sábado, 22 de agosto de 2020

A ida ao centro de testes Covid19

A maior dificuldade que encontrei foi encontrar alguem com carro disposto a me levar ate la.


O acesso ao teste para o Covid-19 so esta disponivel por Drive trough. 


Marquei um teste para mim, outro para a minha amiga. Ja que estava a ajudar-me, perguntei se tambem o queria fazer e ela, claro, disse que sim. Mais por a oportunidade ter surgido que por receio de ter vindo a ser contaminada. Ela é daquelas que diz "Deus ta no comando", nao vê utilidade em usar mascara, nem em ficar fechada em casa. Viaja, passeia com a familia, tudo sem mascara e sem levar desinfectante consigo. A distancia social tambem nao a preocupa no contexto laboral. "Se tiver de ser nao ha nada que voce possa fazer. E entregar a Deus!".- diz.

Ao chegar somos informados das regras de funcionamento. Uma mulher de luvas e mascara, atraves do vidro da janela do carro, que tem de permanecer fechada, explica que e proibido ter "dash cam" (camera de tablier), e proibido fazer videos, nao se pode abrir as janelas do carro ou sair da viatura, so se pode conduzir a 5Km à hora e se precisassemos de ajuda, durante o percurso colegas dela explicariam o que fazer. Depois quis nos identificar e fe-lo atraves da matricula do carro. Havia a registado no site meia hora antes.  Todo o registo e marcacao e feita online, no proprio dia. (Bem diferente do serviço telefónico). 

A senhora pede-nos um documento de identificacao e, atraves do vidro, cada uma de nos lhe mostra o passaporte.



Seguimos em frente, passando por muitas lombas. Uns homens de mascara no fundo da estrada gesticulam a direção a seguir. Acenei-lhes em reconhecimento e o carro virou à direita. Nova paragem e outra mulher de luvas e mascara (sem a viseira, bata ou megafone como a da imagem) desta vez posicionada do meu lado, o do passageiro (que no Reino unido é à esquerda) nos pergunta se trouxemos desinfectante para as maos, luvas ou lenços de papel. 

Minha amiga abre a janela do carro para ouvir melhor e e-lhe dito para a fechar, so pode abrir um dedo de espessura (o que me fez entender a força de contagio deste virus, pois nem o ar que vem do interior dos carros aqueles profissionais querem arriscar respirar).

Minha amiga nao tinha esses itens consigo mas eu, prevenida, respondi que tinha. 
- "nossa, voce esta mais que prevenida" - diz ela, sempre achando que é demais.



Desinfectamos as maos com gel e a funcionaria, que tambem pergunta se ambas vamos fazer o teste, entra dentro do casebre do qual tinha saido à nossa chegada, voltando a sair trazendo dois sacos plasticos. De um deles remove do interior um outro saco, que por sua vez, contem outro saco com o kit em si: um cotonete medio e um frasco com um pouco de um liquido avermelhado no interior.



Explica como funciona a colectagem e diz que existem instrucoes no interior. Se tivermos dificuldades ou nao conseguirmos fazer o teste a nos mesmos, eles ajudam.

Tanto esta mulher como a da portaria começou por perguntar se haviamos estado ali antes. Como a resposta foi negativa devemos ter recebido a explicacao completa, destinada a estreantes.

Seguimos caminho. Mais distancia, mais lombas a cada 3 ou 4 metros, mais uma curva à direita, seguida por outra à esquerda. No final desse caminho improvisado por divisorias, outra curva à direita, seguida de estacionamento. 

O carro parou onde uma placa dizia que era para parar. A uma boa distancia mesma à nossa frente, no que seria uns quatro a cinco carros de cumprimento, estavam mais funcionarios. Estes nao se proximaram e percebi que era ali que deviamos fazer o teste.

Passageiro 1 e passageiro 2. Era assim que vinham identificados os kits. Entreguei o 1 à minha amiga e fiquei com o outro. Ela abriu o saco e procedeu à leitura das instrucoes em voz alta, naquele seu ingles meio partido, mas que nao a impede de se fazer comunicar claramente.




Ela despachou-se primeiro. Eu comecei a fazer o teste depois dela terminar o seu. Li as instrucoes para nao cometer erros. O mais facil de se cometer acidentalmente, a meu ver, é tocar com a cabeca do cotonete na mao, na roupa, no saco, em qualquer lado, ja que o teste e feito dentro do carro. 


As instrucoes diziam para comecar por raspar os cantos da boca ao lado das amigdalas por 10 segundos, e depois, com o mesmo cotonete, escolher uma narina e proceder a colecta, enfiando o mais possivel cotonete no interior, mas parar se sentir resistencia. Um movimento de rotacao era necessario, entre 10 a 15 segundos. Optei pelo tempo maximo, concentrando-me na profundidade e contando os segundos na minha mente.

Acho que a minha amiga nao ligou a isso.



Tossi duas vezes apos tirar o cotonete raspador da garganta. É um sitio onde se sente vontade de tossir. Minha amiga tossiu durante e depois. 

No nariz a dificuldade nao foi tao grande quanto a esperada. Ja vi colectores mais longos que aquele, que era do cumprimento de uma caneta.

Segui as instruções conforme as figuras. No final da colecta, enfiei o cotonete no frasco vermelho, fechando bem. Foi enfiado no saco transparente com zipper do qual nenhuma de nos retirou o lenço de papel. Por sua vez esse saco foi enfiado noutro, onde a minha amiga escreveu o seu nome. 



Estava a tirar uma caneta da mala quando me lembrei que a senhora que nos entregou os kits disse para nao fecharmos o ultimo saco. Minha amiga tinha fechado. Então ela fez sinais de luzes com os farois do carro, para chamar ajuda. Um dos homens no toldo em frente apareceu diante da janela dela.

-"Eu fiz asneira e fechei o saco, e agora?"

Num ingles pessimo, quase imperceptivel, o homem explica que mais à frente ajudam.

-"Poe seu lixo no saquinho e leva consigo" - diz minha amiga.

- "ja tenho tudo na mochila" - respondi.

Seguimos caminho, sempre sem sair do carro, sempre a 5km à hora. Curva à esquerda seguida de uma direita. Avista-se outro casebre com uma funcionaria fora, outra dentro. Minha amiga acelera, querendo quebrar a chatisse dos 5km por hora. 

Ela trava mesmo diante da mulher. Explica que selou o saco, mas ouve como resposta que tem de mostrar o conteudo. Depois de verificar o conteudo de ambos os sacos (suspeito que era suposto verificar de outra forma), informa que no faz mal o saco estar fechado e procede a nossa identificacao. 


Como minha amiga escreveu seu nome no saco perguntei se tinha de fazer o mesmo. Mas nao obtive resposta, porque a funcionaria estava a pedir pela identificacao, um codigo QR enviado por email. Como minha amiga nao me providenciou uma conta de email na altura em que registei, mostrou o SMS que eles tambem enviam, supostamente tambem aceite. Mas foi a placa do carro que foi sempre usada para dar inicio ou apressar todo os procedimentos. Com a matricula do carro os funcionarios sabiam os nossos nomes e tinham acesso ao resto das informacoes disponibilizadas online. Entre elas as nao perguntadas: nao apresentavamos sintomas e trabalhamos numa funcao considerada profissao essencial. (O que quer dizer que nao paramos de a exercer durante o lockdown, nos mesmos moldes necessarios antes do Covid). 



A funcionaria pede à minha amiga para encostar o codigo de barras contido no saco plastico junto ao vidro da janela do carro e passa um leitor de scanner. De seguida, pergunta-nos a nossa data de nascimento e pede a identificacao. Os passaportes, à vez, tambem sao encostados na janela. 

Por esta altura ja me tinha dito para selar o saco com o kit, que tambem foi encostado ao vidro e lido pelo scanner. A funcionaria foi para dentro do casebre e trouxe um caixote preto forrado com um saco branco. Pediu para abrirmos a janela so um pouco e atirar-mos os kits para dentro do caixote.

Assim foi feito.

Minha amiga desejou-lhe um bom fim de semana e seguimos caminho.

Todo o procedimento, desde a chegada na portaria, onde nos pediram identificacao (antes da primeira descrita aqui) ate este ponto, levou 23 minutos.

Os resultados sao enviados por email ou SMS em 48h.







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