Já repararam que os pombos sempre se atrapalham quando vais a passar? Ao invés de se afastarem acabam por se meter ainda mais no teu caminho. Parecendo tontos, perdidos, desorientados. Acabam por levantar vôo mas, insistindo na exibida estupidez em terra, uma vez no ar continuam a meter-se no teu caminho.
Não parecem aves particularmente inteligentes. Aliás, pergunto-me porquê nenhuma ave é, já que todas com que me cruzo, em particular gaivotas, exibem o mesmo comportamento. Ao invés de se desviarem para longe, se estão à esquerda metem-se na frente, se estão à direita, metem-se na frente, começam a caminhar freneticamente mas sempre se metendo na linha da tua direcção. Quando finalmente levantam vôo, cruzam acima da tua cabeça, constituindo uma ameaça imediata mas continuam a seguir na mesma direcção que tu segues. Parece-me burro, idiota. Não é suposto fugir-se na direcção oposta ao invés de seguir na mesma do objecto de que se pretende distância? Será algo no instinto primário delas que as fazem agir assim?
Isto é particularmente irritante quando estou na scooter. As malditas das aves parecem que querem cometer suicídio. Quase que se metem debaixo da roda.
Mas agora vem o pior: E quando são pessoas?
Desde que passei a usar um veículo de duas rodas, sou muito mais cuidadosa e respeitosa. No entanto surpreendo-me com o comportamento das pessoas. Agem como animais encadeados com a luz dos faróis dos carros.
Tontas e sem noção de espaço.
Noutro dia vou a passar por um espaço amplo. Uma rapariga caminha pelo meu lado esquerdo. Vou ultrapassá-la pelo direito mas quero que saiba que me aproximo, para que não decida mudar de direcção exatamente à minha passagem. Toco a campainha para que saiba da minha presença.
Ela demora mas, subitamente, olha para trás, movimenta-se que nem uma barata tonta, bloqueando o lado direito, voltando para o esquerdo, voltando para o direito...
Para quê? Se não se mexesse e continuasse num rumo só, não teria causado qualquer problema.
Vinha a segurar o telemóvel e acho que tinha um cordão de auricular no ouvido. Tenho sempre presente que essa pode ser a realidade de hoje em dia: as pessoas metem música tão alta pelos ouvidos que não ouvem mais nada e se distraem. Por isso além da campainha, reduzo velocidade ao passar pelas pessoas. Além de que tenho a luz acesa para que detectem uma aproximação.
Há muitas formas de alertar alguém da proximidade de um veículo em movimento, mesmo quando estas se rodeiam de obstáculos para essa percepção, como andarem em frente sempre a olhar para trás, quando conversam com outra, quando escutam música.
Toco a campainha da bicicleta não só quando vejo pessoas mas também quando me aproximo de um ponto no percurso com pouca ou nenhuma visibilidade. Reduzo a velocidade. Olho atentamente antes de fazer uma curva e tenho os ouvidos afinados para qualquer ruído. Só não paro porque é quase como pilotar um avião. Se ficar totalmente parada "caio", perde-se o equilíbrio e tenho novamente de dar ao pé para criar velocidade de arranque na scooter, o que nesta provoca-me uma desagradável dor nas costas com cada movimento de pé.
Se não fosse cuidadosa, algumas pessoas teriam me colocado em risco. Já fui vítima de rolling Coal, que é quando um carro que vai a passar por ti liberta intencionalmente fumo escuro pelo tubo de escape. E a semana passada, estava a conduzir a scooter pela berma da estrada, sou ultrapassada por um autocarro que tem amplo espaço e nisto ele para mais à frente na DIAGONAL. Ao invés de se estacionar na berma e deixar a via livre. Fiquei pasma. A scooter é minúscula em largura, mas eu não tinha dez centímetros por onde passar com ela. Reduzi a velocidade na hora, a ver se o autocarro arrancava. Mas qual quê. Atrás de mim, saído de um estabelecimento, vinha uma viatura branca, que fez a curva e teve de parar atrás do mesmo autocarro que eu.
Se o motorista do autocarro fez isso de propósito como forma de "protestar" por me ver a usar uma scooter, esteve mal. Não foi só a mim que ele impediu de circular. Ele impediu o trânsito inteiro e teve uma atitude provocatória e perigosa. Dei prioridade ao carro para passar, embora este estivesse a dá-la a mim. E depois segui atrás, na minha berma, naquele espaçozinho entre o beiral e o risco contínuo, permitindo assim a passagem aos veículos potentes motorizados.
Ontem vinha a atravessar a linha do comboio na scooter. Uma família no sentido oposto viu-me e fez sinal com o olhar desse entendimento. Vinha encostada à esquerda e eles começaram a separar-se para todos os lados. Ao invés de se desviarem apenas para um. Tive de parar a scooter e ri-me. Parada que estava, a ver onde aquelas pessoas se iam enfiar. Quando percebi que tinham passado por mim é que pude continuar. Mesmo tendo-me visto, dois desviaram-se para a direcção onde eu estava, os outros dos para a oposta. Depois pediram desculpa.
O que posso esperar é que o peão que vejo a vir pela minha esquerda, se mantenha na sua direita. Mas isso algumas vezes não acontece. O que é alarmante.
Este comportamento observo-o diariamente tanto como peã como ciclista. Acho até que estas atitudes me enervam muito mais como pedestre.
As pessoas podem estar até a andar em outra linha recta que não a tua, na direcção oposta. Mas assim que se cruzam contigo decidem "entortar" para o teu percurso ou subitamente parar na tua frente. Objectivo: baterem em ti. São ou não são como aves estúpidas?
Isto é particularmente fácil de observar nos centros comerciais. Noutro dia quase que não consegui sair de um sem esbarrar em pessoas que passavam. Estava apenas a uns metros da porta de saída. Linha recta. Nada a enganar. Contudo TRÊS pessoas vieram esbarrar em mim.
Primeiro uma mulher, vinda de uma diagonal. Corta caminho e mete-se à minha frente. Ela viu-me, eu olhei para ela. Continuou o passo dela. Fui eu que tive de reduzir a passada subitamente para não esbarrar na mulher idiota que se atravessou no meu caminho. Que eu saiba as regras de trânsito aplicam-se também nos pedestres: Perde prioridade aquele que vai para entrar na "via rápida". Não se cruza o caminho de alguém que caminha recto num corredor principal. O que fez ela? Atravessou-se no caminho de todos. Esbarraria em mim se eu não tivesse diminuído a minha passada.
Porquê tive de ser eu, aquela que se compromete, se ela é que veio de uma diagonal?
Depois desta aparece outra. Vinha a caminhar bem, afastada de mim. Subitamente aproxima-se e bate-me com a mala no ombro. Reviro os olhos e respiro fundo. "A porta da saída está quase a ser alcançada..." Nisto, um rapaz alto aparece. Também ele caminha numa direcção que não vem contra mim. Quando está quase a chegar perto, mete-se no meu caminho. Espontaneamente levanto o braço e aceno-lhe com a mão, dizendo: "Hello? I am here!" (Hei, eu estou aqui!).
Foi só assim que evitei a terceira "colisão" de centro comercial.
Os pedestres aqui nesta cidade no UK comportam-se como selvagens.
Já reparei que o melhor a fazer é NÃO ESTABELECER CONTACTO VISUAL com ninguém no centro comercial. TODOS se desviam. Só assim consegui andar em linha recta. Assim que olhas para a pessoa, ela acha que tu tens de te desviar. Deve ser isso, porque vi todos estes que mencionei aproximarem-se e todos se meteram no meu caminho. Passo a vida a desviar-me dos outros e nenhum deles se desvia de mim. Não acho normal. Se caminho em linha recta, num corredor para esse fim, na direcção certa, porquê isso? As outras pessoas é que não sabem partilhar o espaço e parecem não entender as regras sociais básicas para caminhar em sentidos opostos sem virar um empecilho. Regras de tráfico tão simples.
Quando não tenho um sítio para ir e estou só a "ver montras", caminhando sem pressa, então desvio-me das pessoas que estão a caminhar em linha recta. Simples, básico. Seria de esperar que todos pautassem seus comportamentos da mesma maneira, só que não.
Quando finalmente saí pela porta, contornei todos os obstáculos que são os que ali ficam parados a conversar ou a fumar e segui rumo directo até o macdonalds. À minha direita, uma mulher com uma criança caminhava no que parecia ser uma direcção direita ao centro da cidade. Vou a passar por eles com o meu ritmo de caminhada, a mulher muda subitamente para o meu lado, querendo "fechar-me" a passagem. Acelero ainda mais o passo e não me desvio. Outra coisa que reparei é que, quem vem de uma diagonal, gosta de passar na tua frente ao invés de passar por trás. Que é o certo a fazer, para assim não obrigar a pessoa a ter de parar o passo. Aqui a maioria desconhece estas regras que se conhecem acho até que por instinto.
Isso levou-me a perceber que muitas pessoas são como os pombos que encontro pelos passeios quando passo com a scooter. Burras, que se enfiam na frente ao invés de se desviarem.
Era esta a novidade que estava a guardar para voces. Nao quis estragar a surpresa contando antes.
Foi no inicio desta semana mas so ontem consegui retirar todos os meus pertences da anterior.
E como é a nova casa?
Muuuuuito melhor!!!
Moderna, tudo novo. Melhor localizada, melhor quarto e... mais barato!!
Mas onde realmente atingi o Jackpot foi nas pessoas. Exatamente o que mais queria. (Tanto o roguei aos céus).
E por isso sinto-me grata.
Sinto-me feliz.
É um prazer regressar a casa e uma satisfaçao encontrar um colega.
A cozinha esta equipada
com eletrodomesticos novos
Logo no primeiro dia a coisa correu bem. Percebi que o espaco era melhor do que estava à espera e fiquei satisfeita com isso.
No segundo dia convidaram-me para me juntar a eles no jantar de despedida de um rapaz que foi morar para Londres. Prepararam uma refeicao quente, mandaram vir pizzas que genuinamente gostaram de partilhar e nao quiseram saber quando propus pagar por elas.
Foi comida e conversa ate as 11h da noite.
Nessa noite dormi pela primeira vez na casa. E soube bem.
O Jantar improvisado
No terceiro dia dei por mim a apressa-me para chegar à casa a tempo de me despedir do colega que se ia embora.
Mas o melhor foi perceber que ELES estavam satisfeitos comigo.
Tudo isto é tao diferente, oposto mesmo, ao tipo de ambiente de casa partilhada que experenciei ate ao momento. Talvez tenha de me beliscar.
É isto real?
Ontem um colega tinha acabado de receber pizzas quentes e logo fez questao de mas oferecer. Eu quis ser poupada e so lhe tirei uma fatia. Ele insistir, inclinou a caixa quase na vertical, a pizza comecou a escorregar e quase deslizou para fora da caixa. Mas ele queria que eu tirasse mais porque lembrou-se que eu ainda tinha de ir trabalhar.
Muito querido e atencioso da parte dele. Espero estar à altura. Porque o que encontrei aqui nao é um pouco diferente do que tinha no anterior. É 100%!
Vivi eu dois anos e cinco meses com italianos que faziam as proprias pizzas e NUNCA que estes foram capazes de me convidar e oferecer como este rapaz o fez.
E sabem o que as pessoas que avaliam pela aparencia diriam de uns e outros? O italiano bem aparentado, bom falante, iam rotular de simpatico. O polaco, fumador de cannabis e bom bebedor de alcohol, iam rotular de indesejado. Talvez ate perigoso.
Mas as pessoas valem pelas accoes que demonstram, nao pelo que aparentam. Este homem teve a cortesia de nao beber alcohol durante o jantar para o qual me convidaram e no qual insistiram para que eu bebesse vinho. (E acabasse com a garrafa). Ele ficou a sumo. No dia seguinte mencionei que queria colocar prateleiras na parede do quarto e ele prontificou-se a trazer-me as tabuas de Madeira, pois trabalha na contrucao. E trouxe-as! Junto com ferragens. Tambem as vai instalar e arranjar o berbequim e restantes produtos. Uma joia de pessoa!!
Ja o senhorio da outra casa, disse que sim a este meu desejo de ter prateleiras, mas comportou-se de forma canalha. Fez-me exasperar meses, insistindo em ficar indisponivel para tao simples tarefa.
Nao observei este traço na personalidade do novo colega somente com base na sua afabilidade para comigo. Tambem reconheci a sua disponibilidade e prontificacao para ajudar a outra colega numa destas noites, mortificada com a barra do armario da roupa, que estava sempre a cair. O rapaz foi ao supermercado fazer compras para si mas regressou com duas colheres de pau, partiu-as e esteve de volta da barra dela, a fixar o tubo de madeira na extremidade. Antes dela lhe bater à porta para se queixar, ja ele se tinha retirado para o quarto. Ao que parece, ele tinha o mesmo problema no armario dele, mas remediou a coisa enfiando papel e deu-se por satisfeito.
Contudo, quando foi para ajudar outra pessoa, voluntariou-se a todo este trabalho a meio da noite. Um gesto tao bonito com tanto despreendimento e ela nem percebeu. Achou que ele fez a barra para ele.
A maquina para de lavar roupa ate toca uma musiquinha para avisar que a roupa esta pronta!
Em dois dias nesta casa, comi mais pizza do que em dois anos na outra. O contraste!
Pessoas receptivas, a falar com sinceridade e acolhedoras. Todas com mas experiencias noutras casas e talvez por isso, interessadas numa mudanca. Eu mereço isto. Espero que assim continue.
E hoje é aniversario do rapaz. Vai fazer um barbeque e ja disse que vai comprar tudo. Quando lhe perguntei se tinha barbeque, disse que havia um no supermercado.
Imaginem!
Nao so compra todas as carnes, bebidas, etc, como vai propositadamente comprar um set de barbeque para o efeito.
Diante da sovinice que presenciei no outro lado, isto é mind blowing!
Que assim continue. Porque eu mereço.
E agora vou ao supermercado comprar umas bebidas sem alcohol!
Ela transformou-me numa pessoa aparentemente mais fria. Mudou os meus hábitos, o que seria de minha natureza fazer, caso ela não andasse por perto.
Uma coisa que me dá prazer, é partilhar comida com outras pessoas. Não sei porquê, mas gosto. Se tiver a sobrar, ou não tiver mas for o suficiente para duas pessoas, ou se der para dividir um donut que seja... dá-me prazer fazê-lo. Está na minha natureza oferecer. Somente isso. Não faço alarido, não acho que seja um gesto especial. Somente faço-o, por me ser espontâneo.
Mas quando vim para esta casa, todas as minhas ofertas foram sistematicamente recusadas. Fosse eu a cozinhar, fosse comprado já feito, fosse em alimento ainda cru, vegetal ou fruto - recusado, recusado, recusado!
Não demorou muito para perceber (se acham que seis meses é pouco) que o problema não era eu não acertar com os gostos individuais de cada um, e oferecer sempre algo que não apreciam. Nem era oferecer na altura em que já estavam satisfeitos, de estômago cheio - porque a maioria das vezes ainda estavam por se alimentar.
Demorou a perceber que implicavam com a autora da oferta. E por isso nunca aceitaram nada do que lhes ofereci. As únicas pessoas a fazê-lo, foram o senhorio e a rapariga grega. Pessoas normais, com atitudes normais. A africana - bem que tentei, mas ela foi rapidamente «convertida» a adoptar o comportamento dos outros. Já maldizia os meus cozinhados antes mesmo de os provar. Lembro-me que na sua segunda noite na casa, disse-me que estava cheia de fome e que não tinha nada para comer, ofereci-lhe pizza. Ela, que ainda estava a "apalpar" terreno, não sabendo ainda quem era quem dentro da casa, aceitou. Minutos depois, a pizza que lhe dei ficou onde a deixou. Deve ter ido para o lixo. O rapaz rei-da-casa bate-lhe à porta para chamá-la para comer pizza com eles. Eu? O meu «convite» ficou extraviado no «correio», que é por onde o remeteram desde o início.
Porquê esta distinção de comportamento? Não sei. Não tem motivo, realmente. Nenhum. Demorei a percebê-lo, mas detectei os sinais de má vontade e implicância quase de imediato. Só que os ignorei, achando que era«impressão minha». Acho que lhes bastou olhar para a minha cara e foi aí que decidiram: esta, eu não gosto.
Isso, e desejarem viver numa casa exclusiva para italianos e eu atrapalhei-lhe os planos. Era tarde demais para realizar esse desejo por o senhorio ter-me dado o quarto. Só depois o rei-da-casa chegou e impôs as suas regras.
Geralmente, quem ditava as atitudes era o rei-da-casa. Esse é que tentava logo tirar um raio-x da pessoa e depois comunicava aos restantes se estava "aprovada" ou não. Quando o conheci, ofereceu-me cerveja. Recusei, dizendo que não bebia «beer». Perguntou-me se não bebia álcool de todo, com aquela expressão de espanto que hoje em dia parece estar em voga fazer. (Hoje em dia é pecado não beber álcool e ser virgem ou ter comportamentos de abstémia). Respondi que bebia, mas não era muito de beber. Ele fez uma expressão de reprovação, mal disfarçada. No dia seguinte, voltou a oferecer-me cerveja. Como se fosse um segundo teste, no qual teria sido aprovada, caso aceitasse. Não aceitei - simplesmente porque não bebo daquilo. Aos poucos - sem que tenha demorado mais que uns dias, senti que não estava a ser realmente aceite. Sabem quando falam contigo com cerimónia, ou não têm interesse de todo? Tentas iniciar uma conversa e recebes monossílabos, seguidos de mudança de receptor da mensagem?
E gradualmente, fui percebendo que os jantares, almoços, docinhos, bolinhos feitos no forno, pizzas italianas caseiras, os lugares postos na mesa, a troca de mensagens - tudo isso que era partilhado com outros, nunca me era oferecido. Andava eu a oferecer-lhes TUDO, e eles, recusando tudo e não retribuindo o gesto de oferta com nada.
O rapaz até foi mais longe: disse-me que ia fazer uma pizza um desses dias, para eu provar. Vi-lo fazer muitas - ou melhor, fingir que fazia porque a mais-gorda é que é a cozinheira do grupo e nunca que qualquer um deles estendeu-me um convite para degustação. Tão ao contrário da minha natureza!
Quase um ano depois, quando a rapariga africana veio para cá morar (muito graças ao meu pedido de ter alguém com quem pudesse falar inglês, já que todos eles falavam italiano e não me incluíam nas conversas ou convívios), no primeiro dia ele logo lhe disse que ia fazer-lhe pizza. Foi ela que me contou, incluindo-me no grupo, o que estranhei. Até lhe confidenciei que ele disse-me o mesmo mas ainda estava à espera. E depois sucedeu-se o que descrevi seis parágrafos acima deste.
Isto tudo para confidenciar que me tem custado - muito - não oferecer nada. Já cozinho só para mim, mesmo quando estou cheia de vontade de partilhar o que vou fazer com alguém, «engulo» a pergunta "Queres?".
Habituei-me a ter esta postura e não posso dizer que me agrade. Tenho-a aqui, com esta gente. Com outros, volto a ser eu mesma. Mas se calhar, nem sempre. Ontem repreendi-me porque senti vontade de oferecer comida ao senhorio e a um rapaz que cá têm estado a fazer obras na casa. Mas não o fiz, porque a mais-gorda estava por perto. Por mim, cozinhava algo rapidamente, e eles comiam rapidamente, sentados na mesa. Mas com ela ali na sala, a impor a sua presença como habitualmente faz todo o fim-de-semana... Sabendo eu que se acha dona do espaço e detesta ver outros a usufruir do mesmo e nisso quebrar-lhe a rotina, nada fiz. Faria, se ela não estivesse presente. Mesmo com os outros por perto, talvez oferecesse. Com ela... não.
Não me sinto confortável com ela por cá. Consigo sentir a sua energia de ódio, às vezes vibrando com tanta intensidade!! Nem sei como é possível outras pessoas não o perceberem.
Vim agora das compras e trouxe dois donuts de chocolate. Abri um para comer, o outro... para quê o ia guardar? Ofereci-o ao senhorio.
Este já tinha demonstrado «curiosidade» pelo cheiro que saía do forno, onde a mais-gorda decidiu fazer um bolo. (cheio de aroma artificial a baunilha). E brincou se estava a fazê-lo para lho oferecer. De seguida perguntou se o fazia para levar para o emprego. Respondeu-lhe que era para ficar em casa. Ele voltou a brincar que o ia comer. Claro que, agora, ela vai ter de se armar em boazinha e lho oferecer. Mas sei que não o faria sem ser por se sentir obrigada ou então, por cair bem, para ficar nas boas-graças. Quer mais é vê-lo fora daqui o mais rapido possível. Portanto, jamais lhe ia oferecer bolo porque isso significa aumentar a sua permanência na casa. Mas ele praticamente convidou-se e ela percebeu que tinha de o fazer. Nunca que me ofereceu a provar nenhum dos bolos que faz. Mas oferecia-os aos outros. Assim que entravam pela porta.
Isso não me incomoda mas acho surpreendente. Como pode uma pessoa auto-proclamar-se de bem educada, vinda de um povo que gosta e sabe bem receber, e comportar-se desta maneira?
Chiça!! Então quando vir o que é bem-receber tuga vai auto-flagelar-se de vergonha e arrependimento.
Foi desta maneira que me cumprimentaram ontem, dia 2, quando regressei ao trabalho. Estranhei esse cumprimento, porque já não era dia 1 e a tarde estava a terminar.
Mas aparentemente deve ser costume dizer-se isto quando se vê a pessoa pela primeira vez, ainda que já não seja primeiro de Janeiro.
Este ano fiquei surpresa com este momento. Como de costume, não celebro nada. Era para estar a trabalhar, pelo que nem me ocorreu pensar no dia que era nem na importância que tem para certas pessoas. Esqueci que havia fogo de artifício, pessoas a celebrar...
Foram os colegas da casa que o fizeram sobressair. Um convidou-me para juntar-me a ele e uns amigos que cá vinham para jantar. Quando chegou perto da hora, este teve de ir dormir por ir trabalhar cedo e o outro desejou-me um feliz ano, com um abraço e dois beijos no rosto.
O contraste com o que aconteceu no ano anterior veio à lembrança. Sinto NORMALIDADE a regressar ao quotidiano - embora não queira falar disso para não atrair outro tipo de energias. Gosto dos dois colegas mais recentes que cá entraram, embora ainda tenha receios.
Só cá estiveram esses, os outros estavam fora. E sem a mais-velha, esta casa tem uma excelente energia. Falando na dita, chegou hoje. Ao contrário do que aconteceu comigo quando regressei das férias de Natal, aparentemente chegou para uma casa vazia. Ninguém cá estava para a acolher. Que foi o oposto do que veio a acontecer comigo. Quando cheguei, surpreendeu-me o calor humano que encontrei. Falaram comigo. Um agradeceu-me de imediato o presente que lhe deixei debaixo da árvore. Estavam dois amigos de um deles cá em casa, que já havia conhecido, todos conversámos entre si tendo como tema em comum umas obras que o senhorio precisou fazer na casa neste período de ausências. Estava tão receosa por temer a hostilidade e frieza habitual e acabou por ser um regresso para uma casa harmoniosa. Também um grande contraste com o ano passado.
Na bagagem trouxe, mais uma vez, um bolo-de-rei. Contrastando com o que aconteceu no ano anterior, este foi elogiado, apreciado e «devorado». Não chegou ao novo-ano! Comeram-no com gosto e com gosto voltaram a comer no dia seguinte. Não foi como no ano anterior, em que o bolo-rei ficou intacto, nenhum dos italianos quis prová-lo, tive de o congelar.
2020 parece vir a ser melhor.
Eu mereço!
Busquem a vossa felicidade e sejam felizes! Feliz 2020!!
Não que achasse que era mentira. Sei que há fundamento para se dizer que o povo português é acolhedor e hospitaleiro. Mas também achava que, se calhar, estavam um pouco a puxar "a brasa à sardinha".
Afinal de contas, o povo português também é desconfiado. E cusco. E gosta de quadrilhar. Mas mesmo não simpatizando com a cara de alguém, mesmo incialmente desconfiado e curioso, o povo não nega ajuda. E sabem que mais? Descobri que somos, de facto, especiais.
E se calhar merecemos, com todos os louros, o rótulo de povo "mais acolhedor da europa". O que sempre achei exagero e pouco justo com os muitos que não conheço.
Os que conheço melhor, são os italianos.
Os que partilham casa comigo.
E nesse aspecto posso garantir uma coisa:
Os italianos julgam-se muito correctos. Mas não são.
Uma coisa que o povo português faz é, na hora das refeições, se aparece alguém e há comida, é convidado a partilhar a mesa. Neste instante os três italianos desta casa estão à volta da mesa, a partilhar uma refeição, que não me foi oferecida, nem sequer por cortesia. Nem por cortesia, fui chamada a sentar junto deles, para conviver. Nenhum deles combinou a refeição juntos. Simplesmente quando um vai para a cozinha, os outros seguem e sempre sabem que a comida é comum entre eles. Funcionam como uma matilha de cães. Aqui a diferença entre o português e o italiano é abismal. Antes de um deles começar a preparar o jantar eu já tinha feito um que dava para quatro ou cinco pessoas. E ofereci. Queria partilhar a minha refeição, quem sabe ter companhia à mesa para trocar umas palavras e confraternizar um pouco.
Qual quê.
Nenhum aceitou a minha oferta - como aliás nunca aceitam e tenho oferecido desde que cheguei à casa. Disseram-me que iam preparar uma sopa mas, depois, tiraram pasta, salsichas e batatas e foi isso que decidiram comer. Eu tinha feito esparguete à carbonara.
Pasta, carne, molho de tomate, com tomate... algo que os italianos dizem adorar. Mas pelos vistos, adoram se for cozinhado por um italiano, com ingredientes italianos. Parece que tudo o que não é feito por eles é tratado com esnobismo.
E é por isso que digo que eles se julgam muito correctos mas não são. São até um tanto rudes. Mal educados - quando comparados às regras de convívio e boa educação que são transmitidas e praticadas por um português no seu conceito genérico.
Eu estou sozinha neste país. Não tenho família, não tenho ninguém próximo que seja português como eu e por vezes caia bem poder ter uma conversa com alguém dentro da mesma casa. Tinha isso na outra - embora fossemos todos diferentes e cada um na sua vida, arranjava-se sempre umas horas de cavaqueira. E a conversa saia fluida, natural, sem esforço. Nesta casa não vou encontrar isso porque divido-a com italianos. São um povo muito centrado no próprio universo tricolor de verde, branco e vermelho.
E vocês?
O que é que acham?
Que experiências tiveram e que opinião querem partilhar sobre o tema?
O meu trabalho consiste em informar turistas sobre viagens, transportes, pontos de turismo, hoteis, etc.
Muitas vezes alguém apressado aproxima-se e antes de parar já está a «arrancar» e a querer a resposta à pergunta que lançou ao ar. São os apressados. Os que percebem que têm de estar em algum lugar depressa e se vêm com pouco tempo. Uns correm que nem baratas tontas de um lado para o outro. Ao avistá-los, ofereço ajuda mas estão com demasiada pressa e por isso fingim não ouvir e seguem caminho. Julgam que disponibilizar tempo para me ouvir é... perda de tempo.
Mas sabem o que descobri?
Ganha-se tempo. Na realidade, pode-se até ganhar bastante tempo se se parar para pedir informações. Basta aguardar apenas cinco segundos que podem fazer a diferença. Dar cinco segundos, meio minuto, para que a informação possa ser emitida e assimilada não é perder tempo. É recuperá-lo.
Na pressa o que vejo são pessoas que, mesmo recebendo direcções exatas, vão enfiar-se nos lugares errados. Mas as que considero piores são aquelas pessoas a quem perguntas se podes ajudar e elas ficam paradas a fingir que não te ouviram.
Ignoram-te. Isso para mim é de tão má educação.
Por vezes não volto a oferecer. E vejo-as ali, a tentar descobrir por elas mesmas para onde se devem dirigir, quando, em três segundos, já o saberiam e já estavam a meio caminho. Diria que em 90% desses casos, passados uns 5 a 10 minutos todos regressam mais perdidos, a querer ser orientados. As mais inteligentes perdem esse tempo e seguem contentes e agradecidas, conscientes que já economizaram uns bons minutos de stress e de pesquisa. Até caminham mais tranquilamente, porque sabem para onde vão. Os que não sabem, caminham apressadamente, hesitantemente, sempre com a cabeça levantada e o pescoço em todas as direcções, em busca de informações visuais, sinais, nomes, setas...
E perdem tempo. Os apressados interpretam muita informação mal. Agora que o verão está cada vez mais à porta, já dá para notar as consequências. Ao invés de pessoas geralmente sempre bem dispostas, já aparecem com frequência os viajantes irritados, mal dispostos e mal educados. Mais uma vez, aqueles que não se precaveram, não sairam de casa antecipadamente para fazer uma viagem, para comprar um bilhete, e chegam cheios de pressa e a refilar com todos que, naquele preciso dia, "meteram-se" no seu caminho.
Hoje atendi uma mulher que chegou já a avançar, sem parar e a refilar. A duvidar das indicações que lhe dei a respeito do local onde tinha de se dirigir. Então ofereci-me para a conduzir até lá. Pelo caminho conversei um pouco, tentando que descontraísse. Estava atrasada por culpa dela mas, claro, responsabilizou todas as outras pessoas menos a si mesma. Vai que a conduzo até um determinado sítio e aí mesmo já tenho outra pessoa a querer apresentar-me uma questão. Ao perceber isso, a mulher a quem não tinha obrigação nenhuma de conduzir até o local, respondeu à outra, após esta dizer que pretendia colocar-me uma questão.
-"Boa sorte".
Como quem diz que não a ajudei de todo. Ora a lata! Da próxima vez leva com o tipo de atendimento que os meus colegas fazem: seco, repetem o comando e no máximo apontam na direcção a seguir. Há pessoas que não sabem ser gratas ou reconhecer gestos de ajuda que não está na minha obrigação oferecer. Confundem-me com a pessoa que trabalha para certas companhias e por isso julgam que as sei informar sobre procedimentos específicos dessas companhias. Ora, não é por limpar um restaurante que sei dizer como é que na cozinha cozem os ovos!
Hoje, por ter pouco movimento em certas alturas, prestei-me a esses favores. E, pela primeira vez, fui ajudar umas pessoas a fazer uma operação naquelas máquinas automáticas. Nunca tinha usado uma mas, como trabalho nas proximidades, pensam que sei tudo e tenho obrigação de saber.
Ontem um casal teimou comigo que a direcçao que lhes dei não estava certa e exigiam falar com outra pessoa que "soubesse". Ainda por cima tinham cortado a vez a outra pessoa que chegou primeiro com uma pergunta. Respondi-lhes porque era uma resposta direta e podiam seguir caminho. Mas o agradecimento veio em forma de desconfiança e ameaça. O cliente que chegou primeiro foi simpático e nao se chateou. Pedi-lhe desculpas e os outros, já que não estavam satisfeitos com as minhas direcções, ficaram ali recusando-se mexer-se do lugar, porque estavam "cansados de correr de um lado para o outro" e queriam alguém que "soubesse" onde ficava um certo hotel.
Pois respondi-lhes que ia ver. Acabei de atender o cliente e segui pelo caminho que lhes indiquei. Direta ao hotel, apenas a 20 metros de distância. Quando dei por mim vinham atrás, certamente já a perceber o erro cometido. Quando se cruzaram comigo, lá disseram:
-"Ah, é aqui. Lembravamos que era uma zona assim e não a vimos. Obrigado".
Fizeram figuras de ursos, como se costuma dizer.
Gradualmente este tipo de pessoas está a aumentar...
Mas entre elas, resta-me as genuinamente simpáticas e as que irradiam um contentamento genuino cada vez que são ajudadas e sentem que as suas preocupações deixaram de existir.
Gosto de pessoas humildes.
Pessoas humildes fazem-me sentir pequena, pequeníssima.
Uma sensação que é boa, sensação de aprendizagem.
Também me considero uma pessoa humilde mas há quem seja mais ou tenha um tipo de humildade mais a descoberto, tão genuíno e puro que nos faz sentir menores. A minha humildade não sobressai ao olhar. Acho que, só de olhar para mim, o que se vê é alguém com "cara de poucos amigos". Eu gosto disso. Faz-me sentir menos vulnerável embora saiba que, assim que me mostrar como sou, mais vulnerável dificilmente poderia ficar.
E este tema a propósito do quê?
De nada e de tudo...
Saudade de quem partiu, saudade dos humildes, admiração por quem nunca perde noção do que são boas maneiras.
Ontem deixei o que estava a fazer, deitei para trás uma indisposição que me atormentava o corpo e, a pedido de uma amiga, fui encontrar-me com ela. Tinha algo que queria me dizer. "E vem. Vá lá." "Vem". E lá vou eu...
Afinal ela não tinha nada importante para me contar. Apenas mais um desentendimento dos muitos que já me relatou, que tem com perfeitos desconhecidos por tudo e mais alguma coisa. Numa ocasião, depois de me ouvir falar ao telefone, pergunta-me um tanto irritada porque é que eu sou "tão simpática" com quem não me está a fazer favor algum.
Sou como sou. Fui simpática com aquela pessoa, como também fui com ela.
A amizade dá-se gratuitamente, certo?
Ou vem com um preço?
Estou prestes a descobrir.
Pela primeira vez surgiu uma oportunidade de ser ela a fazer algo por mim.
Mas já noutra ocasião essa hipótese foi coagitada.
E ela remeteu-se para um silêncio incomum.
O silêncio regressou.
Até ficou incontactável.
Nesta casa já me assumi como uma «escritora» de bilhetes.
Cada vez que precisei comunicar algo aos restantes moradores da casa, como é raro nos vermos, principalmente todos de uma vez, é comum escrever uma nota e deixar na cozinha.
Foi assim desde o início.
Por qualquer coisa que pretendia saber ou comunicar eu escrevia um (por vezes longo) bilhete e afixava na porta do frigorífico.
Foi o que fiz quando precisei avisar que acabou-se a luz e precisávamos colocar dinheiro. Foi o que fiz quando em Fevereiro me ausentei por uma semana - deixei bilhetinho a avisar que ia estar ausente. Foi o que fiz quando desejei FELIZ NATAL a todos, em Dezembro: escrevi email, enviei cartão postal, decorei a casa... Escrevi também bilhetinhos para qualquer coisa: principalmente para disponibilizar comida que de outro modo seria desperdiçada. Um bolo-rei, três pão em baguete, chocolate, iogurte, donuts, legumes e frutas congeladas, café acabado de moer, cerejas acabadas de colher...
ENFIM.
Eu escrevo bilhetes no intuito de comunicar. Não vejo nada de mais nisso. Até já deixei bilhete escrito quando não percebi porquê a máquina de lavar novinha não estava a ligar. E escrevi bilhete quando nos atrasamos nas limpezas da casa e pedi para apanharmos o ritmo porque vinha aí um novo inquilino.
Há momentos porém, surpreendi-me com um pedaço de conversa que me pareceu escutar. Acontece que ontem, quando num raro momento em que me alimento nesta casa, fui até à cozinha preparar uma salada para comer, fi-lo em frente ao sítio onde há uma semana colocaram o comprovativo em papel de carregamento da eletricidade e gás. Já nem me lembrava disso. Ora, o «novo» inquilino às tantas entrou na cozinha (o que faz amiúde quando escuta pessoas lá) e às tantas ao ver o papel pergunto-lhe se já haviam dito à penúltima sobre o carregamento. É que ela não estava quando precisamos fazer o depósito, por a eletricidade ter chegado ao fim. Estava apenas a 50 centimos de ser cortada! O que significa que ela não entrou com a sua parte. Na altura os dois começaram logo a dizer que depois se pediria a parte dela quando chegasse. Só que ela já chegou faz uns dias e eu ainda não a vi. Já a ouvi, em conversa com ambos os dois. E por isso perguntei ao primeiro que me apareceu à frente se já haviam falado com a penúltima.
Vai ele, que até foi o que meteu mais entraves e sugeriu que pagássemos menos que o habitual e a seguir cobrássemos pessoalmente 10 libras da penúltima pela parte que lhe competia, responde que «não quer meter-se nisso» e que «deixava para nós» por «não gostar dessas coisas». Ao que eu respondo »mas eu também não gosto!». No sentido de que ninguém gosta de cobrar dinheiro de outra pessoa... Ele sugere que se diga ao outro inquilino - o que está aqui há mais tempo, para o fazer. O que eu não entendo bem... porque não vi necessidade de «designar» uma pessoa em particular para a simples tarefa de dizer a um residente para dar a sua parte. Não é algo extraordinário. É de se esperar ter de se pagar contas, pelo que é uma comunicação esperada.
Mas não pensei mais nisso e fui à «minha vidinha».
Vai daí decido ir às compras e ao descer para a cozinha, vejo o papel e lembro de deixar um bilhete. A verdade é que lembrei que ainda não sei fazer o carregamento para se ter eletricidade. E por esse motivo quando percebi que apenas se tinha 0.50 centimos, e estava sozinha na casa, pensei em ir imediatamente carregar algum só recorrendo a dinheiro meu. Mas como? Se ninguém me mostrou até hoje (não por falta de o pedir) como se faz??
Corremos o risco de ficar às escuras só porque apenas uma pessoa nesta casa «guarda o segredo» de como se faz o top-up (carregamento) das contas a pagar. Ocorreu-me então que se a penúltima desse a sua parte, como estou no meu dia de folga, era capaz de ser esta a tão aguardada oportunidade para finalmente saber como se faz o top-up. E essa simples e rápida lembrança fez-me escrever um simples e simpático bilhetinho.
VAI QUE HÁ MOMENTOS oiço o mais novo inquilino abordar o mais velho e só escuto o seguinte: "é para deixar as coisas claras"... "não fui eu...." E o outro responde: "não faz mal, ela não estava em casa. O que importa é que temos eletricidade".
Lol.
Não é preciso muita inteligência para fazer a ligação do raciocínio. O «mais novo», com receio de o interpretarem na sua verdadeira natureza (na realidade está preocupado mas não quer passar essa imagem) tratou de «descartar-se» de qualquer autoria pela presença do bilhetinho.
Como se o bilhete tivesse algum conteúdo ilícito, ofensivo.
Atribuindo ao mesmo essa conotação!!
E quem o escreveu? Eu...
A quem estava ele então a «passar a responsabilidade» desse «gesto ofensivo»?
A mim.
Fez-me sentir uma pessoa vil por estar a lembrar a uma pessoa que na sua ausência foi preciso pagar as contas da luz e gás!
Não achei bem.
Não gostei mesmo nada.
(PS: sobre o novo inquilino já estive para vir aqui fazer uma actualização. Mas adiei por preferir dar destaque a outros temas que não estes domésticos. Por isso está em falta uma «actualização» e contextualização. Que agora é necessária para contextualizar o que por aí poder vir).