sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A pior parte desta sexta-feira

Andam todos doidos quando chega a sexta-feira.

O trânsito é de loucos, as pessoas a barafustar, filas de gente por todos os lugares, confusão, impaciência, correrias, atraso dos transportes, buzinadelas, acidentes... ai! Que sexta!

Mas de tudo o que aconteceu hoje, sexta-feira, se calhar o que mais me aborreceu nem foram as partes piores. Vejamos:

1- Hoje tive de correr para conseguir chegar até à paragem da camioneta em 15 minutos, para não a perder. Fiquei ofegante, pés doridos e pernas também. Faz parte. Nem me queixo das subidas mais acentuadas, aquelas que só os carros sobem bem (e a que velocidade, diga-se de passagem!). Estes ignoram o esforço que eu, peão sem passeio, faço para subir e, passam por mim num "zás!". Já está e já vão longe. Mas tudo bem... é assim mesmo. Não foi esta a pior parte desta sexta-feira.

2- Não me aborreceu ter feito este esforço apressado durante 15 minutos, para depois a camioneta chegar 20 minutos atrasada. Não foi isto o pior desta sexta feira.

3- Tanto tempo de espera e corri o risco de não conseguir entrar. Vinha tão cheia, que o motorista só abriu a porta quando vagaram lugares. Felismente consegui entrar e, sentei-me no único lugar livre que não tinha no banco ao lado homens de olhos esbugalhados. Assim que tentei respirar tranquila, percebi que estava numa sauna. A camioneta não tem circulação de ar. Este estava pesado e quente. Todos os vidros estavam embaciados, sendo impossível olhar para fora. Na minha testa começou a formar-se gotas de suor. Mas tudo bem. Foram 25 minutos de viagem, com o agravante do casal que estava ao lado ajudar à consumação de mais oxigênio, ao entregarem-se a cenas amorosas com grande barulho e entusiasmo. Mas não foi isto o pior desta sexta-feira.

4- Nem tão pouco foi o facto que podia ter ido de boleia com um colega e já lá estar, tranquila e serena... não. Ter perdido esta oportunidade não foi o pior desta sexta-feira.

5- Saída daquela sauna, caminhei mais uns minutos até chegar à paragem de autocarro da carris e encontrei-a tão cheia de gente, que contei as cabeças: 30 pessoas. Não, não foi esta a pior parte desta sexta-feira.
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6- Esperei 10 minutos até que apareceu o autocarro. Não, não foi esta a pior parte desta sexta-feira.


7- O autocarro, vá lá uma pessoa espantar-se, vinha... cheio! Tão cheio, que todos temeram não conseguir entrar. Mas lá se conseguiu, e por ordem. Enquanto tentava segurar-me no único varão disponível, o horizontal por cima da cabeça - demasiado alto para uma pessoa da minha estatura conseguir equilibrar-se, a pessoa atrás de mim (uma jovem) barafustou que havia espaço adiante e começou a dizer para abrirem espaço para passar e que concerteza haveriam lugares vagos (pois sim!). Avancei e logo encontrei um lugar que, não sendo lugar, sempre me serve perfeitamente: a trave onde se coloca a bagagem. Além de ir sentada e não sentir tanto os abanões nem ficar tanto com os pés a doer, tem a vantagem de não me colocar no meio da passagem e vulnerável aos empurrões das pessoas que circulam. Sentei-me e fui logo ultrapassada pela jovem adulta que, com algum ciúme, observou que eu havia conseguido sentar-me. "Pois, já está"! - disse ela enquanto avançava por entre as pessoas de pé, rumo à imperceptível traseira do autocarro, irritada, por não estar sentada. Pisou-me, mas não me importei. Custou mais a 2ª e 3ª pisadela, feita por um casal que entrou logo a barafustar e a empurrar as pessoas. Gente bem vestida, mas muito mal educada! Avançou sem se importar em pisar... mas não foi esta, a pior parte desta sexta-feira.


8- Viagem morosa e, finalmente, UMA HORA E 45 MINUTOS depois de ter começado a dirigir-me para casa, subindo apressadamente aquelas estradas cinuosas em 15 minutos, estava a poucos minutos de distância. Só tinha ainda de atravessar mais duas estradas duplas, de algum movimento, mas com semáforos. Atravessei a estrada porque estava livre de trânsito, e é aí que um carro surge rapidamente na curva na rotunda. Já fiz mais de metade do percurso da estrada e acelero o passo mas não desato a correr. Já chega de correr por hoje! O carro também deve desacelerar, mas não o faz. Acho até que acelera. Ao passar por mim, sempre depois de passar pelo peão (os cobardes!) buzinam. BUZINAM! Este condutor cu-tremido, que devia vir a metros de distância, ainda noutra estrada, quando iniciei a minha marcha para atravessar aquela, ainda tem o displante de BUZINAR! Esta foi a pior parte desta sexta-feira!


9- Não foi nada pelo que passei antes. Nem foi a estrada seguinte, comigo no separador entre as passadeiras, parada a ver se o carro que faz a curva no cruzamento vai parar para me dar passagem, ou vai passar por cima de mim se iniciar a marcha sem perceber qual a sua intenção. Não foi o facto deste me ver e avançar sem me dar passagem e logo de seguida enfiar-se numa rua e estacionar, que me aborrece.

O pior desta sexta-feira foi mesmo aquela buzinadela. Acho que algumas pessoas que só sabem se deslocar de carro, são totalmente insensíveis àquelas que não o fazem. São insensíveis com os peões, insensíveis para com quem vai em marcha, insensíveis na sua condução, e mal-educados e cobardolas, por só saberem buzinar depois, quando a pessoa não vai a tempo de reclamar.


São os "cus-tremidos", porque o único movimento que fazem para andar é feito com o rabinho sentado diante do volante.


Já vivi uma situação caricata. Ia a atravessar na passadeira e só avanço quando percebo que o carro que se aproxima me viu e desacelera a marcha, dando-me passagem. É sabifo que ele deve parar totalmente e só então o peão deve iniciar marcha. Mas como se sabe, o condutor aborrece-se por ter de puxar pelo travão, pelo que, o costume é desacelerar e esperar que o peão passe para voltar a "dar gás" no acelerador. Muitas vezes, o peão desata a correr ou avança apressadamente e ainda agradece, facilitando a vida ao condutor, que, assim, não se incomoda pelos 2 segundos de tempo perdido para dar prioridade ao peão. Mas como dizia, avancei pela passadeira, com o carro parado a me dar passagem. Quando ultrapasso esse carro, espreito para ver se mais algum aí vem e, quando avanço, surge derepente um que vinha todo lançado na faixa da direita e, ao ver dois carros parados (porque eu atravessava a passadeira), decide mudar bruscamente de direcção e ultrapassá-los pela esquerda. Recuo os passos que tinha avançado e este faz uma travagem apressada e põe-se a gritar dentro do carro. Calmamente aproximo-me e tento falar com ele. Com calma, expliquei-lhe que estava a atravessar a passadeira e que teria atropelado-me se não tivesse recuado. Mas ele estava zangado, comigo, porque eu recuei, porque eu "apareci" na frente dele. Então perguntei-lhe o que é que ele achava que os outros carros estavam ali parados a fazer? Não fui rude, não gritei, posicionei-me de modo aos outros condutores poderem seguir marcha e acabei por continuar a minha, deixando o outro condutor seguir sem lhe dizer nada.


É este o tipo de condutor que não me agrada. O mal educado, o mal acostumado, o que coloca a vida de outros em perigo e se acha com razão. O que vê os peões como um "incómodo" que lhe atrapalha a vida e que fazem deles alvos fáceis de atropelar.


Quem conduz tem de se mentalizar de uma coisa: o que tem nas mãos é uma arma. Um carro, mal manuseado, mata. E ñão é preciso muito para um desfecho definitivo, trágico e irreparável como este. Querem mesmo correr esse risco por causa de 2 segundos??

2 segundos, ou apenas um. É o que basta para mudar a vida de uma pessoa para sempre. Ou acabar com ela.

Às vezes apetece-me ter no bolso uma bozina portátil, daquelas que se usam nos jogos de futebol. Só para poder responder na mesma moeda àqueles que se escondem cobardemente atrás de uma buzina...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Descriminação e Oprah

Somos alvo de descriminação de tantas formas num só dia, que a forma natural que temos para não nos incomodar-mos com isso, é nem darmos por elas ou recebe-las como um comentário irónico e inocente. Ultimamente, tenho percebido qual a forma de descriminação que me incomoda e da qual estou a ser vítima. Como disse, incomoda-me e não gosto.
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O que me incomoda mais ainda, é a mediocridade que sobressái desse preconceito. A pobreza de alma e de espírito, de quem procura qualquer coisa para dizer mal ou mandar abaixo outrém. Se eu não o faço, não é difícil não seguir esse viciante caminho de apontar aspectos negativos dos outros com rapidez e julgamento. Pontos positivos, esses as pessoas nunca falam.
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Incomoda-me a mediocridade e a ignorância. A ignorância de não saberem que estão diante de uma virtude, que classificam como defeito.
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No meu caso é simples: comecei a perceber, pela boca de uma "amiga", que me fez comentários e me adjectivou de ser uma pessoa "calma, paradinha", "mais paradinha que eu não existe". Perguntei-lhe porquê disse aquilo, em quê se baseava. Não soube ser precisa. Apenas me disse que o era, perguntei-lhe se se referia há forma de estar ela disse "e não só" e nesta conversa, senti que me rebaixava por esta característica. Logo quem! Mas isso explicarei adiante.
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Levei aquilo a peito por alguns motivos. Primeiro, por estarem a transformar uma característica pessoal, adquirida graças ao meu fundo nobre, que da necessidade de arranjar tranquilidade no meio de uma infância de conflicto e dor, aprendeu a ficar calma e racional ao invés de despejar a ira em cima dos outros. Uma grande virtude, mesmo grande, dadas as circunstâncias.
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Depois porque pegou nesta característica com um tom perjurativo e estendeu-o implicitamente à forma de trabalhar quando, quanto a isso, tenho a certeza absoluta que sou dinâmica e rápida, mais ainda em situações de stress. Oiço-os a gritar e barafustar diante da pressão e eu sou aquela que também a sente mas ao invés de barafustar, faço mais que isso: trabalho e ajudo os outros a trabalhar melhor. Dou tudo de mim e reduzo o tempo que levaria a fazer a tarefa sem lhe retirar qualidade e valor, ajudando nisto os outros através do diálogo e da prestatividade.
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E tudo o que vêm em mim é moleza?
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Levei aquilo a peito sim. Sou uma guerreira, que não precisa de vestir armadura e dar gritos de guerra para se mostrar. Levei a peito ainda por outras razões. Estas ligadas com a saúde, com o organismo. E aqui trago a apresentadora americana Oprah à conversa. Tudo porque li hoje na imprensa algo com que posso me identificar muito bem: as consequências do hipertiroidismo "passando", como diz o artigo, pelo hipotiroidismo. Ou seja: também eu tenho aqueles sintomas de cansaço, apatia, e sou gorda sem conseguir perder peso. Isto dura há mais de 10 anos. Agora imaginem isto e saibam que sou uma pessoa que gosta de estar activa. Que todos os dias caminho para o emprego, numa caminhada de subidas e descidas que totalizam 40 minutos. Inclinações de 45º, ruas que subo cada vez melhor, mas sempre com a limitada energia que a condição do hipertiróidismo e a anemia me atribuem. Ou seja: sou um automóvel com pouca gasolina que chega à mesma ao lugar. Dá para entender?
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Então por tudo isto, considero-me ainda mais heróica. Porque quem me criticou, no caso, é uma pessoa que não anda a pé, só de carro, que é magra, que fez análises a tudo e mais alguma coisa e tem a saúde perfeita, que é muito indecisa e incapaz de tomar uma decisão até no supermercado, sobre se leva ou não leva uma sandes de presunto ou uma sandes de fiambre. Uma pessoa que trabalha diante de um computador utilizando a aplicação com alguma lentidão em alturas em que a pressa urge. O que faz bem é falar ao telefone e planear saídas nocturnas com diversos conhecidos.
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Posso dar o aspecto de ser "paradinha", mas vejam lá se sabem distinguir as diferenças entre o SER e o PARECER. É que a forma como encaro e levo a vida não é nada parada. Se fosse, não me submetia todos os dias a ir a pé para os locais, a viajar de transportes, a adiar consultas médicas para que o trabalho apareça feito a tempo de o passar a outros. E faço tudo com a desvantagem da minha condição física não ser igual à das pessoas 100% saudáveis. Eu posso não exteriorizar uma ferida ou machucado, mas sofro de uma condição física que mexe com as hormonas que estão encarregues de todas as funções do corpo, segundo entendi. Sou "escrava" delas, não as controlo. Elas é que me controlam a mim. E ainda assim, não me submeto e faço por continuar a ter o dinamismo que caracteriza a minha forma de ser. Ainda que não sobressaia, as acções o demonstram. Há mais de 10 anos que estou à mercê desta condição e estou cansada de me sentir cansada. A medicação ajuda, mas não irradica. Se dúvidas existissem, basta ver o meu cabelo cair e cair aos molhos, ao longo dos anos, com uma frequência que denuncia o problema. Esse mal não parece atingir Oprah ainda, que bom para ela. Para uma pessoa sem vaidade mas que agora percebe que tinha um cabelo lindo e farto, a farripa que me resta deixa-me desgostosa. Já não posso perder mais. Se continuar a este ritmo, começará já a aparecer calvice. A roupa que comprei há alguns meses está mais apertada ou então já não serve mais. No entanto, faço mais exercício, alimento-me muito melhor e estou a seguir a medicação.
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É muito redutor, esta redução de tudo aquilo que sou por algo que não posso controlar mas à qual não me entrego e enfrento. É como ser velho e ser descriminado por ter idade, ou ser paralítico e acharem que se é morto cerebral por isso. É um julgamento de fora para dentro, como quase todos são, e uma pura estupidez!

sábado, 13 de dezembro de 2008

O Jorge Gabriel devia ter vergonha, e a Bárbara Guimarães também!


Há duas semanas estava decidida a abrir um post sobre esta assunto que adiante vou expôr. O título ia ser: "O Jorge Gabriel devia ter vergonha!" E continuaria com a frase: "em fazer publicidade ao Millennium". Aquele banco, é tudo menos amigo dos seus clientes. Das poucas vezes que lá fui, lidei com um atendimento seco e agressivo. A última vez até perdi a palavra. A agressividade desnecessária, gratuita, a dissimulação da simpatia forçada... que banco HORRÍVEL!!
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Como pode o Jorge Gabriel, que cultiva diante do público uma imagem simpática, promover tal serviço enganoso? Afinal, há uma imagem pública a zelar! Não podem promover um serviço que nada tem a ver com a sua imagem ou a ver com o que estão a querer passar. O dinheiro não deve falar sempre tão mais alto.

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Mas falou, para a Bárbara Guimarães. Que é quem agora dá a cara para a promoção desta instituição bancária. Passa na Tv constantemente o anúncio dela, a cantarolar, num barco. Acho que é um presságio que avisa que, quem se enfiar neste barco, afunda! Não devem tardar os cartazes de outdoor.

Meus parabéns a todos aqueles, se for o caso, se recusaram a promover com a sua imagem este banco. Seja porque razão fôr, não é, de facto, um banco que receba simpatia pública. É a opinião de todos a quem perguntei e as opiniões que registei ao longo de anos, sem estar a fazer por isso.

Não conheço quem goste. Não conheço quem esteja satisfeito. E sinceramente, eu também não. Nunca estive tão segura numa coisa. Não quero conta no Millennium BCP.


Os Bancos são como os chapéus na altura do Vasco Santana: há muitos! E não quero algo feito na China em estilo de contrabando, quando posso comprar o nacional, que é bom!


A generosidade da doação

Noutro dia, á semelhança do que fazem quase todos os portugueses nesta altura do ano, andei a ver montras num grande centro comercial. É então que sou barrada por uma senhora antes mesmo de sair do interior de uma loja. Aborda-me, quase como que me cerca. Quer algo de mim. Escuto-a sem ser indelicada, mas quando dou a conhecer a minha falta de disponibilidade para ali ficar, ela insiste. Explica-me que está a angariar contributos para duas associações de ajuda a pessoas e crianças necessitadas e que me basta comprar uns lápis de cor ou uns cadernos de desenhos para contribuir. Volto a dizer-lhe que naquele momento não dá. Quero ir embora, sem lhe virar as costas, mas ela não dá a conversa por interrompida e insiste. Acabo por lhe confessar coisas da minha vida que não tinha nada que saber. Entre explicar-lhe que considero esta a pior altura do ano para solicitar contributos monetários, até lhe dizer que sou abordada várias vezes por dia por pessoas com a mesma intenção, até lhe confessar que não tenho dinheiro para disponibilizar a ninguém, nem mesmo os 5 euros que ela tão insistentemente afirmou não ser nada. É que, para muitas pessoas, 5 euros é muito. E é isso que não entendem.
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O processo de doações organizado pelas entidades, está muito burocratizado e incorrecto, para prejuízo de quem necessita de ajuda. Se antes pediam qualquer contribuição, carregando uma caixinha pendurada ao pescoço, com uma ranhura para a entrada de moedas ou notas, hoje já não é assim. Fazem como o MacDonalds: têm um produto de plástico qualquer, sem interesse ou valor, contribuindo para o aumento de produtos inúteis destinados ao lixo, e pedem uma quantia FIXA de contribuição. A GENEROSIDADE alhei tem, agora, de responder a uma TABELA.
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Mesmo que quisesse deixar ali 0.50 cêntimos, para ajudar, não podia. Tinha que disponibilizar o valor por eles afixado, imposto e representado pela presença daqueles artigos inúteis. Mas esse valor, meus caros, é ELEVADO para mim. E concerteza, é também este o caso de muitos. Sei que alguns dizem ou pensam que 5 euros «não é nada». Como disse a senhora, é tão «pouco», que já não dão para comprar leite e pão. Pois é. Pode não dar. E o problema é mesmo esse. A moeda desvalorizou, mas os salários não aumentaram. Pelo que, esses 5 euros podem não fazer diferença a alguns (sortudos...) mas a outros, representa uma ou duas refeições que deixam de fazer, ou um outro bilhete de transporte que não compra e vai a pé, ou mais um acréscimo a uma dívida...
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As instituições entraram no mercado capitalista. Associam-se a grandes grupos económicos para, na compra de Cds que não interessam a ninguém, vender. E só se pensa em lucro. Estes grupos económicos, são os primeiros a ganhar (e bem). Em troca de um cd da "Leopoldina" ou da "Hipopotama" ou outro animal qualquer, o valor que é dado não reverte a 100% para a instituição. Há a comissão, à unidade, para a entidade que cede o espaço, para a entidade que faz o cd, para a entidade que distribuí o cd... e isto é outro aspecto que não me agrada. Andar a enriquecer AINDA MAIS os que já são ricos. E estes, desculpem mas é assim que penso, APROVEITAM-SE da NECESSIDADE dos carentes/doentes par LUCRAR em cima disso. Que generosidade!
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Para quê vou eu comprar um cd por 3 euros? Prefiro dar os 3 euros directamente a quem deles precise. Será que me faço entender?
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É claro que, tem o lado da comodidade e da invisibilidade. Comprar um cd num supermercado, não te dá trabalho, não te obriga a deslocar a nenhum lugar, e aumenta a percentagem de pessoas que fazem donativos, visto que, muitas vezes, o dia-a-dia, a rotina, não nos faz ir bater á porta de instituições de caridade com facilidade. Sim, são estas que têm de vir nos abordar. Mas CALMA!...
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Ou tenham atenção ao escalão-tipo de pessoa que querem abordar. Concerteza, grande parte daqueles que podem dar 5 ou mais euros sem grandes preocupações, rapidamente esticam o braço para alcançar num expositor um cd. E de grão a grão, enche assim a galinha o papo. Mas também se aplica o mesmo conceito à doação tradicional. Que o digam aqueles que pedem no metro. Invisuais (ou não), crianças que tocam um instrumento musical ou não, que entram de carruagem em carruagem a solicitar ajuda monetária e, em apenas uma hora, amealham várias moedinhas que, de carruagem em carruagem, só fazem é barulho ao cair.
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Sou uma pessoa generosa. Pelo menos assim me considero. Não faço tudo o que posso pelos outros (ninguém faz), mas também não faço parte dos muitos que aí andam que só pensam em si mesmos. Já fiquei com fome para que outras pessoas pudessem comer. Já dei a uma idosa na rua, a última nota que guardava no bolso e estava desempregada e sem dinheiro. Não que isto me faça sentir especial, mas cá está: vejo a carência, é palpável, sei (ou penso que sei) que, pelo menos naquele dia, aquela pessoa tem como comer alguma coisa ou comprar um medicamento. Posso ser enganada - acho até que já fui, num caso de uma pessoa que me veio bater à porta com uma história muito triste envolvendo um filho e há qual dei todo o dinheiro que consegui colocar de lado para comprar os presentes de natal. Provavelmente, serviram para comprar droga. Ou talvez não. É um risco que se corre neste tipo de doação. Mas é um risco como outro qualquer.
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Nesse dia em que fui ao centro comercial, as abordagens para contribuir com dinheiro para alguma coisa não cessaram de surgir. Caminho depressa, porque sempre tenho pressa para chegar rapidamente a algum lugar, e faço-o a pé ou de transportes. Mesmo assim, ainda conseguem abordar-me. Logo que saí desse centro comercial, uma rapariga coloca-me nas mãos um almanaque, preparando-se de seguida para me cobrar o valor do custo. Devolvo-lhe o papel e continuo a caminhada. Aí o telemóvel, que está há um mês sem dinheiro, dá aviso que recebi uma mensagem. Vou ver: é a empresa de telemóvel a solicitar um SMS para doar dinheiro há UNICEF. Chego ao local de trabalho, e tenho mais uma meia dúzia de outras instituições e associações a solicitar donativos para algo: crianças com paralesia cerebral, ajuda de mãe, mulheres com cancro da mamã, jovens grávidas adolescentes etc...
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E penso: será que toda esta MASSIFIDADE e exagero, aliada há abordagem por vezes invasiva para conduzir o indivíduo à doação, não vai ser um tiro que faz ricochete?
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Isto é como tudo: quando é demais, deixa de ser ver. Torna-se invisível. E um dia, quando se falar de todos estes males que afligem tanta gente, não se pensa mais nas pessoas, nem na dor e no sofrimento. Só no incómodo que é ser sempreabordado com pedidos de donativos em valores fixos de dinheiro, para tudo e mais alguma coisa. De facto, se formos a dar a todos, não nos sobraria muito para aguentar um mês... nem uns dias.
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Gosto de dar. Mas ao meu ritmo, sem assédio ou pressão. Gosto de dar o que tenho, talvez até um pouco do que não tenho mas não faz mal... gosto de dar novo uso ás coisas, gosto de reciclar, gosto de dar de mim a quem precisa. Existem muitas formas de dar.

sábado, 15 de novembro de 2008

A todos os Alfacinhas

Este blog começou como um desabafo, dirigido a todos e assinado por Portuguesinha, cidadã residente na capital. Quem quisesse colaborar, bastava comentar os posts e relatar o seu caso.
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O que vai mal com o país?
Que injustiça sofreu?
Qual o seu grito?
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Não faltaram abordagens interessantes para os desabafos portugueses. Foi então que surgiu um novo colaborador, também ele alfacinha. Os textos passaram a ser assinados ora por Portuguesinha, ora por Alfacinha de Portugal.
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Agora abro o leque. Quem quiser participar com textos de sua autoria neste blogue, pode fazê-lo. O único requisito, apenas por uma questão de coincidência inicial, é ser alfacinha. Quero o desabafo de todos, através de comentários, mas os posts somente da autoria de quem vive nesta cidade. As experiências de cá viver, as mágoas, armaguras, tristezas mas também alegrias, cor, luz, tudo desta cidade banhada pelas águas do Tejo.
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O que tem a fazer é solicitar a intenção de se tornar um autor(a) neste blog, através do email: aquisegrita @ gmail . com.
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Arrange um cognome criativo envolvendo Lisboa e será adicionado como colaborador e, a partir daí, pode escrever o seu GRITO.
Espero que sejamos muitos a gritar.
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Atenciosamente,
Portuguesinha e
Alfacinha de Portugal

sábado, 1 de novembro de 2008

Caiem que nem moscas

Cada vez percebo o quanto vivi a premonição dos tempos que estavam para vir. E já cá estão.

Vi nas notícias que o serviço informático do 112 de Lisboa tem problemas. E, como resultado, as pessoas caiem que nem moscas mortas.

Espero que alguém, responsável ou não, esteje a contabilizar em quantos já vão. Quantas pessoas, não só nesta cidade, a capital, mas no país, morreram por falta de assistência médica, ou em consequência dela?

Começo a contar "1", com o caso que vivi... foi uma consequência directa de uma outra acção que conduziu ao desfecho fatal. Desde então, desde há 2 anos, tem crescido na Comunicação Social o relato do quanto as coisas vão mal.

E é sabê-los, a cair que nem moscas, em casa, durante a missa de Domingo na Igreja e por todo o lado. Caiem, precisam de socorro, e morrem a precisar.

É assim que temos o país.
Alguém os conte, por favor. Estas pessoas merecem ser lembradas como as primeiras vítimas de um sistema que vira as costas à luta pela vida.

A toda a altura, morrem pessoas ora devido à ineficácia do sistema em apanhar assassinos, ora por erros informáticos, ou as burocracias levam a que se deixem pessoas morrer. E depois são todos puritanos com a eutanásia e tal....

Grande defesa à vida!

TMN

Sempre que preciso obter uma informação, do mais simples até, da TMN, é uma carga de trabalhos, uma perca de tempo, uma série de contradições, más informações, maus serviços e ausência de comunicação.

Estive agora 10 minutos a fazer ligação para o 1696. Lá apanho com aquela treta da voz automática, que fala sem parar, a divulgar promoções que não me interessam, sobe um fundo musical ruídoso, numa voz que come palavras. Já de si uma agressão! Após perder mais que um precioso minuto a ouvir aquela tanga, aquela que quero, a de "falar com um operador", nada de aparecer. No final de três repetições desta agressiva voz automática, desligam a chamada.

Tudo bem... eu até ia pessoalmente a uma loja TMN resolver a questão. Mas a que tinha aqui na zona fechou à mais de um mês, com promessa de voltar, e onde anda ela?

E assim, os assuntos são adiados. Porque a TMN é a empresa mais fechada para o cliente que conheço.

Após estas tentativas vãs de obter respostas e estabelecer uma comunicação (TMN - empresa de comunicações. Ha,ha,ha,ha!!!), já estou a falar sozinha, a insultar a imbecilidade e convicta de que vou mudar de operador.

Pois não vou esperar mais. É já para este Natal. Nada melhor que mudar de rede! Aproveito para oferecer também aos meus familiares, para que possamos comunicar dentro da mesma rede. ADEUS TMN! Já vais tarde... Há 10 anos que te aturo e quero o divórcio já!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Funerária



Vou confessar uma coisa. Gostava de ter visto como a agência funerária procedeu à preparação do corpo de um familiar que foi cremado.

Na altura estava naturalmente abalada. Seria uma experiência emocional forte e banhada a lágrimas. Mas ainda assim, se tal possibilidade fosse criada e a morte não fosse este enorme tabu, gostava de ter estado presente. Sinto que é algo que cabe a alguém da família fazer.

Não saber o que lhe fizeram ainda me assombra. Temo que tenham agido de forma ilícita. Afinal, podem fazê-lo. Não existe ninguém a vigiá-los. Recordo achar estranha a forma que o corpo assumiu no caixão. Algo pareceu não estar bem. Principalmente as pernas. Duas coisas finas e baixas que mal se viam debaixo do tampo que as cobria, mas que estranhei.

Foi o primeiro vislumbre de um corpo sem vida. Não sabia como ia reagir. Sou forte. Principalmente quando é preciso. Nas outras ocasiões, sou mole como uma trouxa de ovos. Então, quando o vi, soube apenas isto: “este não é ele!”.

Uma certeza absoluta e forte. Que me fez acreditar ainda mais na teoria do espírito ser o que somos, e o corpo apenas o invólucro. Sem espírito, aquele corpo que me habituei a ver com vida durante 30 anos, era uma casca sem nada.

Ainda assim, é uma casca que merece o direito de ser extinta conforme o desejo do seu antigo ocupante, ou familiares. O que me garante esse tipo de ética por parte da empresa funerária?

Nos tempos que se vivem, são cada vez em maior número os relatos de casos macabros de roubo de partes de cadáveres. Os restos humanos são um negócio que, por detrás do visível (despesas de caixão, de enterro, de tudo o mais) tem um lucro ainda maior por detrás do que não se vê. E quem, num funeral de um ente querido, vai-se pôr a verificar se o corpo não sofreu qualquer acção desnecessária?

Então temo isso…
O retirar de ossos, as pernas partidas ou inexistentes, tecidos e sei lá mais o quê… cada vez mais só se pensa em lucrar a troco de nada, e nesta área da morte, o terreno é fértil.
Cada vez mais, o ser humano é tratado da mesma forma como uma vaca ou qualquer outro animal no matadouro: tudo se aproveita. As peles, as unhas, as pestanas… não existem desperdícios.

Quem me garante que ao enterrar os nossos, não passaram já eles por um processo semelhante?

Sei que existem procedimentos necessários, de modo a conservar o corpo para aguentar o velório. Não sei mesmo quanto tempo pode ele aguentar, desde que sai da arca frigorífica para ser velado a amigos e familiares, até ter de ser coberto e enterrado/cremado por entrar em decomposição.

Será que ainda se retira todo o sangue das veias e se enche de líquido embalsamador? Será que se dão a esse trabalho e despesas, quando dali a poucas horas o corpo vai virar cinzas e não resta nenhum vestígio de coisa alguma para comprovar seja o que fôr?
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É o crime perfeito?

No hospital onde faleceu, perguntaram-nos se queríamos fazer uma autópsia. A resposta foi Não. A pessoa não ouviu, não quis ouvir, ou está instruída para agir de modo a incentivar a realização de autópsias, pois continuou a falar como se a resposta tivesse sido positiva. Disse que o corpo «ia para autópsia», e foi corrigida. Lembraram-na que a autópsia não tinha sido solicitada.

Será que, mesmo assim, realizaram-na à mesma? Será que já saiu esquartejado dali para a funerária?

De vez em quando, estas ideias vêm fazer-me uma visita. Assim foi hoje, e por isso escrevo sobre este assunto.

Certificar-nos que as coisas correm como desejadas, nada mais é que honrar a memória dos que partiram.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O dia em que me apeteceu comer fígado



O desejo de comer fígado surpreendeu-me. Passava pela área das carnes no supermercado e aquela textura escura, brilhante e viscosa despertou-me o desejo.



Isto é deveras surpreendente, pois vejamos os factos:

1) Detestei sempre fígado.
2) Estava enjoada de carne.


Em menina, obrigavam-me a comê-lo. A experiência não podia ser mais insuportável. Só o cheiro que ficava pela casa era suficiente para me afastar. Abominava-o. E colocar aquilo na boca, o sabor, brrr..... não conseguia. Fiz de tudo para me descartar de cada pedaço que me obrigavam a engolir. Fingia engolir, escondia no puré, ia ao wc cuspir na sanita. Porque me obrigavam a comer aquilo? Não gostava!

Cresci e não mais fui obrigada a comer isto. Nem remotamente estava no cardápio. Para mim não existia, não era opção. E então, uma ida ao supermercado e um vislumbre ocasional, mudou tudo.
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Muitas vezes fiquei a pensar neste acontecimento. Como é possível, detestava tanto, até o cheiro daquilo, e algo no meu organismo desejou décadas volvidas, consumir aquele pedaço de carne. O cheiro virou perfume, o sabor delicioso, a textura adorável. Senti-me revigorada após devorar o fígado. O meu único receio era pensar nas doenças como a BSE e como é desanconcelhável consumir os órgãos internos de um animal. Hã... mas porquê não haviam essas preocupações quando era miúda?
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Andavam as aves com gripe, as galinhas com febre, os peixes com mercúrio, as vacas loucas e nada parecia ser seguro. E eu a consumir fígado, com gosto, quando sempre o detestei. Porquê?
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Mais tarde descobri sofrer de anemia. E descobri também que o fígado é rico em ferro, um nutriente que, no caso, tenho em carência. Para mim ficou explicado! E passei a admirar ainda mais esta máquina surpreendente que é o corpo humano. Como soube ele o que comer? Como, volvidos anos e anos, nunca mais tendo degustado aquilo, soube ele que era o que precisava comer?
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O Corpo Humano é espantoso.
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Por isso, deixem as grávidas ter os seus desejos e comam o que vos apetece. O organismo lá sabe o que diz... escutem. Pena que ás vezes fala chinês e não entendemos.
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Quando passei a gostar de fígado, passei também a sentir saudades de outros cheiros de cozinha que me perturbavam na infância. O cheiro da comida dada ao cão, por exemplo. Os chamados «miúdos» de frango. Ainda não sei bem em que consistem, mas o animal consumia daquilo aos quilos. Era só para ele. Era alimento de cão, não de pessoas.
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Agora invejo-o tanto! Cheguei, inclusive, a desejar o prato que estava no chão para o cão...
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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O desapontante dia do Diploma

Estou extremamente frustrada.
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Tomei consciência de como as coisas funcionam neste país e não deixa de ser desanimador pensar em ter filhos para que venham a experimentar o mesmo. Os anos a passar e Portugal sem saber aproveitar o que tem.
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O dia do Diploma... isso é coisa que se invente? O ministro Sócrates inventou.
Nesta sua «campanha» para que toda a população possa ter na gaveta um papel a dizer que tem um curso superior, fica por terra seguir uma vocação. A levar a sua adiante, podemos dizer que somos um país homogêneo, em que todos têm um diploma e não há diferenças entre aqueles que o fazem por gosto e os oportunistas «caça-canudos». Ter diplomas ilegítimos na gaveta para quê? Como recurso útil caso queiram seguir a carreira de político?
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Dei sempre o maior apoio a todos que alguma vez me confidenciaram que gostavam de avançar com os seus estudos. Como pessoa que ama aprender e evoluir, fico entusiasmada e logo insentivo a pessoa com muito optimismo. Acredito que seguir um desejo é sempre o caminho certo. E hoje em dia é até mais fácil, para um «dropout» conseguir habilitações sem ter de passar por aquilo que os não desistentes passaram: um processo de 5 anos de formação, só para reunir conhecimentos de «ensino superior», fora os outros 3 do 10º ao 12º ano. São no mínimo 8 anos de investimento. Um adulto que queira proseguir os seus estudos consegue programas mais eficazes e menos longos.
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Mas para quê, se pessoas verdadeiramente vocacionadas e com uma capacidade de entrega para o trabalho extraordinária, ficam fora da área que escolhem? É que não se trata de indivíduos pouco qualificados e desvocacionados, mas de pessoas que seguiram a sua vocação! Ficam de fora nas entrevistas de emprego, não lhes são dadas as oportunidades (ou lhes faltam cunhas) tudo porque algo na sua aparência ou forma de ser - talvez uma certa timidez - coisas que se prendem mais com as aparências do que com as capacidades, os tornam menos atractivos. Como se o que se vê por fora é o que conta! E assim ficam de fora das carreiras para as quais podiam contribuir grandiosamente.
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É isto que me deixa deprimida neste Portugal.
Não existem verdadeiramente oportunidades.
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Dei por mim a reflectir no meu percurso e lembrei que, quando as portas não se abriram, encontrei um outro caminho: tirei (e paguei) um curso de formação de formadores. Sentia-me perfeitamente qualificada para a actividade e mais: com muita vontade de colocar em prática as minhas capacidades educativas. Sempre levei geito para a coisa mas não era bem o meu caminho. O curso foi só uma habilitação necessária para algo que já sabia fazer e para a qual já tinha recebido formação adequada. Finalizado o curso, que é daqueles rápidos e eficazes, como todos deviam ser, tratei do CAD e inscrevi-me na bolsa Nacional de formadores no IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional). Enviei o currículo indicando as áreas de formação nas quais me encontrava capacitada e fiquei muito optimista. Não era «larota». Estava realmente apta e capaz de ser uma excelente formadora.
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Nunca aconteceu. Mais uma vez, um indivíduo excelente para a função, sem oportunidade de lá chegar. Logo me avisaram que a bolsa nacional de formadores era de pouca serventia, porque as entidades não recorriam a ela para obter os formadores. É ISTO, que é preciso mudar no país. Criam-se sistemas alternativos que morrem na praia. É preciso que cumpram a sua finalidade. Chega de acções de fumo para a vista! Há que fazer com que as engrenhagens funcionem. De que adianta qualquer acção se o objectivo final, a entrada no mercado de trabalho, falha?
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Casos há de pessoas que sofrem «golpes de sorte» e acabam sendo bem orientadas e suportadas por um sistema que as conduz no caminho que querem seguir. E assim temos cientístas lá fora que fazem notícia cá dentro, pelos seus sucessos. Mas o que fez Portugal por eles? O mesmo que fez para os que cá estão, são muito bons, e não se ouve falar deles.
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O que me entristece neste Portugal é que pessoas de muita boa índole e capacidades ficam tantas vezes de fora do mercado de trabalho onde até fazem falta, e acabem por ir fazer camas para um hotel ou a servir ás mesas em restaurantes. Não há nada de mal nestas actividades. Simplesmente imagine-se no seu próprio país com um diploma e uma vocação a fazê-las. E depois temos casos de emigrantes que nem português falam mas que aqui chegam e conseguem montar um negócio ou ser bem sucedidos. Também nada tem de mal e tomara que todos o conseguissem. Mas há casos em que, por vezes, se sente que existem em Portugal mais oportunidades de mudança para os de fora ou desistentes dos estudos que para aqueles que são de cá e seguiram, com privações e sem apoios, os estudos até a universidade.
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Considero um diploma uma coisa séria. Não é uma brincadeira. Representa um compromisso, uma vocação que se persegue, com total entrega. E pelo raciocínio do sr. Sócrates, tudo parece tão banal e pouco importante. Ter «toda a população» portuguesa diplomada... ridículo!
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Meus pais só tinham um sonho para mim: queriam ver-me formada. A sorte deles é que nasci com gosto pelos estudos. Embora as qualificações superiores nunca tivessem feito parte dos meus objectivos até ter chegado ao momento e sentir que era o que EU queria fazer. Os meus pais, provenientes da classe pobre e com a 4ª classe, tiveram sempre o sonho errado. É que eles acreditavam que um diploma resolvia tudo. Uma pessoa formada conseguia sempre um bom emprego. E agora têm uma filha desempregada.
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Deixe as pessoas seguir as suas vocações, facultem sim cursos de formação, oportunidades de proseguir os estudos e tudo mais. Mas implementem-no no sistema. Arrangem formas das pessoas conseguirem entrar no mercado de trabalho após formadas. Isso sim, ajuda ao progresso do país! Ter as pessoas certas nos lugares certos e não vê-los reduzidos a pouco se aqui ficarem ou a serem grandes lá fora. Mas não banalizem a aprendizagem ao redutor objectivo de possuir um diploma!

sábado, 13 de setembro de 2008

O meu chão


O meu chão conheço de cor.

Conheço-o pela côr, pelo cheiro, pela consistência, pela relva e terra molhada, pelo barulho do vento nas folhas das árvores, pelos arbustos, pelas raízes, pela força da brisa, pela maresia e pelo cantar das aves.

Há que conhecer mais chão, com diferentes odores, outras cores, novas consistências e outras brisas. Terei todos comigo nos meus sentidos. Mas o último a respirar tem de ser o primeiro.

sábado, 30 de agosto de 2008

Portugal abriu as fronteiras e entra o crime

Tenho um pouco de receio do aumento da violência e dos chamados crimes violentos. Sempre guardei para mim a satisfação reconfortante de sentir que vivo num país que, apesar de tudo, mantinha-se diferente. Diferente da violência que lia ocorrer noutros locais do mundo. No meu Portugal, não há aqueles mísseis a cruzar o céu que me fizeram chorar quando na Tv os vi no céu do Rio de Janeiro, no Brasil. Não há nada que me faça sentir aquele embrulho no estômago e aquela sensação terrível indescritível que tenho quando me chegam aos ouvidos actos humanos do pior que existe, como os genocídios em África ou o funcionamento das redes de pedofilia mundiais. Não que nunca tenha existido violência em Portugal. Mas é muito diferente. Os crimes violentos praticamente não constituiam uma ameaça à população em geral. No máximo, eram crimes passionais ou macabros, ocorridos entre conhecidos que se desentendiam. Geralmente em zonas específicas ou isoladas de Portugal, quase sempre entre pessoas de baixa instrução e condição de vida miserável. Crime de morte por coisa alguma, não.

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A primeira notícia que me marcou de um crime violento onde assassinaram uma pessoa sem necessidade para tal foi há uns anos, quando assassinaram com várias facadas e depois um tiro, um homem que trabalhava na sua ourivesaria. Fiquei impressionada. Como, e desde quando, alguém aqui pratica um crime estúpido destes? Nunca antes tinha ouvido falar de tal coisa. Matar para roubar! Não assim, entre pessoas sem desentendimentos à muito pendentes. Não com intenção, não sem ser um acidente, um imprevisto. Não uma ourivesaria, muito menos com tal crueldade e indiferença. Três facadas (?) e um tiro! Mas o que é isto? Que tipo de pessoa comete tal acto? Mesmo na eventualidade das coisas correrem mal, nunca tal podia ter tal desfecho. Este acto estava em dessintonia com a norma. Foi muito cruel. Desnecessário, gratuito e fútil. Cobarde. .

.Acredito que dar um tiro possa ser «fácil» pela ausência de contacto físico. O que facilitaria o indivíduo já covarde de dar azo à sua cobardia. Mas antes do tiro, existiu a sordidez das múltiplas facadas. Aí existe contacto, dá para sentir tudo, suja-se as mãos de sangue, escuta-se de perto o som da vítima a agonizar a cada perfuração. É uma vilanice. Cobardes!!


A polícia através das imagens da câmera de vigilância, conseguiu identificar e prender os assassinos. No jornal onde li a notícia publicaram essa imagem, momentos antes do acto criminoso. Ali estava a vítima, viva, a respirar pela última vez. Tudo tão desnecessário! No retrato aparece um casal, homem e mulher, bem vestidos. Ele de fato e gravata. Boa aparência. Pois sim... mas foi quem enfiou três facadas naquele pai de família ali a trabalhar para sustentar os seus. É que é tão inusitado, tão imprevisto, que o pobre homem não podia sequer ter imaginado que, um dia, ia ser este o seu desfecho. Afinal, quem é que acorda de manhã a pensar que é naquele dia que não vai regressar a casa?


As ironias macabras e injustas da vida são terríveis. O casal de assassinos eram brasileiros ilegais em Portugal. Quem diria que a vida do homem assassinado e a existência de dois Brasileiros nascidos sabe-se lá onde do outro lado do planeta, ia cruzar-se para ter este desfecho?


E porquê o fazem? Porquê andam estes criminosos por aí, a achar que escapam ilesos? Não sabem que uma acusação de furto é uma coisa e o acto de matar, outra totalmente diferente? Não sabem que o limite é a vida? Porque foram aqueles brasileiros que em Campolide assaltaram o Banco Espírito Santo piorar a situação ao fazer reféns? Nunca se viu tal coisa... a não ser nos filmes americanos. Porquê acordaram eles naquele dia e decidiram que ia ser aquele o dia em que iam morrer? É que não deram alternativas. Os reféns podiam ter morrido. O desfecho podia ter sido outro sem ser necessário alguém morrer. Nem mesmo os bandidos.


Calhou ser o dia do emigrante e veio à televisão um diácono comunicar à população que não devemos alimentar pensamentos xenófobos diante desta notícias quase diárias de crimes violentos a serem cometidos quase sem excepção por indivíduos de outros países. Até concordo com ele. Sou contra qualquer tipo de discriminação gratuíta e imediata. Mas factos são factos. Ao abrir as portas, Portugal importou a criminalidade. A livre circulação de pessoas e bens também significa o facilitismo para os actos criminosos. Isto não é ser xenófobo. É ser realista. E se não se admitir o facto, dificilmente vai haver uma solução para o problema. A crise económica do país, com cada vez mais portugueses a viver na miséria e com falta de dinheiro, não vai facilitar as coisas. Um dia uns podem decidir que, se vêm para cá uns roubar ou matar e até em alguns casos, escapam com impunidade, então porque não os da casa? É perigoso.


Agora a polícia está a desenvolver unidades especiais de combate ao crime violento. Sim porque, se formos a ver, Portugal tinha indivíduos mas unidades, um esquema organizado que necessitasse de labutar incessantemente, talvez não fosse o caso.


Temo muito que o que vejo na televisão, nos filmes e séries americanas, passe em pouco tempo a ser a realidade portuguesa. E andem polícias e criminosos, envolvidos nestas teias de crimes e corrupção, em que o que é certo e errado é cada vez mais uma definição subjectiva, difícil de definir. Não pode nunca ser assim, ou seremos todos bandidos.


No meio de tudo isto, apetece-me agradecer aos indivíduos incógnitos e invisíveis, que fazem do combate à violência e à criminalidade a sua profissão. Todos os dias estão actualizados com tudo o que o ser humano tem de pior. Vez e vez sem conta. Talvez também eu, se tal tivesse de ser, conseguisse ter essa vida. Mas não aguentaria. É que de noite, quando se quer dormir e pensar noutras coisas, os pensamentos viajam para as visões macabras do dia.


Ás vezes penso que devemos todos nos comportar como antigamente. Sermos pró-activos e agir de forma popular. Pegar no chinelo em riste e ameaçar o malandro que vem perturbar o bem estar da vizinhança. Afinal, o povo unido, jamais será vencido.


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Sotaques e raízes

Sou um desastre para sotaques.
Não só não os sei imitar, como me passam ao lado.


Já cometi a «gaffe», por assim dizer, de conversar com alguém por uns minutos e acabar por ouvir as pessoas a me dizer: «então não se vê logo pelo sotaque?».


Só oiço o português. A forma como me chega, quase sempre passa despercebida. Venha com sotaque do alentejo, do norte, do sul, dos Açores, dos emigrantes. É isto um mal? Ou um bem? Acho que demonstra o quanto não é de meu carácter a tendência para descriminar, por isso considero um bem. Porém, dependendo da ocasião, pode vir a ser um mal. Quando para os outros isso importa e a mim não, acabo por virar vítima desta situação.


Sou a portuguesinha, Lisboeta assumida em mensagens anteriores. É suposto ser aqui o «sotaque zero». Ou seja: o povo de Lisboa não fala com sotaque. O português-padrão é aqui, é o que é divulgado nos meios de comunicação em massa, considerado «sem sotaque».


Hoje deu-se um acidente de viação numa estrada do norte. Um camião-cisterna virou e derramou ácido. Estou atenta à notícia quando o entrevistado diz: «o camião viroue». A palavra viroue ficou ali a pairar uns instantes no ar até me lembrar porquê: era assim que o meu avô falava. Com sotaque do norte.


Minha avó também. Embora seja Lisboeta e quase nunca saiu para além desta cidade, o seu português falado está cheio de expressões com «sotaque» que, para minha vantagem ou desvantagem futura, me enternecem quando as escuto.


No entanto, toda a minha vida, estas características das pessoas mais próximas a mim passaram-me ao lado. Era tudo igual. Escutava-os, entendia-os, e nenhuma diferença continua a me fazer se os escuto a dizer «bassoura» ao invés de vassoura. Entendo-os perfeitamente de qualquer das formas que tenham para se expressar. O curioso para mim é só recentemente ter percebido esta coisa dos sotaques e de que forma fizeram eles parte da minha vida, sem lhes ter prestado mais um pouco de atenção.


Podemos ser fruto que o vento soprou para longe. Mas as raízes nos acompanham por muitas e muitas gerações...

sábado, 23 de agosto de 2008

Homem versus Mulher: o feminismo e o hoje

O feminismo foi inventado pelos homens, não por uma mulher. O que ela pretendia foi altamente distorcido para a prejudicar. A mulher nunca quis nada a não ser poder escolher. E ainda hoje paga caro por isso.

Durante a Guerra descobriu o que é trabalhar fora do lar e ter uma profissão. Descobriu o que é realizar-se noutras áreas não-domésticas e também descobriu o que é ter a mente ocupada com outras coisas. Muitas conseguiram assim se abstrair dos problemas domésticos e familiares, que não eram pouca coisa.

E hoje a maioria deixou de ser dona-de-casa para virar assumidamente super-mulheres.

Os homens, salvo excepções claro, também mostram um pouco mais para onde inclina a sua verdadeira natureza: cada vez são em maior número aqueles que são sustentados economicamente pela mulher, assim como delas sempre foram dependentes para comer, vestir e viver.

Homens e mulheres são diferentes. Acho até que o homem chegou primeiro.
Aí o criador viu que o modelo não estava perfeito e criou a mulher.

A mulher sempre teve capacidade para se ocupar de multi-tarefas, enquanto o homem, segundo estudos recentes, tem bastante dificuldade em se ocupar com mais de uma coisa ao mesmo tempo. É a genética, a comprovar a «superioridade» feminina no que respeita a decisões de organização, planeamento e acção. É claro que o homem cedo descobriu isso. E como sempre acontece, o mais fraco oprime o mais forte…




Os inactivos activos


Conheço muita boa gente que cumpre o seu horário de trabalho e corre para casa onde se deixa afundar no sofá. Aí ficam a resmungar da vida, a julgar os outros e a fazer críticas a tudo um pouco. Nos dias de folga, não se levantam para ir trabalhar mas também não vão passear ou fazem algo positivo. Voltam a afundar no sofá.

Também conheço muita boa gente sem emprego. Ou porque se ocupam da casa, ou por uma qualquer outra razão, como a reforma antecipada e até mesmo o desemprego.

Cada caso é um caso mas nem tudo o que parece é.

Não são poucas as vezes que observo o indivíduo «inactivo», descriminado por não estar a trabalhar quando a idade o permite, num lufa-lufa com as ocupações que entretanto arranjou. Não são remuneradas nem lhe proporcionam a satisfação de sair de casa e estar com alguém. Mas o lufa-lufa de um indivíduo que, activo ou não, não se limita a afundar no sofá, indica uma pessoa activa.

Já não se pode dizer que aqueles que saem de casa para os empregos são necessariamente pessoas activas. Muitos são indivíduos que vão cumprir uma obrigação, uma tarefa que cumprem para ter dinheiro e depois, regressam maldispostos, incapazes de estarem felizes consigo próprios, a descarregar nos outros, quase sempre uma frágil criança.

Cada caso é um caso, e bem que os há também diferentes.

Mas a quem cabe julgar?
O que leva a esta classificação generalista de quem «presta e não presta» de acordo com este particular factor?

domingo, 17 de agosto de 2008

União por outra razão

Uma vez uma amiga confidenciou-me que uma colega nossa devia estar mesmo muito apaixonada pelo seu namorado. Pois tinha outro há anos, que abandonou rápido, para ficar com o novo. Estava sempre a repetir esta constatação e nunca contestei o seu ponto de vista. Porém, estava longe de concordar.

Porquê as pessoas se fiam tanto na aparência? Nas histórias dos contos?

Pelo que conheci desta colega, ela era uma pessoa acima de tudo ambiciosa. Ao ponto de pisar nos outros para chegar onde acha que merece. Com desprezo pela sua origem e vergonha dos pais, ambicionava «ser alguém» noutro local que não aquele onde vivia. Desprezava a vida que sempre conheceu, achava os pais uns ignorantes incultos que não lhe deram o suficiente e ainda lhe deviam e se achava merecedora do melhor. No seu raciocínio, só podia atingir os seus objectivos em Lisboa.

Entretanto, tudo o que desejava para si, desprezava quando o via nos outros. Falava mal e invejava. Mas enganam-se se pensam que o fazia de forma obvia. Os seus comentários eram nos momentos certos e podiam passar despercebidos. Com as pessoas tinha um comportamento politicamente correcto. Mas não gostava delas. Era um tanto seca. Conforme a popularidade do indivíduo, assim recebia mais ou menos daquela cordialidade sintética. Preocupava-se muito com a aparência e a imagem que projectava. O comportamento fazia parte desse grupo. Nem sei se alguma vez foi natural e se mostrou livre. Estava sempre rígida na postura e na atitude que achava ser a única digna de uma pessoa de sucesso. Era exageradamente vaidosa com o cabelo, e começou a usar óculos não por necessitar, mas porque tinha virado moda e era um acessório que lhe conferia um ar responsável e intelectual que procurava criar para a sua pessoa.

Ou seja: quem se guiasse apenas pela aparência, ia ver uma rapariga bem vestida, educada e inteligente. Era tudo o que pretendia. Tinha tanto cuidado em não revelar o que realmente fazia e de onde vinha, que dava para perceber que, como diz a expressão, arrotava caviar e comia postas de pescada. Se algo que tivesse feito não fosse nada que a fizesse sentir orgulho, falava pouco mas quando falava, dizia sempre que tinha sido maravilhoso, gostou muito e fez um trabalho importante e essencial. Mas não diz que andou a servir cafés. Diz que era a auxiliar do director. Entendem?

Na primeira oportunidade que teve de se mostrar onde queria estar, não a deixou escapar. Escreveu a toda a gente, foi buscar endereços de email do arco-da-velha, escreveu para todos aqueles a quem nunca antes tinha escrito, só para poder mostrar que tinha chegado a algum lugar. Mesmo não sendo bem o que projectava, servia para alimentar a imagem que queriam que tivesse de si: bem sucedida. Uma vencedora.
E agora, roam-se de inveja! – deve ter pensado, pois toda a vida conheceu essa sensação.

Entendem agora porquê não concordei eu com a minha amiga, que dizia que o amor dela pelo novo namorado devia ter sido uma coisa bonita e avassaladora, como nos filmes?

Porque não era. Uma pessoa como ela não sabe o que isso é. É demasiado seca e racional para viver o amor. Amor é emoção. É sentimento. É asneira. Aquela pessoa era demasiado calculista e fria. Um namorado para ela não passava de um item. Uma aquisição. Um upgrade, um acessório necessário à sua imagem, um troféu para exibir a vaidade. É claro que trocou um pelo outro. O «novo» modelo vinha com apetrechos que pessoas como ela adoram: podia fazer dele o que quisesse.

Ele obedecia. Ele funcionava como ela dizia que ele devia funcionar. Ele ia fazer tudo o que ela manda, quando manda e assim que manda. Era o seu criado.

Que mais uma mulher como a que descrevi podia querer num homem?
É claro que trocou um pelo outro! E nem se aborreceu com isso.

Tenho que apelar para que se pense para lá das histórias dos contos. Não é porque um casal está junto à 2 anos que isso significa que estão sólidos e gostam muito um do outro. Não é porque subitamente alguém começa a namorar com outro que isso quer dizer que o ama apaixonadamente. Os dois juntos acabavam por impressionar os restantes que, levados na fantasia dos contos, sabem como «devia ser» e não estava a ser. Os recém-pombinhos tinham menos afecto um pelo outro, que casais que estavam «só a brincar», ficando junto. Mas serviam as necessidades um do outro.

Ela tinha o seu criado e ele, carente e desesperado, alguém para o «amar».

Não foi o único caso que conheci. Normalmente, até termina em casamento. Afinal, nada melhor para os narcisistas que um criado pessoal, mascarado de marido. E para aqueles que pouco ou nada de experiência em namoro obtiveram mas se lembram da dor da carência e do desespero de se imaginarem sem ninguém para o resto da vida, infelizmente, para esses (poucos) homens, essa gratidão é tudo o que basta para defender com toda a alma aquela pessoa para o resto da vida.

Ser narcisista compensa, não??

escravos da química?

Quem é que nós somos?

De onde vem a personalidade?



Quantas e quantas vezes fazemos esta pergunta. Principalmente quando pensamos nas nossas diferenças com os outros, com os que nos são próximos. É comum pessoas com laços de sangue directos serem pessoas totalmente diferentes. Uns dizem que o que somos é fruto daquilo a que somos expostos. A minha teoria é que isso nos molda, mas o que somos, já nascemos sendo.



Muitas vezes interrogo se o que somos não passa do conjunto químico do nosso organismo. É sabido que pequenas alterações causam pequenas alterações de comportamento. As mulheres então, sabem-no como ninguém. O aparelho reprodutor não as deixa esquecer e de semana a semana, traz um estado químico diferente. Sim, estou a falar de SPM (Síndrome pré-menstrual) ou TPM, como se diz no Brasil. Mas a mulher ainda tem pela frente a gravidez e posteriormente a menopausa. E ambos os sexos passam pelos hormónios da adolescência, que chegam a extremos. Da depressão suicida à invencibilidade.



Somos por isso, escravos da química do nosso organismo?
Acho que sim, um pouco. Que não é pouco.


Se privados de sono por umas noites, ficamos irritáveis. Se privados de oxigénio ficamos lerdos. Privados de outras e tantas substâncias ou elementos essênciais ao bom funcionamento do organismo, mudamos como pessoas. Isso também bem o sabem quem sofre de doenças como a Bipolaridade, a mania, a paranoia e a depressão.

São tantas e tantas as condições humanas que influênciam o nosso bem estar físico e psicológico, que se pode concluir a vulnerabilidade do ser humano a tudo e qualquer coisa.


Mas o perigo maior não reside na existência destas condições mas em dois outros factores: o primeiro, a incapacidade geral de uma massa de indivíduos ou mesmo de poucos indivíduos ou do próprio, de entender que padece de algum distúrbio. O outro factor mais nocivo que a condição em si, é a ausência de tratamento adequado e capacidade de diagnóstico.



A ciência da medicina tem evoluído ao longo dos anos, mas parece também que não sai do lugar. Quem é doente continua doente, quem se trata não vê surtir efeito e descobrir a causa-remédio é ainda difícil de precisar, quando não impossível.



Mas a medicina está a entrar noutras áreas, no campo molecular e a investir na medicina mais científica, menos colateral e mais eficaz. Apenas nunca mais é implantada, massificada e distribuida a todos. Será esta a verdadeira medicina curativa? Disponível só para ricos?



Uma dica para fugir a estas perturbações nada fáceis de detectar, é levar uma vida e viver num ambiente saudável. É cliché, mas é o que funciona. Horas fixas para levantar e deitar, refeições leves, variadas e espaçadas de três em três horas, preferindo não comer nada após as 18.00 horas. Mas não prive o organismo de alimento, se este o pedir. Eduque-o. Quer pão com manteiga? Beba um copo de leite morno. Quer bolachas? Coma metade de uma maça. E beba água. Saia de casa e faça passeios, faça desporto, conviva com terceiros, trabalhe no que lhe dá prazer, se puder escolher. Tudo isto é cliché mas é até agora, o que faz sentido para evitar as maleitas do mundo moderno.



Mas quantos, mesmo sabendo, conseguem fazer o que descrevi? Garanto que eu não... vejam as horas a que escrevo e entendem de imediato. O ambiente é essêncial. Se não tem aquele que precisa, é necessário criar um. Na verdade, o primeiro e mais importante passo para a cura de qualquer malfeita está acima de tudo nas mãos do doente. O médico orienta, o médico tem recursos científicos mas é o paciente que decide.


Decida então se quer ser escravo das suas hormonas e se não, comece já a mudar o que não está bem na sua vida. Falar é fácil, agir também, embora pareça difícil.



Encontrei uma página na internet por demais interessante e informativa. Há que espreitar. Nela pode navegar e descobrir várias informações sobre o funcionamento do organismo e a nossa saúde. Ponha a saúde em dia e já que se fala de hormonas, começe por aqui:



http://www.glssite.net/edusex/edusex/as.htm


EDUQUE-SE!

sábado, 16 de agosto de 2008

Já vi um O.V.N.I

Que fique bem entendido: já vi um Objecto Voador Não Identificado. Não quero com isto dizer que vi uma nave espacial. Isso são, até ao momento, fantasias dos filmes. Mas se me perguntarem se acredito em vida fora da Terra (extraterrestre) respondo já que sim. Daí a homenzinhos verdes vai um esticão...
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Avistamentos de OVNIS têm sido comentados por toda a parte. Inclusive Portugal. São muitos os casos relatados, com particular incidência para o sul do país. Era aí que me encontrava na altura do «encontro», por volta do ano 2000. Estava à janela de um dos prédios mais altos da zona, com uma vasta vista priveligiada de 180º. Era meio-dia de um dia de verão, bem quente e nem uma nuvem ou ave avistei no vasto céu.
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Assim que o pensei, tão depressa virei o olhar para baixo, para o chão. Nisto, a uma velocidade extraordinária, o olhar avista sombras ovais em movimento na minha direcção. Mas... como, se tinha acabado de olhar para cima e constatado o céu vazio? Olhei imediatamente para cima. Nada vi. Regressei com o olhar para baixo. Tudo em movimentos tão rápidos como só o olhar o permite. Ainda avistei o final das sombras rápidas, que logo desapareceram. Vinham na minha direcção e em formação, como se fossem pássaros migratórios. Mas pássaros não são ovais, invisíveis e ultrarápidos.
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Tal como tinha constatado o céu limpo, a minha seguinte constatação foi pensar: bem, avistei um ovni. E não fiz muito caso.
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O meu espírito analítico ainda procurou arranjar explicações óbvias para o sucedido. Olhei por uns segundos directamente para o sol para ficar encadeada pela sua luz. Isso faz com que o olhar fique temporáriamente «cego» no ponto de focagem e dá a ilusão, com a mudança desse ponto, de existirem sombras em movimento. Repeti a experiência mas as sombras do encadeamento fizeram aquilo que sempre fazem. Não seguiram um trajecto linear, a alta velocidade e desapareceram logo de seguida, nem vinham em formação homogênea e eram igualmente ovais.
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Costumo anotar, umas vezes mentalemente outras num pedaço de papel, pequenas coisas que me chamam a atenção. Olhei então para o relógio, que marcava apenas alguns minutos depois do meio dia. Tomei uma nota mental para não esquecer de relatar o sucedido, dia e hora, e fiquei mais uns minutos à janela.
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Nem as sombras voltaram, nem as nuvens apareceram, nem uma ave sobrevoou, nem um avião ao longe... nada. Infelismente adiei a anotação até que perdi noção do dia e hora do ocorrido.
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Na verdade, não vi um o.v.n.i. mas as sombras de um aglomerado deles. Porque no céu só estava o céu mesmo. Se não fosse o olhar regressar àquele chão plano do campo desportivo e voltar a ver aquelas formas geométricas bem alinhadas a passar e desaparecer a muita velocidade diria que podia ter sido «impressão», sem ficar muito convencida.
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Nisto tudo ocorreu-me um pensamento. Podem voar abaixo do radar e fazer máquinas voadoras invisíveis (já existem). Mas não podem retirar-lhes a sombra!
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Irónico.
Alguém por aí já viu um ovni?

domingo, 10 de agosto de 2008

As pessoas erradas ou Quem me conhece?

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Por vezes passamos anos da nossa vida mais envolvidos com as pessoas erradas que com as certas.


Cheguei a esta conclusão ao lembrar de uma conversa banal com um colega, na sala de aula nos tempos da faculdade. Tinhamos afinidade mas pouco contacto. No entanto, simpatizava com ele e penso que o mesmo era recíproco.


Naquilo que é o mais importante para o ser humano, a construção de amizades, muitas vezes deixamos passar ao lado quem realmente interessa. E andamos com quem sabemos nunca poder ser nosso amigo.

...
Jjá depois de terminados os estudos, descobri ter também afinidade com um outro colega. É curioso. Quatro anos de convívio constante e não conheci estas pessoas como gostaria de ter conhecido. E duvido também que tenham me conhecido.


Vou fazer de conta que estou no confessionário e vou confessar.

Confesso que sou altruísta;
Confesso que não torturo ninguém;
Confesso que sou o que se vê;

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Confesso ter sido torturada;
Confesso tender para a autodestruição;
Confesso que tenho segredos;
Confesso que sempre chorei.


Confesso que me submeto a torturas;
Confesso sofrer.
Confesso estar a sofrer agora
Confesso prever sofrer.

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Confesso que o mundo não é o que foi ensinado,
Confesso não encaixar bem.
Confesso que daqui não saio,
Confesso que fico doa o que doer.

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Confesso ter sonhos,
Confesso manter a esperança.
Confesso achar de nada valer.

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Confesso o meu sorriso.
Confesso o idealismo.

Confesso que sou um amor.
Confesso que não me conheces.
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Sou um amor...

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E agora: será que me conhecem?

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quarta-feira, 23 de julho de 2008

Técnicas Escorregadias de Angariar trabalhadores (O ISCO)



O ISCO.


É assim que se devia denominar uma técnica nova que surgiu no mercado do desemprego.

Consiste em colocar um anúncio solicitando um «operador de registo de dados». Chegando ao local, afinal, estão a precisar de pessoas não para essa função, mas para a de call-center.

Duas coisas estão sempre a acontecer a quem responde amíude a anúncios de emprego: a remuneração e a função nunca são iguais ao que foi anunciado ser.

Quando o anúncio se presta a facultar informações sobre as condições de remuneração, nestes raros casos, o que acontece no momento em que se chega à entrevista, é que o valor baixa sempre. Quase sempre em fatias de 100 euros (como se isso fosse pouco). As restantes condições também não podiam ser piores: as clássicas 8 horas de trabalho, em três ou quatro turnos rotativos, com folgas fixas durante a semana porque, os fins-de-semana são um previlégio dos colegas mais velhos.


Aconteceu comigo uma, duas, depois três vezes. Até que percebi: Isto é uma técnica que utilizam para levar as pessoas para onde as querem. Porque, a verdade é que, quem responde a um anúncio para uma coisa, ao deparar-se com a oferta de outra, menos atraente, raramente diz «não». Diz sempre que sim, e segue infeliz...



A PROPAGANDA:



Uma vez vi no telejornal o nosso ministro, José Sócrates, em cima de um palanque e de dedo em riste, a autocongratular-se por ter aberto em Lisboa (mais) um centro de call-center. Dizia ele que se tratava de mais um bom exemplo do esforço do governo, e de um passo ao melhoramento das condições de trabalho em Portugal, do combate ao desemprego, etc, etc...



Ao ouvir isto, se eu fosse uma figura de desenho animado, a face teria ganhado cor, os olhos teriam dilatado e fumo teria saído das minhas orelhas.



O dito call-center, é bom que se diga, pretendia pessoas FLUENTES em Dinamarquês, Alemão, e outras línguas do género. Quantas pessoas em Portugal e no desemprego, estão aptas a assumir tal trabalho? O próprio ministro, deve falar muito bem Alemão, Dinamarquês, e por aí adiante...



Além disso, a central de Call-Center instalada em Portugal, importava trabalhadores estrangeiros. Focava-se na mão-de-obra emigrante, que sonha em conhecer as raízes sem abandonar a língua do país acolhedor.
Era tudo, menos um posto de trabalho acessível à maioria.


Toda esta «publicidade», não passou de «fumo para a vista» e me fez sentir mal.



Mais empregos...
de call-center?



Para isso não é preciso esforço governamental algum... são como cogumelos, brotam e crescem em qualquer canto, como um fungo. Se fôr economicamente rentável, lá surgem eles. É por isso que os americanos telefonam para a Índia quando precisam de ser esclarecidos. E é por isso que os ingleses telefonam para Portugal. A abertura das fronteiras da Comunidade Europeia não fez mais que ENRIQUECER o rico e tornar o pobre MAIS POBRE.


Ao invés de se criarem postos de trabalho locais, estes são exterminados para a empresa abrir nova sucursal num país de mão de obra muuuito barata e minimamente qualificada. É uma triste realidade que não é divulgada como devia.


E é por isto que acredito que vão aumentar as vagas de delitos. O crime vai aumentar, porque são cada vez mais acentuadas as diferenças entre o rico e o pobre. E quem está do lado da «boa vida» não tem noção do que se passa no lado inverso da moeda.


Vi num nestes dias no concelho de Almada, num dos muitos outdoors que a Câmara espalhou pela cidade, um dizer que é ilucidativo do momento pelo qual passamos. Os outdoors, da própria Câmara dizem o seguinte: «Aproveite o Verão. Pinte a fachada da sua casa»

Logo abaixo de um desses cartazes alguém escreveu:
«Como posso pintar a casa, se vivo na rua?»



sexta-feira, 27 de junho de 2008

Hemisfério estampado no Rosto

Estava a reparar na fotografia que tirei para os documentos e saltou-me à vista um contraste entre o lado esquerdo e direito do rosto. Sei que não são simétricos mas o que vi foi uma janela para o passado, em que os traços se mantêm num dos lados e alteraram-se no outro.
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Identifico-me mais com um e menos com outro mas ambos mostram a mesma pessoa. Logo pensei que tal se deve ao cérebro e suas funções. Se uma pessoa vive um tanto em desequilíbrio entre o interior e o exterior, penso que isso acaba por se mostrar no rosto. Foi uma descoberta!
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Dizem os especialistas, que o lado esquerdo do cérebro, é o analítico. Bom para tomar decisões e tirar conclusões. É o lado "frio" da personalidade de uma pessoa, se quisermos seguir um rumo linear. Sabem aquelas pessoas muito racionais, pouco emotivas, práticas, egoístas, sem um pingo de aptidão ou paciência para trabalhos criativos? Aquelas que compram os presentes de Natal num único dia na mesma superfície comercial e mandam outra pessoa embrulhar. Mal olharam para o que tem dentro dos embrulhos ou sabem o que calha a quem. Essa é a pessoa com o lado esquerdo do cérebro dominante.
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Do outro lado, o do hemisfério direito, temos as pessoas predominantemente criativas. Aquelas que, no Natal, fazem os laços com ramos de árvores, são criativas com o material de embrulho, sabem exactamente o que vão dar a quem, porque foi uma decisão reflectida, tomada com base no carácter, necessidades e gostos particulares de cada indivíduo. Levam tempo a fazer as suas compras e depositam boas energias no embrulho dos presentes, que escolhem personalizar.
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Pegue numa fotografia e olhe bem para cada lado do seu rosto.
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O que ?
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quinta-feira, 12 de junho de 2008

Alfacinhas sem Alface


É o que dá mudar muito as coisas e fazê-las funcionar num único denominador comum. Com o protesto dos camionistas, os Alfacinhas (e o país) ficaram sem alfaces. Alfaces, couves e outras verduras e legumes. Os bens da Terra, que costumavam plantar-se nas hortas espalhadas pela cidade, vêm agora de um mesmo fornecedor, sobe as rodas de um camião.

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Os hipermercados e supermercados amanheceram neste dia seguinte ao dia de Portugal, sem verduras nas prateleiras. Salvaram-se, espero eu, aqueles que se abastecem também nouros locais. Quem sabe, às mercearias e mercados de bairro não faltaram verduras, por algumas ainda irem buscar parte do seu stock localmente.

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Um alerta, que exemplifico com as Alfaces dos Alfacinhas (que tão bem sabem no verão) mas vai da verdura à gasolina. Um alerta, senhores governantes! De que tudo vai mal e o povo manifesta-se.

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Buzinem sim, enquanto tiverem combustível para passear de carro. Mas façam-no não apenas por um jogo de futebol. Mas por um Portugal melhor! Buzinem em frente ao Parlamento, nos degraus da assembleia da República, junto à casa do presidente em Belém. Buzinem, sejam solidários e reinvidicativos.

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A continuar, teremos um 10 de Junho com sabor a 25 de Abril de 74.
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terça-feira, 10 de junho de 2008

O Parente Famoso

Nesta minha insistente busca para compreender as coisas que me cercam, dei comigo a estudar as minhas raízes. O hábito era antigo, mas o processo, de realmente ir atrás dos antepassados - a chamada Genealogia, esse chegou décadas depois.
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Sabem o que todos dizem quando o assunto vem à baila? Pensam em si mesmos e não poucas vezes saiem com esta afirmação:
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-"Quem sabe descubro um parente podre de rico, um nobre qualquer e, deixo de trabalhar!"
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Esta afirmação sempre me perturbou. Que mania! Mania das grandezas, mania que a nobreza está num título e que a riqueza é tudo.
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Nunca ocorre a estas pessoas pensar que, os que foram "nobres" e "ricos" ás tantas o eram pela capacidade de se aproveitar dos outros? Quer dizer, um antepassado rico e mau carácter, não é coisa que me agrade como contributo genético...
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Porquê querem todos ter um antepassado ilustre? Sentem que ganham imediatamente um status? Não entendo...
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Quis conhecer os meus porque, instintamente, senti que já os conhecia. Ainda que inconscientemente, quis ir ao encontro deles para os conhecer e saber se foram o que os meus instintos me diziam que tinham sido. Não achei que ia deparar com riqueza ou nobreza. Mas queria deparar com pessoas de bem, trabalhadoras e honradas, pois sentia isso em mim, como uma herança de séculos.
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Este instinto inconsciente, provou-se correcto. Recuei quatro séculos nas minhas raízes mais directas e não encontrei nada além do que descrevi em cima. Pessoas do povo, pessoas comuns, trabalhadoras, honradas, que tiveram muitos filhos e criaram todos. Viveram muitos anos e com baixos índices de mortalidade infantil na família. O que pode indicar a inexistência de negligência ou outros cenários mais macabros. Do muito e do pouco que compreendi, em nada me decepcionou o que encontrei. Ali estava: pessoas comuns, simples, humildes, trabalhadoras e honradas, de bom coração, boa saúde, perspicácia, inteligência, bons genes. Não podia querer melhor.
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Claro, carrego comigo o peso que décadas de pobreza transmite de geração em geração. Mas não se perdeu a virtude. Conheci outros familiares distantes e em todos encontro uma doçura, uma bondade e simplicidade, que dá gosto de perceber. Todos passaram pela mesma pobreza característica da classe e da sociedade. As mesmas dificuldades, os mesmos problemas e sempre, sempre, a mesma disposição para a luta, para a honra, para a sobrevivência, sem recorrer a artimanhas pouco nobres ou criminosas.
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E deixem-me dizer esta grande verdade: A GENEROSIDADE É PROPORCIONAL À MISÉRIA.
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Quem mais dá, é quem menos tem. Quem mais sente, é quem mais sofreu. Quanto mais pobre, mais generoso. Um pobre nunca deixa de partilhar um pão, dar uma moeda. E quem em tudo isto já nasce com um bom carácter, conserva-o até o fim da vida. É feliz em espírito e faz os outros felizes também. Mas lá por ser um ser sorridente, não desconhece de todo a dor do sofrimento.
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Atrás de um grande e caloroso sorriso, está alguém que sabe o que é a dor.
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Voltando aos antepassados, fiquei à espera de encontar alguém que também procurasse alguém. Em fóruns de genealogia e artigos, li todos os nomes, verifiquei todos os apelidos. Mas nada. Nomes parecidos, homónimos até, mas nenhuma correspondência.
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A menos que se tenha um antepassado mais "famoso", dificilmente alguém vai escrever o nome de um perfeito desconhecido. Mas a esperança não morre. E assim, a cada região e localidade mencionada, lá ia espreitar por um nome familiar. Entrei então num tópico sobre uma "celebridade".
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Bem, o termo, celebridade, não é muito do meu agrado. Tenho a certeza que também não lhe agradaria a ela. A pessoa em questão, foi mais uma figura. Uma figura do panorama português. De relevo, de importância e do povo.
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Saber que, há 200 anos, tinhamos parentes em comum, não me surpreendeu, nem a uns outros poucos parentes a quem o mencionei. Era conhecida a localidade de proveniência e apelidos desta figura que se tornou de relevo no panorama artístico português. E assim, feita a descoberta, pouco impacto teve.
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Por curiosidade, fui ler uma sua biografia. Sem espectativas. Só aquele instinto, que me insinuava que não ia encontrar nada que no fundo, já não sentisse...
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Fiquei surpresa sim. Fiquei muito surpresa com as semelhanças. Gerações tão diferentes, de tempos diferentes, com experiências e oportunidades diferentes e, no entanto, lá estava: tudo igual.
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Será o peso dos genes? Das gerações de pessoas do povo, pobres, mas de carácter? Acho que sim. Muito do que os outros viveram passa para nós não só como traços físicos, mas também na forma de ser e da energia que carregamos. Acho até que, algumas vezes, estamos aqui a pagar pelos pecados dos outros, não pelos nossos. Sentimentos e emoções TAMBÉM são transmitidas genéticamente. Ainda mais, com o peso de séculos em cima.
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Ora, se se transmitem doenças, problemas, tiques, maneirismos e até gostos peculiares, claro que se transmitem emoções, experiências de vida, carácter.
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Fiquei surpresa com as imensas semelhanças entre a história de vida dessa pessoa, no que respeita ás suas origens, e muito, muito mais, pasmada com as semelhanças de personalidade. É como se a tivesse conhecido por dentro. Vi o lado conhecido mas também o oculto. Aquele que poucos conseguem imaginar.
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Pobre menina rica! Pobre menina pobre, que ficou rica, que era nobre sem o ser, que tinha medo e não sabia...
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Pois não podia ter-me "saído" na "rifa", "melhor" figura! .
Uma pessoa do povo.
Ganhei a taluda porque já nasci com a cautela.
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Sou Portuguesa da mais pura essência deste povo.
Não há como negá-lo!
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Saiu-me a sorte grande.