Metereologia 24 h

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segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Tomara que fosse tão rápido....

 


Era bom se os traumas emocionais passassem tão rápido quanto as marcas de traumas físicos.


As feridas já estão a sarar. A pele regenera. Libertou a crosta e está cor-de-rosa. 

O hematoma que surgiu dias depois da queda, continua a pintar de castanho escuro a minha pele branca. Ainda não mexo o braço, mas tenho-o mantido em repouso. Conto que o osso partido esteja em pleno processo de fabricação daquilo que precisa para se voltar a unir. Não tenho tido acompanhamento algum da parte da fisioterapia ou do hospital. É "deixar andar" - dizem. 

Nunca parti um osso do meu corpo. Pelo menos oficialmente. Sem ser oficialmente, penso que parti o das pernas, quando era apenas uma criança. Num episódio que não quero contar por ter um elemento que me custa relatar.  

Vão-se as feridas, as crostas, talvez até fiquem pequenas marcas do trauma físico. Mas as dores emocionais... essas podem manifestar-se para sempre. 

Não devo ocupar o meu cérebro com coisas que me entristecem ou me deprimem. Já andei a lembrar de uma certa pessoa e devia saber melhor que isso. E em casa, pequenas coisas... pequeninas... já me estão a tirar do sério. Vou precisar ser frontal com as mesmas. Jamais passar pelos mesmos erros do passado - é a lição a tirar.

É impressionante a regeneração das lesões físicas. 

Gostava que as emocionais tivessem uma duração igualmente curta.  

segunda-feira, 16 de março de 2020

Porquê não devemos falar alto o que nos deixa feliz


Encontrei dois antigos colegas no supermercado e começamos a falar. Eles continuam no mesmo lugar, do há três anos já se queixavam que queriam sair, não aguentavam mais. São sempre os que falam alto que nunca mudam, por isso não me surpreendeu sabê-los ainda lá. Nem um pouco. Perguntaram o que eu fazia, eu respondi. Perguntaram se eu gostava. Respondi, muito com o coração:

- I love my job. Love it, love it, love it!

O cupido sádico, aquele anjo-demónio que está sempre de ouvidos em riste à procura de saber o que nos faz feliz para a seguir nos tramar, ouviu. Tão certo como eu ter pronunciado estas palavras tão verdadeiras, aquele foi também o último dia que trabalhei na empresa, sem o saber. 



Soube hoje, quando lá cheguei, que tinha sido dispensada. 


Nunca mais, mas nunca, nunca, nunca mais.
Vou evitar ao máximo.
Dizer que gosto de alguma coisa... 
Demonstrar que algo me deixa contente, feliz.

Assim que abro a boca para o expressar, tudo se desvanece. Chiça.


Parece que cada vez que tenho algo, quase ao meu alcance, subitamente, puft! Desvanece-se no ar. Foi "ele" tão súbito, é agora o emprego onde o chefe me disse tanta vez que pretendia me manter e garantiu que me queria neste mesmo dia. Só para isso regressei de Portugal. Feliz. Com saudade de labutar. Vontade de meter a mão no trabalho. Ah, a ironia!!

Com os receios do virus simplesmente a carga de trabalho na empresa diminuiu drasticamente.
E quem não faz parte dos quadros, "dança".

Corona: deve ser esse o nome desse anjo-demónio!
A partir de agora já sei que nome lhe dar.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Facebook das VAIDADES

Desde que o mundo é mundo que grande parte das pessoas competem entre si pela atenção e preferência dos outros. Começa-se a notar isso quando se ingressa na escola, se fazem amizades e começam as invejas. Há quem sinta uma rejeição e sofra com isso mas o que a maioria não admite é que o estigma de inferioridade e de ter sido preterido/a acompanha para o resto da vida e vai pautar o seu comportamento social daí adiante.

Creio que é daqui que nasce o conceito de "duas caras", ou se preferirem três ou quatro: uma pessoal quando se está sozinho, outra quando se está com familiares, outra quando se está com amigos próximos, outra quando se está com amigos menos próximos, outra quando se está com colegas e outra quando se conhece alguém pela primeira vez. Enfim, há pessoas que têm várias caras conforme as que lhes aparece à frente. Mas deixem-me vos dizer que pessoalmente, tenho apenas uma e acredito que todos nós temos uma e somente uma. O resto são máscaras.

E é de "máscaras" que vim falar. O trabalho que dava antigamente para manter uma amizade! Para manter a fachada de se ser o que no fundo não é, quando foi com essa máscara que se deu a conhecer a alguém. Para que esse alguém continue a se interessar por nós, havia que manter as aparências. Hoje em dia isso está muito mais facilitado para quem usa ferramentas como o FACEBOOK.

O meu facebook é algo que uso e só me vejo a usar da forma livre. Se não conseguir andar por ali a me sentir livre para dizer e fazer o que me apetecer, então não me interessa. Talvez por isso ou porque é mesmo de mim, o meu facebook é do conhecimento de poucos, tenho "amigos" só de facebook que chegaram porque partilhamos o gosto pelos mesmos jogos e mais nada. Mas tenho aqueles que realmente conheço e que me conhecem. Um deles é um casal. Vejo constantemente as publicações do lado feminino e fico parva porque NADA do que ali vai parar reflecte a pessoa que conheço. É uma autêntica fabricação.

Essa pessoa recebe muitos comentários aos posts, costuma colocar aqueles meio idiotas com dizeres com lições de moral, coisa que não tem nada a ver com a pessoa também. É surpreendente perceber o quanto criou para a sua atmosfera privada uma personna fabricada. E é assim que se sente feliz, segura e rodeada de amizades. Já o lado masculino também usa o facebook para publicar, às vezes até a mesma coisa, mas não recebe quase nenhum comentário. Pensem bem: ambos publicam o mesmo, um não recebe comentários - talvez um ou outro do pai, do tio, da tia, o outro recebe muitos. Isto quer dizer que um é mais popular que o outro? Que as amizades dela são melhores, mais fortes e verdadeiras que as dele?

O facebook é muito apreciado como fogueira das vaidades. Ali cria-se a pessoa que se deseja ser, para receber os comentários que se desejam receber. E é por isso que tanta gente tem vaidade na sua conta de facebook. Fazem questão de mencionar que têm mais de 100 amigos que são mesmo seus amigos, que não aceitam amizades de desconhecidos, só de pessoas próximas com quem sabem que podem contar. É de uma vaidade e uma necessidade de rejubilar atroz.  E também não é verdadeiro. Mas não têm percepção disso. Não têm percepção que se revelam carentes, que revelam um ponto fraco ao precisarem tanto de se validarem dessa maneira.

Mencionei o casal que conheço bem porque queria usá-los como exemplo. Ela é fria, egoísta, ingrata e gosta de se aproveitar das pessoas. Ele é altruísta, amigo do amigo do amigo e tinha realmente verdadeiros amigos antes de a conhecer. Coisa que ela desesperadamente tentava arranjar e só começou a conseguir depois de o conhecer. Ninguém o adivinha - por uma análise aos conteúdos do facebook. Ninguém sabe que é ele faz tudo em casa - desde cozinhar, a limpar, a cuidar do bebé. E ela fica deitada no sofá, a ler revistas. No facebook dela chovem elogios à sua dedicação ao trabalho, à pessoa que ela é. No dele é um marasmo. Na prática? Na prática ninguém iria gostar de partilhar a vida ao lado de uma pessoa assim, tão centrada em si própria e tão perita em fazer os outros trabalhar por ela. Quem ela é realmente só poucos conhecem. Quem a conhece desde menina. Quem a conheceu já adulta tem uma "nova versão". Que não é autêntica. Podia ser, um bocadinho, de uma certa maneira, mas um pouco de convivência revela logo que não é. Ela não é aquela pessoa que está no facebook, a usar o seu nome e identidade.

Pelo que com isto concluí que o facebook, para uma maioria seriamente complexada, não passa de uma ferramenta social para afagar o ego e criar um alter-ego. Para alimentar a vaidade e satisfazer as carências que, desde a infância, ainda procuram validação através da quantidade de amizades e através do pensamento que os outros fazem da pessoa.