Metereologia 24 h

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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

A "coisa"


Ainda tenho momentos em que penso... nele. (vou passar a designar "a coisa"). Este é um tema que para mim está eliminado. Mas decidi fazer este post. Porque as situações são cíclicas e a aprendizagem é constante. É nisso que penso: que aprendizagem tinha de tirar daquilo pelo que passei?
Comecei num novo emprego. O colega que apanhei lá, revelou-se inconveniente, preguiçoso e desagradável. Daqueles que não sabe trabalhar com uma mulher, porque só vê a mulher, que considera menos capaz, não vê uma colega. Fez e disse-me coisas inadequadas, como por exemplo: "Viste como trabalhas-te hoje? Isto não é para ti, acho que devias ir trabalhar para outro lugar". 

Tudo o que preciso para estar bem é trabalhar num ambiente simpático. Tão simples quanto isso. Aquele parece-me um bom lugar para tal mas este indivíduo fez com que me sentisse mal ao  rebaixar o meu trabalho. Na sexta-feira mal podia esperar para o dia terminar! 

Nesse instante em que constatei que não ia gostar de trabalhar com aquela pessoa, o contraste fez-me recordar e senti falta "dele". Cheguei a chorar. 

Voltei a rezar, a oração do costume: "por favor, afasta de mim tudo o que é má pessoa. Não eu delas se eu estiver onde quero estar. Mas elas de mim. Traz-me só pessoas boas". 


E não é que, na segunda-feira, o indivíduo tinha sido demitido? Mentalizei-me que teria de voltar a trabalhar com ele, tomei a decisão de manter qualquer conversa para o mínimo e tentar fazer tarefas em separado. Mas quando chego, ele não está e quando pergunto pelo seu paradeiro, é quando me informam que ele "não vai mais regressar" porque "não o quiseram". 

Fiquei em choque! Ele estava convicto que ia ficar ali e lhe iam propor um contrato! Mantive-me em silêncio, por dentro e por fora. Não estou livre de sofrer do mesmo destino e não sou de me deleitar com a desgraça alheia. 

Sexta-feira, o chefe apanhou-o sentado, sem fazer nenhum, a enviar mensagens no telemóvel. Talvez tenha sido esse o motivo junto com outras circunstâncias que desconheço. Depois do flagrante, vi-o trabalhar a sério, pela primeira vez. Sem parar para fazer as suas pausas espontâneas. Ao contrário de todos, que à sexta-feira abrandam um pouco, ele andou parado a semana inteira e deu-lhe "gás" só na sexta. Quase como se quisesse me provar que era melhor que eu. Sempre a dar-me ordens e a desfazer o que fazia. 

Até com a hora da pausa teve de discordar comigo. Quando lhe digo que achava que era hora para o intervalo, responde-me que faltavam 15m. Estaria equivocada? Disse-lhe que tinha tirado uma fotografia ao papel que indicava essa informação e fui procurá-la no telemóvel. A fotografia confirmou a minha impressão. Mesmo assim ele responde-me que estou errada, que o papel correcto é outro. 

Fui confirmar e vi que todos os colegas tinham desaparecido dos postos de trabalho. Disse-lhe isso mas ele tinha sempre de ter razão. E por isso não me acompanhou na pausa. Decidiu tirar a sua quando todos foram trabalhar. 

Seja qual for o motivo da decisão de o demitirem, sei que foi a decisão acertada. Ele não era a pessoa adequada para aquela função porque, a cada oportunidade, tentava não fazer nenhum. Não sabia comunicar e dava-me ordens, tendo apenas mais cinco dias na empresa que eu. Foi uma surpresa sabê-lo dispensado, porque parecia integrado, bajulava um a um e todos pareciam gostar dele. Mas pelo que percebi dele como trabalhador, não foi surpresa de todo. Foi a decisão certa


Apareceu logo outro para o substituir. Um homem de certa idade, cabelos grisalhos, aparência meio "aparvalhado", com ar de sofrer de algum défice mental. Não sou pessoa de julgar pela aparência, nem de diminuir ninguém por deficiências que julgo poderem ter. Um colega que gostava  bastante do que foi-demitido, logo abriu os olhos em espanto e reprovação ao ver o aspecto do "novo". Mas eu tratei-o bem, como faço com todos. Principalmente se parecerem começar em desvantagem. Tentei facilitar-lhe a vida, enturmando-o dentro da medida do possível, sendo simpática e explicando-lhe os procedimentos, sem nunca lhe dizer o que devia fazer ou dar ordens. Dei sugestões, conselhos e disse-lhe que ia encontrar o sua própria maneira de fazer melhor as coisas, com tempo. Também lhe disse que "aprendia depressa". Dei apoio. Acho que é a forma certa de proceder com quem quer que seja. 

Sei que ele estava em desvantagem pelo ar deficiente que transmite. Mas eu também podia estar em perigo. Caso ele estivesse ali para me substituir e fosse daquelas pessoas que são um touro a trabalhar. Ainda assim, não o sabotei. Não faz o meu género. Partilhei tudo o que sabia com ele. Tratando a pessoa bem, criando uma camaradagem, até o colega que olhou para ele com ar de reprovação já o estava a aceitar melhor no final. 


Trabalhamos os três conjuntamente, em perfeita harmonia, sem conflitos ou desentendimentos. E produzimos bastante. Fiquei a sentir-me bastante feliz. Prefiro uma pessoa assim, do que uma como a que estava lá. Este também não gosta muito de trabalhar, noto que não gosta de fazer esforços e é de queixumes. Daqueles que desiste com pouco. Mas vendo a atmosfera favorável em que foi parar, não fez corpo mole. Teve um primeiro dia excelente. Se não tivesse, amanhã seria dispensado. Agora só não pode é pisar no risco. 

Porque é que estou a relatar isto?

Porque foi assim que lidei com a "coisa", quando apareceu para substituir um colega. Tal e qual, uma situação de cópia autêntica! Parece cíclico, caramba!!

Estou a tentar perceber que lições tenho de tirar desta "repetição de história". É que não é só a forma como tratei bem o recém-chegado, que é idêntica à maneira como tratei o anterior recém-chegado. É também a preocupação que demonstrei. Caramba! Isso foi o que me fez recordar como começou a minha história com o "coisa". 

O recém-chegado não levou comida. Disse-lhe que tinha croissants e dava-lhos, para que não ficasse de estômago vazio. Partilhei os croissants e também parte da minha refeição com ele. Fez-me confusão que ele ficasse a trabalhar o dia inteiro sem comer.

Sabem como foi com a "coisa"? Comecei a aproximar-me do "coisa" por essa mesma razão. Idêntica! Disse-me que não comia. Aquilo chocou-me. Preocupou-me. A sua teimosia em não comer também surpreendeu-me. Tentei entender. 

Foi assim que TUDO começou. Comigo preocupada com o bem-estar de uma pessoa que se recusava a comer enquanto executava trabalho duro e pesado. Como posso «esquecer» ou melhor, não recordar, se as situações se repetem?


Tantos homens por aí... muitos a tentarem aproximarem-se de mim, com segundas intenções... E nenhum me disse coisa alguma. Cheguei a temer só me ter apaixonado pela "coisa" por este ser jovem. Será que tenho algum assunto mal resolvido? Será que só olho para rapazolas, esquecendo-me que a minha juventude passou?

São coisas que me passaram pela cabeça. Mas ao perceber a minha atitude e comportamento diante da mesma situação, mas com uma pessoa de outra idade, de outro tipo, percebi que eu não mudei nada. Sou a mesma. Agi igual. A mesma simpatia, mesma afabilidade, mesma disponibilidade para ajudar, com um toque de discrição. A diferença de idades não influencia o meu comportamento. 

O "coisa" honrou esta minha postura cortando-me da sua vida com um súbito silêncio sepulcral. E isso feriu. Mais que uma paixonite que podia ou não ser correspondida, situação que eu própria já tinha riscado da minha vida por isso pouco me incomodaria se fosse ou não, o desprezo dado à pessoa que lhe fez bem, que o acolheu e o fez sentir-se feliz, magoou. Era bordoada vinda de todos os lados. A dele foi a derradeira, que me fez questionar se a minha essência como pessoa tinha valor.


Aconselhei várias vezes este novo colega a trazer comida no dia seguinte. Respondeu que não. Bastava-lhe jantar quando saísse do emprego.

Não podia ter dito a frase mais copiosamente
Foi tal e qual "o coisa".

Como já passei por esta situação antes, não pretendo insistir. Ainda mais com um homem feito. Um rapazola... ainda vá lá. Mas um homem que já deve saber o B-A-BÁ... 

Também não vou estar sempre a partilhar a minha comida. Bem que a aceitou e devorou com deleite. Pude perceber que até a desejava, quando me viu a comer. As batatas fritas, o frango, os croissants...

A empresa não vende comida, Nem sequer tem máquinas. Há um supermercado a uns 8 minutos de distância, mas pelo que percebi o homem não faz o género de se alimentar, ponto final. 

Se tenho que aprender uma lição com esta repetição kármica, é não me preocupar com esta decisão aparentemente insensata. O homem é crescido, eu não sou mãe dele. 

Esta "repetição" serviu para eu perceber que a atracção que senti não surgiu das circunstâncias, nem da aparência jovem da "coisa" (que nem era bem afeiçoado, pelo contrário, mas aos meus olhos era). Foi mesmo o conteúdo que ali encontrei (ou julguei encontrar) que me fez desenvolver sentimentos tão fortes pelo desgraçado. Não foi a sua juventude. Ainda bem que fiz esta descoberta.

"Gamei" no crápula. Gostei tanto, que só lhe desejei coisas boas. Para infelicidade minha e total desorientação dos sentidos. Mesmo depois de tudo. Desejei que encontrasse alguém que o fizesse hiper feliz. Desejei poder observar espiritualmente as descobertas fantásticas que intuí no seu caminho. Como sei que já não gosto dele? (bom... tenho recaídas... faz parte, ainda mais por a coisa ter ficado no superlativo muito mal resolvido). Sei  que parei de gostar porque comecei a querer que sofra. E antes não queria tal coisa.

A sua toxidade continua a espantar-me. Passei o dia inteiro mal. Com o mal dele dentro de mim. Bem que me disse que era uma pessoa tóxica. Que se descartava das outras com total indiferença e sem voltar a pensar nelas uma vez que seja. Ele disse... eu... não esperava. Não dei motivos. Não é suposto fazer-se isto apenas com fortes motivos?

Para mim o seu veneno foi super poderoso.
Senti esse veneno a consumir-me o dia inteiro.

Mas se existe Karma, o veneno vai acabar por regressar a ele. E vai levar o meu rosto no selo do "envelope".


Tenham uma boa semana e tratem-se bem!

Feliz ano do "rato".



quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Eu escrevo, que mal tem??


Eu sou de comunicar pela escrita. 
Nesta casa já me assumi como uma «escritora» de bilhetes.
Cada vez que precisei comunicar algo aos restantes moradores da casa, como é raro nos vermos, principalmente todos de uma vez, é comum escrever uma nota e deixar na cozinha.

Foi assim desde o início.

Por qualquer coisa que pretendia saber ou comunicar eu escrevia um (por vezes longo) bilhete e afixava na porta do frigorífico.


Foi o que fiz quando precisei avisar que acabou-se a luz e precisávamos colocar dinheiro. Foi o que fiz quando em Fevereiro me ausentei por uma semana - deixei bilhetinho a avisar que ia estar ausente. Foi o que fiz quando desejei FELIZ NATAL a todos, em Dezembro: escrevi email, enviei cartão postal, decorei a casa... Escrevi também bilhetinhos para qualquer coisa: principalmente para disponibilizar comida que de outro modo seria desperdiçada. Um bolo-rei, três pão em baguete, chocolate, iogurte, donuts, legumes e frutas congeladas, café acabado de moer, cerejas acabadas de colher...

ENFIM.

Eu escrevo bilhetes no intuito de comunicar. Não vejo nada de mais nisso. Até já deixei bilhete escrito quando não percebi porquê a máquina de lavar novinha não estava a ligar. E escrevi bilhete quando nos atrasamos nas limpezas da casa e pedi para apanharmos o ritmo porque vinha aí um novo inquilino. 
Há momentos porém, surpreendi-me com um pedaço de conversa que me pareceu escutar. Acontece que ontem, quando num raro momento em que me alimento nesta casa, fui até à cozinha preparar uma salada para comer, fi-lo em frente ao sítio onde há uma semana colocaram o comprovativo em papel de carregamento da eletricidade e gás. Já nem me lembrava disso. Ora, o «novo» inquilino às tantas entrou na cozinha (o que faz amiúde quando escuta pessoas lá) e às tantas ao ver o papel pergunto-lhe se já haviam dito à penúltima sobre o carregamento. É que ela não estava quando precisamos fazer o depósito, por a eletricidade ter chegado ao fim. Estava apenas a 50 centimos de ser cortada! O que significa que ela não entrou com a sua parte. Na altura os dois começaram logo a dizer que depois se pediria a parte dela quando chegasse. Só que ela já chegou faz uns dias e eu ainda não a vi. Já a ouvi, em conversa com ambos os dois. E por isso perguntei ao primeiro que me apareceu à frente se já haviam falado com a penúltima. 

Vai ele, que até foi o que meteu mais entraves e sugeriu que pagássemos menos que o habitual e a seguir cobrássemos pessoalmente 10 libras da penúltima pela parte que lhe competia, responde que «não quer meter-se nisso» e que «deixava para nós» por «não gostar dessas coisas». Ao que eu respondo »mas eu também não gosto!». No sentido de que ninguém gosta de cobrar dinheiro de outra pessoa... Ele sugere que se diga ao outro inquilino - o que está aqui há mais tempo, para o fazer. O que eu não entendo bem... porque não vi necessidade de «designar» uma pessoa em particular para a simples tarefa de dizer a um residente para dar a sua parte. Não é algo extraordinário. É de se esperar ter de se pagar contas, pelo que é uma comunicação esperada. 

Mas não pensei mais nisso e fui à «minha vidinha».
Vai daí decido ir às compras e ao descer para a cozinha, vejo o papel e lembro de deixar um bilhete. A verdade é que lembrei que ainda não sei fazer o carregamento para se ter eletricidade. E por esse motivo quando percebi que apenas se tinha 0.50 centimos, e estava sozinha na casa, pensei em ir imediatamente carregar algum só recorrendo a dinheiro meu. Mas como? Se ninguém me mostrou até hoje (não por falta de o pedir) como se faz??

Corremos o risco de ficar às escuras só porque apenas uma pessoa nesta casa «guarda o segredo» de como se faz o top-up (carregamento) das contas a pagar. Ocorreu-me então que se a penúltima desse a sua parte, como estou no meu dia de folga, era capaz de ser esta a tão aguardada oportunidade para finalmente saber como se faz o top-up. E essa simples e rápida lembrança fez-me escrever um simples e simpático bilhetinho.  


VAI QUE HÁ MOMENTOS oiço o mais novo inquilino abordar o mais velho e só escuto o seguinte: "é para deixar as coisas claras"... "não fui eu...." E o outro responde: "não faz mal, ela não estava em casa. O que importa é que temos eletricidade".

Lol.
Não é preciso muita inteligência para fazer a ligação do raciocínio. O «mais novo», com receio de o interpretarem na sua verdadeira natureza (na realidade está preocupado mas não quer passar essa imagem) tratou de «descartar-se» de qualquer autoria pela presença do bilhetinho.

Como se o bilhete tivesse algum conteúdo ilícito, ofensivo. 
Atribuindo ao mesmo essa conotação!!

E quem o escreveu? Eu...
A quem estava ele então a «passar a responsabilidade» desse «gesto ofensivo»?
A mim.

Fez-me sentir uma pessoa vil por estar a lembrar a uma pessoa que na sua ausência foi preciso pagar as contas da luz e gás! 


Não achei bem.
Não gostei mesmo nada.


(PS: sobre o novo inquilino já estive para vir aqui fazer uma actualização. Mas adiei por preferir dar destaque a outros temas que não estes domésticos. Por isso está em falta uma «actualização» e contextualização. Que agora é necessária para contextualizar o que por aí poder vir).