Metereologia 24 h

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quarta-feira, 14 de junho de 2023

Senti-me equilibrada, lúcida, mais leve e a viver num mundo que, afinal, faz sentido e interpreto-o bem!

 
Descobri que o meu mal é querer ver as pessoas por um lado bom. Mesmo quando a minha intuição logo me diz que algo nelas está errado, reescrevo essa impressão, e coloco-lhe por cima um verniz de optimismo, do género: "cada pessoa tem direito a ser diferente, não quer dizer que não tenha coisas boas". 

E a todas concedo o benefício da dúvida. Principalmente quando as evidências apontam para o contrário. Ainda busco a "coisa boa".  

A M. dizia-me, irritada, que eu "sou muito boazinha". 

Pois nisso ela era capaz de ter razão. Enfurecia-se comigo, porque ela, zangada com um dos outros colegas, queria que eu ficasse zangada também e lhe desse toda a razão. Eu escutava-a mas se demonstrasse querer entender o lado dela e também o da outra pessoa, ela se enfurecia, dizendo-me: "You are too nice. You think everyone is nice. You can't be like that!". 

Pois foi por ser assim - constatei, que ignorei os muuuuuitos dos sinais de que ela não era flor que se cheirasse. Sempre a lhe conceder atenção e o benefício da dúvida. Ninguém mais que ela beneficiou tanto deste meu lado. E se, mesmo assim, a M. conseguiu remover qualquer valor que pudesse ter pela sua pessoa erradicando tudo, duvido muito que ao longo da sua ainda longa vida vá conseguir encontrar alguém que goste dela. 

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Esta conclusão partiu de uma conversa - a primeira que consegui ter - com a rapariga que se mudou para a casa em Dezembro. Estamos em Junho e, pela primeira vez, surgiu uma oportunidade de conversar. A constante presença da M é a razão, decerto, que impediu esta casualidade de acontecer mais cedo.  

Estava eu na cozinha - a aproveitar a raríssima ausência da M. para ali estar a almoçar (e fugir do calor abrasador do meu quarto) quando esta rapariga entra em casa. Passado um pouco, entra na cozinha. Cumprimenta-me e começa a falar comigo. A conversai flui fácil, amigável, com risos e humor.

O assunto depressa - nem sei como - entra na M. Ela começa a dizer-me que a M. é doente da cabeça e só não sabe se ela tem consciência disso e percebe que precisa de ajuda. 

Só essa constatação de alguém que praticamente não lidou com ela faz-me perceber os meses que passei a dar à M. o "benefício da dúvida". Emprestando-lhe os meus ouvidos, a minha presença, dando-lhe horas que deviam ser para o meu descanso e para a minha higiene - já que sempre "precisava" ir tomar duche exatamente quando eu entrava em casa vinda de um exaustivo turno. 

A energia que despendi em alguém que nunca dela ia tirar algum aprendizado. Porque já sabe tudo. É mais inteligente que todos. É como oferecer pérolas a porcos, na verdade. Todo o meu tempo, o cansaço que tive de ignorar para a escutar, os problemas dela que tive de ouvir e de me preocupar para tentar ajudar... tudo DESPERDÍCIO de tempo na minha vida. 

A rapariga também me disse que a M. nunca vai mudar.  Concordo em absoluto. Aquilo não tem remédio, não tem solução, é totalmente impossível. Porque a M. acha-se realmente melhor que todos que a cercam. TODOS. E nunca está errada, nem nunca faz nada de mal. Parte, suja, danifica, ofende, persegue, hostiliza - mas afirma que não faz nada disso. Se eu lhe der um pouquinho de atenção, basta olhar-lhe nos olhos, ela logo recomeça a mostrar-se incapaz de agir normalmente. Recomeça com as suas as atitudes de autoridade,  superioridade e perseguição obsessiva. Por isso sei que a doença que tem - se é que não é condição, o NARCISIMO que a assola - não tem concerto.

Depois a nova rapariga contou-me que a M. foi demitida em apenas uma semana. No Natal, a M. havia trabalhado na mesma empresa que ela, num departamento, claro, em que é só logística e nada de trabalho manual - pois a M. só "aceita" "trabalhar" se for em algo que não envolva trabalho físico e seja "digno" das sua autointitulada superioridade. Acabou demitida ao final de UMA SEMANA. O chefe desse departamento disse à nova rapariga, que trabalha faz anos nessa empresa, que a M. é o tipo de pessoa que "A culpa é sempre dos outros, ela tem sempre razão". 

A minha resposta foi: "Nossa! Não lhes levou muito a perceberem isso. Eu levei que tempos!"

A própria rapariga deixou claro que a evita ao máximo. E contou-me algumas situações de interações que teve com a M., as quais consegui perfeitamente visualizar. Como por exemplo, ela está na cozinha a preparar chá e a M. chega-se ao pé dela para lhe dizer que o cheiro daquele chá a incomoda. Para ela deixar de o fazer. 

Mas quem é que faz isto?? Por causa de um chá? Que a pessoa só ferveu ali, de resto, vai levar consigo para o quarto? Quanto a M. , ela própria, todos os dias, deixa a casa empestada de odores fortes e desagradáveis? O pior de todos, o de peixe? 

A nova inquilina também gostava de ver a M. fora desta casa.

No fundo, todos o desejam! Ninguém está é a falar disso. Ela perguntou-me se a agência sabe dela. Confirmei que sim. Sabem tudo. Mas não fazem nada. Mesmo com a agravante da M. deixar de pagar a renda por meses e meses. 

Isso nos espanta às duas. Podia-se estar a viver nesta casa em total ou quase total harmonia. Descontraidamente. Sem receio de circular ou conversar por uns minutos. Ao invés disso, fica claro que cada um se aprisiona nos quartos. Só saindo, quando a "costa está livre" da M. O que é muito raro.

Perguntou-me porque será que a M. não se vai embora. Ao que lhe respondi: "Porque aqui tem força, faz o que quer. Se for para outra casa, com um novo set de pessoas, provavelmente não vai conseguir levar a dela adiante. E aqui já conseguiu, porque nós permitimos. Se for para outro lado, vai ter de fingir ser quem não é, vai ter de recomeçar tudo de novo e provavelmente vão-lhe fazer frente. Não vai ser tão fácil". 

Mas eu rezo. Para que a M. desapareça. Acho mesmo que vou ser agraciada com esse momento. Rezo todo o dia para que esse momento seja amanhã!


 Outra coisa que muito me agradou foi que, pela manhã, saía do quarto quando vejo no corredor uma senhora idosa, que vem para limpar a casa. Deduzo que é a nova senhora da limpeza. Ela logo me pergunta do lavatório - cuja peça central que tapa o buraco ficou para baixo e não saía (inconvenientes dos lavatórios com tapa-ralo metálico). Nem a conheci antes, mas acabámos também por falar, ao mesmo tempo que tentámos maneiras de remover aquela peça para que a água pudesse circular. Foi ela que iniciou a conversa sobre o estado da casa. Disse-me que nunca viu alguém meter lixo no chão quando tem o contentor da reciclagem mesmo ao lado da porta e só tem de a abrir ou manter tanto rolo de papel higiénico VAZIO no WC. 

Nossa! Ouvi-la mencionar estas coisas que tanto me enervam foi um bálsamo para mim! Uma pessoa já começa a achar que esta bagunça e estas atitudes é normal... 

Até que escuta outra pessoa a reclamar do mesmo.
Adorei conhecer a pessoa. Ela, se calhar já nos seus 70s, conseguiu, com perseverança e genica, remover a peça, tanto a do WC de cima, como a de baixo que - afinal, também estava presa!

O técnico que cá veio nem perdeu muito tempo com aquilo. Disse apenas para esperar uns dias e, se não saísse, era preciso "remover tudo" (lavatório inclusive). 

Santíssima trindade!
Digo sinceramente: o que seria de uma casa sem uma mulher? São elas que acabam por resolver tudo. Principalmente coisas relacionadas com faz-tudo. Tradicionalmente atribuidas a actos do Homem mas que, suspeito pelas evidências que me cercam, que há muito que eles ficam com os louros, e elas com os trabalhos. 


quinta-feira, 7 de maio de 2020

O bom humor da gorda


A mais-gorda está bem humorada hoje. Não preciso de mais nada para saber que a conversa com o senhorio correu-lhe muito bem.

Ele esteve cá ontem, antes de ontem, no dia antes disso, etc. Mas sempre comigo ausente. Pura conspiração. Conversar comigo, comonlhe pedi, isso não lhe interessa. Fez a sua escolha: escolheu dinheiro sobre princípios.

O que não vos contei é que, antes de ontem, no dia 5, confrontei-a.

Ela enviou-me uma mensagem a avisar que deixei cair uma luva no WC. Ou eu ignorava ou reagia. Não à luva, mas ao descaramento de interagir comigo como se nada se passasse quando na vespera disse ao senhorio para me remover da casa.



Desci e disse-lhe:
Olha, vou fazer contigo uma coisa que tu nunca fizeste comigo: vou falar-te na cara.
Tu pediste ao senhorio para me tirar desta casa.

Negou. Disse que lhe disse que nenhum amigo dela quer viver nesta casa comigo, porque eu era estranha.

Ao dar a entender ao senhorio que eu era o entrave para ele encontrar pessoas para os outros quartos, ela deu o golpe certeiro, foi diretamente ao bolso deste, que é onde ele tem o coração.

Muito manipuladora. Mestre.

Sei agora que não devia ter-lhe falado, porque ela ficou a ruminar em cada aspecto do que lhe disse e tratou de anular cada argumento com outra armação. O espetáculo deve se ter dado ontem de tarde,  quando a plateia/senhorio chegou.

Este enviou-me um sms a perguntar quando era conveniente ou inconveniente entrar no meu quarto para tirar fotografias as alteracoes feitas. Sei muito bem o que pretendia. Nao me ter por perto para combinar uma nova estrategia diante dos novos acontecimentos. (Eu estar a par da tramoia).

Ela disse-me que nenhum dos amigos dela gostam de mim. Ao que lhe respondi:
-eles não me conhecem.

Ela ficou com um ar pensador.

Alguns nem dizem "oi". - acrescentei.

No meu entender para se gostar oh nao de alguem ao menos alguma interacção deve existir. Assim a implicância de todos eles, sejam 2, 20 ou 200, foi-lhes implantada no cérebro por ela. E disse-lhe assim:
-"isso é porque a todos eles falas da terrível portuguesa que vive nesta casa".

Tenho a certeza que ela viu uma "abertura" para a razão penetrar pelas suas mentiras e tratou de arquitectar alguma coisa para refutar este meu possível argumento com o senhorio. Porque ela ainda temia isso.

Mas este está conquistado.

Tenho a desconfianca que ligou para o único amigo que realmente é dela  (os outros vieram com os outros italianos e ela apropriou-se) para que este confirmasse com o senhorio, em inglês  a terrível portuguesa que cá vive.  O tal Pedro, que apagou do quadro da cozinha o meu desenho e mensagem de amor e compreensão deixando no seu lugar um falo.

Só classe!!!

"Ele também me disse que eu também teria de sair" -mentiu.
"Acredito mesmo nisso, fulana"- respondi-lhe.

Acabei a conversa a dizer que mesmo que o senhorio me disesse que a casa estava vazia e me pedisse para ficar nela, não ia querer. "Para mim a casa é veneno"- concluí.

Este diálogo aconteceu na presença dos dois italianos que restam. Que fingiram nada ter a ver com nada.

E nao foi dito aos gritos, nem com violência. Nao foi prolongado. Também me queixei de me colocar à parte em particular nos momentos especiais, como pascoa e natal.

"Eu nao estou cá no Natal"- respondeu.

Pois... para ela o Natal é o dia 25. O que faz Antes e depois não conta. Montar a arvore de natal so entre italianos, comigo em casa, tendo mostrado interesse em participar, não conta. Pendurar meias de natal na lareira com presentinhos para todos menos para mim - Não conta. Desprezar a fatia de bolo de rei que lhe dei, deixando-a por dias em cima da mesa.... Não conta.

Querem-me dizer que todas estas atitudes contribuem para a harmonia e bem estar numa casa partilhada?

O meu erro foi ter ignorado/relevado TODAS.
Agora é tarde.
Toda a razão que tenho foi substituida pela intriga, que foi bem orquestrada, semeada com cslma, como quem planta sementes para verem germinar mais tarde.

Eu vi, pressenti e entendi isto tudo, sem nada fazer. Só esperando que melhorasse finalmente, um dia, por eu não ser má pessoa. E talvez alguém lhe fizesse frente e a visse por aquilo que realmente é.

A conversa que tive com ela foi gravada. Mas de que adianta? Se ela contar a sua versão, dizer-se assustada e com medo dos meus rompantes violentos, e escudar-se no apoio dos colegas italianos nem uma gravação importa.

E foi isto. Agora o que realmente me preocupa é o emprego. Já estão a cancelar todos os turnos. Não vou conseguir sustentar-me assim. A renda  vai subir, os empregos vao escassear.

E ela escolheu expulsar-me desta casa com as suas armações logo a seguir à pascoa e em plena quarentena de um virus que paralizou os serviços e a economia.

Está neste instante ao telefone a rir muito. Está de bom humor. A arquitectar o que se segue. O senhorio deve ter-lhe dito tudo o que ela queria ouvir.

E por esta altura ja deve ter percebido que os meus dias de ir trabalhar todo o dia ja  terminaram. Sabe que voltei a quase nada.

Deve estar ainda mais feliz.

O que é que este tipo de pessoas merece?
E porque nada lhes acontece para as punir pelo mal que espalham?




sexta-feira, 27 de março de 2020

A minha Rebecca portou-se mal!


Devem estar lembrados de um post onde mencionei que uma forma de ultrapassar a dor que sentia pela ausência de uma certa pessoa era dedicar-me mais a ser amiga de outras. Nesse texto mencionei uma nova colega de trabalho, que se «grudou» a mim como se fossemos muito íntimas. Senti-a sozinha, mas também mencionei que ela chamava a atenção dos homens e flirtava com eles.

Isso foi o quê? Há duas, três semanas no máximo!

Pois a rapariga, casada, quarentona, já mergulhou de cabeça, corpo e membros em problemas, por ter tido sexo com um homem que conheceu lá. Não me quis contar detalhes - quer fazê-lo pessoalmente, mas nesta altura do Corona e sabendo eu que qualquer um pode ser transmissor, eu quero escutar a sua história, mas sem os abraços e proximidades que ela gosta de demonstrar. 

Perguntou-me à pouco se, por tudo o que me contou, eu tinha mudado de ideias sobre ela. Ideia... Mas a ideia com que fiquei é que ela gostava de seduzir todos os homens. E foi o que ela fez. Não sei bem o que aconteceu porque, pelos vistos, ela tem um pouco de paranóia e recusa-se a falar das coisas com detalhes ao telemóvel. Ou então teme que o marido lhe tenha colocado aqueles dispositivos que espiam os aparelhos e, inclusive, deixam escutar as conversas.

Ela conta-me que receia estar grávida, todos os problemas matrimoniais que a assolam naquela semana e na próxima, problemas laborais e, agora, este mais específico.

Não me custa emprestar os meus ouvidos e tentar, dentro das minhas muitas limitações, aliviar um pouco o sofrimento em que se enfiou. Mas fico a matutar se é sensato de minha parte deixar os dramas dos outros fazerem parte das minhas rotinas. 

É um defeito que tenho, estar ali para escutar e tentar ajudar pessoas que desabafam os seus problemas comigo. Muitas vezes elas fazem isso mesmo e, depois, é como se não me conhecessem mais. Por vezes devia deixá-las lá com os seus problemas e ficar só com os meus. Parece que essa não é a minha natureza. O que pode trazer-me muito sofrimento. Ele começou assim. Surgiu todo "torcido", mudo e calado, depois foi ficando querido, atencioso, acessível e eu apaixonei-me. Subitamente ele regressou à forma original. Não quero mais disso.


Update: Entretanto, esta madrugada os nossos turnos cruzaram-se e enquanto nós as duas falávamos no meio do armazém, um colega com quem nunca falei chama-me pelo nome. Ele ainda trás a roupa de rua vestida, um longo casaco preto, o que me indica que chamar-me é das primeiras coisas que fez. Diz-me, num tom de ordem: "Dá-me o teu número de telemóvel antes de te ires embora". Senti-me confusa. E perguntei-lhe: "mas... o que fazes tu aqui dentro?". Porque sei que ele não é gerente nem ninguém com autoridade para decidir quem vai chamar para trabalhar mais horas e é para isso que nos pedem o número de contacto. Ele repete a frase e fala com autoridade. Não faço qualquer intenção de lho facultar, mas aquilo fez-me suspeitar que era ele o tipo com quem ela anda a ter sexo. A sua intenção ao chamar-me até perto dele, foi só enviar uma «mensagem» indirecta à pessoa com quem eu estava a falar. Ao invés de a chamar a ela, chamou-me a mim, para quebrar a interacção que estavamos a ter, para se certificar que ela não abre a boca a ninguém e fazê-la recear o seu "poder". Chantagem, coacção... LOL.

Sinceramente, não sei como uma mulher daquela idade pode meter-se em tantos sarilhos num tão curto espaço de tempo. O problema é que chegou ali e andou a "oferecer-se". Muitos devem ter ficado com essa percepção e, claro, aos que lhes falta bom carácter vêm ali uma oportunidade a agarrar. Será que ela não percebe realmente que tem essa atitude? Vai trabalhar para um local cheio de homens, muitos deles básicos que dá dó, vestindo roupas justas que lhe salientam as formas femininas para onde os gajos gostam de olhar (e eles olham e ela percebe) com todos sem excepção inicia conversas sempre a ostentar um sorriso de 25 quilates, nunca a vi prender o cabelo, trabalha sempre com ele solto e a todos sem critério algum, pergunta como pode ter "mais horas", porque precisa, porque está desesperada, porque tem problemas em casa e quer mesmo muito trabalhar... Pessoalmente eu não sou de ir chorar as minhas tormentas e tragédias como meio de mendigar favores. Acho que não resulta, não é forma de se conseguir coisas. Primeiro mostra-se trabalho, capacidade, depois vê-se no que pode dar. Achava exagerado da parte dela fazer isso com praticamente tudo o que era colega ali dentro - mesmo os que em nada a podiam ajudar. Mas cada qual é como é.

Ela diz-me que nunca fez isto na vida, nem quando era adolescente. Eu não acredito. Acho que já o fez muitas e muitas vezes. E não entendo porquê se sente entre a espada e a parede com o gajo. Jamais ia ceder às vontades de um tipo por quem não me sinto apaixonada, ao ponto de deixar de ter autonomia, só porque dormimos juntos. Bem que ela me disse: "Portuguesinha, tu não sabes o que eu tive de fazer para conseguir este trabalho". Se calhar até faço uma boa ideia.


Eu não me prostituo por trabalho. O meu número de telemóvel não o dou a ninguém. São poucos os que o têm e aqueles que o têm, são apenas três pessoas nestes quase dois anos e são as pessoas certas. Ainda assim, ainda não o dei ao gerente principal, com quem simpatizo e com quem troquei poucas palavras humorísticas. Ontem ele chamou-me e colocou-me a executar uma nova função, no departamento dele. Ainda assim, ainda não lhe fui pedir mais horas. Tinha intenções disso, caso regressasse a uma situação precária em que aquele voltava a ser o emprego que me daria o único rendimento. Mas na altura estava também noutro a tempo inteiro. Agora com o CORONA VIRUS, a realidade é que a carga laboral AUMENTOU. Esta madrugada mandaram-me para casa mais cedo, porque perceberam que acumulava dois turnos e não é permitido fazer mais que 13h seguidas. A semana passada fiz algumas horas acima do habitual e percebi que ganhei praticamente o mesmo valor que estava a receber no meu full time de 40h.



Acho que vale a pena aproveitar que nos facultam turnos de 8h ao invés dos habituais três. Sim, o Corona está lá fora, ameaçador. Tenho muito receio - mais porque vejo as pessoas a passear quando lhes pagam para ficar em casa de quarentena - do que pelo virus em si. Saio à rua toda equipada, da cabeça aos pés. Quando regresso, lavo a máscara de rosto que é reutilizável (mas penso que não em situação de virus porém... quem pode usar uma máscara por dia???), toda a roupa, desinfecto todos os lugares onde as mãos enluvadas tocaram, tento limpar até o saco em plástico que levei para transportar alimentos e guardar o casaco após o despir.

Tudo isto dá uma carga de trabalhos...
Por isso, não quero mais pegar os turnos pequenos. Muito risco apenas por trocados. Quero resguardar-me o máximo que conseguir. Estou sozinha neste país. Ninguém para me acudir caso a coisa dê para o torto. Ainda assim vou, com coragem e equipada o melhor que conseguir, trabalhar. Prefiro assim, faz-me bem. E é bem melhor do que estar a "brincar à quarentena". É dessa gente que tenho medo. E é só com esse tipo de gente com que me posso cruzar ao sair de casa a caminho do trabalho quando foi decretada a obrigação de Ficar Em Casa. Gente que não se rala, que provavelmente já tem outras doenças e mais uma não as atemoriza, gente que contagia outra gente.


E lá estavam quatro homens feitos, todos juntinhos na avenida principal, deitados na relva, a fumar e a apanhar sol. E o grupo de ciclistas todos vestidos com roupas desportivas e mochila às costas, que decidiram ir dar uma voltinha pela cidade? Ah, ingleses... cumpridores dos seus deveres! (Not!).

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Alguém viu as minhas Oreos?


Hoje quando cheguei do supermercado fui colocar os pacotes de sementes de sésamo e os pãezinhos junto com os das bolachas oreo. Quando para meu espanto, ao invés de lá estarem três embalagens - que foi a quantidade que comprei a semana passada no dia de folga - estavam só DUAS. As de morango e as normais. As de recheio com chocolate tinham desaparecido.


Fiz um esforço enorme para me lembrar se tinha aberto o pacote para as comer no próprio dia em que as comprei. E convenci-me que foi isso mesmo que aconteceu. 

Entretanto subo para o quarto com mais dois pacotes de bolachas que tinha comprado hoje. Servem para serem «devoraradas» aquando aquelas crises de apetite noturnas ou matinais (em que não nos apetece ir à cozinha). E dá sempre jeito ter umas já na mochila, que é para quando estou no emprego não me faltar o que comer quando faço uma pausa.


Meti-as na mochila e quando cheguei ao quarto, tirei-as da mochila. 
Depois ligo o computador, retiro umas imagens que fotografei do dia de chuva de hoje (que era para ser o post de agora mas vai ser adiado) e adormeço. Adormeço do imenso cansaço que tenho acumulado do trabalho.

Acordei já passava das 20h. Quando desci à cozinha e abri a despensa onde só eu guardo mantimentos (o resto é tachos do rapaz que cá não está e tralhas diversas), para alcançar os pãezinhos, quando reparo que debaixo destes não estão as óreo normais.



Fico aparvalhada. Como que a duvidar de mim mesma. A duvidar do que os meus olhos viram e a minha percepção sabe. Fazia instantes elas estavam ali. Tinha a certeza! Poderia EU tê-las agarrado junto com os outros pacotes e trazido-as cá para cima? Podia jurar que não... Mas se calhar, talvez, mesmo não as querendo e tendo-as comprado para levar para uma viagem que vou fazer daqui a um mês, talvez tenha agarrado nelas. Talvez até tenham caído no chão. Ou talvez as tenha deixado fora da despensa. Mesmo que as embalagens tenham sido colocadas de lado, atrás de uns fransquinhos de compota e por baixo dos pãezinhos de sésamo. Talvez... tenham rebolado e caído? Até isso levei em consideração, mesmo que todos os 12 frascos de compota que impediam que tal acontecesse continuassem ali.


Eu quis acreditar que EU tinha sido a responsável pelo desaparecimento do pacote de bolachas. Porque caso contrário, alguém cá em casa achou-se no direito de se «servir» de algo alheio. 

E isso é muito mau.


Costumo partilhar coisas que tenho mas que não vou usar ou estão quase a expirar, deixando-as em locais onde todos podem ver e com um bilhetinho a os convidar a se servirem. Foi assim com o bolo-de-rei que recebi no Natal, embora ninguém o tivesse provado.

Foi assim com os donuts que comprei em demasia, com as baguetes de pão que comprei em embalagem de três, foi assim com o ketchup e maionese que quase nunca uso... Coloquei à disposição, com um bilhete.

Agora se alguém se sentiu no direito de usar o que não coloquei à disposição, indo propositamente abrir uma porta que dá acesso a uma despensa onde não existe nada que outros sem ser eu possa desejar... Isso incomoda-me.

E estou abismada e a tentar me convencer que estou errada até agora.
Porque não quero acreditar.
Não quero.

Não é pelo pacote de bolachas que estava guardado para não ser consumido. É pelo significado do gesto.


Para ser honesta, tudo começou há dois dias, quando reparei que alguém havia tirado UMA LIBRA do pequeno prato onde ficam uns trocos do dinheiro que costumavamos colocar de lado para as compras em comum da casa. Existiam seis libras e uns trocos, passaram a cinco.


Aquilo intrigou-me um pouco, porque antes disso percebi que alguém havia tirado o prato de cima do micro-ondas e o colocado na bancada. Sem nenhum motivo ou necessidade. Quase que tive para o voltar a meter no lugar, mas abstive-me de lhe tocar, não fosse a pessoa que o movimentou achar nisso algo estranho. Então o prato ficou ali um dia até que no outro, voltou misteriosamente ao lugar. Mas nem sequer olhei para a quantidade de moedas lá deixadas.


Foi só por casualidade na noite seguinte, que pelo brilho da luz do teto nas mesmas reparei no número ímpar de moedas. Via sempre pares e agora estava ali algo estranho... eram ímpares. Foi então que dei conta. Mas mais uma vez, tentei convencer-me que estava errada e que nunca haviam ali estado seis libras nos últimos quatro ou cinco meses. Talvez tenha me enganado


Ao mesmo tempo fiquei indignada porque só três pessoas estão a viver cá em casa. Eu não toquei nas moedas. Tenho total confiança na rapariga do andar de baixo, pois também ela nunca mexeu no dinheiro e foi sempre das primeiras a meter qualquer quantia ali, sem dar grande importância em pagar algo do próprio bolso. 


Resta-me apenas uma suspeita... 
Que encaixa no perfil.



Mas não quero acreditar.

Porque de todas as pessoas na casa que podem tirar aquelas moedas dali e fazer o que quiserem com elas, a única que moralmente não o pode fazer é a «nova inquilina». Porque não contribuiu com nenhum cêntimo ali. Quando ela chegou - já faz talvez três meses - já não estávamos a dar continuidade à «tradição» de meter os trocos de lado para a compra de detergentes e afins. O papel higiénico passou a ser «cada um traz o seu» ao invés de ser partilhado. E daí os trocos não precisaram ser usados, pois pequenas coisas como sacos de plástico para o lixo, cada um compra quando disso fosse necessário. 

Então as moedas acabaram por ficar ali, tal como outros cêntimos estão «abandonados» sabe-se lá por quem na sala. Já lá estavam quando eu cheguei, por isso não lhes toquei. E se calhar ninguém toca porque quem os deixou ali não mora mais cá.

Seja como for...

Onde estão as minhas óreos?
Estou desejosa de ser a responsável pelo seu desaparecimento! Mas já vasculhei tudo. Abri a mochila cinco vezes, apalpei tudo. Desviei o edredon da cama, levantei-o, olhei debaixo do colchão, olhei de lado, olhei debaixo da cómoda, dentro de sacos, debaixo da roupa deixada no caldeirão... 


Como que, por magia ou acção fatasmagórica, o pacote de óreos fosse desaparecer da despensa para aparecer aqui. É que ainda por cima lembrei-me que meti o pacote de pãezinhos em cima das óreos. Por isso, para terem desaparecido, se não fui eu, foi alguém intencionalmente. Pois sabia onde o encontrar e teve de levantar os pãezinhos para alcançar o pacote, sem derrubar nenhum dos 12 frasquinhos de compota. 

Ainda estou pasma!
Ainda estou a procurar aqui no quarto, enquanto escrevo isto...

Em todo o caso, decidi colocar à disposição dos moradores da casa mais uma guloseima que comprei mas que não apreciei por aí além. Aproveitei o meu ato corriqueiro para, no bilhete que escrevi, deixar uma nota onde pergunto: "Alguém viu as minhas óreos"? 

Espero sinceramente que alguém aproveite a oportunidade que lhes estou a dar. 
Porque não estou doida... 
Mas se coisas assim continuarem a acontecer, vou ficar.
E vou deixar de achar esta casa segura.
Os quartos não têm fechadura - excepção para o quarto do "lord", que está de férias e certamente o deixou trancado à chave.

Qualquer porta aqui de casa abre-se se alguém girar a maçaneta. E isso deixa-me insegura caso se comprove que alguém anda a fazer «pequenos furtos». Tenho o quarto cheio de moedas. De início preocupei-me em deixá-las soltas mas com o tempo despreocupei-me e deixo-as em cima da cómoda e na beira do estrado da cama. Como as coleciono, até comprei um album para as colocar. Sò que este não serve para todas e vou comprar mais. Entretanto deixo-as soltas, num quarto destrancado, junto com todos os meus pertences e, ocasionalmente, passaporte. 

Mas acho que vou continuar a ser rigorosa com a minha documentação e esta vai ter de andar comigo sempre. Podem roubar-me dinheiro, roupa, malas e computadores. Mas documentos não.


A rapariga do andar de baixo está de saída. O que lamento, pois era em quem mais confiava e a mais descomplicada das criaturas. Resta-me uma rapariga que ainda não ganhou a minha confiança e que, agora, está em risco de não a obter e o rapaz que, quando chegar, vai regressar a colocação de «defeitos» nas coisas feitas pelos outros.

A rapariga que ainda não ganhou totalmente a minha confiança passa muito tempo em casa. Escutei-a à semanas a dizer a alguém ao telefone que não tinha dinheiro para sair, não ganhava o suficiente e que não estava satisfeita com o tipo de trabalho que tem, embora adorasse as pessoas. Confessou que abusou nas noitadas, que ficava bêbada em todas as saídas e que, nisso, gastava todo o seu dinheiro. Entre outros desabafos de fracassos amorosos, escutei isto porque dá para ouvir conversas de quarto para quarto - a voz tem essa capacidade. Depois ela desceu para o andar de baixo e deixei de escutar seja o que fosse. Isto aconteceu dias depois de eu estranhar o fato dela estar tantas vezes em casa e após ter descoberto as beatas no jardim e tê-la «apanhado» a tentar fingir que limpou a casa quando de facto não o fez.

Ou seja: isto aconteceu há quase um mês! Porque a vez de ser ela a limpar já chegou novamente...
E vou aguardar, para ver como a preguiçosa vai decidir agir. Se como uma adulta responsável ou como uma adolescente inconsequente. 

A «nova inquilina» vai perder o posto para o/a próximo que vier. E eu só espero que essa pessoa seja alguém decente e que cumpra três requisitos essenciais: Entre logo com dinheiro para a conta da luz e gás, limpe bem a casa quando chegar a sua vez e seja silencioso durante todo o dia.