Faz muitos anos que tenho telemóvel porém só no ano passado ganhei de presente um smartphone.
Meus amigos: eu costumava dizer que qualquer telemóvel me servia - e era verdade. Mas depois de conhecer um smartphone e de aprender a lidar com ele, passou a ser um objecto tão fácil e útil de ter!
Fotos... uma coisa que no tempo dos rolos de filme tinha de me conter bastante para não desatar a fotografar tudo o que me apetecesse. Com um smartphone isso deixou de ser uma preocupação. Em uma semana apenas ganhava com facilidade 800 imagens armazenadas. Aos poucos fui descobrindo uma nova forma de teclar e descobri o movimento de passar o dedo no ecrã. Senti-me como uma mulher das cavernas a chegar perto da saída da gruta para quase cegar com a claridade.
Pois aqui já disse que sempre me atraíram os gadjets, mas não foi por isso que tive acesso a muitos. Acabei mesmo por «ficar para trás» no que respeita a muita coisa do universo tecnológico.
Nos imensos anos em que possui telemóvel, nunca foi um objecto que apreciasse por aí além. Diria mesmo que o dispensava totalmente, não fosse a sociedade de hoje recriminar tanto e estranhar ainda mais que alguém possa não desejar ter um. Mas um smartphone é um misto de computador com telefone. Ele filma, tira fotografias, grava som... Era mais para isso que me agradava que outra coisa.
Há umas semanas dei pelo meu pensamento a divagar no historial de telemóveis que já passaram pelas minhas mãos. Na realidade, nunca comprei um. Nunca desejei, juntei dinheiro e tinha porque tinha de ter «aquele modelo» àquele preço... Neste tempo todo, o que aconteceu foi que um aparelho ia sendo substituído por outro, quando finalmente o seu tempo de vida expirava. E esse outro não precisava ser novo - e nunca foi. Alguém na família, esses sim, compradores de telemóveis, sempre tinha um largado numa gaveta que acabava por ficar a meu uso.
Então recordei faz pouco tempo, cada um desses momentos, cada um desses telemóveis, datando quando e como cada qual deixou de servir. Fiquei surpresa com a minha memória, achei piada ter recordado uma coisa à qual nunca dei importância e ser capaz de precisar no tempo quando se deu a mudança. Agora tinha o meu smartphone - de marca "branca", dos mais baratos, mas que eu costumava louvar aos céus as suas qualidades e não o desmerecia perante nenhum topo de gama de 800€. Era novo... ia durar muitos anos. E se dependesse de mim, podia durar mais de 10 que não precisava de nenhum outro.
Ontem fui consultar uma mensagem no smartphone e voltei a pousá-lo na secretária. Onde ficou o fim-de-semana inteiro. 24h depois fui buscá-lo porque é tão prático tirar uma fotografia ao invés de fazer uma lista e vai que quando o agarrei vi que estava desligado. Sem bateria não podia ter ficado, pois tinha o suficiente. E não houve forma de o ver voltar à vida. Montei, desmontei, certifiquei-me que tudo estava bem, tentei carregá-lo via USB no computador, depois diretamente na tomada... NADA.
Meu smartphone MORREU.
Um ano e um mês depois de me ter vindo parar às mãos... Sem que eu lhe tivesse feito porra nenhuma! Não caiu, não se molhou, estava sossegadinho, paradinho, protegido, em cima da secretária. Mas mesmo assim, morreu.
Ocorre-me que estou muito sujeita a mau olhado, caramba! Bastou recordar do historial e concluir a satisfação que tinha por este smartphone para a alegria durar pouco tempo. UM ANO. Mas que raio de telemóvel dura apenas um ano??
Depois caiu a ficha...
Eles são feitos PARA durar pouco! De preferência um ano e um mês... que é o tempo de garantia que têm ao sair da fábrica.
Um smartphone é também um computador. Dá para aceder à internet! E olhem que poder ver um filme num pequeníssimo monitor (que eu adoro) enquanto se aguarda a vez no posto médico é uma experiência boa e tranquilizante. O tempo não custa a passar e os níveis de ansiedade mantêm-se lá em baixo. (recomendadíssimo).
Mas como disse, é um computador com acesso à net. Quer isso dizer que tanto tu a utilizas, como outros podem se introduzir no teu smartphone. Podem consultar os teus dados privados - que sempre tens de introduzir para usar o aparelho - podem ver cada foto tua, cada vídeo, cada gravação. E por isso o smartphone pode ganhar vírus.
E se alguém contaminou o meu menino com uma maldade qualquer, hã?
Bom, ele morreu e lá tive de ir encontrar o encaixe de plástico descartável do pequeno cartão SIM para poder usá-lo no telemóvel anterior, que havia sido «deixado para trás» ainda com vida, graças ao presente novo.
Até parece bruxedo. Bom, alegria de pobre dura mesmo pouco. Uma ano, pelos vistos, eheh.