Metereologia 24 h

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quarta-feira, 30 de março de 2022

A Austríaca

 No emprego onde proliferam pessoas da india e paquistão, conheci uma austríaca. A presença desta nacionalidade no UK é novidade para mim. É a primeira. 

Coloquei-lhe algumas perguntas sobre o país e ela também gostou de partilhar alguns factos. Disse-me, por exemplo, que existem "certas palavras" que os austríacos não pronunciam e assuntos sobre os quais não falam (ditadura? Liberdade condicionada?). Relacionados com a segunda guerra mundial. Depois falou-me que "aquele símbolo com quatro pontas que os alemães usavam na guerra" (não mencionou a palavra suástica nem a palavra Nazis) é ilegal na Aústria. Se alguém for "apanhado" a desenhá-lo é condenado, no mínimo, a seis meses de prisão

Falou-me que é casada com um inglês e mora no Reino Unido porque o marido não fala Alemão. Ao que lhe perguntei se na Aústria não o aceitavam para o integrar na sociedade se ele falasse só inglês. Respondeu que não. Tem de falar alemão.

Falou-me também que tem uma filha na escola e a professora, em certa ocasião, chamou-a para lhe dizer que algumas palavras austríacas que a criança pronunciava estavam a prejudicar o seu inglês. Como muitas mães destes tempos, ela passou-se, começou verbalmente a destratar a professora, dizendo-lhe para não se meter. Também a condenou por ensinar às crianças uma canção em francês que, segundo ela, tinha má pronuncia. Disse à educadora que não tem nada de ensinar uma língua que não domina e que ela sabe falar cinco idiomas. E deixou de ir a reuniões a menos que fosse muito importante. 

Na Áustria, aos fins-de-semana tudo está fechado. Somente uma piscina pública para algumas braçadas poderá estar aberta. De resto tudo fecha, são dias de descanso (isso não serve para mim, posso não fazer nada mas precisar de algo e não ter, viver num deserto subitamente, não me soa bem). 

Com tudo isto, a Aústria perdeu, aos meus olhos, muito do seu "encanto" que possuía por me ser desconhecida. Parece-me uma sociedade pouco aberta à influência estrangeira, não assimila quem não mimicar um deles e continua a dar um poder extremo à figura de Hitler e aos eventos da IIGG ao "proibir" que se fale do assunto e interferindo com a liberdade de expressão e criatividade ao não permitir que se desenhe suásticas. 

Disse-lhe isso mesmo: "Acho mal. Antes de ser um símbolo nazi era um símbolo de paz" - disse-lhe. Ela sabia isso, porque num dos edifícios parlamentares deles, existe uma suástica. E já lá estava ANTES de Hitler subir ao poder. 

Pois se o Hitlerzinho apoderou-se de um desenho com mais de 5.000 anos para criar um símbolo que representava terror. Acho que devíamos parar de lhe dar essa importância e restituir ao símbolo a sua conotação pacífica. Hitler está morto e não existe mais. Para quê continuar a dar-lhe esse poder?

Catástrofes vão e vêm e este mundo continua a ter muitas. Se aprendêssemos com todas as do passado. Mas desaprendemos muito depressa as lições que as tragédias nos ensinam. 

De bom, falou-me que vive perto da capital, que em dez minutos de carro está nas montanhas e pode ir esquiar, e em uma hora atravessa a fronteira e visita outro país. Isso soa a algo maravilhoso. Mas parece-me que é mais maravilhoso para os que ali nascem e ali se crescem. 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Deixem-me cá desabafar um 'cadinho... (Limpezas e Hitler)

Sobre a Casa:
A minha semana de limpezas já passou e sim, aquela mancha acastanhada no assento do WC era «sujidade». 

Isto significa que, das três pessoas encarregues de limpar a casa depois da minha vez, nenhuma esfregou o assento. Demorei 3h nas limpezas. As dúvidas sobre a minha lentidão e a relação entre a rapidez e eficiência dissiparam-se. 

Continuo a achar que não sou boa em limpezas. Sou esforçada mas, pelos resultados, acho-me ruim. Só que, entre mim e os restantes, sou um Deus, Ahahah! 

Lavei o cesto do lixo pela segunda vez, tirei o pó grosso do televisor que nunca ligo, numa sala onde nunca entro, aspirei a casa e usei detergente para a carpete, esfreguei a retrete por dentro e por fora (não esquecendo o assento), lavei os tapetes dos WCs, esfreguei até sair toda aquela substância cor-de-rosa que alguém deixa no cromado da banheira, limpei as manchas do frigorífico. Posso ter demorado 3h e não ser lá grande coisa a limpar e desinfectar. Mas se as três pessoas que me procederam não deram pela presença de uma mancha castanha no tampo da sanita um dia depois de a ter limpo um mês antes, decerto que não sou a pior.



Sobre o Emprego:
Insignificâncias. Resumo o dia de ontem e os dissabores nele criados com esta palavra.

Ontem ainda nem tinha aquecido na minha tarefa, já estavam a dissipar-me o sorriso da cara e a atacar a minha boa disposição. E tudo por insignificâncias. (Ou implicâncias, melhor dizendo). 

Atendi um cliente com uma condição alimentar especial e, como não estávamos atarefados e o cliente era «especial», ofereci-me para levar a bebida (um chá) até à mesa deste. O cliente queria o chá simples, sem adição de leite ou açúcar (e todos metem mais leite do que água no chá, vai-se lá entender...).

Dos três colegas que estavam comigo a trabalhar no bar (quatro no total, para quase zero clientes), só uma estava por perto para me ouvir. E só ela, a C. tem a personalidade para querer fazer disso um «caso».

Preparei o chá - água quente e saco para dentro de uma caneca e levei à mesa. Tudo isto levou uns 20 segundos. Na volta a «chefe» vem ter comigo e diz-me:

-"Tens de mandar os clientes vir até ao bar fazer o seu chá. Não é suposto levares o chá à mesa, porque outros têm de atender os clientes e a C. teve de parar o serviço que estava a fazer para os atender.".


Olho para o bar e vejo uma pessoa... que tinha acabado de aparecer. Não eram os 20 segundos de ausência que iam fazer o cliente desesperar por atendimento. E não é como se tivesse saído do meu posto deixando o bar vazio. Estavam lá outros três a desempenhar a mesma função que eu. Só que no momento estavam ocupados com a simples tarefa de posicionar stock nas prateleiras. Ora, isso nunca foi prioritário sobre o atendimento aos clientes. Se ao menos fossem muitos, mas não, apareceu só um que a outra, oportunamente, tratou de usar como pretexto para me apontar um dedo acusativo.

Fui ensinada que se largam essas tarefas menores para dar prioridade a clientes. E fui tratada e destratada para assim o fazer. Esperava que outros mostrassem a mesma prioridade, principalmente numa manhã quase sem clientela. Existiram ocasiões diversas em que vi clientes à espera por mais de 5 minutos, e isso fez-me muita impressão. Porque percebia que as pessoas a trabalhar no bar não estavam tão atarefadas assim nem eram em tão pouco número para levarem tanto tempo a ir para outro cliente. Nessas vezes pergunto-me onde estão as pessoas que supostamente deviam «ver» estes assuntos.  

São estas pequenas coisas mesquinhas que me sugam o prazer no trabalho. 
As mesquinhices, as implicâncias, o se «enturmarem» para destruir um colega em particular...


Outra coisa que me deixa com os nervos à flor-da-pele é estarem todos à entrada do bar na conversa ou a fazer alguma coisa que escusavam de estar a fazer ali, quando eu preciso estar sempre a entrar e a sair por aquela estreita passagem. É o meu trabalho -quando não estou no bar, estou nas mesas, e isso implica ir e voltar constantemente. E ter ali naquele pequeno espaço três cus a barrar-me a passagem, cus que não se mexem nem se desviam, é desesperante. Até ultrajante, porque é falta de boa educação estar no meio do caminho e não ter a cortesia de se desviar. 

Sabem o que me disse uma portuguesa uma vez? Que eu devia pedir licença
Pedir licença para passar... numa passagem. Ora, se fosse a fazer isso sempre que preciso passar para ter acesso onde preciso de ir por ser essa a minha função (a delas é estar atrás do bar não estar paradas a bloquear uma passagem) precisava de andar sempre com uma garrafa de água conectada à minha boca, porque a garganta ia ficar seca e ressequida de tanto constatar o obvio. 

Noutro dia estava eu a trabalhar às mesas, fazendo um trabalho espetacular, sozinha, e estão três paradas naquela passagem, a tirar embalagens de maionese dentro de caixas. Juro que para tirar 6 embalagens dentro de duas de cartão, elas estavam a demorar uma ETERNIDADE. Era mais conversa que trabalho. As embalagens eram só um pretexto para a cavaqueira e nem eram precisas três pessoas para lidar com uma dúzia de frascos com maionese... Já uma assistência às mesas seria bem mais preciosa. Mas isso é trabalho duro, suja as mãos... vão todas a correr para as embalagens.

Nisto aparece a chefe daquilo tudo. Que ali precisa de entrar, tendo de passar pela mesma passagem estreita. E ela diz: "Pessoal, não estejam todos aqui concentrados. Fica mal, não é preciso tanta gente para arrumar isso". E como é a chefe, eles dissiparam...

Eu balbuciei: "Obrigado!".


Outra coisa que me vinha a aborrecer no emprego é a atitude de uma colega muito conversadora, que tem sempre histórias para contar e que vinha ter comigo, empatando-me o serviço, para falar mal da C., dizendo-me que já estava pelos cabelos com ela, que lá por ser velha, não significa que tenha de aturar as suas coisas e que a C. queria fazer queixa dela. Passada uma hora, lá vinha ela novamente falar mal da C. aos meus ouvidos, chamando-a não pelo nome, mas pelo termo «aquela velha».

Num destes dias, a C. implicou comigo e eu fiquei aborrecida, fazendo um pequeno desabafo com a tal colega que fala muito. Entendi o seu desinteresse e o seu afastamento. Mas o que melhor percebi foi que, depois do meu desabafo, ela mudou de atitude com a C., tentando estabelecer conversas da treta e fazendo desabafos de forma simpática. 

No final do expediente, ela, a C. velha que tanto ódio lhe despertava nos últimos dias, mais uma sub-chefe, esperavam todas umas pelas outras para irem juntas apanhar o transporte, como se fossem todas mui amigas. 

Rapidamente entendi que ela é «dessas» que está de mal com alguém só à espera que apareça outra pessoa com uma questão idêntica, para subitamente dar uma volta de 180º e virar «amiguinha» da «inimiga». Uma espécie de gente muito perigosa - mais ainda quando no corpo de uma jovem de 18 anos com cara de anjo barroco. 


E ontem, pouco antes de terminar, a C. chamou-me à parte para me dar uma reprimenda. E no final disse-me que «consultou a chefe antes de ter ido falar comigo». O que pode não parecer, mas é grave. É um sinal de alerta vermelho. Quem precisa de sentir as «costas quentes» antes de aprontar não é boa coisa...

A minha sorte é que, ao fazê-lo, ela fez-o na presença de outras pessoas, julgando-se a salvo de repreensão por estar com a «razão», segundo lhe disse a sub-chefe. Uma dessas pessoas que assistiu à cena foi um chefe acima da sub-chefe (aquilo é só chefes) que está poucas vezes ali mas que me chamou à parte para procurar entender o que se tinha passado. Eu expliquei o pequeno erro que cometi, por desconhecer que se cobrava mais 20 centimos quando se despeja mais água num copo...  E foi esse chefe que se surpreendeu por a reprimenda exceder o motivo e me disse que os modos como ela me falou foram muito agressivos e que não havia motivos para tal. Afirmou que, ao invés de me explicar onde estava o erro, tratou-me com agressividade nazista - palavras dele. 

É pena que entre tantos, ele seja um líder, que explica e comunica e os outros mais tiranos que acusam e apontam dedos.

Bom, o meu mal é que eu tolero este tipo de tratamento. Já aqui o disse. Por isso é que os bullies têm terreno fértil comigo... Eu tolero, tolero, desculpo, desculpo... Mas não sou conivente. Não repito, não os imito. 

São estas mesquinhices que me dão vontade de procurar outra «turma». Não é o trabalho em si nem são os clientes - que continuo a dizer que são a melhor parte do todo. São os colegas. Os incompetentes, os mesquinhos, os implicantes, os que têm a mania, os agressivos, os mal educados, os «queixinhas», etc.

Depois há uns poucos que valem a pena - mas são cada vez menos.


 PS: como o texto deste post é longo decidi quebrar a monotonia com ilustrações de imagens bonitas :) 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Fanatismo Extremista através dos MEDIA


Tenho de falar sobre um fenómeno. Um fenómeno que ocorre entre as massas, que acontece com mais regularidade do que gostamos de admitir. É um fenómeno que me preocupa bastante. Não sei bem que nome lhe dar e decerto que haverá um termo mais preciso para o definir, mas acho que o conheço bem. TRATA-SE do FANATISMO.

Falo do FANATISMO EXTREMISTA, que ocorre entre as MASSAS após algo ser vinculado através dos meios-de-comunicação, em particular a TELEVISÃO. Por isso não vou usar como exemplos rixas entre adeptos de clubes de futebol ou defensores ferrenhos. Vou antes dar como exemplo deste fenómeno, Orson Welles e Adolf Hitler.

Quem?? Esses dois??
Sim. Para muitos não será novidade, para alguns talvez seja. Adolf Hitler foi um grande MANIPULADOR das massas. Ele percebeu o poder dos meios de comunicação e utilizava a rádio para emitir os seus discursos por toda a parte. Passou a controlar os conteúdos emitidos. Mas basta recordar aquelas imagens das multidões a prestar-lhe reverência, para entendê-lo. Imagens essas que hoje existem porque Hitler acreditava que devia documentar tudo o que estava a fazer. Algo que acabou por funcionar contra si mas a favor da Humanidade porque, tem de ser dito, se não existissem filmes das atrocidades cometidas, fotografias e documentos, será que hoje a humanidade ia acreditar no que aconteceu? Longe da vista, longe da percepção... é o que ainda acontece pelo mundo. Massacres, Genocídios, fome, guerras... Como todo o «bom» ditador, Hitler era um indivíduo perigosíssimo, capaz de cometer qualquer acto desumano. O «legado» que deixou documentado e registado em vídeos e imagens não deixam dúvidas.
Mas como era ele pessoalmente, entre os seus? DESCRITO como um CAVALHEIRO, muito educado, cordial e gentil. Charmoso com as MULHERES.
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Orson Welles foi um actor, director e dramaturgo americano que em 1938 e com 21 anos trabalhava como director e locutor de rádio. Era noite de Halloween, as pessoas andavam a questionar-se se os EUA iam entrar na 2ª Guerra Mundial e é neste contexto social que Welles decide interpretar no seu programa um episódio do romance "A Guerra dos Mundos", escrito por H.G. Wells, onde é relatado uma invasão por extraterrestres. A escolha foi pensada e não derivou de um acto inocente como se perpetuou mas a realidade é que este relato assustou alguns ouvintes, que tinham falhado o aviso inicial de se tratar da adaptação de uma história. Alguns telefonaram para a estação e outros pensaram coisas piores e prepararam-se para a invasão alienígena. Embora depois tenham exagerado nos relatos de PÂNICO que a emissão causou e Orson Welles tenha aproveitado a atenção recebida para fazer mais publicidade e acrescentar uns tantos pontos na história, ele conseguiu o que pretendia: MANIPULAR os ouvintes.




Orson Welles veio a público acalmar os ânimos. "Não é verdade" - teve de esclarecer nas entrevistas, entre rejubilo pessoal. Depois deste episódio que orquestrou ficou conhecido por todo o país, acabando por entrar no mundo do cinema. Foi outra figura a utilizar a Rádio para se promover e MANIPULAR pessoas.

No post anterior falei de OJ SIMPSON. Em 1994 esta ex-estrela de futebol americano de bom porte e aparência sentava-se no banco dos réus a ser julgado pelo assassinato da ex-mulher e de um amigo, ocorrido em casa desta com os filhos do ex-casal a dormir no andar de cima. Estranhamente a chacina deu-se fora da habitação, no haal do jardim. O julgamento é televisionado, com emissão em DIRECTO e sem interrupções em alguns canais de informação. Lembro-me de assistir através do satélite a um desses canais: a CNN.


Mas o que me afligiu foi perceber que os Americanos não estavam a olhar para o caso com olhos de ver. Alguns talvez sim mas existiu uma maioria televisionada que se deixou levar por outros critérios. Existe muito «circo» e muita PROPAGANDA em casos de julgamento. A defesa parece uma matilha de cães raivosos que tudo vão buscar ou INVENTAR para ilibar o seu cliente. A fortuna e fama de OJ «comprou», ou melhor, OBSTRUIU a justiça. Decerto que uma das estratégias passou por contratarem pessoas para irem fazer manifestações à porta do tribunal e em frente às câmaras das televisões mundiais. Mas a coisa acabou por pegar tão bem que depressa ocorreu uma ONDA NACIONAL de apoio incondicional a Simpson.

Mulheres e homens, na maioria negros como o acusado, gritavam e protestavam a sua inocência. Acusavam a sociedade de ser racista. Nicole, a ex-esposa assassinada com cerca de 17 FACADAS era branca. O povo estava a olhar para a «embalagem» e não para o acto. Deixou-se claramente MANIPULAR por todas as acções dos advogados de defesa.


A pobre Nicole até pareceu ser uma protagonista secundária no julgamento do seu próprio assassinato. Poucos falavam dela, pensavam nela e na forma violenta e passional em que morreu. Só se lembraram de ver a coisa por cores: PRETO E BRANCO. (deviam lembrar era do vermelho-sangue). Parecia que uma maioria ia para os telejornais defender a imagem de SIMPSON de forma muito acérrima, doentia até. Preocupava-me muito este tipo de comportamento.


(nota: fotografias susceptíveis de impressionar. Nicole foi quase decapitada à facada. O estado do amigo denuncia a violência do acto. Mas como é esta a realidade escolhi publicar as ilustrações. Para quem gosta de ficar mais informado, descobri no processo o suposto relatório de autópsia)

Sabe-se hoje que OJ Simpson é culpado e cometeu os gestos que conduziram ás fotos acima reveladas. É um ASSASSINO. Mas foi inocentado. A proclamação da sua «inocência» alegrou muitos apoiantes e foi dito que, caso isso não acontecesse, a população estava pronta para realizar motins e distúrbios racistas. Senti que aquelas pessoas a dar a cara, que choravam compulsivamente ou gritavam de felicidade, iam acabar por ser confrontadas com estas suas acções. Quando a poeira assentasse e elas fossem olhar para os factos novamente e reflectir na atitude que tomara, teriam de «engolir» o que estavam a fazer. PASSADOS TANTOS ANOS, este FENÓMENO MEDIÁTICO AMERICANO que foi o julgamento de OJ Simpson, não produziu nenhum documentário ou filme de análise. Ao contrário do que esperava não foi ainda fruto de grandes análises psicológicas, como os americanos tanto gostam de fazer. Esperava voltar a ver alguns daqueles rostos que em 1994 surgiram em defesa de Simpson de volta à televisão, a dizer agora como se sentem. Mas não. Ocultaram o fenómeno em vergonha, só pode...

Sobre os atentados do 11 de Setembro de 2001 já se fizeram inúmeros documentários, filmes e programas. Um deles mostrava uma consequência interessante mas negativa para a sociedade e estrutura familiar... As viúvas dos bombeiros do 11 de Setembro foram consoladas por colegas do falecido marido, um gesto comum de camaradagem entre a profissão. Como consequência desta aproximação emotiva, muitos destes bombeiros casados, pais de família, deixaram as esposas para se juntarem ás viúvas. O 11 de Setembro também teve como resultado um impressionante aumento de casos de divórcio entre Bombeiros que fizeram parte das buscas. É um fenómeno social interessante que resultou numa desestrutura familiar sem precedentes: "as viúvas e as não viúvas de bombeiros que acabaram divorciadas" pós-11 de Setembro. Podia ser um facto de desconhecimento geral, contudo não é. Teve, como costuma ser hábito americano, documentários para reflexão. Porquê, aparentemente, o caso de OJ Simpson continua na penumbra?

Mais recentemente e em solo NACIONAL ocorreu um bom exemplo de um destes fenómenos de fanatismo das massas através de um meio de comunicação: a TELEVISÃO. A emissora TVI exibiu um reality show de nome "Casa dos Segredos 2", que chegou ao final no dia 1 de Janeiro. Este programa em particular, embora não vá marcar por aí além a história da televisão porque os reality shows já perderam essa capacidade, foi um dos mais interessantes e ricos em termos da diversidade de personalidades e da análise que o diferente público fez de uma mesma situação.

Como acontece na estrutura da maioria dos Reality Shows, este pautou-se por gerar muitas opiniões contrárias. TODOS viam a mesma coisa, mas cada um tinha uma interpretação por vezes surpreendentemente diferente. Não é por isso de espantar que entrasse na equação desta análise o factor "idade" e "género", para se tentar entender o porquê das opiniões contrárias.

O caso mais exemplificativo encontra-se no concorrente que acabou por se singrar vencedor. João Mota, um rapaz de 21 anos com pretensões para virar actor de televisão. O seu comportamento dentro da casa logo de início caracterizou-se pelo ISOLAMENTO dos restantes concorrentes. Se inicialmente esta atitude foi atribuída como consequência da possessividade de uma concorrente feminina de nome Fanny, que não largava o rapaz nem de dia nem noite, com o tempo começou a perceber-se que o concorrente João gostava de estar separado dos restantes. Começou a afirmar que ninguém ali prestava, acabando por chamar nomes a todos: "Este Paulo é um gajo que só anda por aí a mostrar o rabo, não faz cá falta nenhuma", o Marco era "o macaco, um nojo, não percebia como ainda estava ali", a Daniela P "Não confio nela, fala muito mas não diz nada", a outra Daniela "Uma falsa, uma cobra" e todos, sem excepção, acabavam por merecer por parte do concorrente uma avaliação cheia de adjectivos surpreendentemente nada favoráveis. Na realidade, percebeu-se que João Mota não gostava de ninguém e falava mal de todos, excluindo apenas os poucos com quem estabeleceu alianças. Depois também começou-se a perceber o quanto manipula as nomeações. Para o efeito usava sempre a Fanny, que o defendia acima de tudo, e a mandava indagar e convencer as colegas a votar em quem ele pretendia. Depois quando havia confusão e brigas, ele e o parceiro, Miguel, ficavam isolados e longe da confusão. Como mentores, arranjaram a marionete Fanny. Que não era santa alguma, a rapariga entrou na casa noiva mas em 48 horas agarrava-se muito explicitamente a este João.

João Mota descrevia-se como uma pessoa humilde. Disse que não falava mal de ninguém e se fizesse alguma coisa era porque já lhe tinham feito primeiro. Mota dizia isto e por uns tempos a maioria acreditou, mas como não o demonstrava em acções, depressa a opinião pública começou a mudar. Mas não para alguns. Alguns, perante tudo e mais alguma coisa, mantiveram-se de pedra e cal na defesa da imagem do «menino-lindo».

O ponto de viragem foi a expulsão de um novo aliado do grupo de Mota, Paulo, que revelou seguir a mesma "cartilha" moral de João. Foi nas semanas seguintes que este concorrente destilou tanta maledicência e ódio por tudo e por nada que acabou por tirar quaisquer ilusões sobre o seu verdadeiro carácter. Na casa, João disse coisas atrozes, como desejar a morte a colegas e encabeçar planos para esconder e envenenar comida. Mas por acaso tinha ele integridade para debater algo que o chateasse com a pessoa com quem estava chateado? Será que ele dirigiu-se a alguém para iniciar uma conversa e esclarecer o que o incomodava? NÃO. Pela frente não dizia nada e até era capaz de ser falso e covarde, dando a entender que estava tudo bem quando minutos antes tinha estado a falar muito mal. MUITO PREOCUPANTE. Incapaz de se mostrar outra coisa senão «cordial», ainda que de forma pouco convincente e assustadoramente fria. Manteve, durante três meses, distância de todas as pessoas. Excepto daquelas com quem
estabeleceu uma aliança: Fanny e Miguel. Estes três depressa estabeleceram grupos na casa: o do quarto azul - onde dormiam e os do quarto rosa - todos os restantes. E começaram, para meu espanto e preocupação, a auto-dominarem-se OS PUROS. Só eles é que tinham a razão, eles tinham os comportamentos exemplares, eles é que faziam tudo bem. OS BONS.

Esta alusão à PUREZA e a determinação em eliminar os "Impuros" como chegaram a referir-se a outros concorrentes, faz lembrar aquilo que foi a base dos planos de Hitler aquando o Holocausto - matar todos os que não fossem de raça ariana PURA. Porque analisando bem as coisas, ali estavam aqueles dois rapazes de 20 e poucos anos a ter comportamentos que podem servir de sinal para detectar um indivíduo com potencial perigoso: formação de "quadrilha", ideologia "purista", separatismo, planos de conspiração, manipulação, actos de vandalismo e de atentado à integridade de terceiros.

Contudo depressa a aparência de João Mota gerou uma onda de apoiantes. A grande maioria, sem dúvida, feminina e criança. Numa faixa etária diria que nos 12-14 anos (maioria). Como sei que se alguém tiver paciência para ler todo este post de análise e reflexão sobre o poder dos media na MANIPULAÇÃO DE MENTALIDADES vai logo perguntar de onde tirei esta «estatística», digo já que é pessoal, obtida através da idade admitida ou "denunciada" dos apoiantes que se manifestaram em blogues, facebook e entrevistas de televisão.

Este programa em particular, embora não vá marcar por aí além a história da televisão, foi um bom exemplo para analisar os efeitos da TELEVISÃO na MENTALIDADE do PÚBLICO. Tal como o julgamento de OJ Simpson teve mulheres histéricas a proclamarem a beleza como sinal de inocência, o mesmo aconteceu com João Mota aqui no singelo Portugal e no pequeno Casa dos Segredos2. Uma vez o programa terminado é que se vai ver, tal como sempre acontece, como o público vai reagir fora do calor do momento. Muitos continuam ainda com as hormonas a falar mais alto e atacam, à mínima contrariedade, qualquer opinião não positiva sobre o concorrente vencedor. Os elogios que lhe fazem dificilmente passam do "é lindo" e é "humilde", coisa que caiu por terra na sua prestação na casa.

Na perspectiva de análise dos efeitos dos MEDIA na mentalidade das pessoas, gostava de saber qual é a opinião deste público «defensor acérrimo» daqui a uns anos, quando já tiver acumulado um pouco mais de experiência de vida. Se voltassem a rever cada imagem, continuariam a achar que estão a olhar para um homem «lindo e humilde» ou também já seriam capazes de lhe reconhecer graves defeitos que uma maioria adulta depois lhe reconheceu?