Metereologia 24 h

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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Ah.


Entendo as Rebeccas deste mundo. E quanto mais vivo, mais admiro e vejo o quanto são necessárias.
Refiro-me à personagem criada por Daphne du Maurier. É tão interessante... uma mulher que não existe. Mas que é personagem mais forte de toda a história. E que usou os homens porque os achava uns idiotas, por se encantarem com a sua beleza. "São todos uns estúpidos!" - acho que a certa altura surge citada pela governanta.  



E eu entendi. Nesse instante, entendi Rebecca e entendi a admiração da empregada por aquela mulher especial. Ela tinha todos os homens na palma da mão. Porquê? Porque era lá que eles queriam estar. ELES lhe deram esse poder. 

Devia ser extremamente frustrante ser tão inteligente e a primeira coisa que um homem via era a beleza. Depois vinha o fascínio pela sua mente, mas sempre, sempre, todo o homem desejava ir para a cama com ela. Asco. Dessa forma nenhum homem poderia jamais interessar-lhe por muito tempo. Não dá "pica", por ser tão fácil. E por ser frustrante, a excitação está no castigo. Por isso ela encontrava outras formas de lidar com eles, excitava-a os jogos psicológicos e brincava com todos, desprezando-os. Deixava-os pensar que eram especiais mas não gostava de nenhum. Ela era feminista.


Essa reverência de que a personagem foi vítima desde criança, é-me fácil de entender. Assim como achei brilhante a forma como ela conseguiu "despedir-se" do mundo antes da sua beleza a trair. E ainda por cima, fazendo um homem acreditar que a assassinou. Oh, ele a matou, sim! Mas porque ela assim o quis. BRILHANTE.


Bom, mas toda esta introdução para contar que estava no supermercado e um homem atrás de mim fala comigo em inglês e quando se afasta, ainda a falar, reconheço de imediato que é português, de Lisboa, por sinal. Só então viro-me na sua direcção e, por simpatia, pergunto-lhe, em inglês:
-"É português?"
-"Sou".
-"Também eu"
-"Ah" - diz com uma expressão de incómodo e a afastar-se.

Entretanto meto-me numa fila de atendimento, que ele por sinal corta e passa na frente assim que termina de escolher o que quer e quando chega a minha vez, ele está a terminar de ser atendido, faz por não estabelecer contacto visual comigo e regressa para perto de um amigo (também tuga) a rir, e a dizer algo onde a palavra "ela" entra na frase. Não sai dali de imediato, como seria de esperar para quem mostrou tanta pressa que até se meteu na frente.

Fiquei com a sensação de que fez troça, incomodou-se. Não gostei dele. Caiu-me mal que se tenha metido à frente da fila, acho que demonstra que se acha acima dos restantes. E mostra falta de respeito por mim, que estava nela, e ele sabia muito bem para quê; precisamente pelo mesmo motivo que ele: meter o euromilhões. 

Presumo que é um desses tugas que vem trabalhar para uma empresa de informática ou dados. Têm sempre a mania que são mais do que são, que estão acima dos restantes emigrantes da nação. Não gostam de se "misturar".


Fiquei a pensar: "se me visses com menos 15 anos, aposto que ias derreter-te em simpatia". "Se eu fosse famosa, também ias gostar de me encontrar numa fila de supermercado". "Mas como não sou essas coisas, é como se não tivesse valor. Sentes-te incomodado e totalmente desinteressado em ser simplesmente simpático". 

E fiquei a pensar nisto... ali estava a razão de existirem «Rebeccas». 
E devem existir. Faz sentido. Espero que existam.

Sei o que é ser assediada por ser jovem com um palmo de rosto bonito. Ou por ter desenvolvido curvas precocemente. Sei o que é ser uma «Rebecca», no sentido de entrar numa sala e todas as atenções virarem-se para ti. Aconteceu-me algumas vezes. E depois apareciam rapazes, uns atrás dos outros... interessados em "conhecer-me", estendendo-me convites para tudo e mais alguma coisa, olhando de lado para outros rapazes, tentando ser aquele que agrada mais. Nunca gostei, nunca me senti confortável e por isso desenvolvi vontade e necessidade de ficar "apagada", ser discreta, não evidenciar nada, até mesmo de ocultar a minha inteligência, conhecimentos, interesses. Porque eram muitos, diversificados e isso parecia intensificar ainda mais o interesse masculino. Fiz-me de "parva" por me incomodar com as atenções recebidas. Aquilo que representas, acabas por te tornar! Sempre escondi a minha beleza, talentos e inteligência. Não foi muito inteligente de minha parte... Mas foi o que fiz. Não fiz uso do meu poder. Desse poder que me foi conferido por todos eles, mas que nunca desejei possuir. Rebecca usou-o com deleite. Fez ela muito bem!

Olhei para aquele homem português não muito atraente, quase careca, achando-se acima da minha pessoa e fiquei a pensar se ele soubesse...

O que faço profissionalmente hoje não tem nada de nada a ver com aquilo porque me interessei desde girino :). Mas nos meus 20s, 30s, andei a fazer coisas que amei de paixão. Coisas que tinham a ver com o grande público e que podiam facilmente ter-me catapultado para a fama, transformando-me numa figura pública. Muitos rostos, femininos e masculinos que andam nas revistas, que surgem na televisão, são dessa época. A diferença é que eu nunca perdi a necessidade de me apagar. O que me prejudicou. E esses que aparecem, sempre quiseram aparecer. Fazendo de tudo para o conseguir. Tudo...

Imaginem então se este tuga tivesse encontrado no supermercado a Catarina Furtado? Ou a Cristina Ferreira? Todas produzidas e maquilhadas, claro. Porque se estivessem de gorro na cabeça com o cabelo tudo lá enfiado como eu estava, se calhar nem elas teriam a sorte de serem tratadas com as simpatias de bajulação de que já devem estar mais do que acostumadas. 

Acham que este tuga ia ficar-se pelo "Ah" e fugir a milhas?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Frame collector

Agora deu-me para coleccionar isto!

Para meter as fotografias dos filhos e netos que nunca irei ter. Talvez emoldure flores secas. E as pessoas vao perguntar: porquê? Que inusitado! Não vão perceber que é por não ter ninguém para lá estar. Só antepassados mortos ou eu mesma. Nunca fui narcisista. Pelo que encher isto só com imagens minhas não me atrai.


Mas não se aflijam!
Comprei a maioria no intuito de oferecer.
Eheh. A quem? Família.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Poupem o vosso dinheiro se pensarem em investir nisto...


Não gastem o vosso dinheiro em tratamentos estéticos dispendiosos.

Este é o meu conselho.


Para quem possa estar a pensar nisso, aqui fica a conclusão da minha experiência fruto da passagem por um consultório médico de uma renomeada médica esteticista.

Entrei para fazer uma avaliação geral (gratuita) e querendo saber como funciona uma técnica específica. Mas as minhas questões tinham de ser respondidas  em consulta. Que tem um custo de 100€ e que foi prontamente disponibilizada, em menos de meia-hora, mesmo com a agenda super intensa da doutora. 


Três mil euros depois e com a promessa que uma máquina que estimula o colagénio na pele ia remover e atenuar rugas pelo menos por dois anos, submeti-me a um procedimento doloroso executado por etapas e seguido à risca. No final, não notei qualquer diferença no aspecto, nem eu, nem ninguém! Nem sequer em fotografias de antes/depois. Diferenças, só na carteira. De resto, continuam a "chatear-me" por ter um ar cansado, exausto, sofrido. As rugas continuam no sítio de onde as desejei deixar de ver. 

A todo o lugar a que fui, prometem resultados que duram anos. Mas depois percebo que é uma sorte se durar um! E quem gasta uma fortuna para remover uma ruguinha que volta dali a um piscar de olhos??

Então aqui fica o meu conselho: Fiquem-se pela aplicação de bons cremes. Produz os mesmos resultados e fica por uma fracção do preço cobrado nos centros estéticos de renome.




Em breve, talvez vos diga o que fazer quando recorrerem a médicos cirurgiões. («Só» preciso avançar com 8.000€. Aquela ladra bem podia devolver os 3000€ por publicidade enganosa). Me aguardem! Ahahah ;) 



terça-feira, 23 de janeiro de 2018

sem maquilhagem


Quando acordam sao exatamente como nós.
Iguais aquela mulher que viram no autocarro e que acharam feia, preferindo desviar o olhar para a mulher sexy que surge numa capa de revista. Essa mulher bem que pode ser a mesma.








segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"O que conta é a beleza interior"


Uma vez li uma frase interessante, que inicialmente apeteceu-me refutar. Contudo, quase de imediato reflecti e percebi, com profunda tristeza, que talvez até teria de concordar. A frase dizia mais ou menos assim:

Tão simples, não é? 
Preparava-me para refutar, mas subitamente percebi que não tinha como. 

Em primeiro lugar, Deus não me criou, pelo menos no início, pouco atraente. Não cresci sem saber o que isso é. Todas as minhas acções e percepções foram condicionadas por essa forma com que o mundo me dizia que avaliava o meu aspecto. Lembro de uma ocasião em que uma colega de escola estava a meu lado quando de repente apareceu à nossa frente um rapaz que, do nada, fixou o olhar na nossa direção e expeliu: "És linda! Um dia vais ser minha!". O rapaz andava fazia já algumas semanas a arranjar forma de me aparecer à frente e de me dirigir olhares. E eu de escapulir. Mas e daí? Eram só olhares, sempre existiram olhares. Todas as raparigas recebem olhares e são assediadas...

Ou será que não? 

A colega a meu lado não era atraente. Que eu tivesse percebido, não recebia grandes piropos. Eu era capaz de ser assediada diariamente bastasse para isso tirar o ar carrancudo e indiferente com que me protegia de investidas. Ela ficou atónita. Levou a mão ao peito, expeliu uma profunda baforada de ar, virou-se para nós (havia outra colega pelo meio) e repetiu:

Fiquei calada, nada disse. Deixei-a a pensar o que quisesse pensar, mas o que percebi foi que ela queria que fosse assim. Tanto queria, que no dia seguinte a sua simplicidade havia desaparecido, para dar lugar a uma rapariga com batom nos lábios, maquilhagem nos olhos, uma bruta mini-saia, sapato com algum salto, cabelo solto bem arranjado e uma roupa de festa. Andou assim uns dias, enquanto percorria os corredores e cantos da escola para ver se esbarrava e chamava a atenção do tal rapaz. 


Bom, e isto me levaria a outra frase. A uma que não li em lado algum, uma que é minha mas aposto que já foi dita por outras pessoas: "As bonitas levam a fama, mas as feias é que têm todo o proveito!"

Há muita coisa a retirar daqui. Muitas reflecções sobre o comportamento humano. A beleza, cada qual aprende a lidar com ela, com o que tem ou com o que gostaria de ter, conforme as percepções que vai recebendo de fora e vai criando na sua mente. Acho que é assim. Tanto para a suposta beleza quanto para a falta dela.

Mas engane-se quem pensa que as moças atraentes têm vida fácil. Embora seja verdade que só por serem atraentes o trato que recebem é mais simpático, o assédio pode ser sufocador. E inibidor. Já alguém que se considere "menos", por vezes tem uma força guerreira tremenda para obter aquilo que quer, mais que não seja uma força motriz alimentada pela revolta e pela inveja. A atraente é também alvo de muitos boatos maldosos. É invejada. Talvez até excluída, se tiver pouca sorte com as pessoas que a cercam e for particularmente frágil. A beleza é uma dádiva e uma maldição. Mas quem nasce com ela, não sabe o que é crescer sem a ter

Não acredito que existam pessoas feias, para ser sincera. Existem pessoas pouco atraentes (quantos garanhões do cinema que hoje fazem suspirar as mulheres eram autênticos patinhos feios quando jovens? E jovens cantoras que hoje fazem capa da playboy?). Mas talvez isso até lhes seja benéfico, porque ficam menos expostas ao assédio e podem levar as suas vidas de uma forma até mais rápida e eficiente que aqueles que perdem demasiado tempo a «esquivar-se» de balas. Existem muitos que se consideravam desajeitados, feios, que desenvolvem uma auto-estima saudável e sabem como se valorizar e valorizar. Enfim... como disse, muito se pode retirar daqui. Mas a frase, terei de concordar com ela


A beleza, pelo menos a estonteante, a de uma Brigitte Bardot, uma Claúdia Shiffer, uma Sophia Loren, uma Elizabeth Taylor não dura para sempre. É então, quando se vai, que se entende o reverso da medalha. As portas que se deixam de abrir, as gentilezas que afinal tinham segundas intenções, os olhares que viram para o lado e os galanteios dados à juventude. 


São as Barbra Streisand, as Celine Dion e as Lady Gaga que se dão bem na vida. Porque tendo nascido menos atraentes, ou como prefiro definir, com um outro padrão de beleza, a velhice cai-lhes melhor. As cirurgias plásticas a que todo o tipo de mulher/homem recorre para se melhorar, surtem melhor efeito num rosto menos atraente do que num que foi perfeito e jamais vai conseguir voltar a ser. 



Pelo menos é essa a minha teoria...

Na realidade, pouca atenção dou, ou penso dar, ao exterior. Porque mesmo um mau exterior pode ter uns olhos e uma postura que nos agradem.
«I'm not worried that I am kinda unattractive, plenty of people are and are doing just fine, what I need to be worried about is that I am dull and uninteresting».
Há rostos que revelam a alma...
Há outros que a escondem muito bem.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Mário Soares


Mário Soares nunca teve papas na língua. Sempre disse o que tinha a dizer sem rodeios ou floreados.
Hoje em dia isso não é nada apreciado na sociedade. Não é só na política, onde todos são fingidos e cuidadosos, mas na sociedade em geral. A hipocrisia é valorizada quando comparada ao genuino, se apresentar o que as pessoas desejam ver, ouvir e sentir.


Bom, estou no momento a ver na RTP Memória aquele que deverá ter sido um debate televisivo mítico, entre os políticos Mário Soares e Álvaro Cunhal. Conheço pouco destes «tempos», pois não era nascida. O debate entre o então líder socialista e o secretário-geral do PCP ocorreu a 6 de novembro de 1975! E admirem-se lá: tem quase 4 horas de duração!

E no entanto, mal o sintonizei, já não me apetecia mudar de canal. Vejo melhor um debate destes do que perco alguns segundos a ver debates coloridos e em belos cenários, com guiões mentais e normas visuais, como aquele que se deu há semanas entre os então candidatos à Assembleia da República.

Este post tem como finalidade abordar algumas questões para além da qualidade e interesse dos debates políticos de há 40 anos e os de agora. Quero também falar do que mudou na sociedade e da forma como esta encara uma mesma pessoa (Mário Soares e Álvaro Cunhal).


Em 40 anos não me parece que o Mário Soares alguma vez tenha mudado a forma de ser ou de se expressar. Tem sido fiel a si mesmo, sem mudar conforme as conveniências (o que julgo ser uma qualidade, em princípio). No entanto, em 40 anos, mudou numa coisa: envelheceu.


E por ter envelhecido, leio comentários deixados no facebook aquando o homem visitou um amigo na cadeia que são verdadeiros crimes. Apelidam-no de "velho caquético" para pior. Não usam o seu nome para lhe fazer referência, nem a função que desempenhou, preferem apelidá-lo de "débil mental". Fazem montagens difamatórias em photoshop, como aquela do seu rosto num obeso porco, chamam-no de "múmia", "jurássico" e desejam que morra.

Com isto magoam todos os que rodeiam a figura e lhe querem bem, como a família, a respeitada esposa, filhos e netos. Esta falta de educação e respeito social sempre me deixou em estado de aflição. Esta vontade de maldizer as figuras públicas já de si é pavorosa. Mas esperar que uma pessoa chegue à terceira idade e apareça fisicamente debilitado para o achincalhar é de gentinha que não vale nada. Atacar uma pessoa só e exclusivamente porque ela é VELHA. Como se as pessoas envelhecessem por desleixo e tal «doença» não estivesse aqui a prometer chegar a todos nós. Até parece que ser-se velho e ser-se figura pública, dá legitimidade ao povo para praticar um achincalhamento deste calibre. E se o "velho" decidir não ficar parado, continuar a ter uma opinião, pronto: então sofrerá ataques sem dó ou piedade. Uma prática de bulling que não é ainda apontada, mas existe.


E o pior é que as pessoas que cometem estas atrocidades não têm noção alguma do que estão a fazer. Pensam que "não tem mal", passam este tipo de má formação aos filhos e assim se cria uma sociedade doente nos alicerces. E depois estas mesmas pessoas admiram-se que a sociedade priveligie a beleza e a juventude. Ou não respeite os idosos. Esta gente que pratica bulling cibernético por uma pessoa ser idosa esquece que o destino pode reservar-lhe algo parecido. Não tem lógica o homem não morrer jovem e por isso ser achincalhado!


Álvaro Cunhal, o outro protagonista neste debate que ainda estou a ouvir, não me parece estar a ter um tão bom desempenho retórico. Algumas coisas que diz não me parecem ter recebido grande simpatia. Conheço pouco da história de Álvaro Cunhal, que faleceu há 10 anos. Mas sei que foi uma "figura". Já cheguei à idade adulta ouvindo referências muito respeitosas a seu respeito. Ficou na história da política do país e foi classificado como uma figura MÍTICA do panorama político, em particular pelo partido comunista. Dele só soube que era uma "grande figura", respeitada e colocada num patamar superior. Do pouco que o vi na TV quando ainda estava vivo, falava com poucas palavras - o oposto do que estou a ouvir agora. Mantinha-se um pouco «à parte» das confusões, mas era "hateado" como uma bandeira partidária. O que só contribuiu para que mantivesse uma áurea de mistério e de miticismo. Morreu, em 2005, com 91 anos.

Que sorte teve ele, em ter nascido mais cedo e ter morrido com mais idade do que aquela que o Mário Soares tem hoje! Porque faleceu numa altura em que o achincalhamento social não tinha ainda ganho tanta projecção. O facebook tinha sido FUNDADO a 4 de Fevereiro de 2004 e Álvaro Cunhal faleceu a 13 de Junho de 2005. Não viveu na época da internet "mais veloz", dos plasmas, tablets e dos telemóveis 3G. E com isso, não teve «tempo» para envelhecer diante dos olhos do Grande Público que tem um teclado debaixo dos dedos e que certamente o iria achincalhar por ser uma pessoa que envelheceu e "ousa" emitir opiniões.

Sabem uma coisa? Sempre me perguntei porque é que pessoas que trabalharam com grandes nomes das artes e ainda estão vivas, porquê não veem elas a público contar um pouco aquilo que viveram? Na primeira pessoa, contar como era a vida «naquele tempo», na década de 40, 50... Quem eram, de facto, as pessoas de quem hoje só conhecemos uma «imagem» ou uma «reputação que prevalece» como oficial.

Noutro dia vi na RTP um filme com uma interpretação espetacular, sublime do ator Anthony Hopkins.  Nunca antes tinha visto alguém imitar tão na perfeição e com aparente falta de esforço a figura que foi Alfred Hitchcock (cujas séries televisivas que apresentava tive o prazer de ver em criança). Hopkins conseguiu reproduzir na perfeição os maneirismos, o tom da voz (dificílimo), a forma de pronunciar as palavras e até fisicamente a figura que foi Hitchcook.

Contudo, fica a dúvida: quem foi realmente Alfred Hitchcock? O que separa a realidade do mito? A sua reputação de diretor implacável, torturoso e obcecado pelas suas atrizes principais, têm mesmo razão de ser? Até que ponto? 

Ninguém está vivo para contar, certo? Errado! Há sempre alguém que ainda é vivo... Mas não o será por muito mais tempo. E estes casos têm se repetido no que respeita a pessoas que conheceram figuras míticas das artes ou da sociedade em geral. Pensamos que já não "sobrou ninguém" porque são todos falecidos, mas tal não é verdade. Então, porque não falam? 


Pesquisei pelo nome da atriz que Hitchcock pretendia contratar para interpretar a protagonista do filme Psico: Vera Miles. Como a atriz engravidou, ele a dispensou e dizem que passou a tratá-la muito mal. Queria transformá-la na sua estrela pessoal. E ela, afinal, tinha marido e relembrou-o disso ao aparecer grávida (do segundo filho e esposo!). Vera é viva. E recusa-se a falar da sua vida naquele tempo. Dizem que a celebridade nunca foi o seu objectivo. Sempre quis ser uma atriz respeitada e não uma estrela. Mas ela não é a única ex-atriz coquete de Hitchchock que vive. Eva Marie Saint, que interpretou a protagonista do filme Intriga Internacional também cá está. Bolas! Até Olivia De Havilland (99 anos) que em 1939 interpretou Melanie em "E Tudo o Vento Levou" está viva! E estes são apenas três exemplos de grandes mulheres que um dia maravilharam multidões no grande ecrã, que ainda respiram e têm memórias. Contudo, são pacatas e  viveram as últimas décadas praticamente como reclusas.


Da forma como a sociedade está, agora entendo porquê. Estão muito velhas e a sociedade prefere recordar a beleza de uma mulher jovem a ver uma idosa sem dentes ou cabelo. Ainda que se mantenha uma sociedade deslumbrada por tudo o que tenha sido sucesso e seja vintage (não velho, atenção!), a sociedade também anda muito cruel. Uma Brigitte Bardot jovem é idolatrada, mas uma idosa é ridicularizada por estar velha e não ser atraente e pela sua preocupação imensa para com os animais domésticos ou, simplesmente, permanece recordada parada no tempo, como uma eterna sex symbol. 

Bom, me desculpe quem tenha lido TUDO ISTO  porque é muito texto, mas apeteceu-me abordar todos estes temas com base neste «estímulo» do debate televisivo de há 40 anos. Podem ser muitas palavras, mas acho que têm fundamento. 

Álvaro Cunhal faleceu com 91 anos e sua imagem foi respeitada. Mário Soares pode até sofrer o mesmo destino e vir a falecer com a mesma idade (faltam meses para chegar aos 91). Mas já não terá a sorte de ter vivido numa época em que as redes sociais mal existiam. E por isso tem sentido na pele o que é existir uma nova forma de se ser insultado. Como político e ex-perseguido deve ter criado uma carapaça bem dura a respeito de ofensas verbais. Mas as redes sociais facilitaram bastante as mesmas e as espalham de uma forma muito cruel e com uma rapidez assustadora. Um veículo excelente para mentiras e propaganda. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Desmitificar as unhas compridas


Até à pouco tempo eu fui uma roedora de unha em full time. Isso significa que toda a vida sempre as tive curtinhas, por vezes um pouco demais, pois o vício falava mais alto. 
Até à pouco tempo não sabia quais as diferenças entre ter as unhas das mãos compridas ou curtas. Agora já sei! Vou desmitificar:

MITO
Sabem aquela unha do dedo mindinho? Que o pessoal olha comprida e imagina logo com um ar de repulsa que a mesma serve para enfiar no ouvido?

É treta. Sou mulher, não sei se aí reside a diferença mas dizer que unha comprida serve para enfiar na orelha e «raspar» a cera é um puro disparate. Não é prático e que me lembre, a unha curta cumpre melhor qualquer propósito do género.


DIFERENÇAS:

NEGATIVAS
1- Sente-se melhor a falta de habilidade alheia. Quando se passam objectos de mão para mão a outra pessoa não conta com a unha comprida e ao invés de pegar no objecto, enfia a mão e os dedos por toda a parte, acabando por se cravejar nas tuas unhas. 

2- Algumas tarefas simples têm de ser adaptadas ou o tempo de reacção aumenta. Por exemplo: tirar ovos da caixa, descolar uma etiqueta ou remover um comprimido da sua embalagem de alumínio. Coisas assim que, quem não tem unha comprida pensa que a presença destas facilita. Não é verdade. Para descolar etiquetas e tudo o que seja movimentos de precisão a unha só atrapalha. Toda a perícia encontra-se na ponta dos dedos e a unha comprida é uma barreira entre qualquer coisa e a ponta dos dedos.

 POSITIVAS
1- Dá para arranhar melhor, presumo que é porreiro quando se pretende brincar na areia, visto que cavar buracos com as mãos deve ser uma tarefa facilitada, fazer cócegas também se torna mais eficaz.

2- Podem ser usadas como arma de defesa em caso de necessidade.





E nisto resta-me acrescentar que o simples acto de dactilografar acaba por ser adaptado à nova condição - é uma questão de hábito. Também se as unhas ficarem molhadas por algum tempo, tal como quando no banho de imersão, amolecem e tendem a partir - daí tantas mulheres olharem de lado para a esponja, o esfregão e a tarefa de lavar à mão a louça. Lavar roupa à mão, ainda mais quando se tem de torcer o excesso de água, é pedir para a unha dobrar e partir.

Quanto ao tamanho, cada qual sabe de si. Existe mesmo quem aprecie se transformar no wolvarine do filme x-men. Mas sem os poderes especiais acho que perde a piada...








E estas são as minhas impressões. Que têm a dizer de vossa experiência?

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Roupa minha, há alguém mais bonita do que eu?


Não ligo muito a roupa. Sou preguiçosa. Não gosto de experimentar roupa e ver se cai bem ou não. Não tenho vontade de ir às compras de roupa. O mesmo para sapatos. Em suma: não sou vaidosa.

Mas hoje em dia quem não olha para o que veste e não revela EXTERIORMENTE ter alguma preocupação com a imagem, parece que não é bem visto como elemento da sociedade. Mas... posso? É que não sou criminosa, portanto, gostava que me deixassem ser como sou: não tenho em mim o gene da disposição automática para a aquisição de roupa nova! Não vou a saldos, não procuro as novidades de cada estação, estou a cag*r para isso!

E sim, não deixo por isso de ser uma excelente pessoa e até tenho noção de estilo e faço a própria moda que outros gostam de seguir, se me apetecesse dar importância a isso, claro está. Tenho o guarda fatos cheio e basta-me o que lá tenho. Não ligo a marcas, não ligo a quase nada. Sou simples. Bastam-me uns jeans, umas camisolas e uns sapatos RASOS. Gosto de sentir confortável, ainda que seja numa camisola de 20 anos com algum borboto. Será que posso?

domingo, 29 de novembro de 2009

Top Models

Nem todas as mulheres desejam ser a 8ª maravilha do mundo.



Estou a lembrar-me de Bridget Bardot, Elizabeth Taylor e até Grace Kelly... mas existem mais exemplos. Se ninguém conhecesse a história destas mulheres, talvez não acreditasse que foram desejadas por milhões por todo o planeta. Assediadas, perseguidas, idolatradas, louvadas, admiradas, desejadas... consideradas quase por unanimidade as mais bonitas de sempre. Acredito que, mesmo hoje, quando um homem se depara com os rostos eternamente preservados jovens destas ninfas em fotografias e filmes, sente desejo. A consciência da passagem do tempo, da idade actual das beldades e do quanto estão diferentes fisicamente, em nada lhes diminui a fantasia... de atravessar para a tela e engatar aquela miúda.





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Mas estas mulheres não viveram em função da imagem criada. Ao contrário. Viraram um pouco as costas às pressões da beleza, às exigências da indústria e escolheram uma realidade mais "pés no chão".






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E é compreensível. Não é fácil viver com o extraordinário peso que é ser uma Sex Symbol. Todos te idealizam como a amante perfeita, para começar. Tendem a criar uma imagem que não corresponde à realidade, em quase todos os sentidos, também para começar. Outras mulheres que não recebem a mesma atenção emanam tanta inveja que são capazes de actos indescritivelmente horrendos para prejudicar as outras. E isto é só a ponta do que deve ser o peso do icebergue da mulher Sex Symbol.













E o que é ser Sex Symbol? Pensem lá bem! Ser impressionantemente linda? Enganam-se! Existem por aí centenas de mulheres deslumbrantes. Muitas modelos, muitas actrizes... mas quantas têm este "rótulo" de Sex Symbol? Pouquíssimas...








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É que a beleza em si é apenas e tão somente, a tal ponta do icebergue. Há também uma aura que envolve a mulher que faz com que as atenções convergam para si. Vejam só Elizabeth Taylor. Se formos a ver, a mulher "mais bonita e mais sexy do planeta" não tem um rosto tão especial assim, embora os seus olhos sejam impressionantes! E então?... existem mulheres por aí com o mesmo azul no olhar. Bonitas também. Porque não são consideradas Sex Symbols?

Falta-lhes aura!


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Esta é a minha teoria. Resumidamente, que a beleza que a todos cativa não se resume ao aspecto. Existe algo para além disso, que é mais importante, que é o que realmente fascina. Mas se quem se aproxima (amigos, interessados, apaixonados) não for capaz de descobrir a pessoa para além da fantasia, tudo funciona como peças de um puzzle que nunca encaixam... e é por isso que a beleza se pode virar contra quem a possui, somando-se decepções atrás de decepções...

E assim chego à minha segunda teoria e ao "recado" que quero transmitir. Procurem as vossas "princesas" tal como o príncipe Encantado procurou a Cinderela! Não esperem encontrar a mulher ideal toda embonecada, bem vestida e deslumbrante, com sapatinhos de cristal no virar da esquina ou no escritório do trabalho. Se encontrarem, suspeitem! Pode ser uma daquelas filhas da madastra má, após uns tantos liftings e cirurgias correctivas... cuidado! As princesas, muito provavelmente, ainda andam vestidas em trapos, presas em casa pela maldosa "madrastra"... há que procurar nos lugares mais inesperados e olhar com atenção para o que já nos rodeia... até porque, dita a história, que o "feliz para sempre" com uma mulher bem arranjada, transforma-se num pesadelo com vários quilos e muita insatisfação pessoal, enquanto que uma mulher que se descobre, anda feliz, faz os outros felizes e gosta de agradar o maridinho... olha o sortudo!
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Mas não quero enganar ninguém... a beleza é um óptimo cartão de visita, abre muitas portas! É usada em todas as situações. Só não acho que se deva viver em função dessa futilidade. Existem excepções mas o que mais deve existir são lindas mulheres que não se deixam ver. Andam despenteadas por aí, com uma roupa simples, apressadas para chegar a casa e fazer o jantar, ir ao supermercado pelo caminho, ou na hora para almoço... Até podem ter potencial para ocupar o mesmo patamar que as referidas beldades de Hollywood. Entendem?

E vão deixar de ser reconhecidas porque não se vê a ponta do icebergue? Abrir os olhos pode conduzir a agradáveis surpresas!