quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Saiu como um rato e à francesa


O rapaz já foi embora. Sorrateiramente, como sempre foi a sua postura. 
Toda a gente que é normal, quando muda de casa, enche caixas, faz barulho, arma confusão. Ele não. Tal era a vontade de o fazer sem eu dar conta, escutei-o em ruídos contínuos, em acções quando virei as costas, tirou tudo da dispensa da cozinha sem eu dar conta, tudo do quarto sem se notar, etc. Por mais que eu queira, tanta vez, ir à cozinha buscar algo no frigorífico sem ninguém notar, raras vezes sou agraciada com essa sorte. Não dá. Há sempre alguém a cuscar. Alguém na espreita. 

Ele conseguiu remover até todos os produtos do WC sem que fosse perceptível. E eu sou a única que nada guarda dentro dessa divisão! Devia ser a única capaz dessa destreza impressionante mas não sou. Nem quando fui de férias uma semana sem avisar fui capaz de o fazer sem que a minha ausência fosse quase de imediato detectada. 

As gravações que deixei na box intencionalmente cheia, foram todas apagadas em menos de 24h da minha partida. Fui verificar há poucos dias. Quarta vez consecutiva que isso acontece. Maus hábitos não morrem nunca. E aquela tipa não consegue deixar de os ter. 

Estou aqui há semanas a tentar ter tempo só para mim para poder começar a tirar coisas do quarto - que vai ser alvo de uma expansão daqui a menos de um mês - e não tenho como! Há sempre alguém por perto, sempre alguém no caminho a querer passar ou a observar um movimento por menor que seja. 

O senhorio também anda estranhamente desaparecido. 

Nem apareceu para verificar o estado do quarto ao ser abandonado. Coisa que sempre fez!!
Tal é a confiança (cega) que deposita no rapaz.

Um controlador de primeira que sempre necessitou de ditar quem vinha morar para a casa. Até escolheu o seu substituto. 


E é assim. 
Uns conseguem, outros não. 


4 comentários:

  1. Tenho de ir ao medico da vista. Li o titulo: sai com um rato e a francesa. ahahaha
    Pensamento inicial: ele era assim tão feio? ou má pessoa? ahahaha depois é que li melhor!
    Esse senhorio é fresco. Confia em quem não deve!

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    1. Aos meus olhos não tinha encanto algum. NADA. Zero. Para os outros talvez. Foi má pessoa para mim a cada instante que cá esteve. Para lhe arrancar uma palavra parecia uma cena de uma ida ao dentista nos antigamentes.. Eu tinha de estar ali com um alicate a puxar! Só para conseguir um monossílabo. Nunca tomou a iniciativa de puxar conversa comigo, sem ser no início, apenas uma vez por semana, para sondar se estava de folga. De resto, não me falava. Nem me respondia. Não conversava!

      Na passagem de ano entrou em casa e não me desejou Bom Ano. Nem me falou. Eu ia para abrir a boca para o cumprimentar quando o vejo olhar-me e virar o olhar. Foi como se eu não existisse. É muito revelador quando, em dias especiais, as pessoas não mostram ser afectuosas com os demais, não importa se mais ou menos íntimos.

      Com todas as outras que cá viveram, mesmo só por um mês, ele ia propositadamente puxar conversa se as detectasse por perto. Para seduzir, ficar bem visto. Comigo, nem puxou conversa, nem permitiu que a puxasse eu. Tratamento frio, mesmo "não te quero aqui".

      Foi cínico, manipulador, controlador, falso, não limpava a casa, deixou sempre o fogão sujo e deixou que pensassem que era eu. Chegou uma altura em que todos os meus movimentos estavam sobre escrutínio, de tão observados e comentados que foram. E virei um alvo. De ataques disfarçados de "preocupações" ou gestos "inocentes". Não pouparam a nada. E MOTIVO para serem assim? Nenhum. Eram porque assim o escolheram. Porque pretendiam fazer-me sentir excluida, para que fosse embora e deixasse a casa apenas para eles.

      Conheci-lhe a personalidade verdadeira. Um sedutor barato que habituou-se a ver as portas a abrir bastando-lhe mostrar o sorriso e o os olhos azuis.

      O senhorio deixou-se seduzir como todos. O rapaz fez por isso, não era parvo. Um olhar mais atento ou sensível porém, depressa detectava a falsidade a transbordar pelos poros. Muitas vezes dava para perceber que a presença do senhorio o incomodava não era bem vinda.

      Acho que o senhorio nem é parvo. Percebe muita coisa. Mas nem sempre na real amplitude. Também tem tanta casa mais com que se ocupar. As partes domésticas, das relações, não lhe dizem respeito. Mas tenho a certeza que sabe mais do que dá a entender.

      Bjs

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