sábado, 20 de setembro de 2014

Não querer ter filhos - quando perceber que a pessoa se desconhece

Durante anos uma amiga repetiu de forma muito convicta que não tinha desejo de ser mãe. Nunca lhe apeteceu, a ideia não lhe dizia nada, não sentia o apelo da maternidade nem fascínio, gostava de criancinhas... dos outros. E dizia peremptoriamente:
-"Eu não quero ter filhos".

Eu escutava e dizia-lhe que acreditava que ela acreditava nisso, por um tempo, mas que um dia ia mudar de ideias.
-"Não vou não. Eu não quero ter filhos e sei que nunca vou mudar de ideias" - respondia-me.


Há muitos anos abri uma revista e uma atriz/apresentadora em início de carreira repetia estas mesmas palavras, com o que imaginei ser a mesma convicção. O seu nome, Adelaide de Sousa. Imediatamente soltei um som, aquele som que produzimos quando não se acredita no que a pessoa diz, um som nasal, que expele ar ruidosamente, semelhante ao que atribuímos a algumas ideias rocambolescas dos pré-adolescentes.


Hoje abri outra revista. Vinha noticiado a presença de António Fagundes em Portugal, para apresentar uma peça de teatro. No entanto, a notícia foi mais um pretexto para dizer que o ator de 65 anos trouxe a namorada de 36 (frisando que tem menos idade que os anos de carreira do ator), e esta presta a seguinte declaração: "não quero ter filhos". Outro som nasal se desprendeu de mim e imediatamente consegui visualizá-la se calhar até daqui a poucos meses, noutra relação e já como mãe. 

Não me interpretem mal, existe tudo no mundo e por isso acredito que também existem mulheres que não querem ter filhos e levam essa ideia até ao fim. Eu só não conheci uma ou acreditei das vezes que ouvi/li essa afirmação. E se no caso da minha amiga e no caso da Adelaide de Sousa não só o facto se veio a verificar como estas mulheres viraram mães com maiúsculas, tornando o filho o centro do seu universo. 
A minha amiga mudou de ideias a meio dos 30 anos, após várias relações e aprendizagens. Mudou de ideias e passou a desejar mais do que nunca aquilo que sempre jurou nunca querer ter. Quis o Karma que a primeira tentativa falhasse e resultasse num aborto mas agora ela é mãe, de um rapaz, que é o centro do seu universo, o motivo de todas as publicações no facebook e mais uma razão que encontrou para tatuar o seu corpo. Já Adelaide de Sousa só posso adivinhar por aquilo que diz nas revistas, entre o quê, disse que se soubesse o quanto era bom desejaria ter sido mãe antes. Não sei se custou a engravidar, vou supor que sim (é uma espécie de intuição) contudo soube que quase faleceu e a vida do filho correu risco devido a ter optado por um parto em casa, que durou acho que dias! Lá que padeceu para o ter, parece ter padecido. Mas agora também ele, a criança outrora "relegada" em pensamento, em conceito, é o centro do seu universo.

Por tudo isto vou pressupor que a atual namorada do ator brasileiro António Fagundes vai pelo mesmo caminho. O que me faz pedir que me dêm exemplos de mulheres férteis e em relações estáveis que passaram a vida toda sem desejar ter filhos e de facto nunca mudaram de ideias. No meu entender mulheres com uma vida afectiva normal, muitos namorados, amizades, diversão, boa profissão, etc., satisfeitas em todas as áreas... essas não querem ter filhos nunca? Não acredito. O apelo da maternidade acabará por ser a etapa seguinte, ainda que não tenham a inteligência de o perceber.

Alguém conhece efetivamente um caso diferente?

4 comentários:

  1. A dado momento baralhas Adelaide Ferreira com Adelaide de Sousa:)) não me leves a mal.

    Quanto ao assunto...não consigo opinar. Desde que me lembro de ser gente que me imagino mãe de filhos:))))

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    1. É verdade. Já emendei ;)
      PS: Claro que não levo a mal, até agradeço!

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  2. A atriz e apresentadora Alexandra Martins já faz essa declaração faz muitos anos. Ela é bem clara nas suas exposições. Já teve um primeiro casamento e tb a maternidade não foi desejada. Alexandra e Fagundes tem uma bonita e estável relação desde 2007 e ela me parece uma mulher decidida, coerente e objetiva.

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    1. Obrigado anónimo, por partilhar o que pensa. Parece que conhece e acompanha pelo menos uma das figuras públicas a que me referi no texto (que a imprensa destacou mais pela relação do que pela profissão). Acredito que se trata de alguém decidido, coerente e objectivo. Simplesmente não acredito que neste assunto vá pensar sempre assim.

      "- Acho lindo filho dos outros, mas jamais quis ser mãe, jamais".

      A minha amiga durante décadas disse igual. E também se dava "superbem" com criança.

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