domingo, 26 de julho de 2020

Entrando na arena e enfrentando o touro


Acho que é um processo que vai levar tempo, este de me curar dos efeitos nocivos que a anterior casa me incutiu.

Hoje, antes de despertar, consegui ouvir os restantes na casa a conversar (por enquanto sao so dois). Pude perceber que falavam de experiencias da pessoas na casa e isso despertou em mim a sensacao familiar de que falavam nas minhas costas.

Decidi abrir a porta do quarto devagar tentando nao fazer barulho. A ver de ouvia algo. Nisto calam-se e oiço a rapariga a comecar a subir as escadas.

 Veio espreitar se eu me aproximava e confirmar se podia ter escutado a conversa deles?

Seria o retorno da familiaridade da conspiracao?

Entrei no WC e de seguida, desci para o espaco comum. Agora vazio. Fiquei a aguardar um deles se aproximar.

Nesse tempo, que me parece uma eternidade, a familiaridade da maledicencia tornar-se uma rotina começa a assolar-me e  tomo uma decisao: Abordar o assunto.

A rapariga entra, pergunta se eu estou bem. Respondo que sim, mas que queria dizer uma coisa e pedi-lhe para que chamasse o rapaz.

Expliquei que fiquei com a sensacao de que esvaziaram a sala por me ouvirem a aproximar. Comecei por dizer que podia ser da minha cabeca devido ao que me sujeitei na anterior casa e que queria que soubessem que podiam dizer-me o que quer que fosse se tiverem algo para me dizer, algo com o qual nao estejam de acordo.

- Nao podias estar mais errada, tuguinha!
- nao, nada disso. Acho que ainda estas muito sintonizada no que era a outra casa - responde o rapaz.

E assim, com esta simplicidade, por ter decidido expor o que senti ao inves de o guardar ca dentro, tudo se desvaneceu.

Nada ficou pendurado no ar, como um cancro, a ganhar tamanho ate ficar gigante e colapsar em cima da minha cabeça.

Tenho orgulho em mim.
Por ter reagido face ao meu receio.
Assim ele nao cresce. Matei-o. Entrei na arena, chamei o touro e preparei-me estoicamente para a sua força brutal.

Tinha de aprender com os meus erros. Deixar estas impressoes regressarem à minha vida seria um erro grave, cometido muitas vezes no passado.  É logo para exterminar.

Este foi um grande passo no caminho para a cura. Porque existe um trauma. Este nao desaparece como por magia devido a mudanca geografica. Nao e assim que as coisas acontecem. Vai ser gradual, esta recuperacao da minha auto-estima e confianca nas pessoas. Os efeitos nocivos do veneno daquela mafia italiana vao perdurar.

Mas eu vou enfrentar todos os touros. Sou uma gaja super guerreira. É tudo frente a frente, olhos nos olhos. Como um forcado diante do touro.


É profundo, o nivel de fragilidade a que cheguei por ser tao tolerante com a maldade alheia. Nao cheguei a contar aqui mas contactei uma entidade que oferece apoio psicologico naquele que foi um momento em que percebi a profundidade e ramificações do mal que me vitimizava. Porém, deles nao escutei resposta. So me telefonaram para confirmar os meus dados pessoais e fazer uma ficha. (Grande ajuda!).

Eu so queria falar de forma anonima com alguem. Precisava  de contar o que se estava a passar. Mas o anonimato, hoje em dia, é pura ficção cientifica. Os teus dados pessoais sao mais ambicionados que ouro.  Recolhem-nos cada vez que te aplicas a um emprego, cada vez que usas um cupao, cada vez que procuras um serviço "gratuito".

E em troca, recebes nada a nao ser publicidade, vendas e pedidos de doacoes.


Sim, posso sentir-me muito fragil. Mas na minha fragilidade existe tambem uma resistencia de diamante. Podem lapidar-me em frangalhos, mas nao conseguem destruir-me. Porque o meu interior nao é uma imitaçao barata. É puro e cristalino tal como a pedra preciosa.


E é essa pureza que muitos cobiçam. Porque  nao a tem e por isso tentam destruir.


4 comentários:

  1. Estás no bom caminho e nada como pôr logo tudo em pratos limpos.

    Beijos e um bom dia

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  2. Boa atitude. Era o que devia ter feito logo de início na outra casa. Não sofrer calada.
    Abraço, e saúde

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  3. Muito bem!
    A falar é que a gente se entende!

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