi a «nova» inquilina a entrar acompanhada de um colega ao qual mostrou a casa, dizendo que era muito boa. Mostrou-lhe o quarto (o tal que aqui chamam de box - caixote) e disse-lhe que era muito bom, bem melhor que o dele. Concordo (mesmo sem conhecer o «dele») porque quando eu vi aquele quarto vazio gostei muito dele - mais do que do meu. Imaginei-me contente e mais produtiva naquele espaço pequeno do que no meu amplo quarto. Mas eu tento ser minimalista e ela chegou com tanto saco... que até hoje estão no chão, ao invés de terem encontrado um armário ou prateleira para estar. 


Ocorreu-me que ela talvez já soubesse que a outra ia desocupar o quarto e já estivesse a estudar a possibilidade de meter um amigo cá dentro. Não sou a favor de amigos a dividir uma casa partilhada com desconhecidos, porque quase sempre os dois acham-se mais «donos» do espaço e geralmente unem-se numa qualquer questão divergente. 

Pormenor da esquina do barracão com
a cerca do quintal. 

O que esta casa tem de bom não é o espaço, não é a temperatura, não é a qualidade - pois está quase a cair de podre e parece nunca ter sofrido obras de restauração. O que ela tem de bom é a localização e em segundo lugar, a tranquilidade. Se uma razão é puramente geográfica, a segunda deve-se ao tipo de pessoas que cá moram. Ou ao tipo de pessoa que predomina e estabeleceu «as regras» que outros apanham ao chegar. E esse segundo fator pode mudar sem mais nem menos. O que seria muito mau. As pessoas que cá estão a morar não fazem barulho algum. Falam-se, cumprimentam-se mas é cada qual para o seu lado, sem barulhos, sem música alta, sem conversas ao telefone aos gritos, sem muito alarido.



E isso, posso bem dizer, é muito, mas muito bom.

Qualquer pessoa que venha a seguir, é bom que goste do mesmo. E goste de limpar a casa - mas de verdade!! 



quarta-feira, 5 de julho de 2017

Deixem-me cá desabafar um 'cadinho... (Limpezas e Hitler)

Sobre a Casa:
A minha semana de limpezas já passou e sim, aquela mancha acastanhada no assento do WC era «sujidade». 

Isto significa que, das três pessoas encarregues de limpar a casa depois da minha vez, nenhuma esfregou o assento. Demorei 3h nas limpezas. As dúvidas sobre a minha lentidão e a relação entre a rapidez e eficiência dissiparam-se. 

Continuo a achar que não sou boa em limpezas. Sou esforçada mas, pelos resultados, acho-me ruim. Só que, entre mim e os restantes, sou um Deus, Ahahah! 

Lavei o cesto do lixo pela segunda vez, tirei o pó grosso do televisor que nunca ligo, numa sala onde nunca entro, aspirei a casa e usei detergente para a carpete, esfreguei a retrete por dentro e por fora (não esquecendo o assento), lavei os tapetes dos WCs, esfreguei até sair toda aquela substância cor-de-rosa que alguém deixa no cromado da banheira, limpei as manchas do frigorífico. Posso ter demorado 3h e não ser lá grande coisa a limpar e desinfectar. Mas se as três pessoas que me procederam não deram pela presença de uma mancha castanha no tampo da sanita um dia depois de a ter limpo um mês antes, decerto que não sou a pior.



Sobre o Emprego:
Insignificâncias. Resumo o dia de ontem e os dissabores nele criados com esta palavra.

Ontem ainda nem tinha aquecido na minha tarefa, já estavam a dissipar-me o sorriso da cara e a atacar a minha boa disposição. E tudo por insignificâncias. (Ou implicâncias, melhor dizendo). 

Atendi um cliente com uma condição alimentar especial e, como não estávamos atarefados e o cliente era «especial», ofereci-me para levar a bebida (um chá) até à mesa deste. O cliente queria o chá simples, sem adição de leite ou açúcar (e todos metem mais leite do que água no chá, vai-se lá entender...).

Dos três colegas que estavam comigo a trabalhar no bar (quatro no total, para quase zero clientes), só uma estava por perto para me ouvir. E só ela, a C. tem a personalidade para querer fazer disso um «caso».

Preparei o chá - água quente e saco para dentro de uma caneca e levei à mesa. Tudo isto levou uns 20 segundos. Na volta a «chefe» vem ter comigo e diz-me:

-"Tens de mandar os clientes vir até ao bar fazer o seu chá. Não é suposto levares o chá à mesa, porque outros têm de atender os clientes e a C. teve de parar o serviço que estava a fazer para os atender.".


Olho para o bar e vejo uma pessoa... que tinha acabado de aparecer. Não eram os 20 segundos de ausência que iam fazer o cliente desesperar por atendimento. E não é como se tivesse saído do meu posto deixando o bar vazio. Estavam lá outros três a desempenhar a mesma função que eu. Só que no momento estavam ocupados com a simples tarefa de posicionar stock nas prateleiras. Ora, isso nunca foi prioritário sobre o atendimento aos clientes. Se ao menos fossem muitos, mas não, apareceu só um que a outra, oportunamente, tratou de usar como pretexto para me apontar um dedo acusativo.

Fui ensinada que se largam essas tarefas menores para dar prioridade a clientes. E fui tratada e destratada para assim o fazer. Esperava que outros mostrassem a mesma prioridade, principalmente numa manhã quase sem clientela. Existiram ocasiões diversas em que vi clientes à espera por mais de 5 minutos, e isso fez-me muita impressão. Porque percebia que as pessoas a trabalhar no bar não estavam tão atarefadas assim nem eram em tão pouco número para levarem tanto tempo a ir para outro cliente. Nessas vezes pergunto-me onde estão as pessoas que supostamente deviam «ver» estes assuntos.  

São estas pequenas coisas mesquinhas que me sugam o prazer no trabalho. 
As mesquinhices, as implicâncias, o se «enturmarem» para destruir um colega em particular...


Outra coisa que me deixa com os nervos à flor-da-pele é estarem todos à entrada do bar na conversa ou a fazer alguma coisa que escusavam de estar a fazer ali, quando eu preciso estar sempre a entrar e a sair por aquela estreita passagem. É o meu trabalho -quando não estou no bar, estou nas mesas, e isso implica ir e voltar constantemente. E ter ali naquele pequeno espaço três cus a barrar-me a passagem, cus que não se mexem nem se desviam, é desesperante. Até ultrajante, porque é falta de boa educação estar no meio do caminho e não ter a cortesia de se desviar. 

Sabem o que me disse uma portuguesa uma vez? Que eu devia pedir licença
Pedir licença para passar... numa passagem. Ora, se fosse a fazer isso sempre que preciso passar para ter acesso onde preciso de ir por ser essa a minha função (a delas é estar atrás do bar não estar paradas a bloquear uma passagem) precisava de andar sempre com uma garrafa de água conectada à minha boca, porque a garganta ia ficar seca e ressequida de tanto constatar o obvio. 

Noutro dia estava eu a trabalhar às mesas, fazendo um trabalho espetacular, sozinha, e estão três paradas naquela passagem, a tirar embalagens de maionese dentro de caixas. Juro que para tirar 6 embalagens dentro de duas de cartão, elas estavam a demorar uma ETERNIDADE. Era mais conversa que trabalho. As embalagens eram só um pretexto para a cavaqueira e nem eram precisas três pessoas para lidar com uma dúzia de frascos com maionese... Já uma assistência às mesas seria bem mais preciosa. Mas isso é trabalho duro, suja as mãos... vão todas a correr para as embalagens.

Nisto aparece a chefe daquilo tudo. Que ali precisa de entrar, tendo de passar pela mesma passagem estreita. E ela diz: "Pessoal, não estejam todos aqui concentrados. Fica mal, não é preciso tanta gente para arrumar isso". E como é a chefe, eles dissiparam...

Eu balbuciei: "Obrigado!".


Outra coisa que me vinha a aborrecer no emprego é a atitude de uma colega muito conversadora, que tem sempre histórias para contar e que vinha ter comigo, empatando-me o serviço, para falar mal da C., dizendo-me que já estava pelos cabelos com ela, que lá por ser velha, não significa que tenha de aturar as suas coisas e que a C. queria fazer queixa dela. Passada uma hora, lá vinha ela novamente falar mal da C. aos meus ouvidos, chamando-a não pelo nome, mas pelo termo «aquela velha».

Num destes dias, a C. implicou comigo e eu fiquei aborrecida, fazendo um pequeno desabafo com a tal colega que fala muito. Entendi o seu desinteresse e o seu afastamento. Mas o que melhor percebi foi que, depois do meu desabafo, ela mudou de atitude com a C., tentando estabelecer conversas da treta e fazendo desabafos de forma simpática. 

No final do expediente, ela, a C. velha que tanto ódio lhe despertava nos últimos dias, mais uma sub-chefe, esperavam todas umas pelas outras para irem juntas apanhar o transporte, como se fossem todas mui amigas. 

Rapidamente entendi que ela é «dessas» que está de mal com alguém só à espera que apareça outra pessoa com uma questão idêntica, para subitamente dar uma volta de 180º e virar «amiguinha» da «inimiga». Uma espécie de gente muito perigosa - mais ainda quando no corpo de uma jovem de 18 anos com cara de anjo barroco. 


E ontem, pouco antes de terminar, a C. chamou-me à parte para me dar uma reprimenda. E no final disse-me que «consultou a chefe antes de ter ido falar comigo». O que pode não parecer, mas é grave. É um sinal de alerta vermelho. Quem precisa de sentir as «costas quentes» antes de aprontar não é boa coisa...

A minha sorte é que, ao fazê-lo, ela fez-o na presença de outras pessoas, julgando-se a salvo de repreensão por estar com a «razão», segundo lhe disse a sub-chefe. Uma dessas pessoas que assistiu à cena foi um chefe acima da sub-chefe (aquilo é só chefes) que está poucas vezes ali mas que me chamou à parte para procurar entender o que se tinha passado. Eu expliquei o pequeno erro que cometi, por desconhecer que se cobrava mais 20 centimos quando se despeja mais água num copo...  E foi esse chefe que se surpreendeu por a reprimenda exceder o motivo e me disse que os modos como ela me falou foram muito agressivos e que não havia motivos para tal. Afirmou que, ao invés de me explicar onde estava o erro, tratou-me com agressividade nazista - palavras dele. 

É pena que entre tantos, ele seja um líder, que explica e comunica e os outros mais tiranos que acusam e apontam dedos.

Bom, o meu mal é que eu tolero este tipo de tratamento. Já aqui o disse. Por isso é que os bullies têm terreno fértil comigo... Eu tolero, tolero, desculpo, desculpo... Mas não sou conivente. Não repito, não os imito. 

São estas mesquinhices que me dão vontade de procurar outra «turma». Não é o trabalho em si nem são os clientes - que continuo a dizer que são a melhor parte do todo. São os colegas. Os incompetentes, os mesquinhos, os implicantes, os que têm a mania, os agressivos, os mal educados, os «queixinhas», etc.

Depois há uns poucos que valem a pena - mas são cada vez menos.


 PS: como o texto deste post é longo decidi quebrar a monotonia com ilustrações de imagens bonitas :)