Metereologia 24 h

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domingo, 5 de fevereiro de 2023

Abuse Recovery

 


(texto do dia 30 de Janeiro)

Este vaso com flores coloquei a entrada da porta do meu quarto. Chamaram-me a atenção agora, quando reparei que tinham murchado subitamente. Mas não de forma igual. Traçando uma linha imaginária vertical, parecem só ter morrido as do lado esquerdo. Surpreendentemente, asdo lado direito, que estão viradas para a porta do meu quarto,  permaneciam floridas.

Do lado esquerdo fica o quarto da M.

Acho que é um comprovativo da energia que cada uma de nós traz à casa. 


Não tenho dito nada mas tem estado infernal A M. funciona por alvos. Vai abatendo-os um de cada vez. O rapaz que ela mais queria ver pelas costas, foi embora a meio de Dezembro. Eu? Fui de férias. Voltei em Janeiro e desde então, ela não pára de me atormentar. Nesta semana que passou tive 4 discussões com ela. Foram "só" quatro, porque ela me "apanhou" quatro vezes. Tivesse eu passado a sorrir na sua direcção ou ficado mais tempo em casa em vez de ter ido trabalhar duas semanas sem um único dia de folga,  e as brigas teriam sido umas 20.  Ela transitou de um alvo para outro. Subitamente as discussões passaram de raras a constantes. E isso não partiu de mim, mas dela, que é uma NARCISISTA. 

Cheguei a essa conclusão por mim mesma, depois de ligar todos os traços da sua personalidade e comportamento. Contudo, ao surfar pelo youtube, encontrei vídeos de profissionais a explicar o que é o Narcisista. E tudo, mas absolutamente TUDO, encaixa-lhe que nem uma luva!!



Assistir a vídeos como este acima já me fez um bem enorme. É que tenho estado muito afectada com esta situação. Não estava a conseguir abstrair-me dela. Ocupa o meu pensamento o tempo todo, esteja no emprego, no autocarro, na rua, nas compras. Faz-me recear o momento de entrar em casa. Fui forçada a adoptar comportamentos que não devia necessitar adoptar. 

O que a M. mais faz é seguir-me onde quer que eu vá. Assim que entro em casa, ela sai do quarto. Como sei o que se segue, faço tudo em segundos. Já entro a correr para o WC para tomar um duche. Se perder tempo a descalçar os sapatos ou a agarrar a toalha, ela passa-me na frente. Não importa a hora a que chegue a casa. Anteontem foi às 23.30, ontem foi às 22h. Ela sempre tem vontade de ir para o duche nesse instante. Mesmo tendo estado em casa o dia inteiro sem nada para fazer. O mesmo acontece durante o dia, quando saio do WC, ou quando desço à cozinha, ou até mesmo, quando vou ver a caixa do correio... SEMPRE. A M. segue-me. Quer, com isso, me destabilizar. Fez o mesmo com outros. Até estou a registar isto num diário. Em 48h, ela apareceu atrás de mim 100% das ocasiões. 

Fá-lo também para espionar, para encontrar algo com que implicar e originar uma briga. Ela provoca, insinua, mente, distorce, impõe-se, exige, usando itencionalmente um tom de voz baixo. Já não consigo ignorar as suas malícias e perdi a calma. Estava tranquila a tentar cozinhar e ela aparece. Não uma vez, não duas, mas umas dez! Na última, mexo-me um bocadinho no sofá e pronto: de imediato, ela começa a implicar. Não aguentei e disse alto: "Mas o que se passa contigo M? Estás doida da cabeça?". 

Durante esta interacção, notei aquele sorriso nos lábios, a face mais relaxada, os olhos brilhantes e... felicidade. Percebi que ela estava a gostar de me tirar a calma. Começou a fazer comigo o que fez com outros: Provocar até conseguir algo que recrimine a pessoa. Um insulto, dois, três. Quem sabe até uma ameaça. Quando ela dá três passos na minha direcção pondo o seu rosto quase colado ao meu, retiro-me. E ignoro-a. Não lhe falo mais. Ela resmunga, resmunga e sobe ao quarto. Nisto aparece a nova rapariga (tomou o quarto do rapaz que saiu) e desenvolvo uma rápida conversa com ela. A M. aparece a correr, abre a porta da cozinha (que ela própria fechou "incomodada" com o meu cozinhado) e exige saber o que eu perguntei. A outra responde-lhe! - Para minha surpresa.  A M. já a impor medo, receio, obediência imediata. INCRÍVEL. Para não terem problemas com ela, afastam-se e fazem-lhe as vontades. 

Não pode ser assim, alguém tem de tentar por cobro nisto. A M. não só interrompeu a minha conversa com a nova inquilina, como não me deixou continuar a conversar. Que nem uma criança mimada, egoísta. Fez barulho com as panelas, exigiu falar comigo imediatamente a respeito do meu cozinhado eu digo-lhe para esperar. Não consigo dialogar uma frase com a nova inquilina tal é a interrupção. A M. não me dá um instante de sossego. Então levanto-me, fecho a porta e tento terminar de falar com a rapariga do lado de fora da cozinha. A M. não é de cerimónias: abre a porta, chama o meu nome e não pára de me chatear, inventando que o que coloquei no forno tinha "queimado". (Mais uma vez, quem é ela para abrir a boca, ela que sempre queima tudo?). Já que não consigo falar com a rapariga tentei trocar números de telefone com ela, mas a M. não estava a deixar. 

Não é a primeira vez que noto que ela faz de tudo para impedir qualquer interacção minha com alguém cá de casa. Os narcisistas, como explicam os profissionais em vídeos no youtube, procuram minar a imagem da pessoa diante dos olhos dos outros. Daí a M. não desejar conversas minhas com ninguém. Fico meses a aguardar uma oportunidade, nunca chega. 

Por isso, quando notei o rapaz do andar de cima a sair de casa ao mesmo tempo que eu, acabei por apanhá-lo pelo caminho. Faz mais de UM ANO que não tenho uma conversa sozinha com ele. A M. sempre está por perto e ambos trabalhamos muito, acabando por ficar pelo quarto nos tempos livres. 

A situação em que me encontro estava insustentável. A M. quer me fazer crer que eu é que estou errada e sou a vilã.

Então perguntei ao rapaz se achava que eu contribuia com conflictos para a casa. A sua reacção tirou-me uma montanha de peso nos ombros. Disse-me que a M. está sempre a brigar com todos, que ele só lhe diz "bom dia" e com pessoas assim não se interage mais que isso. Aconselhou-me a não mudar de casa. "Se mudares cada vez que encontras uma pessoa como ela, vais mudar sempre" - disse. 

Fez sentido. Na noite seguinte, entro em casa, decido tomar um duche. Tinha estado a privar-me deles ha dias, por causa da M! Cheirava... mal. Já estava a evitar a proximidade com outras pessoas. Entrei em casa a sentir o mau odor nas roupas, na pele e percebi o absurdo que é temer entrar no duche por ela me seguir. 

Tomei o duche, limpei a água que salpicou no chão e desci à cozinha para ver se existiu infiltração (mais uma "dádiva" da M. para a casa). Ainda no corredor já estou a ouvir a M. a abrir a porta do seu quarto. E vai para onde? Para o WC de onde eu tinha saído há cinco segundos. É sempre assim! Quando estou a passar para ir à cozinha a M. provoca-me: "Não sabias limpar o chão? Porquê não limpas-te o chão? Tens de limpar isto melhor, não pode ficar assim".

Passei-me. A tipa que andou meses a deixar aquilo ALAGADO (daí a infiltração para o piso inferior e a ferrugem no piaça metálico), que ignorou vários pedidos e recados para não se deixar o chão molhado, aquela que toma banho e vai para o quarto SEM secar o chão... vira-se para mim que não deixo uma coisinha fora do seu lugar e ousa abrir aquela pérfida boca?

Soltei em voz alta: «Acabei de entrar em casa, tomei um duche rápido, limpei tudo direitinho e já tenho a M. enfiada do meu rabo!» 

Nisto o rapaz com quem só pude trocar umas rápidas palavras FORA de casa, abre a porta do seu quarto e pergunta se está tudo bem. A M. começa a sua encenação. Muito calma e sorrindo com satisfação diz: "Eu só fiz uma pergunta. Tu é que estás a gritar. Estás a ver o que tu fazes, Portuguesinha? Estás a gritar."

-"O que eu faço??"

No quarto, o rapaz gesticula para eu não lhe responder. Compreendo-o e recuo. Ela tem uma sorriso no rosto e está visivelmente satisfeita consigo mesma. No entender dela, acabou de conseguir uma testemunha do meu "mau temperamento". Fecha-se no WC e o rapaz pergunta-me baixinho: "Estás bem?". 

Percebi que ele tentou ajudar-me. Deve ter percebido o meu desespero. Eu lhe disse que ela me segue por todo o lado, eu vou à casa de banho, ela vai à casa de banho, vou à cozinha, ela vai à cozinha... 

E o que tinha acabado de acontecer? Precisamente isso. 


Entrei no quarto e lágrimas começaram a cair do meu rosto. O que estou a viver é muito sério. É grave. Contactei a agência que está a par de tudo mas nada faz e tem ignorado meus pedidos de ajuda, até para encontrar outra casa. Liguei o computador e pesquisei "esquadra da polícia, denúncia de bullying". Infelizmente era fim-de-semana. 

Se não tivesse sido, sei que teria ligado para aquele número, exposto a situação e dito: "Olhem, preciso de ajuda. Gostaria de falar com um psicanalista, alguém que me possa ajudar": 

A ideia da esquadra surgiu-me por causa da M. Ela mesma tentou aliciar-me a juntar-me a ela numa queixa contra o rapaz que-se-foi-embora. Os policiais nada puderam fazer, porque ele nunca foi físico. Mas ela me disse que da próxima vez ia até o fim. Sabia que nunca ia fazer o que me pedia, porque sempre a achei a instigadora. Bem que ela tentou que ele fosse físico. Não me surpreenderia nada que tanta provocação fosse para atingir esse fim. Essa "próxima vez" que mencionou, provavelmente era ela já a planear algo. 

Quando lhe perguntei o que aconteceu para ela ir à esquadra, não me soube responder. Insisti. Não respondeu

Um dos traços dos narcisistas é não responderem a perguntas

Infelizmente os restantes aqui na casa não se querem envolver. Estou sozinha a lutar contra uma Narcisista e, possivelmente, também uma sociopata. Outro vídeo no youtube facultou-me esta informação:

O Psicopata leva um estilo de vida de parasita. Isso encaixa na M perfeitamente: não trabalha e arranjou um esquema - pedir um empréstimo monetário de estudante durante três anos. É com esse valor que é superior ao que usualmente ganho por ano (12.000), que ela continua a viver como a parasita que é. Não acredito que esteja a estudar. Está matriculada, mas estudar? Não vejo nada disso. Quando chegar a hora de ter de pagar o empréstimo - não vai fazê-lo. Aqui no UK pode sair impune. Muitos fazem-no, nunca chegam a pagar o empréstimo e, a única consequência é "ficarem sem crédito". LOL!

Às tantas ainda vai conseguir que lhe perdoem a dívida, alegando outra manipulação qualquer. O curso que está a fazer não podia ser mais desajustado ao seu carácter: Gestão de pessoas e negócios. Ela, que não gosta de ninguém e a todos enerva! Nota-se mesmo que o que almeja é uma ocupação onde possa mandar e não ter de trabalhar. Mas sendo como é, será sempre uma péssima escolha. Um gerente não deve ser isso. Ela devia ir era para guarda prisional. Porém, coitados dos outros guardas e até, dos prisioneiros. Não, é melhor que não. Imaginem a sua patalogia em terreno fértil...

Não é de admirar que eu esteja muito afectada com a situação. No emprego, este sábado, não consegui deixar de ficar triste e em espécie de pânico, com a ideia de não ir trabalhar no dia seguinte, Domingo. 


A ideia de passá-lo em casa... como explicar? A sensação é terrível. Há três semanas, passei quatro dias em casa. Não fiz nada, mal saí do quarto. Senti-me impedida de usufruir do espaço para além das quatro paredes do quarto e impedida de encontrar algo prazeroso para fazer. Só fiz dormir e pouco mais. Esse desperdício de tempo me incomodou mas sabia que, com ela cá dentro, só dá assim. 

Deve também ser por ela que os outros não saiem dos seus quartos. 

Estava tão mal, tão mal, a sentir-me sozinha nesta "luta" contra uma pessoa tão tóxica, a duvidar de mim mesma. Queria trocar ideias com alguém. Tirando a agência que nos aluga a casa, não contei isto a outros. A agência acabou por lavar as mãos e ignorar meus emails. Só soube responder: "Pague mais 75 libras de aumento de renda". 

Como bem disse alguém num comentário, ser o alvo de um narcisista é excruciantemente doloroso. Estes vídeos acabaram por ser o que me permitiu distanciar-me um pouco dos actos da M. Têm estado a ajudar. 

domingo, 16 de julho de 2017

Indecisão DECIDIDA


Faz semanas que o meu espírito sente-se atormentado. Tenho de tomar uma decisão. 



Estou a tentar decidir de vez se fico ou me despeço do emprego. 
No título escrevi "Indecisão decidida" porque no fundo sei o que queria. 
Mas não sei se é uma decisão que deva tomar já, nos parâmetros em que me encontro.

Tenho receio de escolher a opção errada e depois ter de lidar com as amargas consequências.

E de amargura, principalmente deste género, já eu tive dose para matar leões.


Só há UM MOTIVO para querer ir embora dali: aquela pessoa. 

O tal indivíduo que me faz bulling. É simplesmente impossível trabalhar com ele. Ninguém gosta, muitos se queixam... e nada acontece. Só que eu não gosto mesmo, mesmo. Sei que sem a sua presença seja qual for o contratempo que possa surgir, sempre posso chegar ao final do dia de trabalho feliz, a sentir contentamento e satisfação. Mas com a presença dele sei que ocorre o oposto. Cada minuto, cada segundo, é de tormento. Porque ele faz questão disso. 

Então a minha indecisão é esta. Devo demitir-me sem ter nada à vista e esperar que surja outra coisa - porque pode surgir - e depois sujeitar-me a essa coisa, a gostar ou não gostar, a encontrar outro sacana por outras bandas, a ganhar menos dinheiro...

Só tenho aguentado até agora porque as vezes que tenho trabalhado diretamente sobre as ordens desta pessoa têm sido diminutas. E mesmo dessas vezes, é muito desagradável. Mas talvez aguentasse, se soubesse que não teria de o suportar dias e semanas inteiras. Só que agora essa eventualidade parece-me que está garantida. Mudaram os horários e na próxima semana (a começar a meio desta) vou estar todos os meus 5 dias a trabalhar com ele como supervisor!! 

Mais de 9h por dia. Quando por vezes ele não espera nem um fôlego de segundo para começar a implicar e a irritar. Está sempre a meter defeitos no trabalho alheio, a querer mostrar-se um grande administrador, a tratar os empregados como se fosse o presidente da Coreia do Norte. Enfim, não gosto do indivíduo, não gosto da voz rachada que tem, dos berros de feirante que dá, das asneiras que sempre diz, do mau inglês soupinha-de-massa que pronuncia. 


Tudo isso é um tormento para o meu espírito pacífico e sinceramente, coma idade que tenho, ouso sentir que tenho direito a querer estar em paz no meu local de trabalho. É uma espécie de regalia que procuro aqui.

Sei o que gostava de fazer: gostava de mudar para outro emprego.
Mas não tenho nenhum em vista. Nem encontro nada diferente, ou dentro do mesmo género, que seja para melhor - em termos de trabalho e de remuneração. 

Gostava de mudar sim, mas para um mais interessante e melhor remunerado. 
Mudar sem rumo, arriscando...

Será? Este foi um risco. Tudo é um risco.
Mas quantos riscos posso eu tomar?
Tenho casa para pagar, vivo num outro país...
Dar-me ao "luxo" de me desempregar... Ainda que consiga outro emprego... 

Estou tão bem onde me encontro. Sei o trabalho quase todo de cor, mas ao mesmo tempo ainda estou a aprender. O que é maravilhoso. Sinto-me BEM naquele ambiente. Mas isso só é possível na ausência do crápula. E o que é pior é que estou a tentar trocar de turno com outra pessoa. Mas nunca ninguém aceita trocar comigo. Basta verem o nome dele ali... e ninguém aceita.


sexta-feira, 9 de junho de 2017

para Inglês ver


Nunca antes esta expressão fez mais sentido quanto faz agora, que vivo em Inglaterra.
Chego à conclusão que nesta terra o que conta é o que parece ser.

Como vos contei, no emprego vinha a ser alvo regular de uma prática de bullying daquelas mesmo reles, que não é carne nem peixe mas não perde uma oportunidade de um segundo sequer, para se manifestar. E como sabem, eu dei um berro de "Basta! Estou farta! Vou fazer queixa de ti!".

Pois por ter tentado levar o caso ao conhecimento dos superiores, foi aberta uma investigação e escutada testemunhas. Testemunhas essas que nunca cheguei a saber quem eram, nem o que contaram. Também não me importei com isso, porque não. Sabia o que tinha feito, como e porquê. Assumo o que faço de bem e de mal. E não minto. 

O estranho é que virei eu a agressora e ele, a caridosa vítima. 
Aqui, em Inglaterra. O país "das leis contra tudo". Numa empresa onde tive de fazer uma extensa formação que incluiu vários módulos sobre os diferentes tipos de descriminação e bullying - classificando todos os exemplos como inaceitáveis. Exemplos esses que nem vos passa pela cabeça!

E é aqui que sinto um desdém pelas causas e um foco exclusivo na consequência?


«É a tua interpretação». - disseram-me mais que uma vez, a cada tentativa de exemplo. "Talvez ele quisesse ajudar" - responderam de modo factual.

Não, não é a minha interpretação. É bullying mesmo!

Logo aqui... 
De facto nem sempre a reputação corresponde à realidade. E cheira-me que o Reino Unido tem reputação de muita justiça social que, na prática, não é executada. A menos que o caso diga a respeito a coisas pontuais muito específicas nas idades e géneros.

Devem julgar que o bullying só existe entre crianças e jovens. Esquecem-se que estes bullies crescem e chegam à terceira idade.

Por ter gritado, fui eu a rotulada de bully. Lol. O outro aproveitou de imediato a situação para se vitimar. O que eu obtive foi um cadastro de violência registada em processo e com direito a expulsão imediata caso algo semelhante se repita. Gritar... O que causou esse outburst passou-lhes ano lado...



Não devem ter lido BD suficiente em crianças... 
Essa coisa de tolerância «zero» a uma voz elevada não faz jus às mais cruéis nuances de bullying

A ironia de cada detalhe por vezes fazem um bailado na minha cabeça. E fico a pensar: "vale a pena??".

Se vale a pena continuar a trabalhar naquele lugar. É sobre isso que me interrogo.
Doidos por me ver expulsa devem estar um ou dois... Mas eu não me apeteceu virar as costas. Enfrentei de frente, como um forcado encara um touro. O trabalho não tenho nada contra ele. Ainda não me cansei. Vou para o emprego contente, ando a cantarolar para com os meus botões. Desagrada-me quando noto que há pessoas a fazer menos do que podiam e não ajudam, mas acho que sou das poucas que faz o que faz por gosto e não porque é uma ocupação não muito exigente que paga decentemente.


Mas até nisto noto que o que conta é o «parecer fazer»... Não conta o fazer com que outros não façam, o ajudar... Se os números - que é o que realmente importa por estas bandas - não forem satisfatórios, de nada interessam as características humanas que te deviam valorizar como empregado.

Vou dar um exemplo muito claro:
Estão seis pessoas a trabalhar com caixas registadoras. Durante o expediente há sempre uma maioria que faz por registar o maior número de pedidos, que faz por estar mais a trabalhar ali do que noutra tarefa qualquer que os afaste do dinheiro. Isto porquê? Além da preguiça (custa menos trocar dinheiro de mãos do que fazer trabalho mais sujo ou pesado) o motivo principal são os NÚMEROS. O sistema regista QUANTO é o lucro que dás à empresa. E todos espreitam na folha a quantia que cada qual fez, para se comparar e ver se fez mais. O sistema também conta as vezes em que cometes ERROS. Cada vez que se apaga um pedido - ainda que o motivo seja o cliente ter mudado de ideias - não é a QUANTIDADE de vezes que isso é feito que é contabilizado, mas O VALOR.

Por exemplo: Se um cliente pede algo no valor de 13 libras e muda de ideias, mesmo que a seguir peça algo do mesmo valor ou superior, o que conta para as estatísticas é o TOTAL do valor dos erros. O sistema define assim porque cada erro é uma OPORTUNIDADE para o empregado ROUBAR dinheiro. Algo que o cliente pagou, recebeu, mas não entrou na caixa. São os números que fornecem a suspeita de que possa haver um furto. 

TUDO é contabilizado, todo o stock é contado, não se pode tirar um pacote de chá sem dar vazão do seu paradeiro nem vender um artigo por engano, pensando se tratar de outro. Fazem logo uma investigação. Cada desperdício é medido ao milímetro. Porque o que importa são OS NÚMEROS. E quem comete «mais» erros, por muito bom que seja a lidar com clientes e com o factor humano, tem menos valor que um trabalhador que dá mais lucro.

«Hoje», pela primeira vez, perguntaram-me, no final das contas feitas à caixa: "A que horas é que entraste no serviço?". Demorei apenas uns segundos a entender a relação entre o se estar a fazer a caixa e a pergunta fora de contexto. É que, comparativamente aos restantes, hoje fiz menos 200 libras. 


Andei a pastelar ao invés de trabalhar?
Claro que não!
Digo-vos que muitos dos que fizeram mais dinheiro pastelaram bastante. Conversaram, contaram piadas... Mas quando viam um cliente a aproximar-se era quase um "empurra, chega para lá que eu é que vou registar este!".

Foi um dia de pouco movimento. De modo que chegou-se ao ponto de estarem três empregados a servir um só cliente. Mas só um destes empregados fica com os créditos, compreendem? Porque foi ele que registou e colectou o dinheiro. Se ele depois não fez mais nada é irrelevante. O que conta são os números. E os números não registam a qualidade, a simpatia... 

Estive o dia todo sem parar de trabalhar - como gosto de fazer. Ajudei os outros com os seus pedidos (deixando de registar os meus até porque haviam «gaviões» à caça da lebre) e ainda me pediram para dar formação a novos empregados. O que fiz. Bem feito, diga-se de passagem. Deixei-os serem eles a usar a registadora, levando, claro, mais tempo no processo. E isso reflecte-se em mim de que forma? Vão concluir que sou prestativa? Não. Vão me dizer que fiz menos 200 libras.



Depois contarei mais sobre este tema... por agora fico por aqui. Sabem, vou trabalhar daqui a 3h... Saio de casa daqui a uma hora e meia para apanhar o transporte que só passa duas vezes a esta hora... O curioso é que não dormi. Contava entrar mais tarde - porque todos os dias a hora é diferente e nos anteriores entrei às 7am. Por isso eram 22.20h quando senti sono e pensei que ia adormecer cedo e dormir as tão apontadas 8 horinhas... Pela primeira vez em semanas.

Mas lá me lembrei de consultar o horário e foi com um susto que o despertador me indicou que teria apenas 4h e 20 minutos de sono, se entrasse em «hibernação» de imediato! Escusado é dizer que a coisa já não funcionou. O meu cérebro começou a pensar e...  Precisou vir escrever. Já não vou dormir. Mas o que me preocupa é que, dormir dormir, só consegui fazê-lo dia 7, entre as 17.30 e as 21h00...

Mas garanto-vos que não estou (ainda) com o cérebro em papa! :)