quarta-feira, 5 de julho de 2017

Deixem-me cá desabafar um 'cadinho... (Limpezas e Hitler)

Sobre a Casa:
A minha semana de limpezas já passou e sim, aquela mancha acastanhada no assento do WC era «sujidade». 

Isto significa que, das três pessoas encarregues de limpar a casa depois da minha vez, nenhuma esfregou o assento. Demorei 3h nas limpezas. As dúvidas sobre a minha lentidão e a relação entre a rapidez e eficiência dissiparam-se. 

Continuo a achar que não sou boa em limpezas. Sou esforçada mas, pelos resultados, acho-me ruim. Só que, entre mim e os restantes, sou um Deus, Ahahah! 

Lavei o cesto do lixo pela segunda vez, tirei o pó grosso do televisor que nunca ligo, numa sala onde nunca entro, aspirei a casa e usei detergente para a carpete, esfreguei a retrete por dentro e por fora (não esquecendo o assento), lavei os tapetes dos WCs, esfreguei até sair toda aquela substância cor-de-rosa que alguém deixa no cromado da banheira, limpei as manchas do frigorífico. Posso ter demorado 3h e não ser lá grande coisa a limpar e desinfectar. Mas se as três pessoas que me procederam não deram pela presença de uma mancha castanha no tampo da sanita um dia depois de a ter limpo um mês antes, decerto que não sou a pior.



Sobre o Emprego:
Insignificâncias. Resumo o dia de ontem e os dissabores nele criados com esta palavra.

Ontem ainda nem tinha aquecido na minha tarefa, já estavam a dissipar-me o sorriso da cara e a atacar a minha boa disposição. E tudo por insignificâncias. (Ou implicâncias, melhor dizendo). 

Atendi um cliente com uma condição alimentar especial e, como não estávamos atarefados e o cliente era «especial», ofereci-me para levar a bebida (um chá) até à mesa deste. O cliente queria o chá simples, sem adição de leite ou açúcar (e todos metem mais leite do que água no chá, vai-se lá entender...).

Dos três colegas que estavam comigo a trabalhar no bar (quatro no total, para quase zero clientes), só uma estava por perto para me ouvir. E só ela, a C. tem a personalidade para querer fazer disso um «caso».

Preparei o chá - água quente e saco para dentro de uma caneca e levei à mesa. Tudo isto levou uns 20 segundos. Na volta a «chefe» vem ter comigo e diz-me:

-"Tens de mandar os clientes vir até ao bar fazer o seu chá. Não é suposto levares o chá à mesa, porque outros têm de atender os clientes e a C. teve de parar o serviço que estava a fazer para os atender.".


Olho para o bar e vejo uma pessoa... que tinha acabado de aparecer. Não eram os 20 segundos de ausência que iam fazer o cliente desesperar por atendimento. E não é como se tivesse saído do meu posto deixando o bar vazio. Estavam lá outros três a desempenhar a mesma função que eu. Só que no momento estavam ocupados com a simples tarefa de posicionar stock nas prateleiras. Ora, isso nunca foi prioritário sobre o atendimento aos clientes. Se ao menos fossem muitos, mas não, apareceu só um que a outra, oportunamente, tratou de usar como pretexto para me apontar um dedo acusativo.

Fui ensinada que se largam essas tarefas menores para dar prioridade a clientes. E fui tratada e destratada para assim o fazer. Esperava que outros mostrassem a mesma prioridade, principalmente numa manhã quase sem clientela. Existiram ocasiões diversas em que vi clientes à espera por mais de 5 minutos, e isso fez-me muita impressão. Porque percebia que as pessoas a trabalhar no bar não estavam tão atarefadas assim nem eram em tão pouco número para levarem tanto tempo a ir para outro cliente. Nessas vezes pergunto-me onde estão as pessoas que supostamente deviam «ver» estes assuntos.  

São estas pequenas coisas mesquinhas que me sugam o prazer no trabalho. 
As mesquinhices, as implicâncias, o se «enturmarem» para destruir um colega em particular...


Outra coisa que me deixa com os nervos à flor-da-pele é estarem todos à entrada do bar na conversa ou a fazer alguma coisa que escusavam de estar a fazer ali, quando eu preciso estar sempre a entrar e a sair por aquela estreita passagem. É o meu trabalho -quando não estou no bar, estou nas mesas, e isso implica ir e voltar constantemente. E ter ali naquele pequeno espaço três cus a barrar-me a passagem, cus que não se mexem nem se desviam, é desesperante. Até ultrajante, porque é falta de boa educação estar no meio do caminho e não ter a cortesia de se desviar. 

Sabem o que me disse uma portuguesa uma vez? Que eu devia pedir licença
Pedir licença para passar... numa passagem. Ora, se fosse a fazer isso sempre que preciso passar para ter acesso onde preciso de ir por ser essa a minha função (a delas é estar atrás do bar não estar paradas a bloquear uma passagem) precisava de andar sempre com uma garrafa de água conectada à minha boca, porque a garganta ia ficar seca e ressequida de tanto constatar o obvio. 

Noutro dia estava eu a trabalhar às mesas, fazendo um trabalho espetacular, sozinha, e estão três paradas naquela passagem, a tirar embalagens de maionese dentro de caixas. Juro que para tirar 6 embalagens dentro de duas de cartão, elas estavam a demorar uma ETERNIDADE. Era mais conversa que trabalho. As embalagens eram só um pretexto para a cavaqueira e nem eram precisas três pessoas para lidar com uma dúzia de frascos com maionese... Já uma assistência às mesas seria bem mais preciosa. Mas isso é trabalho duro, suja as mãos... vão todas a correr para as embalagens.

Nisto aparece a chefe daquilo tudo. Que ali precisa de entrar, tendo de passar pela mesma passagem estreita. E ela diz: "Pessoal, não estejam todos aqui concentrados. Fica mal, não é preciso tanta gente para arrumar isso". E como é a chefe, eles dissiparam...

Eu balbuciei: "Obrigado!".


Outra coisa que me vinha a aborrecer no emprego é a atitude de uma colega muito conversadora, que tem sempre histórias para contar e que vinha ter comigo, empatando-me o serviço, para falar mal da C., dizendo-me que já estava pelos cabelos com ela, que lá por ser velha, não significa que tenha de aturar as suas coisas e que a C. queria fazer queixa dela. Passada uma hora, lá vinha ela novamente falar mal da C. aos meus ouvidos, chamando-a não pelo nome, mas pelo termo «aquela velha».

Num destes dias, a C. implicou comigo e eu fiquei aborrecida, fazendo um pequeno desabafo com a tal colega que fala muito. Entendi o seu desinteresse e o seu afastamento. Mas o que melhor percebi foi que, depois do meu desabafo, ela mudou de atitude com a C., tentando estabelecer conversas da treta e fazendo desabafos de forma simpática. 

No final do expediente, ela, a C. velha que tanto ódio lhe despertava nos últimos dias, mais uma sub-chefe, esperavam todas umas pelas outras para irem juntas apanhar o transporte, como se fossem todas mui amigas. 

Rapidamente entendi que ela é «dessas» que está de mal com alguém só à espera que apareça outra pessoa com uma questão idêntica, para subitamente dar uma volta de 180º e virar «amiguinha» da «inimiga». Uma espécie de gente muito perigosa - mais ainda quando no corpo de uma jovem de 18 anos com cara de anjo barroco. 


E ontem, pouco antes de terminar, a C. chamou-me à parte para me dar uma reprimenda. E no final disse-me que «consultou a chefe antes de ter ido falar comigo». O que pode não parecer, mas é grave. É um sinal de alerta vermelho. Quem precisa de sentir as «costas quentes» antes de aprontar não é boa coisa...

A minha sorte é que, ao fazê-lo, ela fez-o na presença de outras pessoas, julgando-se a salvo de repreensão por estar com a «razão», segundo lhe disse a sub-chefe. Uma dessas pessoas que assistiu à cena foi um chefe acima da sub-chefe (aquilo é só chefes) que está poucas vezes ali mas que me chamou à parte para procurar entender o que se tinha passado. Eu expliquei o pequeno erro que cometi, por desconhecer que se cobrava mais 20 centimos quando se despeja mais água num copo...  E foi esse chefe que se surpreendeu por a reprimenda exceder o motivo e me disse que os modos como ela me falou foram muito agressivos e que não havia motivos para tal. Afirmou que, ao invés de me explicar onde estava o erro, tratou-me com agressividade nazista - palavras dele. 

É pena que entre tantos, ele seja um líder, que explica e comunica e os outros mais tiranos que acusam e apontam dedos.

Bom, o meu mal é que eu tolero este tipo de tratamento. Já aqui o disse. Por isso é que os bullies têm terreno fértil comigo... Eu tolero, tolero, desculpo, desculpo... Mas não sou conivente. Não repito, não os imito. 

São estas mesquinhices que me dão vontade de procurar outra «turma». Não é o trabalho em si nem são os clientes - que continuo a dizer que são a melhor parte do todo. São os colegas. Os incompetentes, os mesquinhos, os implicantes, os que têm a mania, os agressivos, os mal educados, os «queixinhas», etc.

Depois há uns poucos que valem a pena - mas são cada vez menos.


 PS: como o texto deste post é longo decidi quebrar a monotonia com ilustrações de imagens bonitas :) 

5 comentários:

  1. Nem sei que lhe diga amiga. Detesto gente que faz escada dos colegas para subir.
    Um abraço

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  2. ahahah gostei da frase no fim e fiquei a pensar: mas o que teem as imagens a ver com o texto? agora entendi que é só para desanuviar o ambiente.
    Realmente é dificil trabalhar num terreno "minado", onde a maledicencia é palavra de ordem. O pior é que isso acontece por todo o lado e se no começo tudo corre às mil maravilhas, logo passamos a conhecer as pessoas.

    3 horas numa limpeza, é sinal que ficou tudo bemmmm limpinho. Devia servir de exemplo para os outros moradores! Kiss

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    Respostas
    1. É Ana.
      Estava a escrever sobre coisas menos positivas, numa de «queixumes» mas o meu estado de alma estava em paz... É um contraste e uma forma de demonstrar que temos de relativizar.

      Há muita coisa bonita no mundo para nos perdermos com os mesquinhos :) Eles não têm tanta importância quanto isso.

      Kiss!

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  3. Desabafar faz bem à alma.
    Desabafe à vontade!

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  4. As imagens são mesmo lindas.
    Espero que desabafar ajude e daqui só posso desejar força e mais sorte para que venham bons chefes e os maus se mudem
    um beijinho
    Gábi

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