Metereologia 24 h

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domingo, 2 de abril de 2023

Cheated of my life

 

Foi um comentário no youtube que me fez repensar tudo. Meus pais são vivos. Se a ordem das coisas for a usual, irei os perder antes da minha vez também chegar. Não sei como será quando isso acontecer. Comecei a temer essa altura. 

Mas depois de ler aquele comentário, comecei a pensar noutra perspectiva que tal mudança traz para as nossas vidas. Ficará mais solitária? Sim. Mas terminará também uma co-dependência. 

O comentário foi o desabafo de uma mulher que, no leito de morte da mãe, a ouviu dizer: "Agora vais poder COMEÇAR A VIVER". 

Essas palavras, e a admissão da própria que, a pesar da dor, nesse instante foi exatamente o que aconteceu, ressonou dentro de mim. 

Em vez de focarmos-nos na perda, deviamos focarmos nos ganhos. 
A nossa vida re-começa. Não temos mais aquela pessoa ali que, pode parecer para bem mas, se calhar, também é para mal, está disponível e nos exige disponibilidade. 

Achei muito interessante aquela mãe saber que estava, de certo modo, a impedir a filha de viver e dizer-lhe que a sua morte significava liberdade para ela. Mas que coisa linda de se dizer. Talvez o derradeiro gesto realmente altruísta de mãe. 

Porque, sejamos sinceros, altruísmo em mãe está muito sobrevalorizado. A maioria é capaz de actos altruístas mas tem sempre uma base egoísta. Acho até que o egoísmo pesa mais na balança dos pais que outra coisa. Pelo menos a minha experiência assim o diz e, até hoje, é algo que constato diariamente. Eles, contudo, estão alheios a essa realidade. Preferem interpretar as coisas com a conotação tradicional. É mais cómoda e soa melhor. Porém, não é a realidade. 


 

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

É por aqui que vieste ao MUNDO

 


A DOR DO PARTO 

"O corpo Humano só pode suportar 45 unidades de dor. Durante o parto, uma mulher suporta até 57, o que equivale a 20 OSSOS quebrados todos de uma só VEZ.

Respeite o género feminino. Tome consciência do que nos diferencia e ame o amor capaz de suportar tamanha dor".


Encontrei esta informação na internet. 

O que acham?

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Histórias de amor na telinha


Uma novela que me apaixonou há uns anos está em reprise. Uma mulher e um homem perto dos 30 conhecem-se e perdem-se de amores. Mas por contratempos e interferência de terceiros, os dois separam-se, acreditando que foram traídos pelo outro. 

Ela é a primeira a sofrer. Já se imaginava casada e com filhos - sonho que havia enterrado e que, por aquele sentimento que ele lhe despertou, voltou a ser real e tornou-se desejado. É nesse instante que se dá o golpe emocional: é subitamente atirada para a lama ao receber uma carta de rompimento (que não é dele mas pensa ser por não ter tido tempo de lhe conhecer a caligrafia). Julga-se abandonada, percebe-se usada de forma vil e cruel. Isso praticamente a destrói. 

Ela não vê mais sentido para continuar a viver! A menos que encontre o sacana para se vingar das mentiras e da forma vil como a usou e brincou com os seus sentimentos. O tempo que teve para viver o romance foi tão curto, que não deu para saber nada realmente sério sobre ele: quem era a sua família, onde morava. Só lhe sabia o nome, nada mais!

Ela faz disso o seu motivo para continuar viva e fica obcecada: quer descobrir onde ele anda, qual o seu paradeiro. "Vingar-se" - diz ela.

Começa a gastar rios de dinheiro - todas as suas poupanças (de mulher rica), em investigações que não levam a lado algum e quase colocam a sua vida em risco. Fica à beira da falência. Até que decide aceitar o afecto de um cavalheiro igualmente sofrido, que lhe oferece o casamento e a vida com a qual passou a sonhar e que viu ser brutalmente esmagada.


Revejo-me um pouco nesta história. Removendo a parte da vingança, pois já não sou dada a esses impulsos juvenis. Tenho maturidade suficiente para não ir por aí e a minha inclinação é desejar bem às pessoas, mesmo as que me ferem. Pelo menos costumava ser assim. Agora talvez abra excepções.

Revejo-me também na parte em que ela gasta rios de dinheiro - todas as suas economias, para o tentar encontrar. Ainda não tive tempo para contar essa parte da minha actual história. Continuo a rever-me na de ficção, mas optei por um caminho diferente, embora o resultado seja o mesmo: esbanjar as poupanças.

No pico daquele desespero de lágrimas sem fim e angústia no coração, sei que mencionei aqui que fiz umas compras por impulso. Soube de imediato porquê as fiz. Foi a minha maneira de me agarrar a algo. um impulso que nunca antes tive. Assim como ela se agarra à vingança, eu decidi investir em mim. Por impulso, entrei numa loja oculista e fiz um teste à vista. Que, claro, acusou necessidade de usar uns para combater o "cansaço e esforço" ocular. Deixei-me levar e paguei por algo que não uso e coloco em causa que faça falta. Depois comprei roupa, acessórios. Uns estão ainda por usar. Logo de seguida decidi ir em frente com algo interrompido, e optei por arranjar os dentes, não importa quanto me fossem cobrar. E depois, decidi seguir os concelhos de uma especialista, para melhorar a minha aparência. E decidi afastar-me viajar mais. Comprei mais passagens de avião. Ao todo, desde que tudo aconteceu há pouco mais de dois meses, já esbanjei 15.000€. 

E não teria gasto um centavo, não fosse pelo impacto emocional causado pelo seu comportamento inexplicável.

Podia tão bem ter gasto o mesmo em coisas tão melhores, feitas a dois... ai.


Mais gastos podem vir a caminho. Não vejo resultados alguns no "aperfeiçoamento" da imagem e isso pode levar-me a fazer experiências ainda mais caras. Nesse sentido, sei não ter economizado o suficiente para tamanha ambição. 15.000€ é muito dinheiro, mas não é nada se pretender enveredar pelo caminho dos tratamentos estéticos. Por exemplo: se um especialista dizer-me que necessito de implantes mamários, isso não faz parte dos meus planos mas, se ficar convencida que faz sentido e como sei que não estou satisfeita com a direcção para a qual os seios estão a ir, ele poderá convencer-me que é o melhor. E eu vou considerar essa opção. Estou disposta a isso. 

Tudo por causa do que me motiva a investir em mim: recuperar-me e esconder uma dor, um conjunto de muitos sofrimentos de uma vida inteira, decepções a perda de sentido em continuar respirando. Uma última forma de vir à superfície em busca de ar. 

Ao mesmo tempo, talvez não queira fazer nada. Não tive grande saída: ou era isso, ou desistir de vez. As duas decisões em si podem parecer opostas, mas não estão afastadas. Ambas são um acto extremo para um sentimento idêntico: uma dor tão poderosa, que se torna incapacitante e remove o sentido a tudo.


A história da novela não tem qualquer hipótese de acontecer nos dias de hoje - podem estar a pensar. Enganam-se. Basta substituir a carta por um SMS e é tão contemporânea quanto sempre será. Decepções amorosas são eternas e, pessoas a querer intervir numa história de amor e alterar a vida das outras também. 


Agora que estou a ficar mais velhota (e menos observada na rua), cheguei a contemplar a ideia de um dia vir a saber o que é ser rejeitada. Não que nunca tenha acontecido gostar de quem não gostasse de mim, e ser ignorada, ou preterida ou ter sofrido antes... Mas assim, de chapada na cara, seca, agressiva... Nunca. (Ou quase nunca, não sem ficar com uma ideia de um possível motivo).

Cresci a ser assediada, a ser mirada, achei que era assim com todas as mulheres. Não sabia que não era. (sorte das que não são, aproveitam melhor a vida). Aprendi a fazer cara feia, para dissuadir esses comportamentos, que sempre me deixaram desconfortável ou irritada. E descudei-me, apreciando a alteração de comportamentos que isso trouxe. Embora bastasse vestir-me um pouco melhor, para os ver regressar. Porém, a flacidez idade não perdoa nem a mais bela das mulheres (não, não me considero uma, nunca considerei). Acho que devo começar a contemplar coisas melhores, pois, mesmo na fantasia, o cupido sádico só sabe apanhar as partes que lhe interessam.

Sejam felizes.

sábado, 12 de outubro de 2019

A vida a mudar de vontade


Trabalhar costumava ser a coisa que mais prazer me proporcionava. Até ele aparecer.
Agora penso em coisas que já estavam esquecidas, e, por isso, não eram desejadas. 

Não sentia falta delas. 
Trabalhar, conviver com pessoas... esta simplicidade da vida, era tudo o que queria. 



Não sei se é efeito da chuva ou se é do tipo de pessoas que me cercam, mas têm aparecido uns tantos  machos a "sondar" se estou disponível. O primeiro foi o Jason (o do supermercado), depois foi um rapaz no trabalho onde estive apenas uma semana (lol), que já me estava a enviar mensagens e a elogiar-me... (WTF??) e mais recentemente... o tipo que me oferece boleia e do qual falei aqui.

Ele próprio disse-me que só quer falar com alguém adulto. Tem filhos adolescentes, o trabalho dele é conduzir camiões, logo, é uma função solitária. Gostava de falar com alguém ao final do dia e por isso oferecia-me boleia. Disse-me que não queria que eu pensasse que o fazia com segundas intenções. 

Até o que ele me perguntou a seguir, acreditei nele. Tinha ficado tão surpreendida e agradada pelo facto dele me ter tratado tão indiferente ao facto de eu ser mulher. Tratou-me como igual. Achei mesmo que tinha dado aquela primeira boleia motivado por bondade e nada mais. Principalmente por ter acontecido no dia em que aconteceu. Estava eu de rastos, sem saber sequer se o meu rosto conseguia disfarçar a angústia que sentia por dentro.

Porém, de seguida perguntou-me a idade, se era casada, se tinha filhos...
Disse-me que tinha 48 anos, dois filhos e obviamente, não tem companheira.

Estou CANSADA deste interrogatório.
Não há quem não pergunte, quem não queira saber. Quem não "julgue"!

Até mesmo mulheres, colegas de emprego.
"Onde moras? És casada? Tens quantos filhos?" - foram as perguntas que também escutei há coisa de duas horas, no trabalho.

Sabem quem NUNCA me colocou estas perguntas?
Ele.
Nunca. Nem uma única vez. E isso foi bom.


Digam-me vocês, que tipo de resposta alternativa posso eu dar a estas perguntas com que sou bombardeada? Já as escutei mais de 50 vezes!

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Nasceu Jesus Cristo (e outras coisas)

Impressões sobre a nossa Comunicação Social:


1) A julgar pelo telejornal da CM, o nascimento de Jesus Cristo há 2017 anos foi totalmente ofuscado pelo nascimento de Alana Martina. 

A miúda nasceu há dois dias, mas o telejornal não pára de falar disso. Faz um indeferido à porta da maternidade em madrid, põe-se a adivinhar as emoções dos pais e faz autênticas dissertações à fotografia pós-parto publicada por Georgina, a mãe da bebé, assim que chegou a casa. 


Isto de querer ser «chique» e imitar todas as estrelas internacionais, não resultou para Georgina. Olhem que falta de chá na foto... Diria que os dedos dos pés esticados para ficar bem na imagem já denuncia onde está o foco da maternidade... E as flores à volta de todo o sofá? Há que saber construir um cenário e este não foi bem conseguido. 



2) Entre Marido e Mulher, não se põe a colher

Parece que a Comunicação Social só agora descobriu que ser-se polícia é uma PROFISSÃO DE RISCO.
Ao que tudo indica, ao se ser polícia e tentar interromper uma briga, por espantoso que pareça, corre-se o risco de apanhar uns estalos. Vejam só! A descoberta que os media fizeram... Isto e a pólvora não sei não... qual a mais surpreendente. 

O pior é que está a fazer com que aqueles que não são tão estúpidos, sintam-se assim. 
O que pretende com todo este alarmismo?



Jantar «Polémico» 

A mesma comunicação social demorou DOIS DIAS a descobrir que o jantar da web summit no Panteão Nacional não foi o único a realizar-se naquela localização. E depois demorou dois dias para falar de todos os prévios. Isto é que é saber mugir a vaca! Não tem mais leite para dar, mas recicla-se. 


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Amor sem tabus


E preocupam-se é com os primos!


Anda esta sociedade moral a temer durante décadas a união carnal entre primos, condenando e vigiando adolescentes com receio que troquem uns beijinhos, para evoluirmos (ou regredirmos?) para situações bem mais picantes...

ler aqui.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Mãe aos 72 anos


VERDADE OU MENTIRA?


Deus e um grande contributo da ciência.

domingo, 29 de novembro de 2015

Ah, o espírito Natalício!


Fiquei de encontrar umas pessoas num centro comercial e aproveitar para fazer umas comprinhas. Nisto avistei uma aldeia de Natal, deslumbrante!


(ver mais fotos abaixo)
O Pai Natal, sentado na sua cadeira, também estava lá, a dar presentes e a tirar retratos com as crianças, sem cobrar um cêntimo! 

Ao lado estava um labirinto decorado com neve, bonecos, pinguins, todos animados. Dava gosto de ver. As crianças corriam naquela área e estranhei que tantas estivessem quase que a desmanchar o cenário, porque levantavam a cobertura de neve, derrubavam os bonecos e andavam frenéticos a correr por todo o lado. Procuravam algo. Decorria uma "caça ao tesouro". É aí que oiço uns pais instruirem um dos filhos com cerca de 6 anos a ir procurar debaixo de uma figura decorativa, porque tinham reparado quando a pessoa responsável pelo espaço tinha escondido uma peça ali.

O miúdo encontra-a e junta-se ao irmão, que também já tinha encontrado o seu tesouro e ficam os dois felizes, a brincar com  o presente «achado». Outras crianças, de mãos vazias, mais pequenas, ainda corriam a procurar. Nisto o pai dos irmãos instrui-os para continuarem até acharem os restantes três e assim, ficarem com todos.


Ah, o espírito de Natal!
A partilha...

Estava mesmo ali, não vos parece?




sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A ordem natural das coisas


O tema vem a propósito de um post facebookiano em que calhei colocar as vistas em cima. 

"Queixava-se" a pessoa que os filhos são e sempre serão ingratos e "nunca vão saber" tudo o que os pais fizeram por eles". 

Mas afinal existe ingratidão? Qual o lado realmente "ingrato"? O dos filhos ou o dos pais?


Deixem-me partilhar o que penso: Se tem de existir essa tal de «ingratidão», então que seja do filho para com os pais. É só a ordem natural das coisas. Porque quando são os pais para com os filhos, é muito, muito pior!!


Mas o que está realmente em causa será a ingratidão dos filhos ou será a solidão dos pais?

Acredito que muitos filhos não são ingratos. Se a alegação aparenta ter fundamento é apenas porque os filhos estão a fazer pela vida, moram em suas casas, têm responsabilidades maiores e muitos têm já crianças suas para criar. Dão a atenção que conseguem dar dentro da azáfema da vida que levam.

Os pais de hoje, que se queixam da falta da atenção dos filhos, por acaso pararam para pensar se como filhos, também foram 'ingratos'? Se por acaso os seus pais também sentiram o tal do abandono? E se sim, por acaso foram eles responsáveis?


É o ciclo natural das coisas. E assim tem de ser. A meu ver, um pai devia sentir-se contente por ver que um filho tem uma vida preenchida. É sinal de que fez um bom trabalho na sua criação. E agora chegou a vez de ser o filho a fazer pela vida, a abrir o seu espaço, a vez de ser ele a criar a sua família.

E o que acontece aos "avós"? 
Em portugal não estamos mentalmente "formatados" para pensar em ter uma vida pessoal para além da familiar. As coisas se misturam, é bem verdade. Mas também precisam de ser distintas em alguma coisa. E em Portugal não se tem muito essa cultura. Por cá o comum é, depois dos filhos criados, surgir a reforma e com ela, tempo. Tempo de vazio, tempo que deixou de ser medido ao segundo, tempo para preencher. Tempo em que nem se sabe em que dia da semana se está. E o mês, por vezes, também escapa. Se as relações pessoais forem escassas ou nulas, a solidão fica evidenciada. 


É ingrato que um filho adulto seja 'bombardeado' diariamente por um pai/mãe que, não tendo muito o que fazer, acha que o filho também não. E por isso lhe telefona sete vezes por dia. E para lhe dizer o quê? Para perguntar «o que comeu», «o que está a fazer», etc. Conversa que cai bem quando o filho tem dois anos, não tanto quando anda pelos 42.

Na América, que é o exemplo mais flagrante de que me recordo, a mentalidade de quem chega à terceira idade e à reforma é outra. Para eles chegou a altura de "pendurar a enchada e... festa!". É altura de aproveitar a vida, de viajar, de se mudarem para a solarenga Flórida, de tirar cursos, de se divertirem e terem poucas responsabilidades. Isso ficou bem nítido para mim aquando acompanhei na TV o caso de um avô que teve de criar os netos pequenos por o pai ter assassinado a mãe e de seguida ter apanhado perpétua. Ficou claro no seu discurso e no das pessoas que o rodeavam, que aquilo não era visto como uma responsabilidade, como um dever, mas como algo admirável. E todos diziam, inclusive ele que, com aquela idade, não era suposto lidar com aquele nível de responsabilidade. Já tinha criado os seus filhos. Era suposto estar a aproveitar os últimos anos de vida.

É um pouco diferente da mentalidade de cá, não vos parece?

Tradução: Flórida, a sala de estar de DEUS
Nos EUA a idade da reforma é a altura da RECOMPENSA por uma vida de trabalho
"Divertir-se é a etapa final antes de morrer"

Outra realidade que condiciona bastante a mudança de hábitos na terceira idade portuguesa é o valor das reformas. Se nos EUA os idosos mudam-se para a Flórida, viajam, etc, é porque conseguiram uma reforma com um valor que lhes permite isso. O mesmo acontece com os Ingleses, que cá fazem vida. A reforma é mediana para o custo de vida inglês, mas aplicada cá, dá para luxos. O português é que, com a reforma que tem, só consegue arrastar-se pelos cantos e esperar que o dinheiro chegue para os medicamentos, comida e contas.

Um equilíbrio entre as duas realidades seria o ideal. Em Portugal ainda somos muito fechados, tomamos tudo para nós, criar um neto enquanto os filhos ficam a trabalhar é algo desejado e deixamos outras coisas para outro plano. E depois muitos têm este péssimo hábito de... cobrar! Cobrar ao filho por o ter posto no mundo. Só porque não arranjam o que fazer com o tempo que dispõem.


Claro que sei que, alguns filhos, não têm mesmo problemas em ver os pais uma vez por ano - no Natal. Mas creio que na cultura portuguesa é mais comum o que relatei acima. E sinceramente, alguns pais foram maus pais. Atrapalharam e prejudicaram mais do que ajudaram. A autocomiseração de alguns no facebook meio que me recorda disso.

domingo, 1 de novembro de 2015

Deixá-los seguir...


Este é um vídeo maravilhoso para ver até ao fim, mas é também uma metáfora para os últimos conteúdos deixados no blogue. 



Devemos deixá-los seguir em frente, porem-se à prova, conceder liberdade sem que o «parenting» seja castrador. Imagino que, nesta situação, uma mãe «tuga» estaria com as mãos a segurar o rabinho enfraldado da sua cria, ou de braços abertos cá em baixo, não fosse o mais-que-tudo cair. Imagino que ia exigir cabos de aço à volta da cintura para prevenir uma queda no fofo colchão. E não repreendo. 

Mas a questão é que temos de estar perto, de braços estendidos ou quase, tentar facultar um ambiente seguro onde em caso de queda exista proteção mas, acima de tudo, é preciso deixá-lo ir... 

domingo, 30 de agosto de 2015

Reflexões por blogues

Estava num blogue quando alguém falou sobre a tristeza que é os pais educarem os filhos durante anos, para depois estes os atirarem para um lar e os visitarem poucas vezes. Outra pessoa retaliou - e bem - que nem todos os pais são bons para os filhos.

Noutro blogue, alguém falava sobre esteriótipos.

Pois estava aqui quando subitamente entendi que a primeira ideia é um esteriotipo. E a segunda coloca as variáveis, rompendo com o esteriotipo.

E também descobri que jamais vou poder tratar meus pais como eles me trataram a mim. Caso eles fiquem velhinhos e vão parar a um lar - como dita o esteriotipo, não vou poder dar-lhes o trato que me deram. Porque senão iam sofrer muito!


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Sacrifício maternal - conceito e exemplo


«TRABALHAR».
Até há poucos anos, era raro uma mulher trabalhar fora de casa. Geralmente ficavam a tomar conta dos filhos e isso era o seu "emprego". Não remunerado, algo solitário e de horizontes meio limitados.


Hoje quase todas as mulheres têm de trabalhar. Até porque os homens assumiram mais descontraidamente o seu lado de madriões e a alguns não lhes custa nada ficar encostados o dia todo no sofá de casa anos a fio, a comer e a beber, enquanto a mulher se encarrega de ganhar o sustento e levar os filhos à creche. 


Mas o que não concordo é que a sociedade eleve o estatuto destas mulheres ao de "sacrificadas-heróicas". Sacrificadas porque têm de trabalhar e ao mesmo tempo são mães? Heróicas porque conciliam as duas coisas? 

Está certo que uma mulher é multitasking e a maioria continua a ter um papel muito ativo nos dois patamares. Mas não é verdade que seja uma «sacrificada», por ter de ir trabalhar ao invés de ficar em casa a cuidar dos filhos. SACRIFICADAS foram todas aquelas que, sentindo apetência para outros vôos, viveram numa época em que à mulher as asas para esses vôos lhes eram cortadas. SACRIFICADAS foram as que ficaram em casa a cuidar dos filhos.

Sejamos sinceras: cuidar de crianças custa. Muito! É gritos o dia inteiro. É um frenezim de energia e uma imensidão de trabalhos para fazer. Mal acaba um, começa outro. É dar banho, é dar de comer, é vestir, é acatar os brinquedos, é educar, é cuidar, é tudo! E dura 24 horas, sem intervalo.

Naturalmente, uma mulher que tem um emprego no qual se refugiar, vê nisso uma BENÇÃO. Ah, uma folga de 8h dos filhos, que delícia! O contacto com outras pessoas, com outros assuntos e actividades de pessoas crescidas. Um autêntico bálsamo! 


Depois estas mulheres, que trabalham e cujos filhos ficam aos encargos dos avós para economizar as finanças ou parcialmente no infantário, para poupar mais uns tostões, dizem que é "duro". Pois claro que é. Sem dúvida. Mas imaginem lá o tão duro que seria se fossem mães a tempo inteiro?


Não é por isso de admirar que ainda a baixa de parto não terminou e muitas já estejam ansiosas para regressar ao trabalho FORA de casa. Custa deixar um bebezinho? Custa. Mas custa mais estar 24h a cuidar dele.

Quem se «sacrifiou»?


Dêm é valor à família ou infraestruturas que têm ao vosso dispor. Porque de parabéns estão os avós que ficam o dia todo com esse frenezim de energia, que acompanham e que cuidam para que, uns anos mais tarde, os «louros» sejam todos para os pais. E os avós acabem numa casa de repouso, com poucas visitas da família. Se não fossem esses avôs, já cansados mas que vão buscar paciência sabe-se lá de onde (às tantas não têm tanta quanto deviam) e os infantários e creches, as mães teriam de estar sempre, 24h sobre 24h, com os filhos. E digam lá: é ou não é bom chegar a casa (principalmente após um dia mau) e receber aquele sorrisinho e aquele abraço e amor incondicional? Uma horinha com o rebento até ele ir para a caminha e no dia seguinte, no final do dia, ficar com a parte melhor e não ter de lidar com a outra? Claro que é. Bem sei que uma mulher, a menos que tenha babá e empregados domésticos diversos, acaba sempre por ter de viver «as outras situações» também. Mas é menos, numa escala muito menor. E não fica privada do contacto com outros adultos e das conversas sobre outros assuntos que não bebés, fraldas e chupetas.

Sacrificadas? NOT!

sábado, 20 de setembro de 2014

Não querer ter filhos - quando perceber que a pessoa se desconhece

Durante anos uma amiga repetiu de forma muito convicta que não tinha desejo de ser mãe. Nunca lhe apeteceu, a ideia não lhe dizia nada, não sentia o apelo da maternidade nem fascínio, gostava de criancinhas... dos outros. E dizia peremptoriamente:
-"Eu não quero ter filhos".

Eu escutava e dizia-lhe que acreditava que ela acreditava nisso, por um tempo, mas que um dia ia mudar de ideias.
-"Não vou não. Eu não quero ter filhos e sei que nunca vou mudar de ideias" - respondia-me.


Há muitos anos abri uma revista e uma atriz/apresentadora em início de carreira repetia estas mesmas palavras, com o que imaginei ser a mesma convicção. O seu nome, Adelaide de Sousa. Imediatamente soltei um som, aquele som que produzimos quando não se acredita no que a pessoa diz, um som nasal, que expele ar ruidosamente, semelhante ao que atribuímos a algumas ideias rocambolescas dos pré-adolescentes.


Hoje abri outra revista. Vinha noticiado a presença de António Fagundes em Portugal, para apresentar uma peça de teatro. No entanto, a notícia foi mais um pretexto para dizer que o ator de 65 anos trouxe a namorada de 36 (frisando que tem menos idade que os anos de carreira do ator), e esta presta a seguinte declaração: "não quero ter filhos". Outro som nasal se desprendeu de mim e imediatamente consegui visualizá-la se calhar até daqui a poucos meses, noutra relação e já como mãe. 

Não me interpretem mal, existe tudo no mundo e por isso acredito que também existem mulheres que não querem ter filhos e levam essa ideia até ao fim. Eu só não conheci uma ou acreditei das vezes que ouvi/li essa afirmação. E se no caso da minha amiga e no caso da Adelaide de Sousa não só o facto se veio a verificar como estas mulheres viraram mães com maiúsculas, tornando o filho o centro do seu universo. 
A minha amiga mudou de ideias a meio dos 30 anos, após várias relações e aprendizagens. Mudou de ideias e passou a desejar mais do que nunca aquilo que sempre jurou nunca querer ter. Quis o Karma que a primeira tentativa falhasse e resultasse num aborto mas agora ela é mãe, de um rapaz, que é o centro do seu universo, o motivo de todas as publicações no facebook e mais uma razão que encontrou para tatuar o seu corpo. Já Adelaide de Sousa só posso adivinhar por aquilo que diz nas revistas, entre o quê, disse que se soubesse o quanto era bom desejaria ter sido mãe antes. Não sei se custou a engravidar, vou supor que sim (é uma espécie de intuição) contudo soube que quase faleceu e a vida do filho correu risco devido a ter optado por um parto em casa, que durou acho que dias! Lá que padeceu para o ter, parece ter padecido. Mas agora também ele, a criança outrora "relegada" em pensamento, em conceito, é o centro do seu universo.

Por tudo isto vou pressupor que a atual namorada do ator brasileiro António Fagundes vai pelo mesmo caminho. O que me faz pedir que me dêm exemplos de mulheres férteis e em relações estáveis que passaram a vida toda sem desejar ter filhos e de facto nunca mudaram de ideias. No meu entender mulheres com uma vida afectiva normal, muitos namorados, amizades, diversão, boa profissão, etc., satisfeitas em todas as áreas... essas não querem ter filhos nunca? Não acredito. O apelo da maternidade acabará por ser a etapa seguinte, ainda que não tenham a inteligência de o perceber.

Alguém conhece efetivamente um caso diferente?

sábado, 15 de março de 2014

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ser prático e transportar um bebé

À saída do metro, após ter subido uma escadaria, vi um homem que julgei pai por ter pendurado ao pescoço uma engenhoca que lhe permitia transportar ao peito um bebé minúsculo. Sim, o bebé era tão pequeno que quase não dei por ele. Foi tudo muito rápido e só pude intuir que o homem era estrangeiro, pela postura e pelo à vontade com que, com um pé desmontou a bicicleta dobrável e a seguir montou e seguiu viagem com o bebé ao peito. 

Num primeiro instante não prestei muita atenção, só me desviei mas logo depois achei estraordinário e, querendo perceber melhor, olhei para trás para avistar a cena. Mas pai, bebé e bicicleta já tinham desaparecido. Nem três segundos haviam passado. E fiquei a pensar: Uhau! Que forma espetacular de andar para todo o lado com um bebé! A bicicleta era diferente na forma, só consegui perceber que era branca e que tinha uma base peculiar. Mal lhe percebi os pedais e nem tive como prestar mais atenção à sua composição. Mas já imaginaram se mais pessoas fizessem o mesmo? Andar de metro com um bebé ao colo e de bicicleta desmontável para todo o lado? Haja portabilidade.

No entanto alguns passos adiante também fiquei a pensar: e se acontece alguma coisa como uma travagem brusca e o bebé é empurrado à força contra o volante? 

Bom, desgraças à parte fiquei com curiosidade. Gostava de ver a sociedade portuguesa experimentar um pouco mais estas formas alternativas de passear e ir a locais, sem que a presença de crianças ou a presença de um automóvel seja factores tão importantes. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Homenagem aos meus avós

Ultimamente tenho pensado no que consiste em criar 
uma família com sucesso.

Meus avós maternos, com quem privei com proximidade, como grande parte de outras famílias portuguesas tinham uma história bem comum: filhos de gente humilde, filhos de lavradores rurais de várias gerações a viver principalmente da lavoura do seu pedaço de chão, descendentes de faz-tudo e capazes também eles de serem faz-tudo, aprenderam a se "virar" e agarrar as oportunidades que lhes surgissem para facultar algum sustento. Começaram a trabalhar em meninos e não tiveram muitos estudos. Quando atingiram a maioridade acabaram a emigrar para a capital, tal como tantos outros - parentes inclusive, não tivessem como tantos outros, esse instinto simples e claro de que se deve fazer frente à adversidade com mais trabalho, fugir da pobreza dura e cada vez mais difícil e ir para onde se diz que existem melhores oportunidades de sustento.


Acabaram por constituir uma família numerosa de filhos - tendo perdido dois ainda em tenra idade para um acidente evitável e uma doença que facilmente teria cura.


E é aqui que queria chegar. Naturalmente, não foi tudo um mar de rosas. Existiram problemas que devem ser transversais a qualquer família. Cometeram erros como pais, certamente. Mas acredito que os ACERTOS superaram os erros. E agora que se foram isso fica mais claro. Pelo menos para mim. Os seus filhos não podiam ser mais diferentes uns dos outros. Personalidades distintas, formas de estar distintas, opiniões distintas. Não devem ter sido pera doce de criar eheh! E embora cada um seja capaz de apresentar uma lista de acontecimentos familiares infelizes hoje continuam cada qual na sua vida, mas sempre a querer saber uns dos outros.


Meus avós conseguiram sim, criar uma família. Porque souberam realmente fazer com que aquelas pessoas tão diferentes se sentissem unidas umas às outras, se preocupem, se auxiliem. E é POR ISSO, que vejo com muito orgulho que meus avós são um caso superado de duas pessoas que conseguiram criar uma família com sucesso.

E só de imaginar o quão pouco tinham à partida a favor deles... A falta de dinheiro, a falta de instrução, a falta da presença de um dos progenitores (nenhum dos dois teve um dos pais). Existiu, por comparação à maioria dos pais de hoje, uma diferença quase abismal de recursos. No entanto, tomara que os pais de hoje consigam para os filhos o que meus humildes avós conseguiram.



domingo, 26 de maio de 2013

Pais & Filhos - comportamentos que parecem vir no ADN

A vizinha acabou de gritar:
-"Cala-te! Porco!" - diz ela ao filho.

Na realidade, ela está sempre a gritar com os filhos. Principalmente com o rapaz, que deve andar pelos sete anos. Mesmo quando tenta ensinar-lhes algo, ela grita e é rude no vocabulário. Faz ameaças, manda o rapaz se calar, está sempre a gritar "bolas! Merda!".


A minha realidade não era muito diferente da dele quando era pequena. Nem pequena nem adolescente, nem mesmo já grandinha... Pelo que reflicto muito nas sequelas das crianças tratadas desta forma pelos pais. E sei o caminho que aquele rapaz vai trilhar em termos de auto-estima. O quanto anos de gritos incessantes e maus tratos verbais e comportamentais o vão afectar na vida.

Quando era pré-adolescente precisei por um curto período de tempo de explicações para a escola. Meus pais pagavam a um explicador para me ajudar duas vezes por semana. Uma vez lá fui eu e não sei com que cara ia, mas ele perguntou-me o que é que se passava comigo. Por vezes estava bem, outras parecia não estar - diziam-me frequentemente. E depois começou a elogiar os meus pais. Disse-me o quanto eles se preocupavam, o quanto lhes devia estar grata e o quanto era bom ter pais. 

-"Olha para ali bolas! Ré, dó, mi, ré, dó!"
- "Bolás pá! Merda!" - continua a vizinha a gritar ao filho.

O puto já vai naquilo para três horas e ela não pára de lhe gritar. Pelos vistos ele não acerta naquelas três notas lá muito bem e vai ter de ouvir o resto da vida... Não me admiraria que associasse para sempre estas memórias negativas e sofridas ao simples avistar do instrumento. Ao ponto de nem lhe poder colocar a vista em cima. 

Bem, o que é que eu poderia responder a um explicador jovem e independente que perdeu os pais cedo? Nada. Porque se lhe dissesse um desabafo que fosse, lá se ia o ideal que devia estar na sua cabeça de órfão. "Deves estar grata por ter pais" - disse-me ele. 

Sim, eu sabia. Mas nem tudo era um mar de rosas e nem sempre é a criança que está sem a razão. Apesar de tudo, e esse tudo não era pouca coisa, entre os ter e não os ter, preferia ter. Mas a que preço... !! Quase que lhe confidenciei: "Não é bem assim". Mas do que adiantava? A realidade dele era outra. Outra que eu decerto não conhecia também. Deixar que ele sonhasse com os pais carinhosos, afectivos e compreensivos que perdeu cedo, tal como eu, no fundo, fantasiava também. Carênciavamos os dois do mesmo, mudavam as circunstâncias. Ele jamais poderia recuperar os pais e eu tinha os meus. Era diferente. 

Pelo que nem com ele, nem com ninguém, alguma vez desabafei fosse o que fosse sobre os gritos, os maus-tratos constantes, muito presentes entre quatro paredes, diluídos na presença de estranhos. Desabafei com o papel, que ouviu pacientemente uma enxurrada de frases ditas em desabafo e sofrimento, até que um dia decidi que o papel também não devia guardar esses males. Uma vez fiquei mal vista diante de uma pessoa só porque esta achou que não correspondi ao nível de simpatia de meus pais. E tinha-lhes falado, num momento, com secura. Nunca lhe confidenciei que nesse momento o que lhes disse saíu como um grito de dor abafado. É que meus pais estavam a ser muito simpáticos mesmo. Bastante. E subitamente eu percebi que toda a minha vida podia ter sido assim e não foi. Uma dor rápida e profunda como um relâmpago passou pelas células do meu corpo quando o percebi. Contive as lágrimas. Percebi que era uma ESCOLHA. E eles escolheram os gritos. 

Nada disse, deixei que a pessoa ficasse a pensar mal de mim. Tantas vezes protegi meus pais mantendo o silêncio. Quem ficava mal vista era eu. Mas muitas vezes, mal a porta fechava e a visita ficava do lado de fora, recomeçava logo, ali e naquele instante, os maus tratos verbais.

Era como avistar por uns instantes o oásis para depois me atirarem de imediato no inferno calorento do deserto.


Quem vê os meus vizinhos com os filhos a passar na rua, não adivinha a gritaria entre as quatro paredes. Comigo também era assim. Tudo o que as pessoas viam era o que os sentidos básicos conseguiam detectar. Roupas, carro, escola, brinquedos, coisas normais. As pessoas pensam que estas coisas têm cara, roupa esfarrapada, falta de instrução e principalmente, falta de dinheiro. Mas não é assim que acontece.

Não creio, infelizmente, que o meu caso, separado que está em tantos anos da geração deste rapaz meu vizinho, sejam casos pouco habituais. Infelizmente, creio que a maioria das famílias portuguesas carregam no seu ADN este quotidiano ou variantes dele. Acredito que meus pais queriam mesmo dar uma vida melhor aos filhos. E, tal como tanta vez disseram, "dar tudo aquilo que eu não tive". Só que essas coisas eram bens materiais, não bens afectivos. Nesses continuaram a privar um tanto os filhos, quem sabe até se vingando neles. Deram-lhes bens e estudos, que era o que ao crescerem julgavam desejar para si, mas retiraram-lhes liberdade e individualismo. Muitos pais recusam-se a identificar os filhos como indivíduos e esquecem que mais do que mandar, impor, dar ordens e obrigar, há que escutar e, acima de tudo RESPEITAR.

Noutro dia recebi um comentário num blogue em que a pessoa confidenciava que não soube respeitar os pais, os avós nem dar valor às pessoas que a rodeavam. Percebeu que foi uma adolescente rebelde e egoísta. E se arrependia hoje por isso. De alguma forma, gostava de lhe ter dito que era suposto isso ser um pouco assim. Antes assim que ao contrário, pois o contrário era muito pior. Que se deixasse estar sem grandes remorsos, porque eles certamente que souberam entender, ainda que pudessem ficar sentidos. Porque compreendiam os ímpetos da juventude. É diferente quando se está na adolescência. Nem todos os adolescentes têm a cabeça algo "idosa", como foi o meu caso. 

Eu não tenho desses arrependimentos. Com intenção, nunca fiz mal a alguém ou tomei uma má atitude. Estive sempre presente, dei tudo o que tinha de bom para dar aos meus e continuo a dar, ainda que tente aprender um pouco a ser egoísta. Uns já faleceram e eu percebi a sensação nova e estranha que é alguém partir e ficar tudo tranquilo e pacífico. Não me deixaram um arrependimento. Não ficou um pedido de desculpas por fazer, nada que remoesse a alma. Talvez porque não fez parte do meu feito me esquecer que existiam. E eles sabiam disso e o apreciavam. É uma tranquilidade que me pertence e desconhecia até que pudesse não existir, como vejo alguns lamentarem. 

Como já referi, este tipo de tratamento familiar que a vizinha está a transmitir aos filhos parece que está no ADN português. Passa dos pais para a prole. Ténues mutações, talvez, mas a «medula» está sempre lá. Comigo não teria hipótese, isso percebi-o bastante cedo, mas não deixei de o ver a acontecer noutros lugares, com outras pessoas. E agora, com esta vizinha. Por vezes dá vontade de intervir. Assim como o impulso também surge quando vejo alguém a arrastar uma criança pequena pelo braço insultando-a por não se despachar a andar. Ou gritam com elas nos super-mercados, insultando-as chamando-lhes nomes, que, por estarem num super-mercado, não escalam ao que escutam em casa mas que deixam adivinhar. "Tu só me envergonhas! Nunca mais te trago comigo às compras! Está quieta! Olha que ainda levas uma palmada!" - ou então dão a palmada logo ali, para "disciplinar" a criança. Esta chora, claro está. E por chorar ainda apanha mais, porque ao chorar está a embaraçar o adulto e este sente que as atenções e RECRIMINAÇÕES recaem em cima de si. O que pensa que os outros pensam dele é o que o leva espancar novamente a criança. Que chora e lhe gritam para não chorar. Mas se apanhou, queriam que sorrisse?
Se calhar queriam que ficasse como eu aprendi a ficar. Parada, de cara "fechada", braços cruzados, em silêncio e totalmente absorta num sofrimento oculto. E ainda a escutar o quanto é uma criança insuportável, que não pode ir a lado algum, que só traz é vergonha. Porque tudo o que os adultos querem de uma criança é que fique quieta e em silêncio quando outros estão por perto e os podem julgar. Ora, uma criança pode ser difícil de educar - isso não contradigo, mas pelo cansaço dos pais apenas. E por a altura para se portar como a criança que é não ser conveniente, apanha.

Espero que este comportamento tenda a diluir com a passagem das gerações, com a melhoria da instrução e do convívio com outras sociedades e culturas. Mas agora aparece-me aqui esta nova jovem mãe, com seus filhos crianças, a repetir o mesmo. Quanto tempo mais até isto desaparecer? Porque submete ela os filhos a isto? Para se vingar dos seus pais?


Recuando ao explicador órfão, devo explicar que não lhe invejava a situação. Devia ser tão difícil não ter pais! Mas cada um de nós tem a sua ideia do que é ter pais e viver com eles. Os que têm só podem imaginar o que seria viver sem e os que não têm idealizam o que é viver com. Ninguém sabe como vai ser ou poderia ser, até que a situação passe a facto e deixe de ser hipotética. 

Eu sempre imaginei, por exemplo, que um órfão não é necessariamente um coitado - porque fui ensinada que era para os ver assim, embora jamais o conseguisse fazer. Procuro ver o indivíduo, não a sua condição, pelo que não faz sentido para mim dizer que alguém é "mais ou menos" seja o que for. Lá porque a pessoa pode ser órfã, não quer dizer que não seja amada, bem educada, lhe falte quem lhe transmita valores morais e a mune de ferramentas para se erguer por conta própria na vida. Não sei se a pessoa é feliz ou infeliz, se é boa ou má - isso não advém da sua condição. Conheci apenas superficialmente dois rapazes a serem educados pelos avós, sendo que um só tinha uma avó e não tinha realmente os pais. Deviam ter um sentimento estranho, claro, mas nenhum me pareceu desajustado. Decerto que teriam os seus momentos terríveis em que gostariam de levar a vida igual aos dos outros meninos e ter um pai e mãe por perto. Tenho a certeza que ficaram marcados por isso, tal como tanta coisa nos marca nesta vida. Mas quem diz que não têm como receber amor e que este não é bom?  Talvez tenha adquirido esta percepção devido às histórias infantis do meu tempo. Nelas quase todas as personagens principais eram órfãs. Como o Marco, a Heidi nas montanhas, os esquilos ou o Sebastião. Mas eram também crianças ou animais inteligentes, saudáveis, activos e amados por muitos, talvez até por isso. Recebiam caridade, preocupação extra, afecto. Acredito que mais importante do que o grau de parentesco, é o amor que a pessoa tem e sabe dar. 


É estranho, por exemplo, escutar os desabafos de minha mãe sobre episódios mais sofridos da sua infância, que mos relata como se eu nunca os tivesse escutado, e perceber que ela não é capaz de estabelecer os paralelismos com o seu comportamento para comigo. Diz-me "tu não sabes", quando eu sei sim, porque ela fez-me passar pelo mesmo. Podem variar as circunstâncias ou mesmo o resultado final, mas nunca o acto. 

Jamais desejei qualquer mal aos meus pais, pois lá da forma deles, sei que gostam de mim. Apenas não o souberam demonstrar e, o que é pior a meu ver, não me sabem respeitar. Foram pais que, tendo um problema qualquer no trabalho, chegavam a casa e gritavam com a filha. Todos os problemas pessoais entre os dois também vinham parar a mim. Fui basicamente um bode expiatório, não sei se alguma vez o vão admitir. Creio que não. Porque ainda se vêm a eles próprios como vítimas, para poderem se perceber como carrascos.Também não preciso de admissão, eles é que precisam. 

E agora esta vizinha trilha o mesmo caminho. Zangada que está com o mundo, insatisfeita quiçá com a sua vida afectiva e amorosa. Quem paga são os filhos. E mesmo a querer ensinar, lá está ela: "Bolas pá! Merda!" - constantemente a gritar isto aos ouvidos daqueles que pariu. 


segunda-feira, 21 de maio de 2012

Os pais discriminam os filhos. SIM ou NÃO?

É a verdade. Pronto, está dito.

Preferências entre filhos


Por observações que tenho feito, cheguei à conclusão que este "mito" é VERDADEIRO.

Os pais, de facto, são capazes de tratar um filho aparentemente beneficiando-o mais em relação a outro.

Mesmo entre as famílias que dizem "gostar por igual", o trato pode ser diferente.


A discriminação não quer dizer que gostem MAIS ou MENOS de um filho.

Mas SIGNIFICA muitas outras coisas e pode resultar também em diferentes resultados:


discriminação

1) Um pai/mãe que dê preferência de afectos a um filho e não a outro, vai fazer com que o último se sinta menos à vontade de os expressar. Será um indivíduo mais acanhado e reservado.

2) Um pai que prefira gritar mais com um filho do que com o outro, vai fazer com que o clima de tensão entre os dois esteja sempre presente.

3) Um pai que critica de forma desmotivadora as ambições de um filho, vai fazer com que este ponha em causa as suas capacidades.

4) Um pai que não ajude um dos filhos a conquistar as suas metas, compromete o seu futuro e felicidade.


Quero agora saber se concordam com esta (polémica) análise.

Não sendo ainda "pai" (sem ser postiço) mas tendo crianças na família, sei que gosto de AMBAS, cada uma na sua forma e conforme a vivência acumulada com cada uma. Não MAIS, não MENOS.


Como adultos, os pais

carregam uma bagagem emocional

Criança feliz

Mas cheguei a esta conclusão mais por observação alheia e também um pouco por experiência como filha. Por vezes o que falha na relação entre pais e filhos é apenas a COMUNICAÇÃO, que é defeituosa. Outras vezes é a noção que os pais têm de que a vontade deles tem de ser soberana e a razão nunca pode estar do lado da criança. Não é assim e se forem teimosos podem danificar para sempre a comunicação eficiente entre os dois. Um pai é uma AJUDA PRECIOSA para um filho, o amor de filho para com os pais é incondicional. Isso comprova-se pelo simples facto de se saber que crianças adoptadas que nunca conheceram os pais biológicos (e outras que não têm razões para desconfiar que o são e sentem-se estranhas e incompletas), ao longo da vida jamais deixam de pensar no assunto como algo que precisam de satisfazer. De resto tenho observado mães mais severas para determinados filhos, aos quais parecem descrever a terceiros só por base dos seus defeitos, enquanto que descrevem o segundo só com qualidades. O engraçado é que a mesma observação tem quase sempre provado que estas mães não distinguem assim tão bem quem tem mais o quê e, quando mais adultos, são sempre os filhos mais "maltratados" os que estão mais presentes, aqueles que se preocupam com mais autenticidade com os progenitores.


A questão está lançada. O que têm a acrescentar a este texto?

CONCORDAM ou DISCORDAM?