O que não gosto de falar
Mas tenho de desabafar.
Decidi que tenho de começar o ano a ser mais frontal. Mas não necessariamente agressiva ou confrontacional.
Hoje o rapaz safou-se por pouco - ia começar por ele - que é quem me trouxe o pior momento do ano.
Então não é que me entra em casa hoje, sexta-feira, vindo da rua, entra na sala onde estou, olha-me de lado e não diz "olá"?. Não diz nada. Novamente. É como se eu fosse invisível, transparente ou uma peça de mobiliário.
Fez o mesmo na noite de 31. Entrou passou, voltou a passar, saiu, entrou - e não lhe escutei um cumprimento, uma saudação. Foi muito mal educado para um dia que é próprio e propício a cordialidades e cumprimentos. Desejam-se boas entradas, felicidades, tudo isso e mais alguma coisa. E ele que foi quem entrou em casa, manteve-se em silêncio.
Na manhã seguinte fui eu que lhe dirigi a palavra e dele tentei tirar algumas palavras. Fiz-lhe algumas perguntas, quando é que a italiana -mais-velha regressava (ele responde que Não FAZ IDEIA mas mente, descobri-o hoje quando ela regressou), disse-lhe que estava frio e perguntei se tinha frio, fiz perguntas normais mas como sempre, a resposta é básica, curta, antecedida de respiração profunda.
Hoje - ou melhor, ontem, quinta-feira, chegou a nova rapariga que vem morar na casa. Parece muito simpática e simples, sem peneiras, o que é uma frescura. É jovem e está neste momento a falar ao telemóvel entre o corredor e o quarto, o que faz com que a voz dela se escute perfeitamente no meu quarto.
Trouxe quase os últimos pertences dela e mencionou que numa das malas tinha um sistema de som. O rapaz até abriu os olhos e só prenunciou o seguinte: "I love you". E disse que iam dar festas no jardim...
Oh, que bom...
Já está a pensar nas farras e a "recrutar" mais uma para o seu lado.
Oh meu deus! A rapariga desceu à cozinha e passou o telemóvel para ele!!!
Ele também a convidou a comer uma pizza feito por ele Ou melhor: pela italiana-mais-velha que ele entretanto já sabia que ia aparecer. Daí ter decidido aspirar a casa - ainda que muito mal - pelas 13h.
Sempre que o faz, é por um motivo: alguém vai aparecer. Só me lembrei disto quando saí à rua. Senti-me parva por não ter logo feito a ligação. Por ter sido ingénua e pensar que ele ia de facto limpar a casa, para compensar ter sido eu a fazê-lo sozinha nestas últimas semanas. Ela contou-me isto incluindo-me na refeição. Disse que ele ia "cozinhar-nos pizza". Mas eu não fui convidada. Nunca fui. E duvido que estejam a pensar incluir-me. Estou aqui a fazer tempo para ver se chamam por mim.
Eu, como sempre, feita estúpida, ainda escrevi mais uma mensagem no quadro a giz, dizendo que podem servir-se da sobremesa que comprei e de uns pães com passas. Não sei porquê o faço quando até hoje eles jamais pegaram numa cortesia minha e pagaram na mesma moeda.
Qual é o problema?
Não ser jovem o suficiente ou não ser cabin crew?
Se calhar o problema é que alguém lhes fez a cabecinha...
Uma coisa sei: Não mereço isto.
Mas outra coisa também sei: sou crescida o suficiente para não dar a importância que pode ser dada. Dói? Machuca? Entristece? Deprime? - a resposta é sim, sim, sim, sim. Mas afecta-me no sentido de me condenar? Não. As minhas atitudes e postura não são condenáveis. Ainda hoje saí de casa dizendo: "see you later". Eu sei ser educada, ainda que possa ser tímida e acanhada. Mas o cumprimento faz parte da minha formação.
No máximo condeno-me por ficar calada e pondero se devia trazer ao de cima. Mas sei que a minha atitude também é louvável, porque não estou a gerar conflitos e sim, a apaziguá-los. Resta saber se vou deixar que me espezinhem no processo ou começar a expor estes seus modos diretamente com eles. Estou muito inclinada para isso. Mas como sempre, sem armar confusão.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
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