Metereologia 24 h

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segunda-feira, 12 de junho de 2017

O que os ingleses julgam de RUDE

Hoje um «chefe», meio a brincar - depois a sério, disse-me que eu fui rude por lhe ter apontado o dedo.

- Rude?!??!! - Repeti eu em espanto.
- Sim, apontar o dedo é rude.
- Não. Apontar não é rude.
- É considerado rude sim.
- OK...  

Este é um dos exemplos que posso dar para falar de uns comportamentos comuns que avisto por aqui que me têm estado a apoquentar. E acho que posso classificar todos eles nessa categoria hoje injustamente rotulada ao meu dedo: RUDEZA.

Mas primeiro quero descrever a circunstância em que «lhe apontei o dedo». Foi-me dito que precisava anotar numa folha as horas de trabalho porque (mais uma vez) a máquina que «pica o ponto» deixou de funcionar. Euzinha, sempre tão responsável, sempre preocupada e a tentar fazer o que é certo e o que me é pedido, pega na folha, numa caneta e trata de começar a escrever a hora de saída. Nisto vejo o «chefe» passar apressadamente à frente do balcão e vou para o chamar. Levanto o braço onde estou a segurar a caneta e levanto o meu dedo indicador ligeiramente - como as crianças fazem na sala de aulas da escola - onde são ensinadas que é da boa educação pedir a vez para falar, ora levantando o braço e abrindo a mão, ora pedindo "licença" como quem estica o dedo indicador para chamar um táxi ou para chamar o empregado de mesa.

Foi só isso. Na verdade, o gesto nem chegou a se finalizar. Só tive tempo de erguer o braço e o dedo no ar e de abrir a boca, porque não me lembrava do nome do chefe.

Mas se apontar o dedo é rude por estas terras, Ok...
Fiquemos com exemplos de pessoas rudes.










Sinto uma certa Dó por esta gente...
Parece que estão a querer ser «politicamente correctos» com tudo, acabando por remover as emoções boas das coisas, o calor humano dos gestos. Estão estilizados. Julgam-se livres mas estão socialmente reprimidos. E o que é pior: pegam em algo puro e inocente e conotam-lhe pecado - sinto dó deles.

São vários os exemplos que verifico no dia-a-dia que encaixam neste conceito.

Acho que apontar e agitar o dedo em riste durante uma discussão pode ser considerado rude. Pode até ser um prelúdio de violência. Mas à que distinguir as coisas!


Podem-se apontar dedos bons e dedos maus. E aqui não fazem isso. No UK um dedo apontado é um dedo apontado. Nem chega a ser "feio", como nós em Portugal ensinamos: «não apontes o dedo que é feio». Aqui é logo rude e dá à outra pessoa um argumento socialmente aceite de ter sido vítima de um gesto inadequado.

Em portugal é apenas feio. Apontar o dedo para indicar uma direcção ou a alguém é algo que se deve evitar. Mas isto de censurar um dedo apontado, é, a meu ver, uma regra arcaica, que suspeito ter tido origem na aristocracia e burguesia que se queria diferenciar socialmente dos pobres e lá estipulou como sinal de estatuto o dedo apontado. Porque os pobres e analfabetos tinham de comunicar por gestos para se fazerem entender. Eram os que usavam os punhos por não saberem resolver as suas diferenças só pelo poder da argumentação. Já os magistrados, os nobres, esses sabiam línguas, tinham muitas regras sociais a cumprir... a comunicação tinha que seguir protocolos verbais. Isso é que ficava bem.

É cómico, ridículo e até repulsivo que hoje se diga que a rudeza parte de quem aponta e não de quem o estipulou por razões tão infelizes.