Já repararam que os pombos sempre se atrapalham quando vais a passar? Ao invés de se afastarem acabam por se meter ainda mais no teu caminho. Parecendo tontos, perdidos, desorientados. Acabam por levantar vôo mas, insistindo na exibida estupidez em terra, uma vez no ar continuam a meter-se no teu caminho.
Não parecem aves particularmente inteligentes. Aliás, pergunto-me porquê nenhuma ave é, já que todas com que me cruzo, em particular gaivotas, exibem o mesmo comportamento. Ao invés de se desviarem para longe, se estão à esquerda metem-se na frente, se estão à direita, metem-se na frente, começam a caminhar freneticamente mas sempre se metendo na linha da tua direcção. Quando finalmente levantam vôo, cruzam acima da tua cabeça, constituindo uma ameaça imediata mas continuam a seguir na mesma direcção que tu segues. Parece-me burro, idiota. Não é suposto fugir-se na direcção oposta ao invés de seguir na mesma do objecto de que se pretende distância? Será algo no instinto primário delas que as fazem agir assim?
Isto é particularmente irritante quando estou na scooter. As malditas das aves parecem que querem cometer suicídio. Quase que se metem debaixo da roda.
Mas agora vem o pior: E quando são pessoas?
Desde que passei a usar um veículo de duas rodas, sou muito mais cuidadosa e respeitosa. No entanto surpreendo-me com o comportamento das pessoas. Agem como animais encadeados com a luz dos faróis dos carros.
Tontas e sem noção de espaço.
Noutro dia vou a passar por um espaço amplo. Uma rapariga caminha pelo meu lado esquerdo. Vou ultrapassá-la pelo direito mas quero que saiba que me aproximo, para que não decida mudar de direcção exatamente à minha passagem. Toco a campainha para que saiba da minha presença.
Ela demora mas, subitamente, olha para trás, movimenta-se que nem uma barata tonta, bloqueando o lado direito, voltando para o esquerdo, voltando para o direito...
Para quê? Se não se mexesse e continuasse num rumo só, não teria causado qualquer problema.
Vinha a segurar o telemóvel e acho que tinha um cordão de auricular no ouvido. Tenho sempre presente que essa pode ser a realidade de hoje em dia: as pessoas metem música tão alta pelos ouvidos que não ouvem mais nada e se distraem. Por isso além da campainha, reduzo velocidade ao passar pelas pessoas. Além de que tenho a luz acesa para que detectem uma aproximação.
Há muitas formas de alertar alguém da proximidade de um veículo em movimento, mesmo quando estas se rodeiam de obstáculos para essa percepção, como andarem em frente sempre a olhar para trás, quando conversam com outra, quando escutam música.
Toco a campainha da bicicleta não só quando vejo pessoas mas também quando me aproximo de um ponto no percurso com pouca ou nenhuma visibilidade. Reduzo a velocidade. Olho atentamente antes de fazer uma curva e tenho os ouvidos afinados para qualquer ruído. Só não paro porque é quase como pilotar um avião. Se ficar totalmente parada "caio", perde-se o equilíbrio e tenho novamente de dar ao pé para criar velocidade de arranque na scooter, o que nesta provoca-me uma desagradável dor nas costas com cada movimento de pé.
Se não fosse cuidadosa, algumas pessoas teriam me colocado em risco. Já fui vítima de rolling Coal, que é quando um carro que vai a passar por ti liberta intencionalmente fumo escuro pelo tubo de escape. E a semana passada, estava a conduzir a scooter pela berma da estrada, sou ultrapassada por um autocarro que tem amplo espaço e nisto ele para mais à frente na DIAGONAL. Ao invés de se estacionar na berma e deixar a via livre. Fiquei pasma. A scooter é minúscula em largura, mas eu não tinha dez centímetros por onde passar com ela. Reduzi a velocidade na hora, a ver se o autocarro arrancava. Mas qual quê. Atrás de mim, saído de um estabelecimento, vinha uma viatura branca, que fez a curva e teve de parar atrás do mesmo autocarro que eu.
Se o motorista do autocarro fez isso de propósito como forma de "protestar" por me ver a usar uma scooter, esteve mal. Não foi só a mim que ele impediu de circular. Ele impediu o trânsito inteiro e teve uma atitude provocatória e perigosa. Dei prioridade ao carro para passar, embora este estivesse a dá-la a mim. E depois segui atrás, na minha berma, naquele espaçozinho entre o beiral e o risco contínuo, permitindo assim a passagem aos veículos potentes motorizados.
Ontem vinha a atravessar a linha do comboio na scooter. Uma família no sentido oposto viu-me e fez sinal com o olhar desse entendimento. Vinha encostada à esquerda e eles começaram a separar-se para todos os lados. Ao invés de se desviarem apenas para um. Tive de parar a scooter e ri-me. Parada que estava, a ver onde aquelas pessoas se iam enfiar. Quando percebi que tinham passado por mim é que pude continuar. Mesmo tendo-me visto, dois desviaram-se para a direcção onde eu estava, os outros dos para a oposta. Depois pediram desculpa.
O que posso esperar é que o peão que vejo a vir pela minha esquerda, se mantenha na sua direita. Mas isso algumas vezes não acontece. O que é alarmante.
Este comportamento observo-o diariamente tanto como peã como ciclista. Acho até que estas atitudes me enervam muito mais como pedestre.
As pessoas podem estar até a andar em outra linha recta que não a tua, na direcção oposta. Mas assim que se cruzam contigo decidem "entortar" para o teu percurso ou subitamente parar na tua frente. Objectivo: baterem em ti. São ou não são como aves estúpidas?
Isto é particularmente fácil de observar nos centros comerciais. Noutro dia quase que não consegui sair de um sem esbarrar em pessoas que passavam. Estava apenas a uns metros da porta de saída. Linha recta. Nada a enganar. Contudo TRÊS pessoas vieram esbarrar em mim.
Primeiro uma mulher, vinda de uma diagonal. Corta caminho e mete-se à minha frente. Ela viu-me, eu olhei para ela. Continuou o passo dela. Fui eu que tive de reduzir a passada subitamente para não esbarrar na mulher idiota que se atravessou no meu caminho. Que eu saiba as regras de trânsito aplicam-se também nos pedestres: Perde prioridade aquele que vai para entrar na "via rápida". Não se cruza o caminho de alguém que caminha recto num corredor principal. O que fez ela? Atravessou-se no caminho de todos. Esbarraria em mim se eu não tivesse diminuído a minha passada.
Porquê tive de ser eu, aquela que se compromete, se ela é que veio de uma diagonal?
Depois desta aparece outra. Vinha a caminhar bem, afastada de mim. Subitamente aproxima-se e bate-me com a mala no ombro. Reviro os olhos e respiro fundo. "A porta da saída está quase a ser alcançada..." Nisto, um rapaz alto aparece. Também ele caminha numa direcção que não vem contra mim. Quando está quase a chegar perto, mete-se no meu caminho. Espontaneamente levanto o braço e aceno-lhe com a mão, dizendo: "Hello? I am here!" (Hei, eu estou aqui!).
Foi só assim que evitei a terceira "colisão" de centro comercial.
Os pedestres aqui nesta cidade no UK comportam-se como selvagens.
Já reparei que o melhor a fazer é NÃO ESTABELECER CONTACTO VISUAL com ninguém no centro comercial. TODOS se desviam. Só assim consegui andar em linha recta. Assim que olhas para a pessoa, ela acha que tu tens de te desviar. Deve ser isso, porque vi todos estes que mencionei aproximarem-se e todos se meteram no meu caminho. Passo a vida a desviar-me dos outros e nenhum deles se desvia de mim. Não acho normal. Se caminho em linha recta, num corredor para esse fim, na direcção certa, porquê isso? As outras pessoas é que não sabem partilhar o espaço e parecem não entender as regras sociais básicas para caminhar em sentidos opostos sem virar um empecilho. Regras de tráfico tão simples.
Quando não tenho um sítio para ir e estou só a "ver montras", caminhando sem pressa, então desvio-me das pessoas que estão a caminhar em linha recta. Simples, básico. Seria de esperar que todos pautassem seus comportamentos da mesma maneira, só que não.
Quando finalmente saí pela porta, contornei todos os obstáculos que são os que ali ficam parados a conversar ou a fumar e segui rumo directo até o macdonalds. À minha direita, uma mulher com uma criança caminhava no que parecia ser uma direcção direita ao centro da cidade. Vou a passar por eles com o meu ritmo de caminhada, a mulher muda subitamente para o meu lado, querendo "fechar-me" a passagem. Acelero ainda mais o passo e não me desvio. Outra coisa que reparei é que, quem vem de uma diagonal, gosta de passar na tua frente ao invés de passar por trás. Que é o certo a fazer, para assim não obrigar a pessoa a ter de parar o passo. Aqui a maioria desconhece estas regras que se conhecem acho até que por instinto.
Isso levou-me a perceber que muitas pessoas são como os pombos que encontro pelos passeios quando passo com a scooter. Burras, que se enfiam na frente ao invés de se desviarem.
Noutro dia decidi não atravessar a avenida entre um momento sem movimento automóvel, como habitualmente faço. Segui pelo passeio, até chegar aos primeiros semáforos. Acontece que esse cruzamento é TERRÍVEL, porque movimenta três sentidos. Os carros que querem virar à direita, ficam parados. Os que querem virar à esquerda, vêm todos acelerados para apanhar o sinal aberto e depois que este fecha, abre o sinal para os da direcção oposta virarem para ali. O peão... vê os carros parados, vê que os outros ainda não podem virar... tenta atravessar a estrada. Porque sabe-se lá quando o sistema diz que "acabou o tempo para aquele, aquele e aquele, e é a vez do pedestre passar".
Muitas vezes, é até mais fácil para os próprios automobilistas deixarem o peão passar. Porque assim este não pressiona o botão dos semáforos, o que deixa a circulação automóvel fluída, sem forçar uma paragem.
Mas aqui no UK isso não é percebido assim e os automobilistas comportam-se como a querer reclamar toda a estrada para si, por terem esse "direito". Se um peão ainda estiver a atravessar a estrada na passadeira quando o semáforo para carros ficar verde, leva com uma buzinadela e os automobilistas não hesitam em por o carro em movimento. Se um peão atravessa a estrada fora da passadeira numa via dupla, ou mesmo tripla, num momento sem carros e surge um automóvel, o mais provável é este ACELERAR e escolher dirigir na faixa perto do passeio, mesmo quando, ao fazer a curva, não era essa a direcção mantida. É intencional. Mal intencionado. Aqui usam este recurso para "reclamar" o "direito total ao espaço". É uma forma de comunicar ao peão que não aprova que atravesse a estrada ali. Isso e buzinar. Adoram buzinar!
Já em Portugal, se a pessoa atravessar a estrada fora da passadeira, o automobilista muitas vezes reduz a velocidade, ou, pelo menos, não a aumenta. Vê o peão à distância e não se põe a acelerar. Há uma espécie de "acordo" mudo, de cortesia e entendimento.
O caso mais recente que me incomodou, foi nesse cruzamento. Só os carros à minha direita tinham sinal verde. E não vinha nenhum. Acontece que a pressa deles é tanta, que dar três passos sem aparecer um acelerado não pareceu possível. Percebendo isso, recuei até ao passeio e fiquei à espera. Com os dois pés bem assentes no passeio, um automóvel que estava longe quando recuei, DEPOIS de fazer a curva e passar por mim, BUZINA. O que vem atrás, decide fazer o mesmo. Para quê?? Não tinham espaço suficiente na estrada? Eu de pé no passeio incomodei-os? Não têm mais nada com que se preocupar, não têm de se concentrar na condução, querem ver? É mesmo necessário, vital, essencial buzinar aos ouvidos do pedestre??
Perdi logo a paz de espírito que transportava comigo. Qual é a necessidade que um «cu tremido» (que é como defino os não-caminhantes carro-dependentes que confortavelmente viajam sentados) tem de buzinar a um peão que já não está a tentar atravessar a estrada?
Dá vontade sabem do quê?
De transportar uma buzina e pagar-lhes na mesma moeda para descobrir se gostam. Ia dar-lhes uma valente e sonora BUZINADELA que é para com o susto se espalharem com o carro e saberem como é bom! Teriam de andar a pé ou ainda melhor, de transportes públicos, para sentirem o que é bom para as manias de soberba.
Andar a pé... coisa que muitos desconhecem desde que tiraram a carta na juventude. Apanhar vento, chuva, sentir os pés a bater no asfalto que aqui no UK é tudo menos plano, sentir aquela dorzinha na base da coluna cada vez que se tem de pisar um piso tão cheio de altos e baixos. Sensações únicas.
Logo a seguir às buzinadelas, passa por mim um rapaz agarrado ao telemóvel, e, sem hesitar, atravessa a estrada, seguindo caminho. E eu refilo. Pois refilo! Olho para os carros parados no mesmo semáforo... Onde estão as buzinadelas agora? Eu no passeio e ele atravessou a estrada! Com um telemóvel na mão. Podia estar distraído, já eu, tomei a decisão consciente de recuar para o passeio, por estar até muito atenta às minhas chances de passar para o outro lado. Os carros parados não reclamaram porquê? É descriminação de género? LOL. Mais uns passos à frente, depois de passar o cruzamento, tive de me desviar desse mesmo rapaz que, continuando a olhar para o telemóvel, tinha virado de direcção e claramente estava a procurar seguir as indicações de localização do Google Maps.
Aprender a ter mais consideração pelo lado em maior desvantagem. É só isso que quero ver acontecer. Quero sentir que há pessoas educadas que, mesmo não concordando que o peão atravesse a estrada fora da passadeira, perceba que, por algum motivo, ele tomou essa decisão. E não lhes custa nada abrandar... ou simplesmente, manter o limite de velocidade. Já para o peão, parar consome segundos, mesmo minutos. Que estão contabilizados em passos, em mais ou menos tempo debaixo da chuva, neve ou frio, em vontade de ir ao WC, ou aquecer-se... No meu ver o que é pior, é a quebra do ritmo, que vai realçar o cansaço ou stress. Dali a três segundos, o carro e todas as pessoas que viajam nele já estão a metros de distância. Mas o pedestre continua a atravessar a estrada.
Este é um tema que já quis abordar. Diz respeito ao equivalente do Road Rage (Fúria na Estrada) que descreve um comportamento de certos automobilistas que estão sempre zangados e a mandar vir, mostrando adoptar uma condução agressiva.
Eu sou peão. Peão profissional!
E como tal, tenho já uma certa tarimba.
Aqui no UK não se diz sidewalk (isso é americano!), diz-se Footpath... então sofro, desde que cá cheguei, de footpath rage.
Enerva-me. Imediatamente. Posso estar super feliz mas basta uma coisinha relacionada com certos comportamentos tanto de outros peões, como de automobilistas, para me azedar o dia.
Quando estive em Portugal até fiquei a sentir-me MARAVILHADA, porque todas as pessoas no metro posicionavam-se corretamente. E todas estão tão apressadas quanto eu! Mas não perdem a classe, a educação, a etiqueta. E, principalmente, não exibem a arrogância como se fosse um troféu. Sei que podem questionar-se mas, enquanto em Lisboa, todas as pessoas que encontrei no metro, sem excepção, pediram desculpa pelo mais ligeiro encontrão. Todas corriam para as escadas rolantes mas posicionando-se para ceder passagem a quem as quisesse subir... e pedindo desculpa quando não eram rápidas o suficiente! Foi uma lufada de ar fresco e familiar que acolhi com deleite.
Ver a multidão com estes comportamentos quase que dá vontade de chorar, pela surpresa da falta diária que exemplos destes nos fazem. Nem tinha percepção do quanto em Lisboa as pessoas são bem educadas!
Nesta parcóvia a algumas horas de Londres... Já vos conto!!
O Reino Unido abriu o seu primeiro supermercado somente depois da 2º GG
(12-01-1948) E vejam nesta imagem, já de início... nenhuma regra de circulação e comportamento!
SUPERMERCADO
Empurrava um carrinho, tenho pessoas paradas à direita a ver coisas numas prateleiras, então vou para o meio, já que quatro passos à esquerda, um casal acabou de se agachar até ao chão para espreitar algo na prateleira mais rasa. Uma mulher sem sacos, sem carrinho, bem vestida, com o cabelo solto e louro platinado, faz a curva e entra no mesmo corredor, atrás do casal agachado. Ao invés de ficar PARADA nesse lugar para me ceder passagem, pois já estou no meio do corredor com o carrinho em frente da barriga, desvia-se do casal, metendo-se à minha frente e pára. Fica ali parada, como se não tivesse acabado de se transformar num empecilho e eu tivesse de lhe ser grata. Há direita tenho pessoas, à esquerda tenho pessoas, ao meio, a bloquear-me a passagem, pôs-se ela. Demasiado "chique" para se desviar.
Também fico parada. Uns segundos, a tentar perceber como sair dali... porque as pessoas aqui no Reino Unido não funcionam com regras de etiqueta que nós, portugueses, seguimos por instinto! Como por exemplo... não nos tornarmos um empecilho para a circulação dentro dos supermercados ou centros comerciais.
Só consegui sair do súbito cult-de-sac (a expressão usada aqui no UK para "beco sem saída", curiosamente, nada inglesa) quando um deles se moveu. Os da direita. Só então pude manobrar o carro para a direita para me desviar da tipa.
E a reacção dela quando a ultrapasso?
Com um ar de desdém, como se tivesse razão de queixa, diz:
-"You are welcome!" (Não tem de quê!)
Ainda queria que lhe agradecesse por se fazer de empecilho e forçar-me a ter de empurrar o carrinho aos zig-zags.
É o tipo de comportamento estúpido que mexe com a minha tranquilidade interior!
Vocês talvez não saibam, mas aqui no UK os ingleses têm muito o hábito de insultar as pessoas de RUDES. E fazem-no, principalmente, com estas atitudes de desdém, dando a entender que a outra pessoa lhe deve um agradecimento ou pedido de desculpa. Para mim, exibir este tipo de atitude é o a própria definição de uma pessoa RUDE. Mas na cabecinha deles... acham que os outros é que são escumalha e eles estão correctíssimos.
Esta tipa pertencia, sem dúvida, a este grupo de gente.
Respondi-lhe logo: "Queria o quê? Que passasse por cima das pessoas agachadas no chão?".
Ela fingiu não ouvir, com aquele ar superior que os ingleses gostam de meter e provavelmente a desprezar-me pelo meu fraco inglês que, naquele momento, não saiu da melhor maneira. É que me enerva esta arrogância e petulância que a maioria exibe com vaidade e altivez.
Mostram-se cheios de soberba, mas comportam-se em lugares públicos como se nunca tivessem sido apresentados a regras básicas de boa etiqueta. É que as ignoram totalmente. Nunca foram ensinados. Não tiveram aulas de boas-maneiras! E a culpa deve remeter para o tal Rei que rompeu com a Igreja Católica... porque em países onde o catalocismo durou mais tempo, regras de etiqueta e boa educação foram passadas de geração para geração. Dar prioridade aos mais velhos, ceder passagem à pessoa certa, não caminhar atrapalhando o caminho de outros, seguir numa direcção a direito e desocupar a outra para quem vem na direcção oposta...
Eles não se comportam assim. Não aqui onde moro, vos garanto. Vá lá, sabem conduzir carros e cumprir essas regras, porque o código de estrada está escrito. Como não há nada escrito a ensinar como se comportarem em supermercados, passeios, etc, têm comportamentos que lhes deixa expostos à sua ignorância, como se fossem selvagens que nunca foram apresentados à civilização moderna.
O post já vai longo, por isso este assunto vai ser por partes. `
Ainda tenho de falar (claro), do que é ser peão no passeio. Ui! Aqui é ainda melhor!!!
A notícia voltou a bater dolorosamente. O senhorio voltou a dizer que a Câmara local vem inspeccionar a casa para verificar se tudo está nas conformidades da nova lei de arrendamento. Acontece que o quarto que ocupo é pequeno e não corresponde aos parâmetros mínimos. Se a câmara o reprovar vou ter de abandonar esta casa. Corrida, como uma indesejada.
Terei "pré-aviso", claro. Como se isso adiantasse alguma coisa. Não quero sair, não estou preparada para sair e não quero abandonar o meu quartinho pequeno e bem localizado na casa. Não quero mudanças. Não quero isso tudo outra vez. Aqui já não se encontra nenhum quarto ao preço que eu pago por este. Simplesmente não quero continuar nessa luta do alojamento, não quero ajustar-me novamente a novas pessoas, a um novo espaço, descobrir novamente como é a acústica da casa, se afecta o meu repouso, as rotinas, os hábitos de cada um, como funcionam os electrodomésticos, a máquina de lavar roupa em particular, o aquecimento, os truques dos autoclismos ingleses, onde secar a roupa e se há espaço, o que se deve e não se deve fazer e se terei um jardim do qual posso usufruir ou apenas um monte de relva selvagem. Estou cansada! Quero só o meu cantinho e não ser incomodada. Não é pedir muito, porra.
Ou é?
Posso pedir para que rezem por mim? Enviem-me boas energias, que bem preciso. Não me importava que me acontecesse o mesmo que na história da nova série da Sic: um golpe de sorte.
Assim que recebi essa má notícia, parece que as coisas acontecem seguidas, desequilibrei-me e quem pagou foi o portátil, que ao ser pisado quando subi à cama para eliminar uma aranha, avariou-se. Estou a escrever no meu amado notebook de 2008. Recuperei-o da "morte" por ser o meu aparelho favorito, mas não tem capacidade para uma série de coisas que também são necessárias hoje em dia numa máquina destas. Ver vídeos e coisas assim, é difícil.
O senhorio tinha-me dito que era muito provável que eles não fossem embirrar com o tamanho do quarto, porque iam saber ver que a casa é bem cuidada, que tudo está nos conformes e que o interesse deles era apanhar os reais infractores, não pessoas como ele. O senhorio tranquilizou-me. Quando o último quarto ficou vago, chamei-o para lhe dizer que, se existisse a possibilidade de eu ser metida na rua por estar a dormir no quarto menor, então preferia mudar-me para o quarto grande e deixar o pequeno desocupado. Ele assegurou-me que a Câmara não devia levantar problemas.
Seis meses depois...
Mas há outra coisa que me está a soprar ao ouvido. Um "diabinho" receia que isto não passe de um estratagema para me tirar da casa. A decisão já está tomada, entendem? O pretexto? Encontrado! É a Câmara que não quer... Tenho receio que os daqui tenham "soprado" nos ouvidos do senhorio coisas pouco agradáveis e totalmente inventadas. Já que são tão unidos e ardilosos, com tendência para praticar queixinhas. E este então, use o estratagema da vistoria para me remover da casa. Posso estar enganada. Rezo a Deus para que esteja! Acho este tipo de joguinhos do mais feio que existe. Prefiro pessoas que enfrentam os touros pela frente, dizem o que têm a dizer, procuram dialogar. Não gosto quando vão por detrás das costas meter veneno.
Desde que a "visita" inventou que lhe roubaram dinheiro da mala que "convenientemente" deixou na sala que temo que, além dos que cá estão, eles procurem também ter um backup de terceiros. Ou que entrem pela mentira "desapareceu-me isto e só ela estava na casa". Mas quero acreditar que isso não passam de receios meus, de pessoa que já passou por traições e desilusões q.b. quando menos merecia e menos precisava. Afinal, o que é que uma pessoa mentirosa e maliciosa faz senão garantir que a mentira tem aspecto de verdade? Não basta a palavra de um, nem do grupo, tem também de existir umas de fora para solidificar a invenção. Essa é a natureza traiçoeira do mentiroso.
Na conversa que teve comigo o senhorio disse: "Há outras casas. O que não faltam são casas com quartos pequenos" - o que não é muito simpático porque já indica um confortável desapego.
Desta vez não mencionou que me arranja outro quarto noutra das suas casas. A ideia de me perder como inquilina não me pareceu que o afectasse. Se acontecer, dá-me "tempo" para sair. Como se isso o ilibasse ou invalidasse que qualquer saída precipitada e involuntária é dolorosa e desgastante. Se a Câmara disser que este quarto é impróprio, obras terão de ser feitas para o expandir. Uma parte de uma parede tem de ir abaixo. Não são nem 10 cm de espessura de parede por 50 cm de largura! Um despropósito, impor uma obra com estes encargos fazendo ela pouca diferença no usufruto do espaço.
Também temo que ele prefira fazer isso - ou dizer que vai fazer isso, para de seguida cá enfiar outra pessoa, cobrando mais renda. Ou então terá mesmo de fazer as obras e, claro, obra feita, sobe a renda. Em qualquer cenário, a longo prazo, para qualquer senhorio é sempre mais vantajoso ter um inquilino por pouco tempo, porque assim que outro aparecer pode subir o preço. Não que não o possa comigo cá, mas se calhar fica mal ou melhor: refazer o contrato não é algo viável. Quando há seis meses mencionou que tinha outro quarto noutra casa, disse-me que este era mais barato. Há um mês esse quarto vagou novamente mas o renda já era superior. O preço aumentou 20 libras.
Fala muito que o pai era um homem às direitas, correcto, bondoso. Espero que ele não seja só mais um interessado no próprio bolso. Tenho receio. Só receios.
Rezem por mim, sim?
Quanto mais velha, menos tenho uma vida estável. Menos pessoas bondosas me cercam. Diziam que ia ser o inverso... mas não! E isso é muito cansativo.
Novas alterações no funcionamento do IEFP estão para ser implementadas. Acabam as apresentações quinzenais, que obrigavam os desempregados a deslocarem-se ao Centro de Emprego sob sanções de perderem o direito ao subsídio e a inscrição.
Foi algo que sempre me revoltou - essas sanções, que para mim eram mais coações. Uma autêntica ameaça, para quem já recebeu e leu uma dessas cartas convocatórias que em duas linhas indica a data e hora de um ajuntamento e noutras quatro enumera as punições: caso a pessoa não compareça, a inscrição fica imediatamente anulada e por 90 dias o desempregado não pode voltar a inscrever-se.
Esta sanção/coasão/ameaça ainda está em vigor. As mudanças vão ocorrer dia 1 de Outubro (há que dar descanso aos que vão de férias) e aplicam-se aos desempregados subsidiários.
Ora, eu nunca fui uma desempregada subsidiária, a pesar de ter trabalhado vários anos consecutivos. Era trabalhadora independente e a mudança da lei do subsídio para esse tipo de trabalhador era uma promessa e uma miragem que, quando implementada, já chegou tarde para mim.
E talvez por estar abaixo dos baixos, o IEFP nunca me serviu para nada. Só para fazer nascer esperanças goradas. Por mais que insistisse ou demonstrasse interesse, por mais que alterasse a minha inscrição e ampliasse as áreas de interesse, por mais que lá fosse inscrever-me para realizar formações de qualquer espécie.
Tudo o que consegui realizar, fiz-lo à parte de qualquer contributo do IEFP.
(Chega sempre tudo tão tarde para mim... Até parece bruxedo).
Bom, mas qualquer mudança sempre é melhor do que deixar as coisas como estão. É ofensivo! Estas mudanças sempre são melhores do que se continuasse o fracassado sistema implementado. E todos a assobiar para cima, a fingir que não notam na sociedade, no mercado, as consequências das lacunas e inutilidades do sistema. É ofensivo para as pessoas que o procuram e nele depositam fé e repressor , por erradicar o optimismo de quem está em baixo a tentar condizir a sua situação a bom porto. Parece que estão a brincar com a vida das pessoas desempregadas. Como já disse uma vez, o IEFP não passa de um centro de estatística.
Desejo mesmo que as referidas mudanças surtem efeito visível na vida dos desempregados. Mas tenho sérias dúvidas que, na prática, isso aconteça. Acabam as apresentações quinzenais, mas não as convocatórias. Acaba a estupidez sem sentido de impedir o desempregado de se manter inscrito e o punir com o impedimento de voltar a inscrever-se durante um mínimo de 3 meses! Como se ficar 3 meses com essa porta fechada não fizesse qualquer diferença no orçamento familiar, nem contribuísse com um bom empurrão para um abismo de desespero. Desempregado não é leproso, não é criminoso! Se fosse, talvez até lhe dessem uns trocos... O que o IEFP ainda faz ao desempregado - pois por enquanto tudo se mantém, é puni-lo severamente, como se não tivesse valor algum. É desumano.
As novas alterações vão impor um "plano personalizado". Até 15 dias após a inscrição num Centro de Emprego, é elaborado um Plano Pessoal de Emprego.
Ora, eu tenho cá para mim que isso é apenas mudar o nome ao que já faziam aquando o acto de inscrição: actualizar a ficha de dados. Tomara que seja algo mais, mas até ver, reservo o direito, ganho a duras penas e a chapadas na cara, de manter o meu cepticismo.
Outras medidas passam por:
a atualização e revalidação desse plano;
sessões colectivas de carácter informativo;
sessões de procura de emprego acompanhadas;
programas de apoio disponibilizados pelo Instituo de Emprego e Formação Profissional (IEFP);
desenvolvimento de competências e “sessões regulares” de atendimento personalizado.