Metereologia 24 h

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quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Nao sou uma pessoa matinal

 

São 6.15 da madrugada. O dia ainda está meio escuro. Entro em casa vinda do trabalho e subo para cumprir o há horas desejado: ir ao WC. 

Este está ocupado. Caramba! Chego sempre a horas tão matinais e há sempre alguém que me aparece à frente. É a rapariga que está dentro a tomar um duche. Nunca tenho hipótese. 

Sei que ela vai trabalhar, mas também sei que faz rituais onde inclui "poções" que tem de fazer na cozinha e sei que tem por hábito ali ficar uma hora pela manhã. Nao quero ver gente. Só me apetece um momento de sossego.

Lamento não ter guardado um print que vi na internet recentemente. Dizia mais ou menos assim: "Adoro o cheiro de café pela manhã. nada melhor do que acordar, beber café e relaxar ao som de ninguém a falar comigo".

Ontem, entrei em casa mais tarde: 6.45, vinda de um turno de 12 horas. Cheeeeia de dores nos pés. E assim que chego à porta do quarto para me descalçar e colocar os chinelos, ela aparece-me à frente. Tem este hábito, de aparecer quando a pessoa está com a porta em vias de abrir ou fechar. Pensei que ia trabalhar, mas era o seu dia de folga. Então para quê ficar de pé tão cedo? Que ficasse pela cama a curtir, caramba. E me deixasse ficar sozinha durante os 15 minutos que demorei pela casa a fazer o essencialmente necessário. Ia para relaxar um pouco na cozinha e preparar algo rápido para comer já que no turno de 12h não tive oportunidade. Mas como a vi de pé e sei que ela gosta de cozinhar, fazer fritos e assim, durante cerca de uma hora, desisti da ideia, porque pensei que ia atrapalhar a sua preparação para ir trabalhar. Afinal ficou por casa. Levantou-se e apareceu-me à frente só porque é assim. Acabei por adormecer lá pelas 8h só para acordar pelas 11h com a voz dela e o barulho que faz a subir e a descer as escadas vezes consecutivas, como quem sempre esquece algo e tem de abrir e fechar a porta do quarto novamente. 

Fico um pouco irritada. Não fico de mau humor. Cumprimento a pessoa e sou simpática. Mas preferia chegar a casa aquela hora e nao ver ou ouvir alguem.

E é por isso que reconheço: não sou uma pessoa matinal. O melhor a fazer comigo é deixarem-me estar.

Se ontem irritou-me porque era o final de um turno de 12 horas infernal para os meus pés e queria aquela paz de não haver ninguém acordado, hoje a irritabilidade teve mais factores. Dois muito importantes. O primeiro é hormonal. Já cheguei àquela idade em que, depois da menstruação desaparecer, convem andar precavida com um absorvente, porque a malandra gosta de dar um ar da sua graça dias depois. Pois foi isso que fiz na quinta, sexta, sábado, Domingo, ontem, segunda... Por mais confortável que aquilo seja, um absorvente sai do sítio com facilidade e aquece a zona. Bom mesmo é andar sem. Convencida que já tinha passado tempo seguro, lá fui eu trabalhar, de roupa nova e fresca. Resultado? O malandro deu um ar da sua graça. Mas não teve graça nenhuma! 

Ando sempre com um na mala, mas não hoje. Parece de propósito. Vocês, leitores mulheres, devem entender-me bem. Se vestirem uma peça de roupa nova, ou clara, é quando o "coiso" aparece. É sádico, o gajo. Não só nos deixa assim para o mal, como também prega partidas. 

Fiquei um pouco irritada mas lá me remediei com camadas e camadas de papel higiénico. Assim que chegasse a casa sabia o que ia fazer: tomar um duche, vestir roupa nova e colocar um absorvente. 


E tenho o WC ocupado. (inserir emoji de ira).

Para piorar a situação, sofri um acidente. Caí da scooter, numa ladeira asfaltada mas cheia de cravilha de mato: pedaços de madeira por todo o lado, folhas, terra, etc. O tipo de coisa que a roda motorizada de 8 inches não foi feita para caminhar sobre, menos ainda em descidas. O erro tambem foi meu. Passei ali dezenas de vezes, mas de noite, a descer, foi a primeira. Estava escuro, o caminho nao estava limpo dos detritos da mata e distrai-me com uma bicicleta que vinha a minha frente. Travei e diminuí a velocidade antes de curvar para proceder à descida, mas não alterei a mudança, como sempre faço. A roda dianteira da scooter nao tem aderência entre tanta cravilha e no movimento de curva, a scooter deslizou, tombou para a direita e eu fui junto. Como ia a descer e com a velocidade, a scooter ficou atrás de mim e eu mais à frente. 

O pavimento da ciclovia tambem e cheio de altos e baixos, rachas e buracos. Aqui é um horror! Uma vergonha. Não imaginam. Andar na scooter é passar todo o tempo a manter o domínio da mesma enquanto ela passa por cima destes obstáculos, porque a direcção muda com cada solavanco e é preciso manter o controle. É sensato andar sem tirar os olhos do piso para assim procurar sempre a melhor passagem. Ao mesmo tempo, todos os sentidos têm de perceber a presença e distância dos outros automobilistas e peões à volta. A audição é uma grande aliada mas não é infalível. Costumo mimicar o som de uma buzina para avisar a minha proximidade cada vez que tenho a visão obstruida e alguém pode estar a caminhar no sentido contra mim. Fazer o som de uma buzina "Beep-beep" com a boca resulta. É impressionantemente eficaz. Dispensa o patético som incorporado na scooter que ninguém presta atenção. Além desta atenção, tenho outro cuidado para avisar os outros que estou por perto: uso uma espécie de guizo. Na realidade, é uma chapa de metal solta no tubo, que faz muito barulho com a trepidação quando a scooter está em movimento. Assim aviso que estou a aproximar-me e reduzo a eventualidade de alguém mais distraido ou desatento mudar de direcção no momento em que me aproximo, causando uma colisão. Detestaria magoar alguém, ia ficar a sentir-me péssima. 

Caí bem, meti as mãos à frente mas não saí totalmente ilesa. É impressionante como o nosso cérebro reage numa fracção de milésimo de segundo. Porque não deu tempo de perceber o que ia acontecer: aconteceu. (uma vénia para o resultado de milhares de anos de evolução desde homosapiens até agora, porque algo nos proporcionou esta capacidade fantástica de nos protegermos de danos potencialmente fatais, tendo estes rápidos reflexos por instinto, tal como um gato em queda de uma grande altura).

O meu rosto tocou no chão. Tenho uma marca acima do lábio superior e no queixo. A sorte de não ter sido pior é de louvar. Estava a usar máscara - e não daquelas de papel às quais me rendi faz tempo. Coloquei, para ir trabalhar, uma daquelas com o exterior em plástico. Tivesse sido apenas de fino papel e tinha-se esfolado junto com o resto da minha cara. Olhem o estado sujo em que ficou:

Deve ter protegido o nariz.


Fiquei também com as palmas das mãos esfoladas, mas coisa pouca.Porém, é onde dói mais. O anteabraço direito é que está uma lástima. Foi o primeiro a estabelecer apoio com a superfície. Não o consigo elevar. Custa-me movimentá-lo. Só consigo manter o braço dobrado ao peito ou estendido. Não consigo, sequer, estendê-lo em frente. Não dá. Para despir a roupa foi um martírio. Espero que seja  normal, diante das circunstâncias.  Isso é o que mais quero, mas temo sequelas a longo termo. Os braços são o meu ganha-pão. Toda a actividade laboral que arranjo no Reino Unido depende da minha velocidade e capacidade de mexer os braços. Quero que nao seja nada preocupante. É dar tempo para tirar a prova dos nove. Espero que um dia de repouso me devolva quase todo o movimento natural.

Assim que me ergui da queda, o que queria eu fazer? Ir ao WC, limpar-me e avaliar o meu estado. A vontade era de desinfectar o quanto antes, com betadine, as zonas que tiveram contacto com o asfalto. Feridas abertas em tempo de covid? É mau, não é? Mas teria de chegar a casa, enfiar-me no WC, espreitar no espelho, para realmente saber. E este está ocupado!!



Percebi que só esfolei a pele. Tenho a antebraço, perto do cotovelo, em carne viva, mas só isso.


Faço este relato (e muito mais ficou por relatar) porque ajuda a revelar um pouco o meu quotidiano e porque acho que revela mesmo que, entre ser uma pessoa matinal e não o ser, se dúvidas existiam, acabaram de se dissipar: Sou uma pessoa não-matinal. 


E vocês? A vossa manhã ideal é... ??

terça-feira, 14 de agosto de 2018

A queda da ponte em Génova


Acho que é impossível não recordar a nossa própria experiência com uma tragédia semelhante. Foi no dia 4 de Março de 2001 que caiu a ponte Entre-os-Rios, em Castelo de Paiva. 59 pessoas perderam a vida. Podiam ter sido muitas menos - não fosse uma das viaturas lançada à força das águas nocturnas um autocarro cheio de felizes infelizes que regressavam de uma excursão. 

Enquantos os mais acérrimos assistiam a uma partida de futebol do benfica (será que alguma vez poderam ver um jogo do clube novamente sem um trago amargo a lembrança triste?), o pilar da ponte ruía.

Você se lembra onde estava quando a notícia surgiu?


Eu recordo...

Ainda me vejo a olhar para os monitores pendurados quase no tecto. Todos os rostos a acompanhar o mesmo, todos os pescoços erguidos e queixos elevados, olhos pregados nas notícias da RTP.

.......


Por dividir casa com italianos, a notícia da queda da ponte em Génova, hoje, tem sido o assunto do dia. Nos canais de notícias que disponho cá em casa, mal consegui apanhar uma informação. Estão centrados no carro que bateu contra uma protecção de segurança perto das casas do Parlamento, em Londres. Mudo de canal, aguardo meia-hora, uma hora, e são só essas imagens e esse o assunto que surge no "ar". Por dois segundos apenas, apanhei uma imagem parada da derrocada da ponte mas a notícia "fugiu" de imediato para as imagens da viatura em Westminster. 

"Os Londrinos não tem de se preocupar. A polícia reagiu com prontidão. Temos a melhor... polícia. O suspeito foi imediatamente detido. Há que louvar a força policial que se aproximou do veículo sem saber o que havia lá dentro (subentenda-se explosivos) ou quem era o indivíduo (subentenda-se estar armado)".



E pronto...
O mundo das notícias continua assim...

É notícia um ou dois eventos diários, abordados até à exaustão.





Enquanto o colega cá de casa escutava pela internet um canal de noticiário italiano, eu reflectia na necessidade de ficar horas ligado a ouvir "notícias" sobre aquela tragédia. Que mais se pode adiantar? Para quê fazer um directo ineterrupto no local? A notícia está dada e pouco se poderá avançar nas próximas horas sem ser: "Esta ponte ruiu, a esta hora, neste local, existem mortos, esta pessoa disse isto, esta testemunha aquilo" "Voltaremos a entrar em directo quando surgirem mais desenvolvimentos" - esta parte acrescento eu. Acho que era assim que se fazia nos "antigamentes". Não se explorava o voyerismo como se faz hoje em dia. Essa irresistível vontade que o povo tem em espreitar tragédias e que os media estão mais que contentes em lhes enfiar pela goela a baixo, queiram ou não queiram vê-las. Porque hoje em dia a competição e a rivalidade é enorme, tudo diz respeito ao número de espectadores que se agarra a cada segundo e a quantidade de dinheiro que, por isso, se consegue extrair dos patricionadores.

Ou pelo menos costumava ser assim. Foi assim por muitos anos, simples, dinheiro certo e descomplicado. Creio que já faz bastante tempo - desde que surgiram novos canais e novas tecnologias, que este esquema de "sobrevivência" financeira está mal das pernas. Mas a solução? Andam todos a tentar descobrir faz décadas...

E enquanto não a descobrem, perdem-se escrúpulos, vendem-se "tragédias" ao desbarato...
As mortes, sangue, explosões e misérias atraem "clientes" então é isso que faz os noticiários, mais que qualquer outro feito ou conquista.



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Eis o que sente uma «semi-leiga» em política sobre a apressada venda da TAP


Hoje apanhei pelo canto do ouvido um comentário televisivo que apelidou de "anticonstitucional e ilegal" a venda da empresa TAP, realizada ontem pela equipa liderada por Passos Coelho. 

Porquê não podiam ter vendido a TAP? Porque o governo caiu. E como tal não tem esse poder.

Ouvi aquilo e pensei: "Tem razão".
E imediatamente a seguir ocorreu-me refletir o que os levaria a serem destituidos e irem a correr fazer um negócio de milhões. E saiu algo assim:



Ei! Mas eu avisei logo no início: eu sou quase leiga.