Metereologia 24 h

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domingo, 15 de março de 2020

Regresso ao Reino Unido e o Covid-19


Estou de volta ao Reino Unido, de regresso à vida numa casa partilhada com assistentes de bordo italianos. Aparentemente está tudo bem. E assim pretendo que continue. O medo mesmo, reside na falta de acção do Governo e no Sistema de Saúde. Não parece que existam medidas a ser tomadas para prevenir seja o que for. Escolas não fecham, ajuntamento de pessoas não tem qualquer nova regra imposta, os centros comerciais continuam a abarrotar de gente... está tudo a levar a sua vidinha como se nada fosse. Em caso de sintomas de gripe, o NHS (sistema de saúde) não quer saber se se trata de COVID-19 ou uma simples constipação. Dizem que qualquer pessoa que tenha sintomas deve"ficar em casa". 

E é só isto. É isto que o SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE BRITÂNICA tem para oferecer aos seus cidadãos: absolutamente N_A_D_A. Eu pergunto: se for o Covid-19 que a pessoa tem, como é que entra para as estatísticas? Só se  vier a falecer e então ser-lhe facultado o teste! Se sobreviver, nunca saberão se o que a afligiu foi o Covid ou não. Ou será que à posteriori já aceitam que a pessoa seja testada só para aproveitamento político, do tipo, "curaram-se X", ainda que nenhuma cura esteja relacionada com a acção dos governantes e do sistema de saúde mas à pura sorte?

E quantas pessoas de saúde mais fragilizada, como doentes, pessoas que sofrem de asma, diabetes, pessoas mais idosas com o sistema imunológico pouco resistente... essas, o governo está a condenar à sua própria sorte. E os factos dizem qual é: a morte.
É uma postura vergonhosa e se nada mais me incentivar, esta falta de consideração pela vida humana dos próprios contemporâneos confirma aos meus olhos o quanto se pode contar com o governo britânico em caso de verdadeira necessidade. Não se pode. Em que país vou ficar a morar??


Mas vinha falar de outro tema: no vôo de regresso, fiz uma paragem no Porto. Aproveitei, ainda com receio mas tomando todas as precauções, para dar um pulo à cidade. Mantive-me afastada de pessoas, mas foi difícil, porque as havia por toda a parte. Quase todas turistas. A zona ribeirinha do Porto estava lotada de gente, que por ali se aglomerava até bem depois da hora de almoço. Inclusive carteiristas, disfarçados de vendedores de óculos escuros. Nenhuma pessoa usava luvas ou máscara. Só no metro é que encontrei algumas pessoas com máscaras no rosto. 

O mesmo verifiquei em Lisboa, no curto período de tempo que caminhei pela Gare do Oriente, querendo "matar" saudades do rio. Muitos turistas, todos despreocupados, a turistar e alguns jovens - também eles estrangeiros, outros talvez nacionais. Dentro do shopping, muita gente e o supermercado Continente, lotado de pessoas. 

Mas quero também partilhar outra coisa que notei e que é de louvar: a preocupação dos gerentes em sanatorizar os espaços. Vi os corrimões das escadas rolantes do centro Vasco da Gama a serem desinfectados, a WC onde precisei de ir estava bem limpa e no geral, notava-se que o comércio tinha consciência do vírus, havendo aqui e ali quem estivesse de luvas e máscara. 

No aeroporto de Lisboa, a mesma coisa: muita desinfecção, o WC no qual entrei foi o mais limpo que alguma vez vi. Nas palavras apanhadas aqui e ali pelos funcionários, notava-se preocupação e também cada qual tinha a sua opinião sobre a medida a ser tomada: encerramento total do espaço aéreo - foi a que mais escutei. 

Uma vez no Porto, verifiquei que os mesmos cuidados estavam a ser tomados. Consegui registar isto aqui: a limpeza de uma das paragens de metro.


Mas também entrei num outro centro Comercial, um perto de um oculista de nome "Adão", onde fui por precisar de um WC e, quando nesse espaço quis entrar, tive de esperar à entrada onde um fita me impedia a passagem, pois o mesmo estava a ser limpo. Cá fora, mais um corrimão de escada rolante a ser desinfectado...

Portugal a tomar precauções. Muito bonito de se ver.

(já o UK...)

Espero não me arrepender de ter regressado a este país, onde, claramente, corro maior riscos de contaminação. Tudo pelo trabalho... que me ocorre agora poder vir a desaparecer. Por causa do vírus em si. Com esta falta de controlo, vivendo tão perto de um aeroporto, com a descida de encomendas e exportações, o mercado económico está a sofrer imenso com o Covid-19. Maldito ano de 2019 que chegou mesmo para nos dar terríveis experiências! Este vírus começou em 2019 e «transitou» para o ano seguinte. 

Mas nem tudo é mau e quero partilhar convosco outra impressão com que fiquei durante a minha rápida passagem pelo Porto. Nomeadamente pelo aeroporto do Porto... Então não é que cada gajo que ali estava a trabalhar, desde o tipo do café, a um outro qualquer atrás de um guiché, ao ground-force (equipa de terra) que aparece para fazer coisas no avião, até aos tipos da segurança ou do check-in... tudo homem bem constituído, interessante. Um ou outro com um tom de voz daquela que me faz sentir como se escutasse uma melodia de embalar... só que sexy. 

Zona ribeirinha, Porto, pós emergência Covid-19, dia 14 de Março 2020

E por fim, desta vez dispensei a Easyjet e voei pela Tap. É uma companhia aérea que pode nos dar dor-de-cabeça antes da viagem. E o aeroporto de Lisboa é sempre caótico, pequeno, desorganizado... Mas uma vez dentro do avião na viagem em si, tirando os passageiros barulhentos e que parece que ali viajam todos os que não aprenderam que é para usar auscultadores nos ouvidos se forem ouvir músicas ou ver filmes, a equipa a bordo é sempre simpática. A comida não é vendida. Se fizer parte do "pacote" do bilhete, tens direito a ela. E esta é-te dada com simpatia e cortesia. Nada de te "enfiarem" aquilo à frente dos olhos com ar de frete... Acho até que se pedires reforço de bebida eles dão-te-na, sem cobrar. Fiquei na dúvida, após o casal ao meu lado pedir uma segunda cerveja. Não vi quaisquer trocas de dinheiro.

Muito diferente da companhia aérea laranja, que tem como objectivo a venda a bordo, o lucro, lucro, lucro! E se formos a ver, diante de certas condições (como a stop-over no Porto que até foi mais uma vantagem que desvantagem), a Tap faculta passagens económicas. Infelizmente não tanto quanto as que faculta caras. A mesma passagem de Lisboa ao Porto custaria quase 200 euros, caso o meu destino final fosse esse. Um horror! Fiquei até pasmada a olhar para o monitor. Lisboa-Porto não devia ser mais que uns 50 euritos... Mas como o meu destino final era esta terrinha onde chove e faz frio (já a sentir falta do sol que encontrei em Portugal), o preço do bilhete não chegou a 50 euros. 


Acabou de me ocorrer um facto que não aprecio mas que constatei ser real: cada vez que me demorei pelo Reino Unido, levei comigo para Portugal algo mau e de efeitos duradoiros. A primeira vez que pisei nesta terra, foi como aluna Erasmus. E foi quando apanhei a minha primeira gripe. Fiquei de cama, tudo doía e não conseguia mexer-me. Nos anos seguintes - três, quatro o que não é pouca coisa, apanhava constipações fortes com extrema facilidade, várias no inverno, sendo que a última deu-se em pleno verão. Antes disso era raro. Todos tinham ar condicionado ligado devido ao calor e aquilo para mim era um suplício, causava-me ataques de espirros que não conseguia conter. E sentia muito frio. 

Pensei estar "condenada" para o resto da vida, ter ficado com o meu sistema imunológico comprometido, tudo devido a um virus inglês que apanhei na Inglaterra. Pouco depois vim trabalhar uns meses para o Reino Unido, e, mais uma vez, surgiu um "surto" qualquer no local de trabalho, julga-se que com o sistema de água, que fazia com que a pele das pessoas ficasse seca, gretada, solta. Apanhei isso na minha mão direita e desde então "tenho" comigo essa condição adormecida. Regressou no primeiro ano que emigrei para cá e trabalhei num restaurante, onde lavar as mãos, ter as mãos húmidas, sujas, esfregar e limpar era rotina constante e diária. A coisa "surgiu" novamente mas com muita força. Fiquei com as mãos a sangrar e todas peladas. Numa consulta médica com um dermatologista em Portugal fiquei a saber que não era uma bactéria, era um vírus e que não tinha cura. Só podia gerir a coisa. Como?
-"Não lavar as mãos" - respondeu-me ele. 
- "Não posso lavar as mãos?! A sério?" - disse, incrédula e sabendo desde logo que isso era impossível. 

Não posso ter as mãos húmidas.

Escusado dizer que não cumpri a  recomendação do médico, continuo a lavar as mãos com muita frequência, devo tê-las lavado ontem somente umas 100 vezes. Mesmo de luvas, lavava-as a cada toque no telemóvel para tirar uma foto, para consultar alguma coisa, cada vez que precisei ir ao WC... muitas vezes lavei eu as mãos. Mas não se preocupem: a mão nunca mais apresentou os sintomas. Às vezes dá a "coceira", sinto-a ligeiramente áspera... mas passa. A pele, contudo, nunca mais ficou a mesma. Pouco se nota. Está "mais solta", mas só eu sei disso.

Sempre intuí que, cada vez que pisasse no UK, regressaria com uma mazela qualquer
Tenho vivido aqui nos últimos anos. Por vezes ocorre-me este pensamento. E fico a imaginar o que aí virá. Agora temo que a próxima mazela seja o Covid-19.

Se o apanhar, segundo o NHS, devo ficar "fechada em casa" e isso significa condenar todos os que cá moram a quarentena e também, à possível contaminação - caso não seja um deles a me contaminar primeiro.

Mas uma coisa é certa: o governo Inglês conta com a contaminação. Não faz NADA para a prevenir e vai ficar de braços cruzados à espera que desapareça. 

À espera que o resto do mundo, que o resto da Europa de quem se quis separar, que seja ela a tomar as precauções, que seja a Europa a ajudar os cidadãos e que seja ela a parar a disseminação do vírus. Até que este desapareça também daqui. Mas será que desaparece ou encontra um foco para permanecer?

Se assim for acabei de me condenar a ficar aprisionada numa ilha de Covis-19.  
Talvez até à morte. 


A última imagem que os meus olhos irão ver poderá vir a ser a tal vista que tenho deitada na cama, quando olho pela janela. 

Na minha ausência, a árvore floriu. 

Bem fizeram o duque ou ex-duque e a ex-duquesa: mudaram-se para a Austrália! Ou será Canadá? Não me interessa realmente... «fugiram» do Reino Unido. Foi ainda durante o surto do Cóvis-19. Será que já sabiam que os políticos daqui iam "deixar andar" e ficar o povo cair que nem moscas?

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Brexit - 23h: day ONE


Neste preciso segundo, o Reino Unido acaba de sair da União Europeia.


Será o pioneiro, a ver vamos como se sai. Mas se a história diz-me alguma coisa, é que esta espécie é como o gato: cai sempre de pé. Novos aliados económicos irão abraçar o «desertor». O Reino Unido tem, afinal, uma longa prática política de "lapa". Ou seja: gosta de se armar em senhor rico que tem limosine, mas depende sempre dos simples para andar. 

O país gosta de se distinguir dos restantes, com altivez e em grande. Por isso sempre foi do contra: contra a adopção da moeda-euro, contra a circulação rodoviária pela direita, contra os volantes nos carros ficarem à esquerda, contra a pintura de listas brancas para assinalar uma passagem de peões, contra a colocação de semáforos para peões à frente destes (ficam de lado, ao nível da cintura).  Tudo isto é de «gentinha que vai-com-os-outros» ahah. Enfim, percebem a ideia.

Do contra será sempre. E agora que está fora da EU, retoma a identidade de país-único, que sempre foi aquilo a que realmente dão valor.

Há muitas coisas erradas aqui mas, no que respeita ao funcionamento de burocracia... aí tiro-lhes os chapéu. Mas atenção! São burocráticos e são de enlouquecer. Quase sempre não sais informada do que seja. E tens de andar aos círculos... MAS, aqui é que está a excepção, conseguem facilitar tudo.

E foi assim que, neste último dia de Comunidade Europeia, decidi fazer a inscrição para o status de pré-residência (pre-settle). Tudo no telemóvel, sem sair de casa. Bastou pesquisar a app do governo no Google play, instalar e foi tudo rápido e eficiente.



Imaginem só: Começam por pedir o email.
Depois, através da app e não do telemóvel, tiram uma foto ao passaporte. Nem precisas carregar em qualquer botão. Posicionas a câmera e é imediato. Tudo feito com muita rapidez, com ilustrações claras e em movimento. Fica logo pronto e manda-te para a próxima etapa: scanizar o chip no passaporte. Faz-se isso pondo-lhe o telemóvel em cima. Simples. Agora vais tirar uma foto. Feito. Fornece umas respostas de segurança e já está.

Mas isto é necessário para quê? Perguntam-me vocemeceses. Pois, também não sei. Não vejo qualquer necessidade. Na minha opinião, os ingleses são uma raça que gosta muito de ter as pessoas todas bem catalogadas e documentadas. Isto é apenas uma desculpa para fazerem-no. Pedem-nos para ficar-mos registados em todo o lugar.

Recebo em casa quase mensalmente uma carta enviada pela junta de freguesia, que diz que é urgente fazer o registo local para efeitos de voto. O não envio do registo é considerado crime e induz a uma multa de 80 libras. Como não gosto deste lado MUITO inglês de intimidar ou ameaçar as pessoas com prisão, multas, mesmo sem existir motivo, rebelo-me com esta metodologia fazendo questão de não me registar. Ou não está no meu direito? Sou emigrante, com estatuto de residência ambulante: tanto posso estar a viver aqui hoje, como amanhã mudar de cidade. Ainda assim, «querem-te». É como os likes online: mais quantidade, mais se tira proveito (neste caso político).

Esta postura ditadora e de ameaça é típica e está espalhada por toda a cultura inglesa. Foi o que mais me surpreendeu pela negativa, eles nem parecem entender o quão rude são os muitos bilhetes e notas deixadas em instituições como bancos, consultórios médicos, interior de autocarros, recepções de hospitais, etc, etc., «informando» sem provocação ou necessidade, que qualquer pessoa com um comportamento «disruptive» terá problemas com a lei e poderão ser presas. Isto seria de esperar encontrar em sociedades fechadas, radicais, como em Marrocos, Dubai, etc, etc. O problema é que qualquer circunstância pode cair na definição de «disruptive». Basta um funcionário assim o dizer e a pessoa pode ser vítima de falsas acusações que mancham o seu carácter. Se mostrares descontentamento ou simplesmente discordares da opinião da funcionária, por exemplo. Falar alto, ter pressa... são «disruptive», se assim o estabelecimento o desejar. Estás à mercê do que te quiserem acusar.

Epá, um tanto ameaçador e intimista, à Hitler, não acham???

Mmas depois têm estas coisas da tecnologia burocrática que facilita tanto a vida. Como por exemplo: Basta dar o código postal e sabem logo o nosso endereço. Isso é prático e cómodo, um dos facilitismos que mais aprecio.

Duvido muito que os emigrantes estejam em perigo e sejam "despejados". Apenas está no sangue britânico querer ter o controlo absoluto, dar a entender que têm o poder. Deixar as pessoas emersas numa banheira de expectativa e ansiedade (3 anos para se decidirem, porra!). Mas recusar alguém sem motivos fortes vai contra as mesmas regras impostas socialmente. Não dá boa imagem.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Os Estados DEsunidos da América no FB hoje


Sempre a bater na mesma tecla...
Certo. Mas será que se importam ou se aproveitam?

Um cartoon cuja autoria desconheço mas bem poderia
ser Charlie Hebdo. Versão extra-soft

link aqui

Link aqui

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Para eles é O MEU LADO e o TEU LADO.
O bom e o mau. Vale TUDO.


Há sempre alguém pronto a ir a um arquivo audiovisual para deixar mal visto um político do partido da oposição. Tudo é distorcido e descontextualizado. A América é mesmo um NOJO. Perderam (se alguma vez possuiram) a noção de  humanidade.  

Em mentalidade, ainda vivem no faroeste, ainda estão presos na era do massacre aos índios e a ser massacrados. Não sabem fazer melhor. Os altos arranha-céus, as grandes infraestruturas... tudo para "inglês ver". Em mentalidade, ainda vivem todos numa cabana improvisada com paus de árvores e cagam em buracos escavados na terra. Se bem que tenho cá a sensação que nem se davam ao trabalho de os escavar. Era mesmo deixar a merda à superfície. 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Não se ACHA nem nada....


Sim, pois claro. E os americanos que votaram não contam... lol. 

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Porque acho que Donald Trump vai chegar à presidência dos EUA



Aqui temos um bom exemplo de como um homem que «agita as águas» da política consegue ganhar uma eleição. Percebem-se as técnicas, o uso dos media, o lançamento de suspeitas sobre os adversários que fazem os leitores temer serem legítimas e votar no tipo, que até tem um nome engraçado e a esposa-troféu. E quando as coisas não lhe correm bem, está a ser perseguido pelos "políticos do costume", aqueles que sempre estiveram na política.

Capítulo 1: You're fired!    (está demitido)

O final dele não vai ser bom. Este homem foi uma espécie de Howard Hudges da política. E sendo Donald Trump também um pouco excêntrico (pelo menos quando comparado ao adversário) digamos que... a excentricidade sempre ganhou votos. 

Um documentário sobre um CRIME real.
Para quem não entende inglês ou tem dificuldades em entender, o youtube tem LEGENDAS. Em português costumam ser uma porcaria de tradução automática mas... a forma de as activar é a seguinte:


Primeiro, carregar no primeiro botão à direita, que parece um retangulo com buracos. Um traço a vermelho deve aparecer por baixo, como a sublinhar. É a activação das legendas.
Depois carrega-se no botão seguinte (meio), as DEFINIÇÕES. 
Carregar onde diz LEGENDAS/CC e escolher no menu seguinte o link Traduzir Automaticamente.

Aí fazer scroll por todas as línguas disponíveis e escolher a preferida. Que presumo ser português :)


Para sair de qualquer menu, basta carregar com o cursor FORA da área do vídeo (numa zona branca sem links) ou então novamente no botão das definições (meio). Nesse mesmo botão encontra as OPÇÕES, no segundo menu no canto superior direito, depois de carregar nas LEGENDAS/CC. Aí pode-se escolher a forma de visualização: cor de letra, cor de fundo, tamanho, tipo enfim, tudo o que é habitual. No exemplo acima escolhi vermelho com azul (sem ironias eleitorais nos EUA) com tamanho a 150% e opacidade 50%. Abaixo a escolhi respetivamente preto e branco (sem ironias raciais sobre os EUA Kkkk)  com tamanho 100%. 


Bem prático, ah?
Não têm de quê :) 

terça-feira, 12 de abril de 2016

O barómetro que é o Brasil



Devia-mos olhar para os problemas do Brasil com especial atenção. Acredito que tudo o que se passa lá, daqui a 20 anos vai ser o caso cá. 

Ao longo das décadas tenho verificado as semelhanças. Vejo telenovelas brasileiras, que mesmo sendo um produto para agradar as massas cheio de maravilhas, também estão cheias de referências sociais e políticas, acabando por servir de manifesto ou desabafo. 


A "crise" que nos atingiu aqui na europa dizem que no ano 2008, vivia-se lá intensamente 20 anos antes. Coisas como a dificuldade de uma pessoa honesta e bem formada em conseguir um emprego, as falcatruas, as ofertas de emprego que são vigarices, os favores "pagos", os subornos, os privilégios dos ricos... a impunidade dos poderosos ou criminosos, o desprezo à honestidade e o recurso ao oposto para subir na vida. 

Tudo isso vi acontecer por cá, 20 anos depois. Lembro em particular de tudo isto e mais ainda ser retratado (magistralmente) pela telenovela "Vale Tudo", feita exatamente 20 anos antes da data da «crise» na Europa, 

Portanto, é olhar para lá, com apreensão e com olhos de pupilo que precisa de aprender para não cometer os mesmos erros. O Brasil é um espelho para o futuro. Ainda que com diferenças, no final dos ovos partidos, o povo passa pelo mesmo. E tomara que quando e se isso acontecer, nós saibamos ser tão proativos e dignos quanto eles, povo brasileiro que clamam por justiça e honestidade!


sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Eis o que sente uma «semi-leiga» em política sobre a apressada venda da TAP


Hoje apanhei pelo canto do ouvido um comentário televisivo que apelidou de "anticonstitucional e ilegal" a venda da empresa TAP, realizada ontem pela equipa liderada por Passos Coelho. 

Porquê não podiam ter vendido a TAP? Porque o governo caiu. E como tal não tem esse poder.

Ouvi aquilo e pensei: "Tem razão".
E imediatamente a seguir ocorreu-me refletir o que os levaria a serem destituidos e irem a correr fazer um negócio de milhões. E saiu algo assim:



Ei! Mas eu avisei logo no início: eu sou quase leiga.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Mário Soares


Mário Soares nunca teve papas na língua. Sempre disse o que tinha a dizer sem rodeios ou floreados.
Hoje em dia isso não é nada apreciado na sociedade. Não é só na política, onde todos são fingidos e cuidadosos, mas na sociedade em geral. A hipocrisia é valorizada quando comparada ao genuino, se apresentar o que as pessoas desejam ver, ouvir e sentir.


Bom, estou no momento a ver na RTP Memória aquele que deverá ter sido um debate televisivo mítico, entre os políticos Mário Soares e Álvaro Cunhal. Conheço pouco destes «tempos», pois não era nascida. O debate entre o então líder socialista e o secretário-geral do PCP ocorreu a 6 de novembro de 1975! E admirem-se lá: tem quase 4 horas de duração!

E no entanto, mal o sintonizei, já não me apetecia mudar de canal. Vejo melhor um debate destes do que perco alguns segundos a ver debates coloridos e em belos cenários, com guiões mentais e normas visuais, como aquele que se deu há semanas entre os então candidatos à Assembleia da República.

Este post tem como finalidade abordar algumas questões para além da qualidade e interesse dos debates políticos de há 40 anos e os de agora. Quero também falar do que mudou na sociedade e da forma como esta encara uma mesma pessoa (Mário Soares e Álvaro Cunhal).


Em 40 anos não me parece que o Mário Soares alguma vez tenha mudado a forma de ser ou de se expressar. Tem sido fiel a si mesmo, sem mudar conforme as conveniências (o que julgo ser uma qualidade, em princípio). No entanto, em 40 anos, mudou numa coisa: envelheceu.


E por ter envelhecido, leio comentários deixados no facebook aquando o homem visitou um amigo na cadeia que são verdadeiros crimes. Apelidam-no de "velho caquético" para pior. Não usam o seu nome para lhe fazer referência, nem a função que desempenhou, preferem apelidá-lo de "débil mental". Fazem montagens difamatórias em photoshop, como aquela do seu rosto num obeso porco, chamam-no de "múmia", "jurássico" e desejam que morra.

Com isto magoam todos os que rodeiam a figura e lhe querem bem, como a família, a respeitada esposa, filhos e netos. Esta falta de educação e respeito social sempre me deixou em estado de aflição. Esta vontade de maldizer as figuras públicas já de si é pavorosa. Mas esperar que uma pessoa chegue à terceira idade e apareça fisicamente debilitado para o achincalhar é de gentinha que não vale nada. Atacar uma pessoa só e exclusivamente porque ela é VELHA. Como se as pessoas envelhecessem por desleixo e tal «doença» não estivesse aqui a prometer chegar a todos nós. Até parece que ser-se velho e ser-se figura pública, dá legitimidade ao povo para praticar um achincalhamento deste calibre. E se o "velho" decidir não ficar parado, continuar a ter uma opinião, pronto: então sofrerá ataques sem dó ou piedade. Uma prática de bulling que não é ainda apontada, mas existe.


E o pior é que as pessoas que cometem estas atrocidades não têm noção alguma do que estão a fazer. Pensam que "não tem mal", passam este tipo de má formação aos filhos e assim se cria uma sociedade doente nos alicerces. E depois estas mesmas pessoas admiram-se que a sociedade priveligie a beleza e a juventude. Ou não respeite os idosos. Esta gente que pratica bulling cibernético por uma pessoa ser idosa esquece que o destino pode reservar-lhe algo parecido. Não tem lógica o homem não morrer jovem e por isso ser achincalhado!


Álvaro Cunhal, o outro protagonista neste debate que ainda estou a ouvir, não me parece estar a ter um tão bom desempenho retórico. Algumas coisas que diz não me parecem ter recebido grande simpatia. Conheço pouco da história de Álvaro Cunhal, que faleceu há 10 anos. Mas sei que foi uma "figura". Já cheguei à idade adulta ouvindo referências muito respeitosas a seu respeito. Ficou na história da política do país e foi classificado como uma figura MÍTICA do panorama político, em particular pelo partido comunista. Dele só soube que era uma "grande figura", respeitada e colocada num patamar superior. Do pouco que o vi na TV quando ainda estava vivo, falava com poucas palavras - o oposto do que estou a ouvir agora. Mantinha-se um pouco «à parte» das confusões, mas era "hateado" como uma bandeira partidária. O que só contribuiu para que mantivesse uma áurea de mistério e de miticismo. Morreu, em 2005, com 91 anos.

Que sorte teve ele, em ter nascido mais cedo e ter morrido com mais idade do que aquela que o Mário Soares tem hoje! Porque faleceu numa altura em que o achincalhamento social não tinha ainda ganho tanta projecção. O facebook tinha sido FUNDADO a 4 de Fevereiro de 2004 e Álvaro Cunhal faleceu a 13 de Junho de 2005. Não viveu na época da internet "mais veloz", dos plasmas, tablets e dos telemóveis 3G. E com isso, não teve «tempo» para envelhecer diante dos olhos do Grande Público que tem um teclado debaixo dos dedos e que certamente o iria achincalhar por ser uma pessoa que envelheceu e "ousa" emitir opiniões.

Sabem uma coisa? Sempre me perguntei porque é que pessoas que trabalharam com grandes nomes das artes e ainda estão vivas, porquê não veem elas a público contar um pouco aquilo que viveram? Na primeira pessoa, contar como era a vida «naquele tempo», na década de 40, 50... Quem eram, de facto, as pessoas de quem hoje só conhecemos uma «imagem» ou uma «reputação que prevalece» como oficial.

Noutro dia vi na RTP um filme com uma interpretação espetacular, sublime do ator Anthony Hopkins.  Nunca antes tinha visto alguém imitar tão na perfeição e com aparente falta de esforço a figura que foi Alfred Hitchcock (cujas séries televisivas que apresentava tive o prazer de ver em criança). Hopkins conseguiu reproduzir na perfeição os maneirismos, o tom da voz (dificílimo), a forma de pronunciar as palavras e até fisicamente a figura que foi Hitchcook.

Contudo, fica a dúvida: quem foi realmente Alfred Hitchcock? O que separa a realidade do mito? A sua reputação de diretor implacável, torturoso e obcecado pelas suas atrizes principais, têm mesmo razão de ser? Até que ponto? 

Ninguém está vivo para contar, certo? Errado! Há sempre alguém que ainda é vivo... Mas não o será por muito mais tempo. E estes casos têm se repetido no que respeita a pessoas que conheceram figuras míticas das artes ou da sociedade em geral. Pensamos que já não "sobrou ninguém" porque são todos falecidos, mas tal não é verdade. Então, porque não falam? 


Pesquisei pelo nome da atriz que Hitchcock pretendia contratar para interpretar a protagonista do filme Psico: Vera Miles. Como a atriz engravidou, ele a dispensou e dizem que passou a tratá-la muito mal. Queria transformá-la na sua estrela pessoal. E ela, afinal, tinha marido e relembrou-o disso ao aparecer grávida (do segundo filho e esposo!). Vera é viva. E recusa-se a falar da sua vida naquele tempo. Dizem que a celebridade nunca foi o seu objectivo. Sempre quis ser uma atriz respeitada e não uma estrela. Mas ela não é a única ex-atriz coquete de Hitchchock que vive. Eva Marie Saint, que interpretou a protagonista do filme Intriga Internacional também cá está. Bolas! Até Olivia De Havilland (99 anos) que em 1939 interpretou Melanie em "E Tudo o Vento Levou" está viva! E estes são apenas três exemplos de grandes mulheres que um dia maravilharam multidões no grande ecrã, que ainda respiram e têm memórias. Contudo, são pacatas e  viveram as últimas décadas praticamente como reclusas.


Da forma como a sociedade está, agora entendo porquê. Estão muito velhas e a sociedade prefere recordar a beleza de uma mulher jovem a ver uma idosa sem dentes ou cabelo. Ainda que se mantenha uma sociedade deslumbrada por tudo o que tenha sido sucesso e seja vintage (não velho, atenção!), a sociedade também anda muito cruel. Uma Brigitte Bardot jovem é idolatrada, mas uma idosa é ridicularizada por estar velha e não ser atraente e pela sua preocupação imensa para com os animais domésticos ou, simplesmente, permanece recordada parada no tempo, como uma eterna sex symbol. 

Bom, me desculpe quem tenha lido TUDO ISTO  porque é muito texto, mas apeteceu-me abordar todos estes temas com base neste «estímulo» do debate televisivo de há 40 anos. Podem ser muitas palavras, mas acho que têm fundamento. 

Álvaro Cunhal faleceu com 91 anos e sua imagem foi respeitada. Mário Soares pode até sofrer o mesmo destino e vir a falecer com a mesma idade (faltam meses para chegar aos 91). Mas já não terá a sorte de ter vivido numa época em que as redes sociais mal existiam. E por isso tem sentido na pele o que é existir uma nova forma de se ser insultado. Como político e ex-perseguido deve ter criado uma carapaça bem dura a respeito de ofensas verbais. Mas as redes sociais facilitaram bastante as mesmas e as espalham de uma forma muito cruel e com uma rapidez assustadora. Um veículo excelente para mentiras e propaganda. 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Jorge Jesus é crucificado

Ontem vi um filme excelente na televisão. Chama-se Crimes Pensados*. Pensei cá para comigo que dificilmente se vê um filme assim. Um filme de origem americana que mostra decisões políticas, decisões sociais e comportamentos individuais e de massas e neles expõe a reflexão e a clareza como poucos o conseguem fazer. É um filme que não mostra as coisas pelo habitual filtro patriótico que eleva toda e qualquer decisão americana ao heroísmo. Não justifica ou desculpa nada. Fala de liberdade colectiva e individual, de direitos e de ameaças. E aborda o pânico colectivo, o histerismo e as posições extremistas ou radicais.

E é por esse lado que vou abordar a notícia que hoje vi na TV sobre a suposta agressão de Jorge Jesus (treinador do Benfica) à polícia. Na realidade o que me chamou a atenção no noticiário da TVI foi o pivot ter dito:
-"Na opinião de X, Jorge Sampaio devia ter sido logo preso".

Say What??
Onde andei eu e o que aconteceu durante a madrugada para estarem a noticiar que um ex-presidente da República merecia ter sido logo preso?

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Naturalmente foi uma gaffe do pivot. Mas foi preciso passar a notícia para se perceber que se tratava de Jorge Jesus e não o outro Jorge. Entra a VT e vejo imagens num campo de futebol de um monte de gente a segurar alguém pelo braço e um outro a fazer aquele gesto reflexivo de afastar quem está a prender e torcer o braço de outro. Depois vejo esse alguém a ser puxado por três silhuetas com dizeres "Polícia" nas costas. E de seguida entra um debate onde um comentador desportista defende "a fogueira", por assim dizer, como castigo para o herege. Vem outro e diz que não aconteceu nada demais e nenhum radicalismo deve ser aplicado.

E então o filme que vi de véspera voltou à lembrança. Que belo filme!

É que nele fica claro que existem pessoas que optam por usar certas situações de equívoco como pretexto para destilarem o seu ódio e incitarem a prática colectiva do histerismo. Pessoas que não são capazes de agir com isenção e imparcialidade. Que preferem puxar um dos lados da venda da Senhora Justiça para incitar à violência, ao ódio, ao fanatismo. 

Para uma sociedade como a nossa, que faz pouco tempo que saiu de um regime político opressor, tal uso da liberdade me deprime. Ainda bem que hoje temos esta liberdade, de poder criticar tudo e todos. De poder ir contra as decisões daqueles que nos governam e poder dizê-lo como de direito. Ou poder fazer o contrário. Temos direito ao pensamento livre. Mas a leviandade com que alguns tratam esta liberdade que não foi por mim conquistada já que nela já nasci, mas que outros tiveram de conquistar por mim, é algo que me entristece. 

No entanto sinto que todos os dias "lutamos" para ter e manter essa liberdade. Porque tem de se falar e expor as injustiças. Porque todos os dias, em diversas situações quotidianas tantas vezes nos confrontamos com situações que trazem à tona as noções mais básicas de direito, justiça e liberdade. 

No filme, tal como nesta situação futebolística, uma acção artística que causou polémica foi tratada como um acto de terrorismo e um dos ambiciosos policiais queria fazer daquele caso um exemplo para não se brincar com coisas sérias. Ao mesmo tempo, se isso lhe fosse útil para ser promovido, seria óptimo. A punição para o artista devia ser severa, com um máximo até 20 anos de cadeia para assim dissuadir outros artistas de proceder com igual ousadia. Um outro policial e seu superior defendia que o histerismo não é bom concelheiro e que não existiu intenção de causar dano. Abordou a carta da primeira ementa, o outro praticamente defecou nela. Enfim, vejam o filme que vão entender melhor.

A questão aqui, comparativamente à notícia sobre a agressão de Jorge Jesus, (que meus olhos não viram) é que percebe-se que alguns estão a se aproveitar de uma situação perfeitamente inocente e que surge de um equívoco para despoletar conflitos e polémicas. Que mau uso para a liberdade! Mas enfim, têm direito a ela e isso é que é o melhor de tudo. Mas deviam polvilhá-la com bom senso. O que tantas vezes falta. Ao invés de, neste caso, tentar incendiar ainda mais as coisas, como um tal de Nero fez a Roma e dizer que foram os cristãos... Tirando proveito do fanatismo do futebol e do clubismo. E seguem a exigir acções extremas de punição e multa sobre algo que não tem qualquer gravidade. 

De um grão de areia querem fazer uma montanha, entendem? Tudo porque desgostam de uma pessoa. Mas DESGOSTAR de alguém não nos deve privar do nosso sentido de justiça

O filme abordava isto muito bem, através de um suposto pedófilo. JULGAR antes mesmo de dar oportunidade de um julgamento honesto. Passar logo uma sentença sem antes conhecer bem os factos. É a precipitação para a acção, o sensacionalismo e o radicalismo. Atitudes tão contrárias a uma sociedade justa e tão mais adequadas a regimes opressores como o comunista na China, o ditador da Coreia do Norte, os dois pesos duas medidas das sociedades praticantes de diferentes direitos sociais entre seres humanos baseados apenas no estatuto ou no sexo, etc.

Não é por esse caminho que queremos rumar, pois não?


Veio-me à lembrança o tal cartaz autárquico que trazia na imagem uma jovem toda produzida, com roupa, maquilhagem e cabelo pouco comuns de se verem em cartazes políticos mas habituais para festas. E pergunto-me até agora porquê algumas pessoas subtraíram esse cartaz de blogues e páginas criadas sobre cartazes? (além da ameaça de processo judicial da visada). É que uma coisa é a difamação - coisa que o cartaz não pratica, outra é a liberdade de informação. Como pode uma página de "tesourinhos autárquicos" cujo âmago de criação é abordar todo e qualquer cartaz político excluir um como se nunca tivesse existido? 

A LIBERDADE e o DIREITO do cartaz existir deve ser mantida. Não ocultado como se nunca tivesse ocorrido. Isso é opressor porque ele não era ofensivo nem atentou contra ninguém. Fez parte da história destas eleições e como tal merece estar numa página como todos os outros. O que impede agora que outros não exigem também a remoção dos seus cartazes, caso achem que não ficaram bem vistos na fotografia? A acção de remoção como que a passar uma borracha abre um precedente que legitima a que qualquer outro que se ache prejudicado por um cartaz exija o mesmo direito à remoção. E havendo um precedente automaticamente a sua alegação tem legitimidade. Não é isso uma manipulação? É. Porque remove um pedaço da verdade. O problema existiu, o cartaz existiu e alguns comentários depreciativos foram feitos. A questão não é o cartaz, é o tal uso da liberdade com excesso de libertinagem. Mas o cartaz por direito pertence ao mesmo lugar que todos os outros. 

A liberdade é um bem precioso. A igualdade é um direito precioso. A justiça é outro direito precioso. Muitos não vivem nenhuma destas dádivas como deviam vivê-las por este mundo a fora. Digam o que disserem, é uma enorme bênção esta que nos trouxe a revolução dos cravos. 


*Strip Search, no original, do director, escritor e actor Sidney Lumet

domingo, 15 de setembro de 2013

A política do país

Em relação ao post anterior acho que posso dizer que me enganei numa coisa. A minha noção de política também está desactualizada. Ainda a julgo composta, essencialmente, de pessoas bem formadas, com boas noções do que estão a fazer, ainda que possam divergir. Políticos bem intencionados que têm a melhoria do País e do seu povo acima de desejos particulares. Mas não é nada disso. Cada vez mais parece-se com uma palhaçada trapalhona. É por isso natural que os palhaços desejem o pódio do circo.

Mas que Portugal esteja a caminhar para o tipo de candidatos como por vezes se descobre existir lá fora, nos EUA, Canadá e Itália, etc, onde desde prostitutas a perfeitos idiotas sem a mínima insinuação de inteligência concorrem é um conceito pavoroso. Ou seja: o mundo da ficção audiovisual como a TV e as redes sociais e o marketing e propaganda estão a mesclar-se em demasia com politiquices. Catastrófico! 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sacudir a água do capote?

Já aqui assumi que entendo pouco de política. 
Mas o que entendo de entretenimento e de viradas de trama dramática compensa a ausência de uma cultura política profunda.


É impressão minha ou a situação política do momento da parte daqueles a quem foi conferido o poder de governar foi SACUDIR A ÁGUA DO CAPOTE?

A sério. Escutei uma intervenção do Paulo Portas (o tal do submarino e da demissão irrevogável) em que exigia do PS uma postura de união e entendimento como se não tivesse sido ele uns segundos antes a destabilizar essa mesma "boa política" que agora exige dos outros. O ministro dos Negócios Estrangeiros, que passou a ministro da Economia e deixou de ser e foi despromovido novamente ao cargo que relegou, agora usa esse mesma posição que ocupa mas que estava louquinho para largar como exemplo de dedicação. LOL! Como se não tivessem sido as circunstâncias e não a VONTADE dele a ditar assim.

E agora dirigem-se ao partido excluído deste governo, que perante a situação agravada de crise e de medidas governamentais fracassadas estabeleceu medidas próprias no sentido de tirar o país das encrencas da troika e muito à vilão exigem que "juntem as mãos" numa acção pacífica. Anos a ver tramas ensinam, mais que não seja, a identificar manhosos e distingui-los dos indivíduos que parecem realmente se importar. E nesse sentido, Santana Lopes, Sócrates e Paulo Portas foram políticos que antes mesmo de chegarem a esferas políticas de maior responsabilidade já me estavam a dizer que não eram de fiar. Passados 15 anos acho que esta habilidade para identificar farsantes é fiável e é uma intuição a utilizar. 


sexta-feira, 9 de março de 2012

o comércio JUSTO e a CHINA

Há 15 anos comprei numa chique loja de decoração um sofá insuflável. Azul, feito de plástico transparente muito resistente, era um objecto de grande utilidade e com a sua graça. Quando me sentei nele descobri um elevado nível de conforto. Estava muito contente com a minha aquisição. Até ter visto uma coisa verdadeiramente chocante.


O que vi foi a impressão empoeirada de uma sola de um ténis, situada no interior do braço de descanso do sofá. Uma impressão perfeita e pequena como a de um pé infantil, que estava claramente a denunciar uma realidade: CRIANÇAS tinham estado em cima daquele material. Fiquei com o olhar fixado naquela perfeita impressão. Como podia agora sentar-me confortavelmente e relaxar naquele sofá, quando suspeitava que a sua origem de fabrico consistia na exploração de crianças, no TRABALHO INFANTIL?


Comecei a pensar na loja onde o comprei. Não era uma loja dos 300, a grande novidade da altura, cheia de variados artigos a preços acessíveis. Não. A loja onde encontrei o sofá era uma loja «pomposa».


Assim que se pisa a entrada os olhares dos lojistas fixam-se em ti e no passo a seguir um deles chega-se de imediato e pergunta se nos pode auxiliar com alguma questão. Era um tipo de loja na qual não nos conseguimos sentir totalmente à vontade, porque cada movimento é seguido por olhares e qualquer paragem mais demorada a olhar um artigo origina da parte dos lojistas o típico comentário que visa justificar o preço cobrado através da qualidade dos seus produtos. É um ambiente desconfortável, entendem? Como pode uma loja assim comercializar artigos de proveniência duvidosa? E ainda por cima cobrar valores elevados e maximizar o lucro em cima do trabalho infantil??


A verdade sobre a sociedade comercial na qual vivemos é tudo menos bonita. Se formos a olhar para a origem de tudo o que está há nossa volta e tivéssemos de prescindir das coisas que exploram terceiros, provavelmente não teríamos NADA para vestir, calçar, andar, usar, brincar ou comer. A simples canela que se encontra a preços baratos por todo o mundo é fruto de exploração. O cacau consumido pela maioria das marcas de chocolate também provém de EXPLORAÇÃO INFANTIL.


Quando os pais aqui em Portugal, na França, na América, em Espanha, na Suíça ou em qualquer outro país civilizado compram aquela barra de chocolate para os seus filhos não têm consciência que foi uma criança tal e qual a sua que colheu o Cacau das árvores…


Os anos passaram desde que aquela impressão empoeirada de um pequeno ténis infantil tornou-me cúmplice de um acto de escravidão.


Os anos passaram mas a exploração infantil ou o trabalho de escravo não parece ter sofrido grandes revezes. Continua tudo muito «mascarado», oculto em burocracias e em políticas. A China é o país mais famoso por EXPLORAR o seu povo e documentários feitos com câmaras ocultas retiram quaisquer dúvidas de que este é um povo escravizado. No entanto, cá está a política, os acordos com a China, a abertura do nosso mercado comercial para os produtos chineses e agora a compra da nossa dívida…


Estas decisões têm um preço e começamos agora a sentir os problemas sociais e económicos que derivaram dessa abertura do mercado português para os produtos de fraca qualidade e preço acessível chineses. Uns apontam as famosas lojas dos 300 como a origem do problema mas, se calhar, as lojas mais finórias também não resistem à tentação das margens de lucro elevadas, acabando por se associarem ao comércio de exploração.


Sempre que puder, vou optar pelo COMERCIO JUSTO. Começar por consumir o produto nacional é a primeira coisa a se fazer, a mais sensata a mais fácil. Mas como nada é transparente e a exploração parece ser um fenómeno global, fica difícil escapar à cumplicidade involuntária.


Há dias entrei numa conhecida loja de roupa e comprei um muito necessitado casaco. No acto de pagamento, pedi para que removessem o preço. A rapariga atrás do balcão pega na tesoura e, além do preço, corta também a etiqueta. Quando cheguei a casa fui inspeccionar o casaco à procura de uma qualquer etiqueta, mas nada encontrei, a não ser uns fios brancos resultantes da tesourada. Será normal cortarem a etiqueta de um casaco? Qual a origem? Que instruções de lavagem são as recomendáveis? Quem fez este casaco??


É importante tomar consciência sobre as empresas que realmente praticam o comércio justo e, como consumidores, não colaborar com as que fecham os olhos à exploração e aos direitos humanos. Hoje, na RTP2 ás 23.30, vai passar um documentário que merece uma espreitadela. Vejam.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Quem é o povo Português?



Afinal, como definimos o povo Português?
Como se define um povo?

.Ao ver a reportagem da Tvi sobre o Rendimento de Inserção Social, encontrei-me com a identidade do povo português.

Somos aquilo tudo que vi. Acredito que a maior característica do meu povo é a humildade. Segue-se a ela, uma grande entrega para o trabalho. Mas se isto são, são dúvida, qualidades, também atrapalham.
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Geralmente, a humildade nas pessoas não as faz ambiciosas. È a principal diferença entre o Zezinho do bairro que gosta de jogar à bola na rua e o Cristiano Ronaldo. Somos um povo que sonha com mais conforto, não se importa de dar no duro a trabalhar, mas que foi educado a sufocar desejos e ficar pelos sonhos. Não somos muito ambiciosos, somos grandes sonhadores.

Mas isto tem a sua razão de ser. Se as gerações que se seguem conseguissem eliminar esta tendência tipicamente portuguesa para a repressão do indivíduo, seriamos também, um pouco mais felizes.
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Neste país que inventou o Fado, fui criada a pensar que a ambição é um terrível defeito. Sempre que manifestei vontades de empreendorismo, fui bombardeada com fatalismos e negativismo. Projectaram na minha direcção todos os cenários negativos e rebaixaram sempre as minhas capacidades. Não me senti apoiada, vivi a ser insultada, humilhada, maltratada e nunca depositaram fé em mim - não sabiam como. Fácil mesmo, assimilado pelos genes, está o negativismo, o «deixa estar, nem vale a pena tentar, tu não consegues» - que tanto me irritou e me castrou a vida, mudando-a para sempre.

Esta é outra característica deste povo que inventou o Fado: somos um tanto negativos, vemos um cenário sempre negro e não entendemos que, essa visão, nos atrapalha a vida. Depois temos a dualidade trazida pelo sonho. Como sonhadores, temos o nosso quê de optimismo. Um optimismo muitas vezes baseado apenas na fé. Aí somos crentes. Crentes no que não é palpável. Crentes no Fado, no sonho... e esta nossa fé dá um pouco de cor ao negativismo que também carregamos.
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Da Padeira de Aljubarrota e da descoberta de novos mundos, passámos a ser um povo muito mais passivo. Mas não é o que domina os nossos genes. Quer dizer: existe a passividade para umas coisas, não existia para outras. As mudanças socio-económicas e o excesso repentino de tudo (bens, serviços, informação) trouxe-nos uma passividade perigosa, quase de lobotomia, diante dos mais variados factores.
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Sempre fomos um povo de acção social. Mulheres guerreiras, que afugentam as ameaças ou com a pá do pão, ou com a enxada. Existia a união popular. Ficámos mais individualistas e, como já diz o ditado: dividir para conquistar.
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Portugal está a ser conquistado pelo capitalismo e estamos a virar cordeiros com um cérebro homogeneizado, graças à política vigente e a muitas acções da democracia.
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Negamos o sangue que nos corre nas veias, quando permanecemos passivos diante de um acontecimento em que é preciso agir. A passividade faz parte deste povo humilde, mas não diante da injustiça ou do perigo.
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O povo português resigna-se muito. Fica passivo diante das dificuldades da vida, aceita-as rapidamente e combate-as com trabalho. É passivo quando tem pouco, mas tem o suficiente. Está sempre pronto para agarrar na enxada. Gosta de trabalhar e dar duro, trabalho árduo e físico. No seu sangue está a acção. Somos muito mais portugueses, quando socorremos alguém, quando lutamos por uma causa, quando nos associamos temporariamente a outras.
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Infelismente, nas grandes cidades pelo menos, cada vez o fazemos menos. Nem conhecemos os nossos vizinhos, nem o desejamos, tal é a vontade de passar umas horas em puro sossego após um dia de trabalho cansantivo no escritório. As conversas são um tanto idiotas, o convivio restringe-se cada vez mais ao ambiente profissional, tudo é muito superficial, as relações amorosas iniciam-se com jogos de desinteresse fingido, e os vizinhos, quando damos por eles, é porque nos estão a invadir o espaço e retiram-nos o tão almejado silêncio que nos restitui a tranquilidade roubada no dia-a-dia.

.Quando se trabalhava no campo, de sol a sol, a trabalho era árduo e fisicamente desgastante, mas compensava muito mais em termos emocionais. Existia convívio saudável, união, um autêntico «grupo» entre as pessoas. Estabeleciam-se laços de amizade para toda a vida. Compadecia-se das dores alheias, praticava-se a entre-ajuda, etc. A mudança do campo para a cidade trouxe o afastamento entre os indivíduos e, por essa razão, nunca seremos verdadeiramente felizes. Está no nosso sangue, a vontade de ter amigos. Mas lá está também o fado: que nos remete para a solidão.
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Está no sangue, não se pode negar. Gerações e gerações de pais a gerar filhos, que por sua vez geram os seus filhos, de um povo que cresceu humildemente, sem muitos recursos, grande parte dele analfabeto mas com grande esperteza e sempre pronto para trabalhar, fosse no que fosse, fosse como fosse.
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Temos um tanto de brio, mas somos humildes. Somos honestos e prontos para o trabalho. A vida é para trabalhar. E se pararmos, resignamos-nos, sofremos, e o peso genético de gerações e gerações que nos incutiram milénios de energias negativas, de castração, invade os melhores dos corações e nos torna mais passivos, retirando-nos a capacidade de enxergar o nosso valor, a nossa capacidade para o trabalho e nos remete para a baixa auto-estima que é herança de longa data deste povo.

. E é por possuirmos as qualidades que já referi, que ficamos assim. Um «acomodado» do rendimento de inserção social ou de outro tipo qualquer, só precisa de uma mão amiga que seja persistente, para que assim se faça a «limpeza» da auto-estima, que durante anos lhe foi envenenada e cujas circunstâncias voltaram a minar. Um «acomodado» nem sempre o é por preguiça, mas por pura sensibilidade e falta de auto-confiança. Se lhe restituirem o que perdeu, equivale a renascer para a vida..

O português não vê com bons olhos a preguiça. Mas também não consegue muitas vezes distinguir o verdadeiro preguiçoso do indivíduo mais batalhador. É que a dita ambição, muitas vezes mascara tudo e a sociedade evoluiu para vermos as máscaras em primeiro lugar.