Tenho a certeza que nem Maria Magalhães ou Isabel Alçada ganharam este valor na venda de um único exemplar:
PS1: Aos 11 anos ganhei um prémio de literatura na escola cujo prémio foi anunciado como "muito bom" mas era também uma "surpresa". Na cerimónia de atribuição receberam-se livros da colecção "Uma aventura", de Isabel Alçada e Maria Magalhães (autoras da obra vendida acima). Pormenor: uma delas tinha sido ou ainda era professora naquela escola. Qual não sei, porque não foi na minha turma. Ou seja: os livros não foram uma despesa para os cofres da escola, foram obtidos gratuitamente. Esperava, no mínimo, um autógrafo, para que ficassem valorizados e marcassem a ocasião. Veio com um carimbo preenchido com dados pessoais mas não pareceu nem especial, nem carinhoso, nem nada. Os prémios para os três primeiros qualificados foram livros "Uma aventura". Só variou na quantia recebida.
PS2: Disseram-me que o primeiro prémio (que não foi o meu) foi atribuído a um rapaz por nepotismo e que nem tinha sido ele a escrever o texto, teve ajuda da sua mãe, que era professora ou algo do género. Mas o que mais gostei de ouvir foi o rapaz que mo disse, ter-me reconhecido dessa ocasião - e eu nunca tinha lhe colocado a vista em cima. Reconheceu-me mas não mo admitiu logo. Tornamos-mos colegas de turma no ano seguinte e ele nada me disse sobre o impacto que o meu poema teve na sua pessoa. Guardou isso para si e só quando nos tornamos mais próximos é que me disse que ele e outros tinham gostado muito mais do meu poema e que eu devia ter ganho o primeiro prémio. Contou-me que o rapaz que o levou - que era da turma dele, não era nada criativo, não sabia escrever e era aparentado com uma professora. Aquele tinha sido um primeiro prémio que me foi roubado. Eu desconhecia tudo aquilo que ele me contava. Na altura - pode vos parecer estranho, mas tinha sim uma capacidade criativa em potencial, que saía fácil de mim, tanto por escrito quanto por outros meios. O suposto "grande prémio" com que tentavam aliciar os alunos para que se empenhassem não surtiu qualquer efeito em mim. Escrevi o poema pelo desafio, por gosto. Nem me pareceu difícil. Fi-lo ali mesmo, sentada na carteira da sala de aula. Não precisei de dias, nem de "fazer em casa". O prémio não me motivou a aplicar-me mais - como decerto foi o estímulo dado a todos nas classes. (Como podem perceber pelo meu blogue, esse talento para a escrita não cresceu. Sei porquê não floriu e sei porque morreu. Existiu. E isso basta-me).
Hoje, calhasse que os livros tivessem recebido assinatura de autor, pergunto-me se podia cobrar por cada um deles este ABSURDO de valor. 171 euros!! É que, os meus, além de assinados, seriam artigo "vintage", com mais de 30 anos. Talvez até primeira edição.
Há uns 20 anos desfiz-me de dois deles (não carimbados, pois antes de os receber já era leitora das obras, que achava previsíveis e quase sempre adivinhava o plot inteiro e descobria o(s) culpado(s) nas primeiras páginas, mas eram um bom entretinimento), junto com outros livros de estudo "menos queridos" num Alfarrabista.
Em troca destes dois que podia vender a preço mais elevado (sendo primeira edição e sendo muito procurados) e muitos outros manuais escolares ainda usados no ensino que podia vender a preço de capa - deu-me uns meros 100 escudos.
Tirei consolo em saber que ia dar aos livros uma nova vida, já que, no lixo, não sou nem nunca fui capaz de os colocar. Prefiro "abandonar" um livro num banco de jardim, num aeroporto ou na já desaparecida biblioteca do emprego. Assim outros podem beneficiar deles. (No emprego pegaram em todos os livros e deitaram-nos no lixo. Disseram-me que lhes atearam fogo. Meu ADN treme de pesar até hoje).