domingo, 31 de janeiro de 2016

Informação com gosto

Faz muito tempo que não via telejornais, menos ainda mantendo um interesse contínuo. Desde que comecei a sintonizar nos noticiários da RTP, isso mudou. O alinhamento, o tempo do bloco noticiário e a informação em si agrada-me. Estou equivocada ou, finalmente, a RTP deu um passo qualitativo gigante??

E a mesma impressão surge ao apanhar troca de ideias e programação de forma geral. Se assim for, nem imaginam o quanto isso me deixa feliz. Já era tempo da TV estatal abandonar as esbatidas pegadas das privadas, que na última década (e meia) só têm afundado. 




quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Mais um que se fecha na sua ostra...

O que é que se passa com os bloggers que escolhem ter o seu blogue disponível só para LEITORES CONVIDADOS?

Mais um que se fecha... Já é para aí o terceiro onde era habitual ir ler umas coisinhas que deixa de estar disponível. Começou com a Soricate, depois o Bocagiano, agora o varrendo migalhas... Mau Maria! 

Vocês restantes, não se ponham com ideias, ah? :D

Tudo bem. Por alguma razão os autores preferem assim. Mas eu cá penso se isso não vai contra a essência do que é um blogue. Um sítio onde se expõem ideias e estas ficam abertas para debate - agradem ou não, mas acessíveis ao mundo. 

Nestes anos todos tenho de admitir que quem tende a ir sempre a um blogue tende também a concordar com o que lá está exposto. Observo que é raro quem discorde ou saiba faze-lo sem agressividade. Há até aqueles que passam uma sentença à capacidade de discernimento dos comentadores, procuram classificar a sua inteligência e, quiçá, descriminam uns em prol daqueles com que se identificam mais. Mas limitar o público a esse segmento de mútuos apreciadores, a meu ver, deve corresponder a ter sempre uns "Yes ma'm" nos comentários :)

Sem vos querer ofender, meus queridos bloggers.
Mas é o que penso. 

E como ignoro como se faz "um convite"(pedido) para se aceder a um blogue e não me agrada a ideia de pertencer a grupos restritos, ponho-me a navegar noutros mares de liberdade. No hard feelings! XOXO


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Pardais

No verão passado umas pessoas constataram que não viram um único pardal nas redondezas. Sempre se vêm pardais por todo o lado. Garantiram que não foi esse o caso na primavera ou verão.

Eu respondi:
-"Que disparate! Claro que há pardais. Há sempre pardais".


Burra fui. À luz do filme-documentário que mencionei no post anterior (Racing Extinction) e vistos os meus esforços na altura para me recordar de os ver não terem produzido uma lembrança, temo que aquele «disparate» tenha fundamento.

Nesses meses, até mesmo no inverno, lembro que ouvi muitos grilos ou cigarras (já não entendo a diferença). Vi poucos mas ainda vi alguns melros. Pombos, infelizmente, estão sempre a deixar cagadas na janela... Mas pardais, sinceramente, não recordo. E não deveriam eles comer os grilos e cigarras se de facto andassem por aí?


PARDAIS... sempre os vi. Sempre contei em vê-los. Agora temo não os ver mais!



terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A humanidade é o seu meteoro

A melhor coisa que a geração actual fez pelo mundo foi tornar lucrativo nadar com golfinhos, baleias e até tubarões. 

Felizmente, neste mundo totalmente vocacionado para o CAPITALISMO, há quem consiga substituir um grande mal que é lucrativo por uma alternativa muito melhor. E assim, um ex-CEO (diretor de empresas) transformou a caça às baleias em turismo. Outros lhe seguiram o exemplo, de longe mais lucrativo.

Quando o autor do livro que deu origem ao famoso filme "Tubarão", de Spielberg entendeu o mal que o seu «monstro» fictício tinha lançado no mundo, foi peremptório: se o tivesse adivinhado, jamais teria escrito a obra. Martirizou-se e tornou-se activista dos direitos destes animais do oceano.


Graças ao mediatismo de um grande filme, milhares de milhares de tubarões de todas as espécies passaram a ser caçados em massa. Muitos se EXTINGUIRAM.


Na China (oh paísinho cheio de desgraças!) o folclore dita que quase tudo o que existe no mundo é a cura para todos os males que o afligem. É bem estúpido acreditar numa estapafúrdice destas, não é? E assim a caça em massa a praticamente todas as espécies do mundo não cessa nunca. Tudo se caça, tudo fica assim mais perto da extinção.

São as baleias, os golfinhos, os tubarões para a sua sopa de barbatana, as mantas... pelas guelras. Supostamente curam cancro e tudo mais que o comerciante impingir. Não existem provas mas, como todo o bom comerciante ávido por dinheiro ao longo dos séculos, um qualquer teve a ideia de lucrar com mentiras e assim a China é um país cheio de crenças sem fundamento que resultam em crimes contra a humanidade e o planeta



BARBATANAS DE TUBARÃO
Hong-Kong

Não posso reclamar a autoria da frase que escolhi para título deste post. "A humanidade é o seu meteoro", frase que faz referência à teoria de extinção das espécies na altura dos Dinossauros. Escutei-a neste filme-documentário: Racing Extinction. ( Setembro 2015) 

TODOS têm de o ver.

nota:
está indisponível no youtube, como seria de esperar quando existem verdades inconvenientes e «frescas». Dos três links que encontrei aqui, aqui e aqui, todos exibem apenas uma imagem parada. Como é recente, pode ser encontrado na net por «outros meios» ou mesmo estar disponível para aluguer em alguns serviços do género. O Discovery Chanel exibiu-o em Dezembro. É rezar para que volte a exibi-lo novamente! Pelo menos UMA VEZ POR MÊS, o filme devia estar sempre em loop de programação.


Vi isto, pensei aquilo - serial 03

 vi ISTO

traduzi para ISTO

pensei NISTO



segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Quem os elege?


Quem são as pessoas que votaram no Marcelo Rebelo de Sousa?
Quem são as pessoas que votaram, DUAS VEZES, no Cavaco e Silva?
Quem são as pessoas que votaram, mesmo sobre generalizado desprezo, no Coelho?

Estas perguntas povoam-me o pensamento cada vez que surge uma eleição. Penso muito nisto da origem do voto. Então decidi fazer uma «sondagem» particular. 

Fui perguntando às pessoas, da família, do círculo de amigos, de conhecidos, colegas, relações ocasionais, vizinhos, amigos virtuais e nunca que recebi a confirmação de voto nos nomes acima mencionados. Ao contrário: mesmo que me encontrasse com um desconhecido na rua a intenção de voto da pessoa nunca era para o que acabava eleito.

Quem podem ser então estas pessoas que votam? Alguém que está fora do meu alcance/contacto diário. Eu não faço parte da «classe» que vota nestas pessoas. E nem as restantes que abordo fazem parte dela. Classe média, média baixa, pobres... esses são aqueles com que facilmente tenho contacto, seja em trabalho ou em lazer. 

É então plausível concluir que o grupo fora do meu alcance - os de classe média-alta e muito alta, são os que deram o voto de vitória aos nomes mencionados.

E agora pergunto eu: mas estes são a maioria??

A mesa de voto

Pela primeira vez cheguei a conjecturar não ir à urna de voto. Talvez tenha sentido falta da chuva. Acho que nunca fui votar sem ser debaixo de chuva! Mas consegui ultrapassar essa ideia. A noção de dever cívico falou mais alto. Ao final da tarde, já de noite cerrada, dirigi-me à escola para votar. 

Ao entrar na sala, parei à entrada a aguardar que me chamassem. Uma senhora na mesa de voto, temendo que avançasse, mandou-me aguardar. Enquanto tentavam descobrir o "novo" número de eleitor de uma senhora à minha frente, não me mandaram avançar. Tive tempo para observar a sala, Naquela, nunca tinha estado. 

Era muito infantil, com lições escritas e desenhos pendurados. Material escolar espalhado pelos cantos e uma secretária na entrada. Saiu uma pessoa detrás da "cabine" de voto, foi à urna, recebeu a sua identificação e saiu. Mandaram-me então avançar. Dirigi-me à pessoa que me chamou, mostrei-lhe o número de eleitor e ela não me respondeu. Estava a falar com a outra pessoa do lado. Saiu a eleitora que "não sabia o número" e avancei para a urna. Ainda estava a tirar o cartão de cidadão de dentro da carteira que trazia na mão e  já estava ao meu lado outra pessoa que tinha entrado na sala depois de mim. Achei... indelicado. Esperei eu «que tempos» para entrar e aquela não aguardou um segundo. Não foi "barrada" ainda que tivesse travado a tempo, como eu fui. Não gostei. Coisa pequena, bem sei. Só podem estar dois eleitores na sala ao mesmo tempo, bem sei. Mas caiu-me mal. 

Estas coisas passam-me tão depressa que já haviam passado quando peguei na folha A4 com os rostos quase todos pouco conhecidos, para num colocar uma cruzinha. 

Vou colocar uma cruzinha ou não? Ainda estava em dúvida enquanto me dirigia ao divisor de voto colocado à frente de uma parede com pequenas janelas. Quando chego ali é para pegar na caneta e votar. Acabo por escolher uma quadrícula e desenhar uma cruz, com base numa curta conversa política que tive com uma pessoa que me apresentou o seu ponto de vista de voto. 

Cheguei a pensar não deixar cruz alguma. Deixar o voto em branco. Mas a minha confiança no sistema já não é mais a mesma e ocorreu-me que quem os fosse desdobrar pudesse aproveitar o voto em branco e "escolher por mim" o candidato. Cheguei a pensar, inclusive, se o devia tornar nulo. Coisa que não me passaria pela cabeça fazer antes. Mas como já disse, a minha confiança não é mais a mesma. Podia ocorrer de um voto nulo conter uma mensagem bem mais forte e acabar por ter mais força que um qualquer voto? (Há pessoas que investigam os votos mais insólitos). Ocorreu-me tudo isto em fracções de segundos, mas acabei fazendo "a coisa certa" - que é votar e não desperdiçar o voto.

Papel dobrado, dirigi-me à urna para depositar o meu voto. A pessoa que entrou atrás de mim antecipou-se e estava agora à minha frente. (coisa de segundos, eu tive de arrumar a carteira ao chegar ao separador, lembrem-se que a tinha na mão). A pessoa à minha frente entregou o seu voto, virou-se e saiu. Nisso dou com toda a mesa a rir. Trocavam chalaças uns com os outros. Estavam a rir do eleitor que já estava a sair pela porta. Riam-se, pasmem-se, por ter dobrado o boletim com "bicos".(presumo que canto com canto, obtendo uma forma triangular). 

Depositei o meu na urna - não o entrego para ser outra pessoa a depositar. Nunca tenho a certeza qual o número de dobras corretas a dar ao boletim, mas tendo em vista o anterior, o meu só podia parecer perfeito e irrepreensível. Acreditem, a seguir àquele boletim dobrado em triângulos, aos olhos daquela mesa o meu só podia parecer irrepreensível.

Saí com um sorriso e um agradecimento mas, ao mesmo tempo a achar cá com os meus botões, que não foi muito delicado por parte daquelas pessoas se rirem nas costas do eleitor e na frente de outro. 

Esta é a segunda vez que detecto vibrações «menos boas» das pessoas que estão na mesa de voto. 
E pronto. Foi isto. Coisinhas de caracacá que aqui decidi partilhar só porque me apeteceu :)

A esta hora já se sabe quem vai ser, por quatro anos (a menos que bata as botas) o novo presidente da Republica: Rebelo de Sousa. Só espero que seja um BOM presidente para este País.




domingo, 24 de janeiro de 2016

sábado, 23 de janeiro de 2016

Mariquinhas!

Deparei-me por acaso com esta "notícia": um ator americano de filmes de hollywood comentou no seu facebook que estava feliz por duas razões: Tinha 10.000.000 de seguidores e era o dia do Martin Luther King.

"Choveram" críticas ao seu comentário. Algumas pessoas acharam um absurdo as duas coisas serem mencionadas na mesma frase. E o ator rapidamente respondeu:


MARIQUINHAS!

Ele não escreveu nada demais. Estava feliz por ser "Natal" e por ter aumentado de seguidores. Mas os fã(náticos) pelo Jesus, acharam mal. Não se pode mencionar o dia do «Natal» com mais nada. É desrespeitoso. Mas onde é que está o desrespeito?

Chiça. Esta EUA é toda hipersensível quando se fala de cor de pele. É que nem tem hipótese!

E o ator deu a resposta que o impede de ter dores de cabeça e chatices mas, porra, que coninhas! Meteu o rabinho entre as pernas e preferiu dizer que fez uma publicação insensível - que não fez - e pedir desculpas por hipoteticamente ofender alguém. Lol. Já agora nunca mais abras a boca. Pode ser que nunca mais ninguém se sinta ofendido.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Tatuagens revoltantes

Encontrei este vídeo e por alguma razão decidi espreitar. Não tenho problemas com tatuagens, mas não faria nenhuma que fosse definitiva. Acho que muitas destas nem são tatuagens, são pinturas. Uma delas revoltou-me tanto, que achei que a pessoa que a fez devia ir presa! E quem a pediu ou a deseja, devia ir preso e ir para o inferno. Vejam lá se conseguem adivinhar qual é. Fiz um still da imagem mas decidi não colocar aqui. É nojenta e revoltante. Vejam e digam se fariam alguma destas para TODO O SEMPRE??

E já agora, têm alguma?

PS: escutem o vídeo em MUTE, sem som é que estes vídeos são bons.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O que fazer aos «restos»?

Lembram-se de uns posts que fiz sobre a morte e o que fazer aos restos mortais? Bom, calhei encontrar este vídeo e apeteceu-me partilhar. Não tem nada de mais, ou de menos, é simplesmente informação. Na parte que me toca, neste vídeo um cangalheiro descreve que um pai pediu para ser ele a depositar o corpo do filho na morgue, ou, pelo que entendi, no crematório. Essa parte tocou-me, pois entendi essa necessidade. 

Para quem tem curiosidade, como eu, mesmo sem entender inglês, por este vídeo descortina-se um pouco o processo. 


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Ménage a três FMF

Fui para um bar à noite e conheci uma mulher mais velha. Ela até era bem afeiçoada para alguém com 60 anos de idade. Comecei a pensar que a filha dela devia ser boa como o milho! Bebemos umas cervejolas e ela perguntou-me:
-"Sabes o que é um desportivo duplo?"
-"Não. O que é?"
-"Ménage a três com mãe e filha".

Nem queria acreditar no que tinha ouvido. A ideia começou a agradar-me. Ela disse:
-"Hoje é o teu dia de sorte".

Acabamos de beber as cervejas e fomos para a casa dela. Entramos, ela acendeu a luz do hall e ao subir as escadas, disse:


-"Mããe, ainda estás acordada?"



segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"O que conta é a beleza interior"


Uma vez li uma frase interessante, que inicialmente apeteceu-me refutar. Contudo, quase de imediato reflecti e percebi, com profunda tristeza, que talvez até teria de concordar. A frase dizia mais ou menos assim:

Tão simples, não é? 
Preparava-me para refutar, mas subitamente percebi que não tinha como. 

Em primeiro lugar, Deus não me criou, pelo menos no início, pouco atraente. Não cresci sem saber o que isso é. Todas as minhas acções e percepções foram condicionadas por essa forma com que o mundo me dizia que avaliava o meu aspecto. Lembro de uma ocasião em que uma colega de escola estava a meu lado quando de repente apareceu à nossa frente um rapaz que, do nada, fixou o olhar na nossa direção e expeliu: "És linda! Um dia vais ser minha!". O rapaz andava fazia já algumas semanas a arranjar forma de me aparecer à frente e de me dirigir olhares. E eu de escapulir. Mas e daí? Eram só olhares, sempre existiram olhares. Todas as raparigas recebem olhares e são assediadas...

Ou será que não? 

A colega a meu lado não era atraente. Que eu tivesse percebido, não recebia grandes piropos. Eu era capaz de ser assediada diariamente bastasse para isso tirar o ar carrancudo e indiferente com que me protegia de investidas. Ela ficou atónita. Levou a mão ao peito, expeliu uma profunda baforada de ar, virou-se para nós (havia outra colega pelo meio) e repetiu:

Fiquei calada, nada disse. Deixei-a a pensar o que quisesse pensar, mas o que percebi foi que ela queria que fosse assim. Tanto queria, que no dia seguinte a sua simplicidade havia desaparecido, para dar lugar a uma rapariga com batom nos lábios, maquilhagem nos olhos, uma bruta mini-saia, sapato com algum salto, cabelo solto bem arranjado e uma roupa de festa. Andou assim uns dias, enquanto percorria os corredores e cantos da escola para ver se esbarrava e chamava a atenção do tal rapaz. 


Bom, e isto me levaria a outra frase. A uma que não li em lado algum, uma que é minha mas aposto que já foi dita por outras pessoas: "As bonitas levam a fama, mas as feias é que têm todo o proveito!"

Há muita coisa a retirar daqui. Muitas reflecções sobre o comportamento humano. A beleza, cada qual aprende a lidar com ela, com o que tem ou com o que gostaria de ter, conforme as percepções que vai recebendo de fora e vai criando na sua mente. Acho que é assim. Tanto para a suposta beleza quanto para a falta dela.

Mas engane-se quem pensa que as moças atraentes têm vida fácil. Embora seja verdade que só por serem atraentes o trato que recebem é mais simpático, o assédio pode ser sufocador. E inibidor. Já alguém que se considere "menos", por vezes tem uma força guerreira tremenda para obter aquilo que quer, mais que não seja uma força motriz alimentada pela revolta e pela inveja. A atraente é também alvo de muitos boatos maldosos. É invejada. Talvez até excluída, se tiver pouca sorte com as pessoas que a cercam e for particularmente frágil. A beleza é uma dádiva e uma maldição. Mas quem nasce com ela, não sabe o que é crescer sem a ter

Não acredito que existam pessoas feias, para ser sincera. Existem pessoas pouco atraentes (quantos garanhões do cinema que hoje fazem suspirar as mulheres eram autênticos patinhos feios quando jovens? E jovens cantoras que hoje fazem capa da playboy?). Mas talvez isso até lhes seja benéfico, porque ficam menos expostas ao assédio e podem levar as suas vidas de uma forma até mais rápida e eficiente que aqueles que perdem demasiado tempo a «esquivar-se» de balas. Existem muitos que se consideravam desajeitados, feios, que desenvolvem uma auto-estima saudável e sabem como se valorizar e valorizar. Enfim... como disse, muito se pode retirar daqui. Mas a frase, terei de concordar com ela


A beleza, pelo menos a estonteante, a de uma Brigitte Bardot, uma Claúdia Shiffer, uma Sophia Loren, uma Elizabeth Taylor não dura para sempre. É então, quando se vai, que se entende o reverso da medalha. As portas que se deixam de abrir, as gentilezas que afinal tinham segundas intenções, os olhares que viram para o lado e os galanteios dados à juventude. 


São as Barbra Streisand, as Celine Dion e as Lady Gaga que se dão bem na vida. Porque tendo nascido menos atraentes, ou como prefiro definir, com um outro padrão de beleza, a velhice cai-lhes melhor. As cirurgias plásticas a que todo o tipo de mulher/homem recorre para se melhorar, surtem melhor efeito num rosto menos atraente do que num que foi perfeito e jamais vai conseguir voltar a ser. 



Pelo menos é essa a minha teoria...

Na realidade, pouca atenção dou, ou penso dar, ao exterior. Porque mesmo um mau exterior pode ter uns olhos e uma postura que nos agradem.
«I'm not worried that I am kinda unattractive, plenty of people are and are doing just fine, what I need to be worried about is that I am dull and uninteresting».
Há rostos que revelam a alma...
Há outros que a escondem muito bem.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Porquê só se fazem filhoses no Natal?

Um post num blogue fez-me interrogar...

Pergunto-me porque é que só se fazem sonhos, filhoses e outro tipo de confecções durante o Natal.

Se os for fazer agora, quando ainda é inverno, fico com a sensação que estou em pecado. Que é algo proibido. Inadequado, desajustado. As pessoas, no geral, gostam tanto destas iguarias. Porquê limitar o seu consumo para o pequeno dia de Natal? É por acaso mais gostoso por ser Natal ou não tem sabor fora da quadra natalícia?

Foi nisto que me deu para pensar agora... depois de me sentir intrigada com este pensamento por ter lido aqui uma receita para filhoses. 

É que, de acordo com os costumes, agora vou ter de aguardar quase 1 ANO para poder experimentar! Não faz sentido algum.

Sorri

Um post num blogue fez-me recordar... 

Eis uma melodia (e uma lírica feita 20 anos depois) que me tocam muito.
Partilho-a com vocês.
Para que possam também tirar dela ESPERANÇA e força para lidar com os percalços da vida.


Versão em português


Assim que escutei esta versão, composta principalmente do meu instrumento musical favorito, imediatamente lembrei-me da música do filme "Dança com Lobos". É do mesmo compositor, John Barry.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O dilema dos bombeiros com a lei

A história que vou reproduzir a seguir só pode ter sido escrita em tom de comédia. Segundo um artigo encontrado aqui, a recente "Lei do Piropo" pode vir a ser responsável pela expulsão de mulheres do corpo de bombeiros.

O primeiro parágrafo "brinda-nos" com esta preciosidade de raciocínio:


Além de um tal "fonte" do departamento jurídico da Liga de Bombeiros explicar que o «conjunto de problemas» que a nova lei traz para dentro dos quartéis se deve "à profissão e ao material utilizado", ainda diz que as mulheres, sobre uma imensa pressão pela lei, não saberão distinguir o que é uma verbalização de um importunação sexual.

Além de chamar as bombeiras de estúpidas que não sabem "distinguir", ignoram a experiência e a capacidade de discernimento das mulheres. Como se ao longo das suas vidas um "piropo" fosse algo desconhecido, e daí a incapacidade de distinguir entre uma brincadeira e o assédio.

O artigo continua dando exemplos do que são o "conjunto de problemas" que esta lei trás para os quartéis de bombeiros. "imaginem quando um bombeiro disser a uma bombeira: “agarra-me aí a agulheta um bocadinho” - especifica a tal "fonte". Não economizando nos exemplos, faz questão de identificar as expressões que poderão vir a ser um problema de assédio que vai conduzir à expulsão das mulheres dos Corpos de Bombeiros: "termos como “mangueira”, “chupão”, “seringa”, “desforradeira” e, até mesmo, “capacete” ou expressões como “apaga-me o fogo”, “apanhai-lhe a cabeça” e “entra pela cauda.

A notícia ainda apelida, inadvertidamente(?) as bombeiras de criminosas e oportunistas, pois diz que esta lei está a ser utilizada como forma de chantagem a elementos de comando ou de chefia, uma afirmação gravíssima, mas que parece estar a ser fundamentada em especulação, visto que não apresentam casos concretos.

A pesar de todo o artigo estar a analisar esta perspectiva da Lei do Piropo pelo lado do HOMEM como agressor, MULHER como a ignorante alvo do piropo, a seguir sai-se com esta constatação: "Dentro dos corpos de bombeiros há a noção de que o assédio sexual é provocado tanto por bombeiros como por bombeiras, mas a lei parece estar mais inclinada para a defesa das mulheres.

E remata, explicando qual é a solução: "Os bombeiros estão indignados e pediram mesmo que as mulheres fossem afastadas dos corpos de bombeiros, pois estão em menor número (...) há um ambiente de tensão dentro dos corpos de bombeiros, existindo alguns, perfeitamente assinalados (...) que já admitiram estar a efectuar formações e operações de socorro unicamente com grupos masculinos ou com grupos femininos."

 Ah! Nada como o bom, velho e ignorante MACHISMO para terminar uma matéria absurda! Até dá vontade de rir, não é mesmo?

Para vos divertir, ainda assim, educar mais do que o citado artigo, deixo aqui um vídeo que INVERTE OS PAPÉIS. São as MULHERES que assediam os homens, mas daquele jeito típico masculino, todos os maneirismos incluídos. O que elas dizem, contudo, não é bem o que o homem diz, mas o que elas procuram num homem.

De seguida, outro vídeo, bem interessante. Ele mostra aquilo que uma mulher SABE quando está a escutar um piropo. E aquilo que os homens tentam ocultar. Por esta razão, interpretar uma mulher da forma redutiva como esta "fonte" do departamento jurídico dos bombeiros faz, é cómico, para não dizer também outra coisa referente à região do cérebro. É exatamente para este tipo de pessoas pouco... que este vídeo mais faz falta. Estão em inglês, espero que a maioria entenda :)



Não consegui deixar este de fora. É muito bom (e curto). Outro exemplificando a troca de papéis.

O que vem a seguir foi o «melhor» vídeo português sobre piropos que encontrei. Ao contrário dos americanos, que são mais evoluídos e apresentam uma perspectiva real e invertida, o português suaviza e despenaliza o piropo a uma simples e aceitável brincadeira entre homens. O que a lei veio a não fazer.

Bem sei que a lei do piropo andou aí a perturbar algumas pessoas que, sem saberem bem o que dizer, bastou-lhes, por exemplo, argumentar que "há leis mais importantes". Pelo lado que me toca, gostei da lei. É bom brincar entre um grupo de amigos, mandar uns piropos, umas graçolas, mas como se diz no brasil, quando "a cantada" costuma passar a barreira da brincadeira para o assédio, não é uma coisa bonita.

Quando foi a primeira vez que escutaram um piropo? E perceberam aquele tipo de olhar? Eu nem lembro, mas sei que era criança. Acho que com 10 anos já estava a ser alvo deles. Com 12 tornaram-se muito frequentes. "És um borracho! Anda cá que tenho uma coisa aqui (mão no sexo) para te mostrar". E uma criança, a virar adolescente, depois na adolescência, a receber piropos constantemente, pode não ser muito benéfico para o seu crescimento. Ou ela se vê e se aceita como um pedaço de carne, porque é assim que lhe estão a comunicar que será vista, e daí se podem observar alguns comportamentos sexuais mais abusivos e submissos entre jovens que hoje tanto a sociedade condena, ou então sente-se mal e desconfortável. Acreditem que a segunda hipótese é geralmente a mais comum mas a primeira anda a ganhar terreno, até porque surgiu como forma de desprezar a segunda. 


Mas cá fica a reportagem, "ligeira" e divertida, desresponsabilizando o ato, a versão portuguesa do piropo - hoje condenável (e muito bem) por lei. 


O que Portugal tem de emprego?

No Domingo entrei numa loja de vestuário (na realidade podia direccionar este relato a qualquer outro dia, ano ou loja) e reparei nos empregados. Tudo malta jovem. Uma rapariga a mascar pastilha, outra sem nenhuma ruga à volta dos olhos, tanto as que estavam na roupa quanto a única que estava vagarosamente a atender na caixa, enquanto a fila de pessoas aumentava.

Onde quer que uma pessoa vá, raramente é atendido por pessoas com mais de 30 anos
Bares, cafés, restaurantes, supermercados, lojas de roupa, de decoração, de electrodomésticos, tudo o que é loja em centro comercial, Wortens, Fnacs, cinemas... Quem nos atende? Malta sub30.

É de facto muito difícil encontrar emprego para quem agora tem esses anos no passado e que foram também eles passados em empregos precários e instáveis. Porque não há. Não nos querem. Podem até tolerar, abrir uma excepção, mas o mercado de trabalho definiu as suas regras e pronto: querem miúdas jovens, ou rapazes jovens, ainda a estudar ou a estudar à noite. Tudo o que for emprego que lide com a exposição, querem, exigem, juventude e beleza

Para onde vão os velhos? Se é que se pode cometer o crime de chamar velho a quem está acima dos 30 - mas é o que a sociedade está sempre a transmitir, através de anúncios de emprego, através da publicidade, através do que nos dá e do que nos mostra. Somos uns parvalhões idiotas que já se estão a lixar, porque os que agora andam nos 20, piscam os olhos e chegarão aos 30 e tantos... E depois, engrossam a lista dos que procuram emprego mas são preteridos pelos sub30.

Atraída (mas não iludida) por um anúncio no facebook a respeito de um portal de empregos que garantia mais de 200 empregos só em Lisboa, lá mordi o isco. Os empregos, os tais "mais de 200", na  realidade eram todos apenas e só uma área: VENDAS. Ou queriam comerciais ou pessoas para vender produtos por telefone. Nem sequer "precisa-se de rapariga para atender às mesas" que costumava abundar os classificados, uma pessoa encontra com facilidade hoje em dia. E quando  encontra, dizem sempre "jovem". 

Mas aqui fica o que encontrei. Quando encontrei isto há uns dias, sabia que ia fazer um post a respeito. E decidi que o ia abordar por um aspecto em particular: A procura agora está mais específica e direcionada. Os empregadores procuram aliciar os emigrantes e os filhos de emigrantes de primeira ou segunda geração. Aqueles que podem contribuir com uma segunda língua que falam fluentemente, não porque a estudaram na escola, como até agora tinha vindo a acontecer, mas por  a falarem em casa. Por terem dupla nacionalidade, pais nascidos noutros países e que emigraram para Portugal. Filhos que aprenderam a falar português na escola e na rua, mas que em casa falam outra. 

Tudo bem, acredito que tenha de existir oportunidades para todos. Mas claramente, não é o caso faz muito e muitos anos. 

DESPORTISTA... O que é um vendedor desportista? Ter tido uma carreira de alguns anos na pista de atletismo?

Em forma??? Isto quer dizer o quê precisamente?
E é para trabalhar NUM CAFÉ!!

Ou seja: não serve para portugueses, é especificamente para brasileiros


Bom salário, mas não se tenha dúvidas: nem o descritivo do anúncio vem em português. Isto é só para Alemães. 
1300€ é realidade alemã, tava bom demais para ser algo para um português...
Só para os CHINESES





Frances, castelhano e portugues (não serve em separado), Finish, Serbian(!!), Turkish, Polish, «different languages», italiano, inglês e Holandês. Uau! Qualquer português se pode candidatar a estas "Mais de 200 vagas", não é mesmo??

Repararam na diversidade de ofertas?
Há muito que defendo que só existe UM emprego em Portugal, que está constantemente a ser impingido. E este é: Call Center.

A quantidade de empresas que só contratam pessoas para este tipo de serviço são como pragas, não parece existir mais nada. Onde vão parar as ofertas de outro tipo? Onde está "recepcionista", "atendimento ao cliente em loja?", que não seja restritivo na idade, na aparência? E quando os há, é uma vaga, muitos candidatos e os currículos todos no lixo... contrata-se uma das que apareceu - a que parecer ir dar menos problemas com a precariedade salarial e condições de emprego - ou acaba-se por fazer uma conveniência a alguém e empregar um amigo de um amigo que está mesmo precisado.

Equívocos, uma actividade desportiva de maus bofes

Quando por acção nossa se cria um equívoco, o correto 
é desfazê-lo.

 Um dos defeitos desta nossa sociedade é preferir adoptar comportamentos que o dificultam. 
Quando alguém percebe que criou inadvertidamente um equívoco que mancha o carácter de outra pessoa (a exemplo), ao invés de o rectificar, alimenta-o. Porque o faz?


Alimenta-o, insiste em deturpar passados e futuros acontecimentos e angaria outras pessoas para ficarem do seu lado. Não admite que errou, não pede desculpa, não repõe a verdade da situação. Maldade? Falta de escrúpulos? É cada vez mais uma prática corrente, muitos fazem disso o seu DESPORTO.


sábado, 9 de janeiro de 2016

A saúde trata-se fora dos hospitais e ao telefone

Depois do Natal, antes de tomar conhecimento do caso do falecimento do jovem com aneurisma cerebral, vi estas publicidades na barra lateral do facebook e guardei, com intenção de fazer um post para abordar um tema sério: a saúde.

E o que é que penso disto?
O PIOR!

Primeiro, uma introdução a meu respeito: Nunca fui a um hospital. Nem sei lá ir ter, para ser sincera. Faço o tipo de pessoa que vai trabalhar doente, sai à rua para tratar de recados com uma constipação... etc. Não recebi uma boa educação sobre comportamentos de combate a doenças, desconheço os nomes de medicamentos considerados comuns e, com isso, é comum ter sintomas ou ficar doente e demorar a o perceber. 

Sou o tipo de pessoa que ao ficar constipada, como aconteceu este Natal, acha que aquilo passa com repouso e melhor alimentação. Nem lhe ocorre ingerir medicamentos, nem pensa que é algo grave. Primeiro dou «tempo» para que passe por si. Se insistir, então procuro alternativas. Foi durante o próprio convívio familiar natalício, de olhos vermelhos, muitos espirros, voz fininha e tosse é que percebi, diante da insistência de terceiros, que devia atacar aquilo com medicação. E lá fui tomar um antigripe. Passado uma hora já conseguia sentir os sintomas a regredir. O que de facto veio a acontecer. Embora, até hoje, a tosse ainda dê ares da sua graça.

Portanto, sou a antítese de tudo o que estes cartazes indicam e sou também o PIOR tipo de pessoa para si mesma.

Ainda assim, não concordo com a mensagem destes cartazes.
"Não vá ao hospital", "não vá às urgências", "fique em casa", "seja antendido por um médico através da linha de telefone saúde24".


 Lol. Agora os médicos podem fazer consultas ao domicílio por telefone? Fantástico! Para quê ir a um médico de todo? Porque não executar também cirurgias pelo telefone? Já agora, porque não deixar as pessoas pesquisarem no google os seus próprios sintomas e decidirem por elas mesmas o mal de que padecem? Para quê exames ao sangue ou outros? Nãh! Por telefone primeiro... E se a pessoa ao telefone errar na avaliação de gravidade do caso, ups! Foi porque o «paciente» omitiu alguma informação. A «culpa» é do paciente. Então, já vão dizer que devia ter ido ao hospital... Afinal, o "médico", por telefone, não está sequer a ver o rosto do paciente... sabe lá como está o tom da pele, o branco dos olhos.. não vê nada.

Ora esta! Se uma pessoa se dirige ao hospital, é porque acha que o deve fazer. E não devia importar que sejam 1000, 2000, 3000... os hospitais servem para isso mesmo. Para atender as pessoas, da melhor forma possível. Nunca que pensei que iam dizer às pessoas que se sentem doentes para NÃO IR a um hospital e facultar como recurso um atendimento POR TELEFONE.

Eu sei onde eles querem chegar e o que os motiva. Mas não concordo. Discordo em absoluto. 
Acho ultrajante para a população e indigno da comunidade médica.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O serviço de Saúde ao fim-de-semana

Quando concluí o post anterior e o terminei de ler, algo se destacou. A expressão "fim-de-semana". 
Fim-de-Semana... e a sua conotação negativa no contexto dos cuidados de saúde.
Onde é que isso me dizia algo?

Meu avô s
entiu-se mal na noite de uma quinta para uma sexta-feira e faleceu nessa madrugada. Faz pouco mais de 10 anos. Morreu ao dar entrada no hospital. 

Perguntaram à família se queriam que fosse realizada uma autópsia para confirmar a causa de morte. A resposta foi não. Voltaram a perguntar, mas pela positiva: "Vai realizar a autópsia"?. Respondeu-se «não». Mais duas ou três frases, e a pessoa volta a dizer que o corpo vai ser autopsiado. Aí já existiu uma certa irritabilidade e, novamente, foi dito à desmemoriada pessoa que a família não pretendia autópsia. Estariam com problemas de compreensão?


Depois foi necessário proceder às necessárias resoluções para realizar o velório e funeral. Falecido a uma sexta-feira nas primeiras horas da madrugada, e sem o procedimento de autópsia, podia ser que fosse a enterrar nesse mesmo dia. Ou no dia a seguir. Mas foi-nos dito que isso era impossível porque o Instituto não-sei-das-quantas estava de férias/greve/fechado e não funcionava ao fim-de-semana

Durante TRÊS dias, de pesar e sofrimento, de morte efetiva, o corpo permaneceu em paradeiro incerto - disseram que ficou na arca refrigeradora na morgue do próprio hospital - mas como ter a certeza? Três longos e morosos dias, que pareciam prolongar o sofrimento e alongar o necessário desfecho rápido que é a sepultação e o repouso eterno. Foi enterrado a uma segunda-feira.

Senti um ímpeto de acompanhar os procedimentos com o corpo. De os conhecer. A ignorância era pior. Senti necessidade de velar por ele dessa forma, de não o deixar de ter debaixo da vista. Não voltei a desejar o mesmo quando outro familiar faleceu, mas com meu avô foi diferente e até hoje não sei explicar bem a razão. Cheguei a conjecturar que lhe tivessem removido partes ou até mesmo acabado por fazer a autópsia, tal foi a insistência para o abrir. Mas a real motivação estava em sentir que era a minha forma de encarar a situação. Precisava entender o que desconheço. Até hoje não tenho como saber. Três dias de corpo em parte incerta... Será que estava realmente onde disseram que ficou? Foi muito tempo até ser depositado no local de descanso eterno. Não saber, esperar e adiar o enterro durante 3 dias, foi terrível.

E tudo porque durante o fim-de-semana não havia não-sei-o-quê ou estavam em greve, algo não funcionava, já tinham fechado - sei lá a razão apontada. Terei de ir averiguar detalhadamente. Fim-de-semana... não enterram mortos ao fim-de-semana... 

No fundo foi isso que nos disseram. "Não dá, agora só na segunda". 
O mesmo que disseram aos familiares do jovem David Duarte num caso extremo de vida ou morte.

Semelhanças?
O fim-de-semana...
Não serve para salvar vidas nem para dar o descanso final às vidas que não são salvas.

Adenda: Existiu também uma circunstância envolvendo falta de recursos (ambulância) que acabou por contribuir para o desfecho de morte. Esta podia ter sido evitada se - cá está - a ajuda tivesse chegado horas antes, ai invés de ter ficado indisponível. Escrevi um longo texto contando cada detalhe mas acabei por não publicar. O que interessa reter é que, lá atrás, existiram cortes no Sistema de Saúde que fizeram com que pessoas a sentirem-se mal ficassem sem auxílio de ambulância, que não chegava ou aparecia muito tarde. Será que também fizeram uma lei que diz que é CORRETO aguardar uma hora ou uns dias por uma ambulânciaAlgumas pessoas morreram enquanto esperavam por socorro. De certa forma, meu avô pertence a essa estatística de mortos por falta de pronta assistência

JAN 2015 - Técnicos denunciam mortes por atraso do INEM
OUT 2015 - Pedido de demissão do presidente do INEM por alegadamente privilegiar atendimento a amigos.
2008 - criança de 4 anos (falta ambulâncias)
2008 - rapaz de 14 anos (meia hora de espera por ambulância)
2008 - idosa de 72 anos a residir a 200m dos bombeiros (ambulância demora meia hora a chegar até o entretanto cadáver)
2008 - senhor de 44 anos, após queda - bombeiros atrapalhados sem saber o que fazer e como chegar ao local

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Tratado da maneira MAIS CORRETA

Li aqui sobre o caso do doente que a 14 de Dezembro faleceu no Hospital de S. José enquanto aguardava cirurgia. O presidente da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia, Carlos Vara Luiz, diz que o paciente foi tratado da maneira MAIS CORRETA.

O que é isso de ser tratado da maneira mais correta?

Vamos ver:

O rapaz, de 29 anos, foi parar ao hospital de Santarém com um aneurisma cerebral. Aneurisma é muitas vezes FATAL. E se não for, pode deixar graves sequelas. É algo que precisa de atenção especializada e imediata. E o dele já tinha entrado em ruptura. Talvez por isso o «paciente» teve de ser transferido de urgência para o hospital S. José, em Lisboa. Era uma sexta-feira. 


Uma vez chegado lá, mesmo de urgência, ficou à espera. E morreu. Morreu com o cérebro alagado em sangue na madrugada de 2ª feira porque a gravidade da situação não «esperou» o fim-de-semana passar, altura em que a equipa especializada em aneurismas retoma ao seu horário habitual de trabalho. 

Carlos Varas Luíz contudo, esclarece que o tempo de espera para casos destes são 72 horas. É o que dizem as «boas normas internacionais sobre cirurgias precoces de aneurismas». E aponta para o Hospital de Santarém, que «despachou» o inconveniente paciente para outro local. Carlos Varas Luíz relembra que «doentes com aneurismas não deviam ser transferidos». 


Resumindo: se for identificado um aneurisma a um cidadão este não pode ser transferido para outro hospital. Tem de ficar naquele onde não há recursos para o salvar. Mas se for para outro que os tenha e calhar a um fim-de-semana, não pode contar com a ajuda de uma equipa especializada. Então o que resta ao paciente? Morrer, claro. Acho que é isso que estão a dizer que é «a forma correta».

Resguardam-se nas leis para se sentirem de bem com as consciências. Tudo foi feito dentro das normas. Yuppi! O papel de um médico é procurar salvar vidas e prestar auxílio adequado o quanto antes. Há uma lei que desde Abril de 2014 dita que não faz mal não existirem equipas de neurocirurgiões especializados num hospital ao fim-de-semana. Coloque a mão no ar quem acha esta lei correta, sff.  Que infeliz foi o rapaz por ter tido a ruptura do aneurisma durante o fim-de-semana! A culpa foi dele. É que nesses dias a medicina está de férias. 


Tão triste. Senti uma súbita tristeza que me levou às mais profundas lágrimas. Espero que este caso mude o que é necessário mudar nas políticas do Sistema de Saúde em Portugal. Foi uma morte que podia ter tido uma chance de não o ser.


7/1 adenda: Ao procurar ilustrações para o texto deste post encontrei mais sites com referência ao caso. Coloquei alguns em links no próprio texto. Mas não este, que achei muito humano, pois inclui os últimos actos de comunicação consciente do rapaz falecido. Outros, como os relatos de familiares, podem ser lidos aqui e aqui.