No Domingo passado fiz uma video-chamada a um familiar que na altura não pode atender, pois estava nas compras. Disse-me que ligava depois.
Há três semanas, mantive contacto com outro familiar, pedindo-lhe que aderisse às redes sociais, para que a comunicação fosse mais fluída e menos dispendiosa. Respondeu-me que o ia fazer. Desliguei a chamada, para que não gastasse muito dinheiro e fiquei com a impressão que era desta. Depois enviei-lhe uma mensagem de texto, à qual ele respondeu por email. Email esse que também é muito alusivo a usar e para o qual já o tinha contactado noutras ocasiões diversas, sem receber resposta. Passados mais uns dias e chegando o Domingo de Páscoa, não tendo ainda recebido notícias, decidi desejar-lhe que tudo estivesse bem, em vídeo, que enviei para o mesmo email que usou para me contactar uma vez.
Presenteei outro familiar jovem com uma série de envios de filmes online. Fiz a transferência por um programa gratuito que apaga os ficheiros ao final de sete dias e recebo mensagens a dizer se o download foi ou não feito. Adivinhem lá como foi recebida esta oferta? Já lhos tinha dado antes porque todos eles tinham um significado especial. Como não teve como os ver - disse-me, decidi ajudar a quebrar a rotineira quarentena de que se queixava, sugerindo, pelo menos, que tentasse uma destas distracções.
Até hoje, sete dias volvidos, nenhuma destas pessoas deu-me retorno.
De vez em vez também procurei saber se um familiar já deu uso a um presente que lhe ofereci no Natal. Tenho sido ignorada. Não vou especificar qual é - não me apetece - mas é algo único, particular, com um valor de cerca de 70 euros e que se não for usado dentro de meses é capaz de perder as suas características e tornar-se inútil. A pessoa ficou tão entusiasmada quando o recebeu, fiquei feliz por saber que tinha agradado. Isto foi em Dezembro, estamos em Abril, o presente que lhe ofereci é todo feito online e sem sair de casa... E nem na quarentena??
Depois recordo-me de outras ocasiões. De outras alturas, com as mesmas e outras pessoas e é tudo tão... desanimador.
São estas pequenas coisas.
São estas pequenas coisas.
Estes pequeníssimos sinais de desinteresse e falta de consideração....
E mentiras, que nos matam aos poucos, como um veneno.
Não é que me incomode por aí além, pois sou adulta e sei que a vida é assim. Mas tudo o que é dito a alguém que se vai fazer, e não se faz, é uma pequena morte. Contribui para o descrédito na palavra do semelhante. De que adianta te dizerem que gostam de ti, que és uma pessoa especial para eles, se depois há coisas assim?
Morre-se aos bocados. Um bocadinho aqui, outro ali.
Morre-se aos bocados. Um bocadinho aqui, outro ali.
O pior, o mais devastador, é perceber que só se lembram de ti se eles se sentirem sozinhos. A solidão é um sentimento transversal. Dá em todos. Não nos devemos lembrar dos outros apenas quando nos é conveniente.
Tenho receio que apareça alguém especial na minha vida e que eu a afaste, influenciada por toda a decepção.
No campo pessoal, temo que isso já me tenha tornado uma pessoa aparentemente distante, fria. Aparentemente, porque no fundo, não sou assim. Mas não sei o quanto no fundo está o fundo, quando estou com outros. Parece-me que está cada vez mais fundo.
Boa semana a todos.