Metereologia 24 h

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sábado, 26 de setembro de 2020

Sinais de Furia : 27

Um pormenor importante aconteceu na casa: o rapaz que a M. não gostava, fez as malas e foi embora. Uma nova pessoa estará para vir. 


Com esta saída, a M. perdeu o seu principal alvo de implicância. Temo que não demore a encontrar um substituto. 

Despertei eram 1.30h da manhã. E desta vez, sem pesadelo, Ahah. 

Tinha sede.

Fui ao WC. 


Nisto, senti a divisão muito, muito quente. Queimei-me no radiador de toalhas. Nem notei que estava totalmente vazio. A M. deixa sempre toalhas e panos ali, nunca os tira. 

Senti necessidade de ir verificar quantos graus apontava o termómetro digital de aquecimento central. Foi apenas ontem que o coloquei de volta na programação automática, alterando a temperatura para valores de um a dois graus mais altos, visto  já não ser verão. Tinha sido colocado na temperatura manual porque durante o pico de calor, continuava a ligar-se. 

Desci então à cozinha para beber água e verificar o termómetro, que fica à entrada. Assim que entro deparo-me com um estendal de roupa. Percebo que é da M. que chegou a casa pelas 19h. Foco-me no que quero fazer: verificar a temperatura. 

Sabem quantos graus estavam?

27 graus!!

Acho que é uma atitude egoísta por parte da M. colocar um valor tão elevado porque quer secar as suas roupas rapidamente. A ausência de espaço para as secar foi o problema que detectei nesta casa assim que a visitei. Foi a própria M. e todos os que cá moravam a achar que a minha insatisfação com esse detalhe não tinha razão de ser, porque eles secavam as roupas nos quartos, sem problemas. 

Secar roupa no quarto? - minusculo como o meu é? Criar humidade? A ideia não me agradou. O que me safa é saber que lavo pouca roupa de cada vez e espaçadamente. Devo dizer que este detalhe dos hábitos de cada qual na lavagem da roupa também me surpreende. Noto que usam a máquina todos os dias. Para dizer a verdade, desde que cá cheguei ainda não fiz 10 lavagens. Devo andar perto, mas ainda não fiz. Vejo a nova rapariga, a M. e o rapaz a serem muito mais assíduos. Muitas vezes usam a máquina de lavar roupa todos os dias, em dose dupla. Será que os meus hábitos de higiene precisam de ser mudados?

Além de hoje de noite, a M. lavou roupa anteontem. A nova rapariga fez duas máquinas também. E o rapaz, ao chegar do emprego, atira a roupa para dentro da máquina e lava-a. Para dizer a verdade, já tive alguns momentos em que quis usar a máquina mas encontrei-a ocupada - vezes e vezes seguidas. Decerto que outros passaram pelo mesmo. É normal, numa casa partilhada. Há que aceitar. DESCOMPLICAR é a regra.

Ontem encontrei uma brecha - ninguém em casa, ninguém a usar a máquina. Lavei os lençois de cama e cobertor, que bem precisavam. Saíram da máquina quase secos e coloquei-os no quarto com a janela aberta, esperando um raio de sol. Secaram de imediato. Quando não dá para ser assim, gosto de secar a roupa perto dos radiadores. mas não a deixo horas nos radiadores. E estou sempre atenta, para a retirar assim que possível. Nunca nada fica de um dia para o outro ou horas e horas nos espaços em comum. Prefiro isso a aumentar a temperatura da casa inteira, incluindo a dos quartos onde todos dormem, para secar a minha roupa rapidamente.

Foi uma das falsas acusações da Gordzilla... se me permitem o aparte para relembrar a injúria.

Baixei a temperatura e dirigi-me até ao frigorífico para tirar um pouco de água e matar a sede. É então que reparo numa coisa. Que me deixa alarmada. A M. estava furiosa. Consegui perceber essa energia no ar. Mas é ela, que se diz uma espécie de detector sensorial, que consegue sentir a energia de todos, mesmo quando dorme. Ia para relatar aqui mais detalhadamente este seu traço de personalidade. Estou em falta, por isso faço agora um aparte para esse fim.

Quando o rapaz teve o seu problema de saúde, não demorou tempo algum para ela relatar que também passou pelo mesmo quando era mais nova. Dias depois dele regressar, ela diz-se com falta de ar e dor no peito. Depressa chega à conclusão que tem o mesmo problema do G. Marcou uma consulta médica, faltou ao emprego e foi consultada para esse fim. Mas nada saiu dali e pelos vistos, as palpitações e outros sintomas que jurava ter, não regressaram. 

Não pensem que não a apoiei por, no fundo, achar que ela imita o que se passa com os outros. Mesmo nessa condição, se existe a possibilidade de haver um problema de saúde, que se consulte um médico. Mas tal como desconfiei, ela regressou e nunca mais sentiu nada. 

Só voltou a sentir problemas de saúde quando eu mencionei que andava a sentir-me com falta de energia e cansada, após subir as escadas. Disse-lhe que por vezes isso me era normal, por ter anemia e problemas de tiroide. Não demorou mais que umas horas e ela estava a queixar-se do mesmo. Mais uma vez, diagnosticando-se com anemia e dizendo que tinha de ir ao médico. 

Também isso lhe passou.

A situação mais flagrante foi quando soube que eu me lesionei. Ela não soube logo. Não a vi nessa manhã, andamos desencontradas. Pensei que ela ia perguntar-me assim que me visse, se algo se passava, porque quando entrei em casa lesionada e ela estava no WC, soltei vários gritinhos de desconforto enquanto trocava de roupa e desinfectava as feridas. Ela deve ter escutado. Surpreendeu-me que não tivesse desconfiado, visto até que está sempre atenta a sons.

Na casa já outros sabiam, ela foi a última a saber. Foi na noite a seguir, depois de eu ter ido ao hospital, que lhe disse que havia me magoado no braço. Ia para lhe dizer que estava partido, mas ela interrompeu-me de imediato, para dizer que também ela tinha sentido dores na mão e no braço, não conseguindo os mover por muito tempo. Só tive tempo de lhe dizer: "Mas eu sei porquê estou assim. Caí". 

Ela não percebeu a gravidade, ficou estagnada no facto de ter despertado com os sintomas que presumiu serem identicos aos meus. Voltou a repetir-me isto no dia seguinte, a queixar-se de dores e preocupada com a sensação de imobilização. 

Mas ainda não sabia que eu tinha partido um osso do corpo. Pensou que era outra coisa. No dia seguinte viu-me com o braço no suporte de repouso. Quando percebeu que eu tinha um diagnóstico médico, havia ido ao hospital, tirado uma radiografia e descoberto que fracturei o ombro, foi quando mudou de discurso. Disse-me que consegue sentir a minha dor, a minha energia. 

Afinal, um osso partido não pode ela alegar ter. 

Autoproclamou-se então uma espécie de detectora de doenças alheias. Ainda que tenha falhado detectá-las no momento em que ocorreram e só as sentir depois de tomar conhecimento das mesmas. Quem sabe? Provavelmente tem mesmo este dom mais desenvolvido. Ou se calhar, é uma boa maneira de se convencer que não tem antes uma doença mais relacionada com o foro psicológico.


Mas que vi eu quando me dirigi ao frigorífico, que me revelou que ela estava furiosa??

Dois panos atirados para o topo do mesmo. Panos que não são os dela, pertencem aos outros dois da casa e com os quais embirra.

 O frigorífico é muito alto. Ninguém coloca nada ali. Não faz sentido ser aquele o local para panos. Mas eu sei, porque ela quase todos os dias mo diz, segurando com nojo um deles e desviando-o do lugar onde o encontrou, que a enerva chegar a casa e ver os panos desdobrados em cima da bancada. 

Se era assim que eles estavam quando ela chegou ontem de noite, eu não sei. A última vez que os vi, estavam enfiados na barra do fogão, onde já estao outros dois, que são dela. Foi a senhora da limpeza que os prendeu ali. 

Como foram parar em cima do frigorífico só posso especular. Mas acho que especulo corretamente. Resta-me tentar entender qual vai ser a reacção dos outros dois na casa, quando precisarem do seu pano e perceberem onde foram colocados.

O rapaz está por um fio... acho eu.

Ele gosta dela, muito. Mas não consegue mudá-la. Não consegue agradá-la. Não consegue fazê-la ver o seu ponto de vista, ela está sempre em desacordo. Com isso ele sente-se rejeitado, incompreendido, vítima de implicância. Fica enervado com as constantes observações e reprimendas que ela lhe faz. Foi isso que o fez desejar mudar de casa. Disse-lho a ela, como quem deixa um aviso. Mas ela não se emocionou. Ou recuou nas suas atitudes. Ele acabou por ficar mas cada vez que ela volta à carga mais implacavelmente, sinto-o a voltar a ter esses pensamentos.

Ele não tem chance com ela, consigo perceber agora. Noutro dia ela confidenciou-me que se irritou com ele, por a interromper quando ela estava a falar. Foi num momento que ambos estavam a falar de um assunto. eu estava presente. Achei que a conversa fluiu naturalmente. Não detectei nenhum atropelamento abusivo. É natural, por vezes, as pessoas falarem algo em cima do que outra diz, para completar, acrescentar. Qualquer pessoa de fora não teria visto nada de anormal ou detectado a presença de uma pessoa insatisfeita com o comportamento de uma outra.

Ela está sempre a confidenciar-me destas coisas em relacção a ele. Disse-me que lhe parecia a ela que ele queria alguma coisa dela, mas que ela não quer saber dele. O que ele quer é sentir que pode conversar com ela e ser escutado. Quer o normal...

Enfim...

Quem nasce para lagartixa jamais chega a jacaré.  


Quando ao rapaz-que saiu, o JA, fez ele muito bem. Muito bem mesmo! Eu também faço as malas e parto para outra assim que perceber que não serei aceite pelos restantes. Bastou-me aquela experiência. Acho que foi uma aprendizagem bem intensiva, que me passou a lição. 

Ter visto o mesmo acontecer com outra pessoa fez-me entender que é assim mesmo que a vida é. E de nada adiantava ao JA tentar agradar. Porque o olhar e a cabeça dos restantes estava pré-formatada na narrativa que lhes foi injectada. Fosse o que fosse que ele fizesse, a tendência dos outros é procurar o errado e não ver o certo. 

Acho que o JA se esforçou um pouco para não incomodar. Notei nele alguns cuidados que não lhe vi antes. Mas ainda assim não eram suficientes. Na realidade, de nada adiantavam os seus esforços. Tinha sentença passada. Herdada até por ex-inquilinos. Ou se anulava e se deixava pisar - como aconteceu comigo, ou fazia as malas e ia embora. 

É sempre a melhor opção - a de ir embora. Nunca se sabe o que se vai encontrar noutro lugar. Mas com sorte, ele vai partilhar casa com pessoas que não se incomodam com a sua maneira de ser e o aceitam.

Creio que não corro novamente este risco. A atmosfera é simplesmente diferente. Nunca nada será perfeito, conflitos podem surgir. Faz parte. Mas aqui estou à vontade. Não fui forçada a alterar quem  sou, abandonar o melhor de mim, por isso "incomodar" os outros. Não preciso deixar de cozinhar para ceder espaço a quem não larga a cozinha e sei que não vão acusar-me de a deixar suja assim que me vêm a acender um bico de fogão ou a ligar a torradeira.

Sou eu mesma. Limpo tudo. Cozinho para mim mas, por vezes, também a pensar em todos. Se estes estiverem com vontade, há comida que chegue. Estão à vontade para se servirem de algumas coisas específicas. Penso que ninguém tem problemas comigo. Mas o melhor mesmo, é nem ter mais este tipo de receio a assombrar-me. Aos poucos, recupero-me. Fortaleço-me.
E na cura, percebo o quanto afundei... a dimensão do mal a que me sujeitei. 

Mas sobre isso não vou mais pensar.


Quando surgir a oportunidade, tenho a certeza que a M. vai desabafar comigo o que a irritou. Vi a vela queimada no WC - sinal dos seus rituais para se equilibrar espiritualmente. Há sempre algo feito pelos outros que a desalinha, que a incomoda. Ela até se esforça muito. Pelo que me contou, estaria sempre a explodir com todos que a rodeiam se não fizer o seu "treino" diário. 

Gosto da M. mas... confesso... preferia não viver com ela. Sou mazinha??

Espero que não. 


sexta-feira, 10 de abril de 2020

Desabafos durante a sexta-feira Santa


Ela escreveu no quadro da cozinha, sem apagar a provocação "All yours!" a mensagem: "Esta é a semana santa!". 

Coitada...
Teve de escrever para se lembrar. É natural, para alguém cujas atitudes nada têm de santas, é preciso que se recorde todos os dias o que é suposto ser o espírito de bondade da quadra. Pena que, para ela, aquilo que escreveu sejam meras palavras, de significado oco. É uma contradição do caraças. Ela, que sempre apagou todas as minhas mensagens carinhosas e ilustrações inoculas para substituí-las por provocações, não apagou o "All yours", um escrito provocatório, de conflito. Depois escreve a palavra Holy (santa, sagrado) e não entende que ali está escancarado pura hipocrisia. 


Pela casa estão espalhados ovos de chocolate, ao ponto de ocuparem toda a prateleira da lareira. A minha jarra, (a tal que foi a primeira vítima da hostilidade que com que eu venho a lidar desde que aqui cheguei) foi novamente removida do centro e colocada na extremidade. Meteram um pão enorme no seu lugar.

Estão a preparar-se para a Páscoa. Mas deixando de lado o espírito. Tal como no Natal, o convívio está a ser planeado, estão a armazenar mantimentos e já sabem tudo o que vão fazer para ter uma mesa farta e deliciosa, com tudo o que lhes fizer lembrar as saudosistas tradições. Esquecem completamente que a Páscoa é como o Natal. Uma época para ser generoso, bondoso, partilhar com todos a boa vontade, a amabilidade, etc. 

Puseram no lixo um produto alimentar que mantinha no frigorífico. Mesmo havendo espaço para este permanecer ali dentro. Sei que o tinha oferecido à rapariga antes de ter ido a Portugal. Mas quando regressei, ela havia colocado-o de volta na minha prateleira, sem o ter aberto. Um claro sinal de rejeição. Acabei por ser eu a abrir e a provar, pois nunca havia comido daquilo (wraps) e já a tinha visto a consumi-los. Anteontem voltei a servir-me de um, pois percebi que não deitam cheiro, não perecem. Usei-o como base e descobri uma maravilha: são óptimos como pratos. Fazem com que a comida aquecida em cima mantenha-se quente e mais saborosa, pois ficam os sabores a marinar. 

Meteram mais garrafas de vinho e incontáveis embalagens de queijos já abertos por toda a parte, apossando-se cada vez de mais espaço no frigorífico que é suposto ser, agora que um rapaz foi embora, só meu e da rapariga. Mas não é. Nem nunca foi. Também não sabem arrumar os mantimentos de forma organizada, são muito bagunçados e não se incomodam com a sujidade. Só da boca para fora e nas aparências. O frigorífico só é limpo quando julgam que pode ser visto pelo senhorio, que cá vem e gosta de armazenar a sua garrafa de leite. A rapariga com quem divido esse espaço, só o sujou (e bem, deixa-o cheio de salpicos e derrames de molho de soja, queijo e sei lá mais que nhacas). Mas quando trouxe a família inteira para cá ficar, subitamente a sua prateleira apareceu limpa e arrumadinha. 

Aparências. Só aparências.

Já se apossaram do armário da dispensa do rapaz que abandonou a casa, mas nem parece. Pois as áreas em comum estão cada vez mais atolhadas de mantimentos alimentares, como se não houvesse espaço apropriado para os armazenar. 

Entre este texto desci à cozinha e vi um novo escrito adicionado aos outros dela. Escrito em italiano está: "feliz páscoa para todos". 

E porque é mesmo para todos estes «sinceros» votos, escreveu-os em inglês, a língua comum. Ups! Não, não fez isso. Escreveu em italiano, porque "todos" apenas tem como recepiente quem é italiano. E por falar em italianos, adivinhem lá: se um abandonou a casa, quem é que vai entrar?

Outro italiano. Pois claro.
Mas ainda não me disseram nada. Nem eles, nem o senhorio, que ontem por cá andou e vai regressar. Ouvi um rabo de conversa. Como aliás, sempre acontece. O próprio senhorio, a sua presença aqui, nesta semana santa, não foi para, finalmente, vir substituir o autoclismo defeituoso. Ele apareceu para fazer isto que já podia ter feito muito antes, porque a sua principal intenção era falar com os italianos para que lhes arranjassem mais gente para ocupar dois dos seus quartos que viu agora ficarem vazios. Ele pode ser "bonzinho" ou aparentar ser em algumas situações. Mas no fundo, está sempre a pensar nele mesmo. E numa coisa eu sei que ele é irredutível: dinheiro. Não gosta de o perder, gosta de o ganhar. 

Se alguém sai das suas casas, ele quer encontrar outra pessoa para o espaço o mais rápido possível. Se der, até faz com que a renda do que sai e a renda de quem entra se sobreponham. Porque assim ganha mais.

E agora, meus amigos virtuais, vou às compras!
Ou vou tentar.
Mentalizar-me para a enorme fila que vou encontrar...

Abraço. E tenham uma óptima páscoa.
Isto aqui são só desabafos. Preciso os largar de vez em quando. Deixo-vos com uma estimada imagem de algo que todos nós estamos a precisar. Muito amor e harmonia para vocês. Fiquem bem.





   

domingo, 18 de agosto de 2019

Silencio e sanita sem problemas


Desde que a "policial justiceira" foi embora e em seu lugar chegou um italiano, a mudança na casa é substancial. Para começar, o silêncio. 



Desde Janeiro que a casa não experenciava tranquilidade. Aos fins-de-semana costumava ser aquele berreiro e gritaria, com sons de pancada vindo do convívio regular e "exclusivo" realizado na sala pela noite dentro, que se escutava cá em cima, no quarto, o que acabou por me fazer adoptar o hábito de ter phones nos ouvidos. 


A chegada do novo inquilino removeu a prática dessas festas. E a prática de outros hábitos ruidosos também. Como o de se falar alto do piso de cima para o de baixo e vice-versa.

Agora andam todos com "pezinhos de lã". Por causa do novo rapaz. O que me fez perceber a falta de consideração que demonstraram ter para comigo. Então quer dizer que SABEM ficar quietinhos e não abusar??

Aparentemente desaprenderam a agir com consideração quando só eu me encontrava no quarto. Agora, com outra pessoa no piso de cima, são uns pezinhos de lã e as gargantas privam-se de gritar e palrar em alto volume. 

A sanita não mais aparece suja diariamente e o duche também não. Gostava que a que saiu se confrontasse agora com este facto. As "culpas" estavam a ser caluniosamente atiradas para cima de mim. Mas tudo cessou com a sua ausência.

Coincidência??

Só a tábua sanitária respingada com urina é que continua... Mas o autor tem o "cuidado" de não deixar esses sinais muito visíveis quando "o novo inquilino" está por perto. Na ausência deste (que eu desconhecia) percebi que havia urina na tábua - até pelo cheiro. Só eu e o outro cá estavamos, a mais-velha está de férias. Mas eu desconhecia - porque eles intencionalmente nada dizem - e atribui as suspeitas dessa particular sujidade exclusiva da condição masculina ao "novo" inquilino. Estava errada, era mesmo o "velho".

Com a chegada deste novo italiano, o resto agora NEM PUXA o autoclismo quando usa o WC durante a noite!! Também não acendem a luz - acto que produzia ruído, já que aqui o interruptor é adicionado por um cordão, que puxa um gatilho no teto, o que produz um som distinto e acciona a ventoinha. Até deixaram de a usar, passando a ir ao WC no andar de baixo! Descendo as escadas para o efeito, vejam só. Sempre dormi ao lado do WC e estas práticas são novidade. Levantarem-se e ir ao piso de baixo... estranho. Suspeito até, vindo daqui, há razões para suspeitar.

Mas adiante que não são estas coisas que me vão perturbar. Apenas quero registá-las e me é mais fácil fazê-lo aqui. 

Tem sido espantoso como os hábitos na casa mudaram tanto com a saída da "mascote" e a entrada de um italiano. A nacionalidade tem um peso tremendo nestes comportamentos. Faz as pessoas da casa se comportarem de formas distintas. A que saiu - a pesar de ter sido acolhida pela italienada, como eu suspeitei, nunca o foi totalmente. Não da mesma forma como eles acolheriam um "dos seus". 

Ela também foi acolhida dessa forma para servir certos propósitos, a sua presença e inclusão tinham uma finalidade, não foi incluída apenas pela "bondade dos corações" da italienada.  Para começar, usaram-na para tentarem me afastar desta casa. Usaram a sua juventude, imaturidade, malícia e facilidade em se deixar manipular por aparente amizade e aceitação, para que fosse ela a porta-voz das agressões. Não pensem que não percebi a milhas, porque percebi. Ela desempenhou o papel com gosto - não foi forçada, também sei disso. Mas entre tanta inteligência que julgava ter, na soberba tão típica da juventude, cheia de certezas, tudo tão preto no branco, ela foi usada com o propósito de me atingir tal e qual uma peça num jogo de xadrez, e não teve qualquer percepção sobre isso, passou-lhe ao lado. Julgou que cada manipulação, cada cordel puxado, cada sorriso e cada convite para jantar eram gratuitos. Pensou que as ideias eram dela, não percebeu que foi alimentada para agir e pensar de uma certa forma.

Outra coisa que mudou radicalmente foi o uso do espaço na cozinha. Quando a que-saiu estava para chegar, haviam vários armários livres. Três deviam ser-lhe atribuidos, já que eram os mesmos que a italiana cujo lugar ela ia ocupar, estava a usar. Outros dois, seriam para a outra nova ocupante, esta italiana e amiga do rapaz. Logo temi que a privilegiassem, pois percebi que se preocupavam em proporcionar-lhe os melhores espaços, já a preterir a outra ocupante. Não gostei e, por isso, fiz questão de indicar a esta os armários ocupados pela pessoa antes de si. Ao invés de permitir que os italianos manipulassem a favor da "amiga", como percebi que queriam fazer.Mencionei à nova ocupante não-italiana, a existência do pequeno armário ao lado daquele que seria seu. Disse-lhe que se quisesse, podia usá-lo, já que veio carregada de coisas e disse gostar de cozinhar. Parecia-me sensato, já que era ao lado do armário principal e a anterior ocupante do seu quarto também o usava. Mas não mencionei o outro maior, localizado na ilha. Deduzi que lho seria mostrado também, visto que foi o armário vagado pela italiana. 

Enganei-me. Eles calaram-se sobre a existência daquele espaço. E o armário continuou a ser usado para armazenar os utensílios soltos que eu encontrei pela casa nas férias de Natal. Foi nessa altura que o espaço foi deixado livre - ou quase, já que a que saiu deixou ali algumas coisas que não queria e, pela sala, deixou pertences que pretendia dar aos amigos italianos (que estavam de férias). Eu aproveitei que já era muita coisa espalhada pela sala - as coisas deixadas por ela, mais as tralhas que sempre me incomodaram ver por ali, nomeadamente o estojo de manicure, o secador de unhas e um saco com um livro lá dentro. Aproveitei que era Natal e queria ver o espaço lindo e limpo e coloquei tudo provisoriamente naquele armário.Temporariamente, até a italienada chegar de férias, colectar o que quisesse e vazasse o armário.

Só que isso nunca aconteceu. Ao invés de o colocarem à disposição de uma nova pessoa, a mais-velha apropriou-se dele. Como se já não lhe chegassem os armários que tem quase em exclusividade na sala da máquina de lavar roupa. Seriam todos dela - inclusive os tampos, se eu não tivesse ocupado um assim que cheguei. 

Acha-se a perfeição em pessoa no que respeita a cuidar, limpar e arrumar, mas tem hábitos que contrariam esse meu conceito. Por exemplo: adora espalhar coisas pelos tampos, pelas mesas. Já eu prefiro ter as coisas arrumadas num armário, numa despensa... São gostos. 

Por isso mesmo é que acho o cúmulo ser ela a criticar as práticas dos outros, achar-se melhor e perfeita nas arrumações, quando ocupa tanto espaço e mesmo assim não sabe manter as suas coisas dentro de armários, tem duas dúzias de frascos de especiarias e sumos no tampo da cozinha, frutas e pão, cebola, batatas, garrafa de azeite... tudo pelos tampos da cozinha. E na salinha da máquina, tem quatro embalagens de detergentes em cima do tampo - mesmo tendo todos os armários só para ela. E o cúmulo disto tudo é que cada embalagem está vazia. Ou praticamente vazia. Ela não gosta de deitar fora, não sei explicar o motivo. O novo inquilino que chegou este mês, ao limpar o WC, apercebeu-se que haviam embalagens vazias e deitou-as fora. Ele percebeu de imediato, o "armazenamento" de embalagens vazias. 

O WC é outro espaço onde tudo é deixado pelos espaços livres, ao invés de ser armazenado. Quando entrei nesta casa, foi o que mais estranhei. Sei que a limparam para as visitas, por isso sei que acham que as embalagens à vista por todo o lado é "arrumado". Mas foi o que me fez mais espécie, tinha um ar "atolado". Agora já me habituei mas espero que não fique habituada para sempre. Prefiro ver as coisas num lugar próprio, ordenadas, arrumadinhas... de preferência em armários e cestos. Não sou fixada neste tipo de ordem, tolero bem uma embalagem de champoo na banheira, mas não 25! Ahahah.

Esta WC está toda preenchida de tralha pessoal - desde elixir para a boca, maquinas de barbear, lâminas, pastas de dentes, escovas de dentes, água para o rosto, creme para o rosto, creme esfoliante, creme hidratante, desmaquilhante, bolinhas de algodão, paninhos, esponjas, caixas de maquilhagem (vazias, claro)... tudo a preencher cada superfície livre. E se mais houvessem, mais coisas lá metiam. É um estilo. Só não é muito o meu.

Em suma: O novo italiano chegou e logo teve direito a ocupar o triplo do espaço atribuido à-que-foi-embora! Como gostaria que ela percebesse que, a ela, foi-lhe dado um pedacinho e ao outro, a lua! Ele tem o armário que ficou para as "bujigangas", tem o armário pequeno, o médio e ainda ocupou parte do armário de detergentes da mais-velha. Espantoso! Ela não foi tão generosa assim com a "amiga" e cúmplice. Com ninguém, aliás! Tanto amor, tanto afeto mas... nada de lhe dizer que havia um armário enorme que devia ser seu, com uma gaveta e ainda outro armário para detergentes que ela podia ocupar, se desejasse.

Não era italiana.
Nunca seria realmente aceite.
Foi útil mas, suspeito, já os estava a cansar.

Foi em boa hora.

Quanto a mim, resta-me esperar que o que aí vem seja sereno, tranquilo e bom. 




é isto que me vai incomodar. Nunca mais vou  ,  

sábado, 2 de março de 2019

Até quando vou viver num hostel?


Estou aqui incomodada de tanto ouvir risadas. A italiana-que-não-conheço convidada pela outra italiana a cá ficar sete dias, está a entreter uma amiga que não-conheço e as duas não param de gargalhar e de bater portas faz mais de uma hora.

Incomoda quando é barulhento. Terei também sido assim nos meus vinte e tantos anos?
Irritante?

Não me incomoda a felicidade. Mas esta pessoa está a viver dentro da mesma casa que eu e não me foi apresentada. Lavou roupa, cozinhou, usou o forno, trás amigas para cá, agora passeia pela casa e está tão há vontade a viver de "empréstimo" num quarto que não é dela, fazendo até convívios.

A amiga, que paga para cá morar, mais uma vez não cá está.

Cá para mim sub-alugou o quarto. Por isso enquanto a outra cá está, ela não aparece.
É muito descaramento.

Sinto-me num hostel.



quarta-feira, 5 de julho de 2017

Deixem-me cá desabafar um 'cadinho... (Limpezas e Hitler)

Sobre a Casa:
A minha semana de limpezas já passou e sim, aquela mancha acastanhada no assento do WC era «sujidade». 

Isto significa que, das três pessoas encarregues de limpar a casa depois da minha vez, nenhuma esfregou o assento. Demorei 3h nas limpezas. As dúvidas sobre a minha lentidão e a relação entre a rapidez e eficiência dissiparam-se. 

Continuo a achar que não sou boa em limpezas. Sou esforçada mas, pelos resultados, acho-me ruim. Só que, entre mim e os restantes, sou um Deus, Ahahah! 

Lavei o cesto do lixo pela segunda vez, tirei o pó grosso do televisor que nunca ligo, numa sala onde nunca entro, aspirei a casa e usei detergente para a carpete, esfreguei a retrete por dentro e por fora (não esquecendo o assento), lavei os tapetes dos WCs, esfreguei até sair toda aquela substância cor-de-rosa que alguém deixa no cromado da banheira, limpei as manchas do frigorífico. Posso ter demorado 3h e não ser lá grande coisa a limpar e desinfectar. Mas se as três pessoas que me procederam não deram pela presença de uma mancha castanha no tampo da sanita um dia depois de a ter limpo um mês antes, decerto que não sou a pior.



Sobre o Emprego:
Insignificâncias. Resumo o dia de ontem e os dissabores nele criados com esta palavra.

Ontem ainda nem tinha aquecido na minha tarefa, já estavam a dissipar-me o sorriso da cara e a atacar a minha boa disposição. E tudo por insignificâncias. (Ou implicâncias, melhor dizendo). 

Atendi um cliente com uma condição alimentar especial e, como não estávamos atarefados e o cliente era «especial», ofereci-me para levar a bebida (um chá) até à mesa deste. O cliente queria o chá simples, sem adição de leite ou açúcar (e todos metem mais leite do que água no chá, vai-se lá entender...).

Dos três colegas que estavam comigo a trabalhar no bar (quatro no total, para quase zero clientes), só uma estava por perto para me ouvir. E só ela, a C. tem a personalidade para querer fazer disso um «caso».

Preparei o chá - água quente e saco para dentro de uma caneca e levei à mesa. Tudo isto levou uns 20 segundos. Na volta a «chefe» vem ter comigo e diz-me:

-"Tens de mandar os clientes vir até ao bar fazer o seu chá. Não é suposto levares o chá à mesa, porque outros têm de atender os clientes e a C. teve de parar o serviço que estava a fazer para os atender.".


Olho para o bar e vejo uma pessoa... que tinha acabado de aparecer. Não eram os 20 segundos de ausência que iam fazer o cliente desesperar por atendimento. E não é como se tivesse saído do meu posto deixando o bar vazio. Estavam lá outros três a desempenhar a mesma função que eu. Só que no momento estavam ocupados com a simples tarefa de posicionar stock nas prateleiras. Ora, isso nunca foi prioritário sobre o atendimento aos clientes. Se ao menos fossem muitos, mas não, apareceu só um que a outra, oportunamente, tratou de usar como pretexto para me apontar um dedo acusativo.

Fui ensinada que se largam essas tarefas menores para dar prioridade a clientes. E fui tratada e destratada para assim o fazer. Esperava que outros mostrassem a mesma prioridade, principalmente numa manhã quase sem clientela. Existiram ocasiões diversas em que vi clientes à espera por mais de 5 minutos, e isso fez-me muita impressão. Porque percebia que as pessoas a trabalhar no bar não estavam tão atarefadas assim nem eram em tão pouco número para levarem tanto tempo a ir para outro cliente. Nessas vezes pergunto-me onde estão as pessoas que supostamente deviam «ver» estes assuntos.  

São estas pequenas coisas mesquinhas que me sugam o prazer no trabalho. 
As mesquinhices, as implicâncias, o se «enturmarem» para destruir um colega em particular...


Outra coisa que me deixa com os nervos à flor-da-pele é estarem todos à entrada do bar na conversa ou a fazer alguma coisa que escusavam de estar a fazer ali, quando eu preciso estar sempre a entrar e a sair por aquela estreita passagem. É o meu trabalho -quando não estou no bar, estou nas mesas, e isso implica ir e voltar constantemente. E ter ali naquele pequeno espaço três cus a barrar-me a passagem, cus que não se mexem nem se desviam, é desesperante. Até ultrajante, porque é falta de boa educação estar no meio do caminho e não ter a cortesia de se desviar. 

Sabem o que me disse uma portuguesa uma vez? Que eu devia pedir licença
Pedir licença para passar... numa passagem. Ora, se fosse a fazer isso sempre que preciso passar para ter acesso onde preciso de ir por ser essa a minha função (a delas é estar atrás do bar não estar paradas a bloquear uma passagem) precisava de andar sempre com uma garrafa de água conectada à minha boca, porque a garganta ia ficar seca e ressequida de tanto constatar o obvio. 

Noutro dia estava eu a trabalhar às mesas, fazendo um trabalho espetacular, sozinha, e estão três paradas naquela passagem, a tirar embalagens de maionese dentro de caixas. Juro que para tirar 6 embalagens dentro de duas de cartão, elas estavam a demorar uma ETERNIDADE. Era mais conversa que trabalho. As embalagens eram só um pretexto para a cavaqueira e nem eram precisas três pessoas para lidar com uma dúzia de frascos com maionese... Já uma assistência às mesas seria bem mais preciosa. Mas isso é trabalho duro, suja as mãos... vão todas a correr para as embalagens.

Nisto aparece a chefe daquilo tudo. Que ali precisa de entrar, tendo de passar pela mesma passagem estreita. E ela diz: "Pessoal, não estejam todos aqui concentrados. Fica mal, não é preciso tanta gente para arrumar isso". E como é a chefe, eles dissiparam...

Eu balbuciei: "Obrigado!".


Outra coisa que me vinha a aborrecer no emprego é a atitude de uma colega muito conversadora, que tem sempre histórias para contar e que vinha ter comigo, empatando-me o serviço, para falar mal da C., dizendo-me que já estava pelos cabelos com ela, que lá por ser velha, não significa que tenha de aturar as suas coisas e que a C. queria fazer queixa dela. Passada uma hora, lá vinha ela novamente falar mal da C. aos meus ouvidos, chamando-a não pelo nome, mas pelo termo «aquela velha».

Num destes dias, a C. implicou comigo e eu fiquei aborrecida, fazendo um pequeno desabafo com a tal colega que fala muito. Entendi o seu desinteresse e o seu afastamento. Mas o que melhor percebi foi que, depois do meu desabafo, ela mudou de atitude com a C., tentando estabelecer conversas da treta e fazendo desabafos de forma simpática. 

No final do expediente, ela, a C. velha que tanto ódio lhe despertava nos últimos dias, mais uma sub-chefe, esperavam todas umas pelas outras para irem juntas apanhar o transporte, como se fossem todas mui amigas. 

Rapidamente entendi que ela é «dessas» que está de mal com alguém só à espera que apareça outra pessoa com uma questão idêntica, para subitamente dar uma volta de 180º e virar «amiguinha» da «inimiga». Uma espécie de gente muito perigosa - mais ainda quando no corpo de uma jovem de 18 anos com cara de anjo barroco. 


E ontem, pouco antes de terminar, a C. chamou-me à parte para me dar uma reprimenda. E no final disse-me que «consultou a chefe antes de ter ido falar comigo». O que pode não parecer, mas é grave. É um sinal de alerta vermelho. Quem precisa de sentir as «costas quentes» antes de aprontar não é boa coisa...

A minha sorte é que, ao fazê-lo, ela fez-o na presença de outras pessoas, julgando-se a salvo de repreensão por estar com a «razão», segundo lhe disse a sub-chefe. Uma dessas pessoas que assistiu à cena foi um chefe acima da sub-chefe (aquilo é só chefes) que está poucas vezes ali mas que me chamou à parte para procurar entender o que se tinha passado. Eu expliquei o pequeno erro que cometi, por desconhecer que se cobrava mais 20 centimos quando se despeja mais água num copo...  E foi esse chefe que se surpreendeu por a reprimenda exceder o motivo e me disse que os modos como ela me falou foram muito agressivos e que não havia motivos para tal. Afirmou que, ao invés de me explicar onde estava o erro, tratou-me com agressividade nazista - palavras dele. 

É pena que entre tantos, ele seja um líder, que explica e comunica e os outros mais tiranos que acusam e apontam dedos.

Bom, o meu mal é que eu tolero este tipo de tratamento. Já aqui o disse. Por isso é que os bullies têm terreno fértil comigo... Eu tolero, tolero, desculpo, desculpo... Mas não sou conivente. Não repito, não os imito. 

São estas mesquinhices que me dão vontade de procurar outra «turma». Não é o trabalho em si nem são os clientes - que continuo a dizer que são a melhor parte do todo. São os colegas. Os incompetentes, os mesquinhos, os implicantes, os que têm a mania, os agressivos, os mal educados, os «queixinhas», etc.

Depois há uns poucos que valem a pena - mas são cada vez menos.


 PS: como o texto deste post é longo decidi quebrar a monotonia com ilustrações de imagens bonitas :)