Metereologia 24 h

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domingo, 15 de maio de 2022

A viagem de uma lesma

 


A viagem de uma lesma pode ser um momento de serena tranquilidade. Estava no jardim quando avistei uma caracoleta, mesmo a tempo de não caminhar na direcção dela. 

Decidi registar o movimento da criatura com a câmara do telemóvel. E fiquei impressionada. Em coisa de cinco minutos, a lesma percorreu uma considerável distância. 

Dizer que as pessoas lentas se movem como lesmas é insultar as lesmas. Para o que são, mexem-se muito rápido.

Neste exercício trivial, encontrei a tranquilidade que precisava para libertar-me dos stresses do dia-a-dia. Sendo hoje, Domingo, o único dia de descanso, observar uma lesma fez-me muito bem. 

Adoro estar rodeada de natureza. Não sei como há pessoas que nunca vão para um jardim, para o parque, nunca observam uma flor. Passam os dias fechadas em casa. Porque as há. A M. é uma delas. Mais uma das suas imensas contrariedades. Para uma pessoa que se diz "ligada" com a energia de tudo o que a rodeia e faz rituais com velas para conseguir para si mesma sei lá o quê - acho que não sabe é nada. Nunca a vi sequer ficar no jardim um dia que fosse. Interesse pela natureza? Nenhum. Não gosta do vento que lhe despenteia o cabelo, não gosta de "coisas" que caem das árvores, não passeia em parques e demonstrou não entender o que me faz gostar de ir lá fora, a apanhar a fresca, no jardim. 

Distraída com esta actividade, descobri que, é a observar a natureza que se aprende. Que se tiram lições. Não me tinha ocorrido - até observar a viagem da criatura, que o estado do tempo influencia os seus movimentos. Está, como dizem os ingleses, drizzling. A caracoleta tem de aproveitar as gotas da chuva miúda para se deslocar, já que as aves ficam pelas árvores, não consistindo uma ameaça maior. 

A humanidade chegou onde está hoje assim: a observar o que a rodeia. 
Assim criou o fogo.

Assim inventou a roda. 

E quando caiu uma maçã em cima da cabeça de uma pessoa, esta percebeu a teoria da relatividade. Daí a pousar na lua, foi um instantinho. 

Ninguém é verdadeiramente sábio, "conectado" com o misticismo, se não souber estar ligado com este todo que é a vida. 



sábado, 6 de julho de 2019

Os meus 15 minutos de praia


Decidi valorizar o dinheiro que apliquei na compra mensal do passe para ir até à praia. A cidade mais próxima com um pouco de mar para apaziguar as vistas fica a hora e meia de autocarro. 

Mochila às costas, chaves no bolso, carteira com cartões de débito, passe e cinco libras em dinheiro, telemóveis e lá fui eu. Não me apetecia ficar em casa. Não com estes que cá estão dentro e com este ambiente podre de joguinhos infantis e vis. Caguei neles e saí rumo à vida!

Encontrei gente, movimentação, alegria, normalidade. 

Ao descer do autocarro perto de um de muitos jardins, fiquei a olhar as aves que andavam pelo relvado e pousavam na estátua/fonte. Se estivesse em Portugal, sem dúvida que estaria a olhar para pombos. Mas no caso estava a ver gaivotas a se comportarem como pombos. Insólito.

Tirei fotos e dirigi-me de imediato até à praia. Estava apinhada de gente e senti de imediato um rasgo de alerta. Mas foi para estar à beira da água que tinha viajado até ali, pelo que percorri o percurso sem areal até à margem onde a água sem ondas bate nos calhaus para ali se deixar morrer. 

Tirei fotografias e fiz videos. Depois deitei-me para relaxar e nesse instante subitamente intuí que estava sem a carteira. Não foi sentir, pois não era suposto senti-la no bolso da frente das calças. Foi uma intuição. Levanto-me e enfio a mão no bolso onde ela devia estar. Encontrei as chaves, um lenço de papel, mas nada de carteira com cartão de débito, passe, dinheiro e dois outros cartões. 


Novamente a sensação de alarme. Mas estou tranquila. Estranhamente, sinto que não vou encontrar a carteira, ainda que a procurasse por todos os bolsos, nas calças, no casaco, na mochila, nos sacos, uma, duas, cinco vezes. Intuí que não a ia encontrar, que já estava perdida e nas mãos de alguém, mas estranhamente estava a receber a sensação de "está tudo bem". 

Claro, fiquei alarmada. Sem dinheiro para comprar o que fosse, sem passe para regressar e correndo o risco de ver a minha conta passar a zeros se alguém desse para usar o cartão em modo contactless. Mas estranhamente, diante destas eventualidades, senti que estava tudo bem.

O meu tempo na praia passou de calculadas duas a quatro horas relaxantes para 15 minutos. Tinha de abandoná-la para encontrar uma esquadra de polícia (porque aqui nunca se vê um polícia em zonas com gente apinhada, esse fenómeno só se encontra mesmo em Portugal, aqui eles ficam sossegadinhos nas esquadras sentados atrás das secretárias, nem sequer fazem ronda em automóveis, era vê-los todos estacionados ali no parque da esquadra, com um quarteirão de comprimento).

Fui perguntando pelos estabelecimentos comerciais que vi ainda pela praia se alguém tinha encontrado uma carteira e onde ficava a esquadra. Quando percebi que me deram indicações contraditórias, desisti da caça a gambozinos e dirigi-me a um hotel. Aí as pessoas na recepção foram simpáticas e passaram-me informações práticas e úteis. Com um mapa da cidade indicando onde era a esquadra, pedi ainda se  podia ligar-me ao WI-Fi para então cancelar o cartão de débito, pois graças a eles, soube que era possivel fazê-lo de imediato, não seria preciso esperar até segunda-feira até os bancos abrirem.


Foram muito úteis, e eu fiz o meu melhor para anular aquele cartão. Por mais que eu repetisse o meu código postal e o meu nome, soletrando cada letra incontáveis vezes - P de Papa, O de Oscar, R de Romeo, T de Tango, U de Uniform, G de Golf, U de Uniform, E de Echo, S for Sierra, I de India, N de November, H de Hotel e A de Alpha - não havia meio de "encontrarem-me" no sistema. Mas após muitas tentativas,  graças ao sinal do online baking ter voltado a ficar disponível, finalmente, lá consegui os dados da conta. Porque sem eles e só com a identificação pessoal, ainda que com tudo soletrado, nunca iam chegar lá. 

Raios parta os britânicos que sempre se atrapalham todos com nomes! 

Adiante: Agora era suposto ir à esquadra. E fui. Mas foi perda de tempo. Já não registavam casos de perdas - só de furtos. E como pode ter sido um e outro mas certeza não tenho, claro que eles descartaram-se de imediato e mandaram-me registar o caso online. Quis saber mais informações na esquadra de polícia, nomeadamente quais as minhas chances de encontrar um bom samaritano que, em último caso, se oferecesse para me pagar o bilhete de volta a casa e principalmente, caso tivesse de caminhar de volta, quanto tempo levaria a fazer o percurso.  Totalmente sem compaixão, trataram de me mandar embora. 

Fica o aviso: procurem hotéis e esqueçam esquadras de polícia.

Chegou a altura de ir para a paragem de autocarro tentar a sorte. O primeiro motorista disse-me que podia entrar. Fiquei muito aliviada. Mas tinha reconhecido uma passageira que viajou comigo até lá e pedi para que fosse minha testemunha de que viajei com bilhete. Ela preferiu ir no autocarro que vinha atrás - eu também pretendia usar esse que faz o percurso mais rapidamente. Porém a reação desse motorista foi diferente. Sem comprovativo de compra não me deixou viajar. Tentei ligar-me online para mostrar a compra mas não deu tempo. Ele estava a pedir-me para sair. Uma senhora de idade perguntou quanto era o bilhete que mo pagaria. Mas ao escutar 5.60 disse que não tinha dinheiro. Inspirada, numa última tentativa perguntei se alguém podia pagar-me um bilhete. Todos acenaram que não. 

E saí do autocarro. O próximo, só dali a uma hora. O meu coração ficou a desejar que esse motorista fosse como o primeiro. Entretanto meti conversa na paragem e perguntei logo ali se por acaso... se fosse preciso... disseram logo que não. Responderam que escutam isso todos os dias e já não querem saber. Eu aceitei. Compreendo. Em alguns casos eu também faço o mesmo. Se vejo que a pessoa que pede dinheiro para um bilhete mas aparenta ter um ar de quem quer o dinheiro para vícios, também não tenho o impulso de ajudar. Mas já ajudei, noutras ocasiões, com pessoas que me pareceram realmente vítimas de um súbito infortúnio. 

Conversei muito com o casal que me "negou" ajuda financeira. Mais para o final, surgiu um rapaz, muito conversador, e a conversa engendrou em vários temas até que o autocarro apareceu. O meu coração aos pulos. Não sabia se ia viajar naquele, ou se ia receber outra nega e a minha última chance ficaria para o último autocarro do dia. Mas a sensação de que tudo ia correr bem ainda permanecia. 

Assim que abri a boca e disse.... «roubaram-me a carteira com o passe e o cartão com dinheiro» o motorista respondeu: "Sim, claro, entre". Agradeci e entrei logo. Nem hesitei. Talvez o motorista anterior tenha avisado por rádio do sucedido. Soprei um beijo de agradecimento à senhora a quem pedi para me meter na frente, pois precisava perguntar ao motorista se me deixava viajar sem a carteira que me tinha sido roubada. Ela logo se ofereceu para me pagar bilhete. Fiquei grata. Porque assim, independentemente da resposta do motorista, ia poder viajar. 

Agradeci-lhe e logo lhe disse que queria a morada dela para lho devolver, mas que me deixasse perguntar primeiro ao motorista se podia viajar sem comprar novo bilhete, uma vez que tinha passe mas este foi furtado. 


E pronto. Foi assim a minha ida à praia. Voltei a procurar a carteira em tudo o que é orifício, e de facto não a tenho comigo. Provavelmente deixei de a ter assim que pisei os pedragulhos que fazem as vezes do areal. E dei conta disso graças a uma misteriosa intuição. Não me desesperei como podia, também graças a uma sensação de "está tranquila" que me surgiu em simultâneo. 

Foi só uma inconveniência. Não tive quase nenhum minuto de praia, só horas a procurar soluções para uma carteira desaparecida e falta de meios para regressar a casa. Entre estes factos, o tempo todo senti que tinha saído de casa para viver uma aventura e calhou ser esta. Senti que estava a passar por isto por um motivo e com algum propósito benéfico. Só mais à frente saberei que lição daqui vou tirar. 

Acredito que ainda existem bons samaritanos neste mundo. E eu só tinha de encontrar alguns.

Fiquei imensamente grata a todos os que me prestaram auxílio, por pequeno que fosse. 
A todos queria agradecer - e agradeci, mas queria também mostrar gratidão. 

Se pudesse, enviava a todos um ramo de flores, uma garrafa de vinho e voltava a enaltecer os gestos que tiveram.  Pequenas coisas, fazem grandes diferenças. 


Hoje já vou dormir na minha cama e não no asfalto de um passeio qualquer. 
Sim, pequenos gestos fazem grandes diferenças.

Bem-haja!

quarta-feira, 21 de junho de 2017

A noção de que somos todos irmãos


É na tragédia que se percebe o quanto o mundo é pequeno.´

A morte de tantos inocentes no incêndio em Pedrogão sensibilizou de imediato o país inteiro e os portugueses a viver no estrangeiro. 

Saiu um apelo nas redes sociais por informações de famílias desaparecidas. 

É uma tragédia que nos afeta a todos. 
Se pensamos que alguém que não conhecemos diretamente não nos é nada, estamos enganados. Vim a descobrir, por intermédio da quantidade de pessoas surpreendidas, que tantos que conhecemos isoladamente conhecem direto ou indiretamente um teu familiar. Todos interagimos uns com os outros. Efeito borboleta...

A morte trágica que está a abalar familiares meus, que tem a mesma ressonância em tantas outras famílias, serviu para perceber o quanto eram amados por colegas, amigos, família. Serviu para saber que a prima da cunhada conhecia a mãe da vítima... E que a ex-colega do emprego tem um irmão que trabalhava e convivia com a outra vítima... Serviu para saber que as empresas onde trabalhavam ofereceram ajuda, serviu para entender que nos unimos em momentos como este. 

O mundo é assim: tão pequeno.
Todos se conhecem... 
E no entanto, estamos sempre tão sós...

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pérolas a Porcos


Se há uma coisa que de certo modo pode definir a minha vida é que sempre estive anos à frente do meu tempo. E percebendo isso interrogo-me, hoje, como será daqui a várias décadas (infelizmente pressinto que vai levar todo este tempo) quando finalmente este povo perceber que no ambiente de trabalho tem de reinar a educação, comunicação eficiente e cortesia.

Imagino que daqui a muuuuuuuito tempo finalmente se vai constatar e implantar nesta sociedade "evoluída" e comospolita, este princípio de cordialidade, foco e eficiência que, de resto, imagino já existir noutras partes do mundo. E penso também nos meus antepassados, nos que vieram antes. Em todos aqueles que nasceram e viveram "noutros tempos" e que tanta vez escutei dizer: «já não existe respeito» ou «no meu tempo tinha-se respeito» ou «no meu tempo não era como é hoje. Hoje as pessoas não têm educação, não sabem trabalhar e não respeitam os outros».

E estavam certos. Oh, como estavam. Gostaria de ter nascido e vivido, num sentido, no passado. Nesse tempo em que o respeito ainda proliferava nas interacções humanas. E gostava, noutro sentido, de viver no futuro, onde de certa forma sempre pertenci. O mundo evoluí muito lentamente como o ranho de um caracol e eu envelheço nele muito depressa.


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Soylent Green

A respeito da notícia que hoje foi divulgada por cada telejornal sobre a criação com direito a prova de gosto do primeiro "bife" artificial in vitro, feito a partir de células estaminais de vacas ou outros animais.

Deixem-me dizer que senti tristeza e uma persistente sensação de alarme ao ouvir tal notícia. Acho absurda. Eu, que adoro ciência aliada ao progresso desde pequenina, que vejo com bons olhos e esperança os estudos genéticos e em particular os da células estaminais, DETESTEI esta notícia.

Porquê? Porque sei que não vai beneficiar a humanidade e visa apenas o LUCRO.

A alimentação humana nas últimas décadas tem sofrido bastantes mudanças e para PIOR. Exactamente porque "inventam" coisas não-naturais. Ora, carne é carne. Deixem-se de aditivos, de conservantes e outras tretas. A alimentação da humanidade está inundada de "veneno" disfarçado de comida. Muito dele, disfarçado de comida "saudável". E o que se vê são pessoas cada vez menos saudáveis - e não é só porque os hábitos de exercício físico decaíram em proporção ao passado. É porque o que damos ao nosso organismo para sobreviver está alterado na base.

Basta ler as etiquetas das embalagens de carne no supermercado, para se saber que já de carne tem pouco se alguma sequer. E da boa então, julgo mesmo nem existir. Tudo tem conservantes, emulsionantes, vestígios de soja, milho, etc. Lembro-me de gostar tanto de comer pão quando era criança. E no dia seguinte ainda estava bom e macio para consumo. Agora se não o consumir no espaço de poucas horas após o tirar quente da prateleira do supermercado, fica duro. Desfaz-se TODO em tantas migalhas e farelos e o gosto parece ter desaparecido. Parece que fugiu para não voltar mais. São muitas as "mínimas" alterações que a alimentação da humanidade tem sofrido para "seu benefício" que veio a alterar a saúde. Reflecte-se na pele, nos cabelos, agora mais baços, mais finos e quebradiços, menores em quantidade. E se hoje dispomos de tantos produtos cosméticos que "dizem" que só melhora tudo, então porque na realidade não estamos melhor?
(colocar ilustração sobre a alteração do fabrico do pão em artigo do século passado)

Porque nos alimentamos com produtos de qualidade inferior.
Antigamente era simples: carne era carne, peixe era peixe, podia não existir em todas as mesas com a mesma frequência mas era IGUAL para todos. Agora não. Agora todos levam com os produtos alterados e se existirem aqueles que podem consumir os genuínos e inalterados, decerto são aqueles que têm a carteira bem recheada de notas. Ou seja: as diferenças sociais ainda existem, apenas parece que todos temos acesso ao mesmo produto - na realidade não temos.

Esse é um dos lados que me indignam, mas tenho outros ainda mais sérios - se sério não bastasse a qualidade da alimentação da humanidade. O que me entristece é que sou a favor deste género de estudos mas se os mesmos avançarem porque a intenção é MELHORAR a condição de vida da humanidade. Quanto dinheiro não foi já investido no estudo das células estaminais na esperança daqui se encontrar a CURA para doenças, algumas tão sérias e graves como a PARALESIA?

E o que os cientistas correm para fazer com esse conhecimento? - Carne artificial.
Não órgãos artificiais, que podem salvar vidas e impedir a carnificina do tráfego de órgãos e o assassinato de mulheres, crianças e homens pobres do terceiro mundo. Não criaram a substância milagrosa que a espinal medula necessita para se re-erguer. Criaram carne artificial. Sem gosto, por enquanto e julgo que para todo o sempre. Sem prazer para os sentidos - por mais que os contemplados com a degustação quisessem disfarçar.

E tudo isto visa o lucro individual dos já ricos, para que possam ficar ainda mais ricos e poderosos- NADA disto visa acabar com a fome no mundo! Um propósito aliás, tão antigo mas tão antigo que não me restam já dúvidas que se fosse verdadeiro já tinha sido implementado. O que pretendem é dispensar a parte dos CUSTOS de criação, manutenção, saúde, e postos de trabalho em troca de um só indivíduo fechado num laboratório a criar carne para o país inteiro nos próximos 10 anos a partir de uma mesma vaca. Já imaginaram? Ao invés de criar e disponibilizar carne de vários animais - logo por isso dificilmente igual, basta-lhes uma minúscula célula de um único animal.

Assim os que já controlam tudo e são PODRES DE RICOS podem ganhar mais dinheiro que antes com apenas meia-dúzia de células estaminais de um único animal. Já imaginaram isto? Não têm os custos de produção, de manutenção, de alimentação, nada! É só pagar a UMA PESSOA num laboratório e pronto: centenas de postos de trabalho deixam de existir, milhares de verdinhas começam a entrar quando na realidade o que está a sair corresponde a menos de 1/50 das despesas de uma produção realmente natura.

Claro, alguns podem tentar ver nisto a "cura" para a fome mundial. TRETAS. Se há algo que já descobri com espanto mas descobri, é que os poderosos não têm interesse em irradiar a fome do planeta. Porque se quisessem, já o tinham feito. Pelo contrário: até a exploram e com ela tentam tirar lucro. Algumas fortunas de apenas uma ou duas pessoas neste mundo serviriam para o efeito. Mas ainda que não fosse doando todo o dinheiro, têm outros recursos, têm meios, têm excedentes. Têm até doações de bens alimentares e de dinheiro - muitas vezes desviados para proveito próprio. Não. Os poderosos querem é poder e dinheiro. O resto - a saúde e bem estar da humanidade é-lhes indiferente. (colocar ilustração de Imelda)

Por isso é que a notícia me deixou triste. Temo o futuro dos filhos de todos nós. Não vejo nenhum benefício num potencial bife in vitro. Vai se continuar a perder o sabor dos alimentos como os chegamos a conhecer. E basta uma geração para que tudo fique sabotado. No futuro os nossos descendentes, os nossos filhos e talvez netos não vão fazer a mínima ideia do que é o SABOR verdadeiros dos alimentos. Eu própria já estou quase a esquecer de muitos, tantos são já os anos de pão sem gosto, carne nem sempre saborosa, frangos de crescimento rápido, peixe de cativeiro, fruta e legumes de crescimento rápido e de longa durabilidade e resistência. TUDO se paga no sabor mas, ainda pior, paga-se porque estes alimentos carecem dos nutrientes originais que são essenciais ao nosso organismo. E porquê haviam os fabricantes ávidos por dinheiro fazer um pão cuja uma só fatia é suficiente para saciar um indivíduo, quando podem fazer 10 que nunca vão surtir o mesmo efeito? Em pouco tempo a comida natural está a pagar-se mais cara. Como se fosse UM LUXO poder comer um tomate. Ou um pedaço de carne de um animal. Ou um peixe do oceano. Coisas naturalmente criadas, com todo o seu sabor que provém do tempo de maturação e da qualidade da semente e/ou da ausência de mesclagem do gene do "boi" procriador com as melhores vacas. Sabores autênticos, vindos da natureza, quando a natureza os dá.

O problema é sempre o mesmo: o que a humanidade FAZ com o conhecimento que tem em mãos. Parece que nunca se quer virar para o caminho do bem. Só para o caminho do LUCRO. Decepção.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Flores de Estufa

No comportamento humano, há coisas que observo e muito lamento.
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Reflicto sobre os comportamentos sociais das massas. Há coisas que não me parecem naturais, mas vá lá que as massas o entendam. Todos o fazem e, como cordeirinhos que seguem atrás da manada, envaidecidos que vivem de que são únicos, lá repetem os hábitos, dia após dia, sem nunca alterar nada.
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Sou uma pessoa caseira mas julgo-me com gostos sãos. Gosto de sair e caminhar ao ar livre. Gosto que a minha pele sinta a presença do sol, do vento e da chuva. Gosto que os meus ouvidos oiçam o ruído do vento nos arbustos, o canto dos pássaros, o barulho da água a correr, e mesmo as viaturas a passar na estrada (de preferência, distante). Gosto mais ainda, de escutar o silêncio.

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Faz-me por isso confusão que na hora de almoço, as pessoas que se encontram a trabalhar num ambiente já de si ruidoso, saiam dos escritórios, enfiem-se nos carros, entrem em restaurantes barulhentos, enfiem-se novamente nos carros, novamente nos escritórios e quando já vai anoitecer, voltam para os carros, para se enfiarem em casa, de onde voltam a sair de manhã para entrar no carro e, sempre isolados do contacto com a atmosfera natural, só de lá sairem a correr para o interior do escritório.
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Pessoas que são autênticas «flores de estufa»!
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Afecta-me particularmente este momento do dia, porque sempre sinto vontade de um pouco de tranquilidade ao ar livre. Viver desta maneira, como vejo os outros a viver, faz-me muita confusão! Mas o engraçado, é que o ET sou eu. Porque todos ao meu redor adoptam este comportamento. Logo, quem é diferente é que não deve bater bem «da cabecinha».
E já que falo do comportamento humano, afecta-me também as pessoas que seguem as modas. Querem ser únicas, copiando os outros. Esta contradição não faz sentido, não é verdade? Mas não entendem... então vejo mulheres vestidas de forma semelhante, com o dia estragado quando encontram uma outra com botas iguais. Pior ficam, se acharem que, na outra, o dito objecto de adorno fica-lhe melhor!
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Esta preocupação com a imagem, a superficialidade do carácter das pessoas, a distorção dos valores e da capacidade para bem analisar os outros, tudo isto, afecta-me e hoje decidi escrever um pouco sobre o assunto.

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