Metereologia 24 h

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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Covid ou nao Covid? Continua a duvida.

Sao 5 da manha e vou tentar dormir para acordar as 7.30.

Dez minutos depois de ter escrito aqui respostas aos comentarios do ultimo post, envio uma mensagem ao rapaz da casa, para saber como se sente. Ouvi-o a vomitar no wc.

Nada disse (nunca diz) e por ser muito tarde nao o quis importunar pessoalmente. Desligo a luz. O primeiro dia de trabalho num novo emprego ia começar em poucas horas. E ainda tenho o noturno com que me preocupar. E muito importante descansar. Entre os dois, tenho apenas 4h para dormir e a meio da tarde. Nada mais.

Mais dez minutos e oiço a rapariga a sair do quarto para abordar o rapaz. Chamam o meu nome pela porta. Abro. Ela diz que temos de chamar uma ambulancia. Pego no telemovel e disco o nimero de emergencia: 999.

Nao vos conto mais nada, mas foi exaperante. Basta contar que a primeira chamada foi feita as 1.15am e a ambulancia apareceu as 4.00am.

O rapaz tinha dores no peito e dificuldade em respirar. Um provavel bloqueio numa veia perto do coracao. E talvez Covid. Quem sabe?

Espero que ele fique bem. É boa pessoa. A rapariga tambem. Louca, mas boa gente.

Se vim para esta casa existe uma razao. E ja gosto deles e me preocupo com o seu bem estar, mesmo que nao venhamos a ser grandes ou intimos amigos.

Estamos todos no mesmo barco e temos de nos ajudar mutuamente. Sem familia por perto. Se o covid aparecer nesta casaz terei de ser cuidadosa com a minha familia do outro lado do atlantico.

Mas vao ser estas as pessoas que terao de me auxiliar. E eu elas. Nao podia ter calhado melhor, diante da alternativa.

Bom, vou tentar descansar. Duvido que adormeça. O rapaz levou morfina, tomou aspirina e foi para a ambulancia amparado por duas paramedicas. Fizemos-lhe uma mala de roupa, metemos o passaporte e o telemovel com carregador. Espero que nos de noticias.

No meio desta comocao, como estamos numa casa e aqui deixa-se a porta aberta, as 4 da manha uma rapariga loura toda produzida surge do nada a pedir o telemovel para chamar um taxi porque o namorado deixou-a ali. Fria, sem querer saber da comocao, sem interagir. La dei o meu telemovel a uma estranha, que foi para casa de taxi enquanto o meu colega estava ligado a um aparelho cardiaco e a ser injectado com morfina.

Quando regressar vai ser mimado. Algum bem tem de sair deste mal. Aposto que e desta que vai deixar de fumar. Ele tentou, mas so conseguiu por 3 dias. Voltou a fumar em força e coincidiu nessa altura começar a ter pior aspecto. Fiquei preocupada e tomei uma nota mental para estar atenta.

Mas ele nao me disse hoje que estava com dores no peito. Tem-se mantido afastado, devido a suspeita da rapariga dele ter Covid.

Foi para o hospotal, onde esta a ser vigiado e espero que, bem tratado. O coracao dele nao estava a funcionar bem. Espero que consigam reverter isso e que ele nao fique com problemas.

O melhor que podemos possuir e a nossa saude. Bjs e cuidem-se.


quinta-feira, 21 de maio de 2020


Why when bad people get inside a house, they never leave?

Falo, claro, no caso de casas com quartos partilhados.

Enquanto estou aqui sentada na relva do jardim,  procuro a paz às aflições que me atormentam.

Primeira fotografia de mim no blogue.
Yeah!
Costuma ajudar. Mas já produz pouco efeito. Tenho de ir para outros jardins, onde o espaço não está carregado de hostilidade.

Na véspera de tudo acontecer (a gorda dizer ao senhorio: "tira-a daqui senão não trago ninguém para morar cá"), trouxe estas flores que colhi de noite, pelo caminho, enquanto regressava do trabalho.


Não são lindas?


Meti-as num copo de vidro alto, despejei água para dentro e coloquei esta jarra improvisada no centro da lareira, para embelezar o espaço.

No dia seguinte, como se qualquer intervenção minha na casa fosse intolerável, chamam o senhorio e enfiam-lhe pela goela abaixo um monte de malévolas mentiras juntamente com um pedaço de bolo pascoal e um cafezinho.

Antes e depois.
  Só desviei dois bonecos da esquerda para a direita 
e reposicionei o ovo.
É preciso frisar que antes do "antes", a jarra
 que vem a esquerda estava ao centro mas foi
rapidamente relegada para dar espaco a isto:

Uma especie de lareira
que vira prateleira de despensa
(Para armazenar paes, bolos e multiplos
ovos de chocolate exclusivos para consumo italiano)

Depois daquele dia comecei a procurar uma nova casa para morar, mas fui hesitante na seleção e nao tive sucesso. A ideia era sair de imediato. Percebi que já estava a demorar demasiado tempo e isso desagradou-me. Quanto mais tempo passar na casa, mais intrigas vão inventar para reforçar as mentiras inventadas sobre o meu caracter e comportamento. Uma coisa que não lhe devia ter dito quando a confrontei, foi que nenhum dos amigos (que supostamente não gostam de mim), me conhecia. Ela ficou espantada. Prestou atenção. Como já a temer que eu pudesse ter encontrado uma brecha na sua história inventada.

Deve ter pedido a uns para confirmarem a sua versão com o senhorio. Isso justificaria a presenca de uns deles na casa, ontem, anteontem e noutro dia. Deixando moedas e mensagens como que encantamentos.

Mas a verdade é que nunca fui mal educada. Eles traziam pessoas cá para dentro sem nunca partilharem comigo essa informação. Eu ficava a saber por esbarrar nas pessoas, geralmente quando tentava aceder à cozinha. Convivios, jantares... Nada me foi dito. Era propositadamente colocada de parte por eles e depois davam a entender aos convidados que era eu que me excluia.

Tudo manipulação. Sempre falsos, sempre alertas à percepção dos outros.

Naturalmente, sou surpreendida quando entro na sala e encontrou um bando de gente. Digo "hello" e meio que fico à espera de uma apresentação. Mas não me diziam o nome, não se apresentavam, não me apresentavam a ninguém.  Muitos nem me olhavam na cara quanto estabelecia com eles contacto visual e lhes dava um timido mas genuino sorriso, quanto mais me falar.  Nem uma curta interacção, uma pergunta, nada. OK, não me querem junto deles. Fazem-me sentir uma intrusa na propria casa onde pago para morar, pelo que faço o que tinha ido ali fazer e deixo-os sossegados.

A ela só lhe disse que muitos nem um "hei" diziam e respondi à resposta dela sobre os colegas "ninguém nesta casa gosta de ti" com:

-"isso é porque tu dizes a todos que aqui entram "que terrivel portuguesa mora aqui!"

Voltando aos malmequeres, ao fim de algumas noites, reparei que continuavam resplandecentes. Deixei-os ficar. Não pensei que durassem tanto. Mais uns dias se passaram, a busca por um novo quarto atingiu uma percepção de calamidade e desânimo. Os malmequeres continuavam visosos. Contudo, comecei a associar a presença deles com o início deste novo tormento.

Será que, enquanto ali estivessem não ia arranjar um novo lugar para morar?

Se nada aparecesse dentro de dias, ia deita-los fora.

 Assim, 18 dias depois de os ter colhido. Removi-os, para ver se me trazia sorte.


Passaram-se mais quatro e até agora, nada.

Só mais uma epifania:
Quando no pico do medo e pânico comparas um virus mortífero como o Covid29 com os teus colegas de casa e concluís que este é uma ameaça menor, ficando feliz por poderes sair de casa todos os dias para ir trabalhar, isso devia ter servido de pista.

Estou só a tirar estas coisas dentro de mim.
I was blind but now I see!
(Will I ever, really?)

terça-feira, 14 de abril de 2020

Preocupo-me com «ele»

Nesta Sexta-Feira Santa estava a dialogar com Jesus, naquela que foi uma conversa tida num momento de gratidão pela vida. Porque, a pesar de tudo, se é verdade que Ele existiu e fez o que fez  pela humanidade, apeteceu-me agradecer-Lhe.

Depois dos agradecimentos, vieram os pedidos. O que é realmente importante? Aquilo que me faz falta? Deixei a emoção mais intensa revelar-se dentro de mim. E ela é ele. Ou o amor que sinto. Quero viver um amor. Com outra pessoa, se necessário for, mas quero amar! Com a condição de  saber o que é ser amada de volta.

Revivo momentos, imagino muitos que haviam de vir e penso regularmente nele.
Pergunto-me se está bem. Se não estará doente com o vírus.
Claro que está bem. Está optimo! Fantasio que também pode, subitamente, querer saber como eu estou. Mas não quer. Talvez nunca tenha querido.

O que me chateia é que nada disto tomaria as proporções que tomou, caso ele tivesse tido outro comportamento. Um diálogo. Nenhum sentimento atingia a magnitude do meu, se tivesse oportunidade de se clarificar. Podia ter tudo falecido ali. Mas não... tudo aumentou, intensificou. Passado tanto tempo até começo a sentir embaraço de indicar quanto, ainda estou emocionalmente comprometida.

Porra!
Que estupidez.

Espelho, espelho meu, existe alguém mais idiota, parva e estúpida do que eu??

segunda-feira, 30 de março de 2020

Que confinamento?


O Corona está a dar-me emprego.
Esta semana vou trabalhar 8h por dia, de segunda a sábado.

A «quarentena» não vai ser para mim.
Tinha comprado tintas e telas, não fosse o caso de me sentir meeeeesmo sem nada para fazer. Mas não tem sido nada assim. O tempo corre depressa demais e quando vou a ver, não fiz nada do que pretendia. E principalmente, não descansei. Dormir nesta casa é quase impossível. Nunca tenho mais de 3h seguidas de repouso. Pareço um zombbie. Mas sempre foi assim e o que se torna rotineiro acaba-se por aceitar. Não posso mais queixar-me das olheiras, elas surgiram por décadas mal dormidas. Pelo que têm razão de existir.

Percebi que não vou ser uma das pessoas privilegiadas, que podem fazer quarentena e são pagas para ficar em casa. Acreditem: é um privilégio. Muitos encaram como uma sentença de prisão mas tem de se trabalhar o cérebro para que este não conclua extremos. Daqui a 10 minutos tenho de sair. Para caminhar uma hora e não chegar atrasada. Vou de máscara, boné, luvas, casaco. O habitual. Irei também cruzar-me com muitas pessoas, umas a passear o cão e os filhos. Não ficam nos quintais de casa, têm de sair do seu espaço privado e íntimo. Espaço esse que aposto, era o mais desejado quando não se viam confinados a ele.

Enfim...
Desculpem, mas agora tenho de ir a correr!

Fiquem bem.
Fiquem em casa,

sexta-feira, 27 de março de 2020

Euromilhões e Corona virus


Por curiosidade fui ver se a situação de Pandemia Mundial influenciou o número de apostas que os Portugueses fazem no Euromilhões. Será que há menos pessoas a apostar porque já não se deslocam aos locais de registo? Ou será que o pessoal começou mais a apostar online?

As apostas decresceram.
No último dia de Janeiro:


  • Nº de Bilhetes registados em Portugal

  • 1.670.989

  • Hoje, sexta-feira, dia 27 de Março:

    • Nº de Bilhetes registados em Portugal :  964.438 contra os 712.892 de Terça.




  • quarta-feira, 25 de março de 2020

    Mãos de velha

    A lavagem constante das mãos com água e sabão fez com que as mesmas envelhecessem 25 anos.




    Mas a culpa vem de trás. Também de um virus inglês. Quando cá trabalhei em 2005. Foi nessa ocasião que me alertaram que algo suspeita-se que na água, estava a criar irritações cutâneas em alguns trabalhadores. Que mãos feias eu tinha!

    Ao emigrar para cá há três anos, o primeiro emprego impunha mexer muito em água e detergentes químicos. Fiquei com feridas, pele seca a pelar, coceira e ardor intermináveis.

    Fui ao dermatologista. 
    Veredicto: virose.
    Sentença: Não poder lavar as mãos.

    Como se isso fosse possível.
    Logo eu. Se não for demorado, lavo-as várias vezes ao dia. Os tais 20 segundos porém já é demais. 

    Acho que os cremes hidratantes para as mãos vao vender muito! Comprem agora enquanto ainda são baratos.


    terça-feira, 17 de março de 2020


    Ovos, farinha, carne, peixe, pizzas, amendoins, bolachas, leite, comida pré-congelada, agua engarrafada, comida congelada, vegetais congelados, massas, arroz, produtos de higiene como papel higienico, tampoes, pensos, desinfectantes, produtos de limpeza, fraldas, fórmula para bebé. Acabei de listar tudo o que não se encontra nos supermercados no Reino Unido.

    Esquerda: supermercado hoje ao meio-dia.
    Direita: as mesmas prateleiras ontem, às 7h da manhã.
    Supostamente deviam ter papel higiénico, foi tudo preenchido com chocolates.
    É o único artigo que não está a ser comprado.

    Sinto-me parva. 
    Sou uma pessoa que gosta de armazenar. Mas vivendo numa casa partilhada onde o espaço é limitado, não tenho os hábitos que teria caso vivesse sozinha.

    Secção dos legumes congelados
    Nao tenho por isso arroz, nem ovos, nem farinha, agua. Papel higiênico tenho porque esse armazeno no quarto, onde o espaço é partilhado comigo apenas. Nao tenho muito mas penso que dará para umas semanas. Mas já nem sei. Da maneira como isto está, talvez este nao volte as prateleiras ou custe ouro.

    É tudo uma incógnita.

    Prateleira dos pacotes de bolachas, foto tirada ao meio-dia de hoje.
    Às seis da manhã estava cheio.

    Cá por casa já estão dois. Um vive fechado no quarto o dia inteiro. Só sai quando sente que a costa está italiana lá pela hora do jantar. Mas é a rapariga que teve sorte no meio de tudo isto. Não só conseguiu meter cá toda a familia por duas semanas antes mesmo da Itália decretar o fecho das fronteiras, como na mesma altura conseguiu contrato de trabalho. Agora está por casa, descansada, 24h na companhia do namorado. Relax. Nao tem de ir trabalhar, nao vai ser demitida e vao continuar a pagar-lhe. Encontrou um hobbie dos que duram um tempo indeterminado e ocupam a mente. Mas mesmo que não o arranjasse, tem cá o namorado a viver, sempre lhe faz companhia e algo mais. Mantem contacto com a familia e esta envia-lhe coisas pelos correios. Digamos que podia ser muito mais "chato", se o isolamento fosse maior. 

    Para alguns isto pode ser encarado como uma espécie de férias. Eu continuo a tentar trabalhar o máximo que conseguir. Viro-me agora para o meu segundo emprego.

    Com precauções, sempre.
    A Páscoa está para vir.

    Ao descer as escadas percebi que sentia os joelhos. Também julgo ter a sensação que sinto os pulmões. Pelo sim, pelo não, fiz o "teste" da respiração que encontrei online: Se conseguires respirar fundo e prender a respiração por mais de 15s, quer dizer que ainda não tens o "vírus" porque este, antes de deixar os sintomas aparecerem, prejudica os pulmões.

    Verdade ou mentira, não sei. Mas bati o recorde da minha vida ao manter a respiração presa durante 1 minuto.

    Hoje, quando me aventurei na busca de mantimentos
    A praça pública e as esplanadas estão mais cheias de gente do que o que seria normal num dia de semana. Carrinhos de bebé por todo o lado. O supermercado lotado de bebés. As pessoas não temem o virus. Temem não ter o que comer caso fiquem meses por casa. Fui trabalhar às 2 da manhã. Quando passei pela rua principal, fiquei surpresa ao escutar o barulho de festa, vozes no convívio. Um dos bares ainda estava aberto. Não é comum. No Reino Unido um bar não fica aberto depois das 22, 23h. A uma segunda-feira no meio do caus do Cóvid-19, abriram uma excepção: a malta jovem estava toda reunida cá fora, na esplanada, a beber e a escutar música quase às 2h da manhã.


    Enfim...
    Sem muito mais para se dizer ou fazer, vai-se blogando.

    segunda-feira, 16 de março de 2020

    Dia de sol que esconde desgraças


    É pena que num dia tão bonito como este exista uma ameaça mortal ao virar da esquina.


    E acabei de saber que perdi o emprego.

    sexta-feira, 13 de março de 2020

    Medidas de precaução com o Corona e a ausência das mesmas


    Gostei de ler aqui nos comentários gerais que vocês são da opinião que se deve ter cuidado e adoptar um comportamento de precaução em relação à pandemia do Corona.


    Vir a Portugal tornou-se necessário. Mas já estou de saída.
    Antes de entrar no autocarro que me levou para o aeroporto, mantive-me de luvas calçadas e coloquei a máscara FFP 3 RD no rosto. Não é das cirúrgicas, nem das que não têm válvula. Supostamente é a única capaz de impedir a passagem das partículas realmente perigosas, onde se incluí o vírus Corona.

    Fui o caminho todo com luvas. Coloquei o passaporte aberto na página de identidade dentro de um saquinho transparente com selagem. Porque o fiz? Simplesmente porque me lembrei de o fazer. Quantas mãos tocam naquele passaporte?  Achei uma boa ideia e verifiquei que era prático. Quando isto passar, vou continuar a fazê-lo. 


    Escrevo sobre isto não para falar das precauções que tomei (e fi-lo a pensar nas pessoas à minha volta e nas que ia visitar, não em mim) mas para contar o que observei e também o que senti por parte dos outros por estar a usar uma máscara. 

    Foi muito estranho, estar num dos principais aeroportos de Londres e não ver uma única outra pessoa com máscara no rosto. Desde o chegar, entrar, ficar na fila da companhia aérea para ser atendida, ir para a segurança, passar pela segurança, atravessar o duty free e sentar na área de espera a aguardar a indicação do Portão de partida, não vi uma única alma de máscara que, como eu, usasse uma máscara. Telefonei a uma pessoa e perguntei:

    -"Sabes quem é a única pessoa no aeroporto inteiro a usar máscara?"
    - "Tu".

    Até aquele instante, fui mesmo.
    Depois, ao me dirigir para a porta de embarque, dobrei uma esquina e vi um rapaz sentado, usando uma. Fiquei grata, já não era a única. Chegando à porta de embarque em si e ficando na fila onde estávamos todos coladinhos uns aos outros, a rapariga atrás de mim também apareceu de máscara mas o rapaz à minha frente, que vinha a falar ao telemóvel, não. Sabem que idioma falava? Querem avançar com um palpite?

    Acertaram. Italiano. Pensei cá com os meus botões: não me livro de italianos onde quer que vá. Até no natal, nas duas vezes que andei no metro em Lisboa, foi italiano que escutei na pessoa sentada à minha frente e no casal atrás de mim. 

    O rapaz disse a palavra "Portugal" e aí pareceu-me escutar uma entoação diferente. Nisto ele faz outra chamada e começa a falar português fluente. Mas na versão português-brasil. Portanto, estava diante de uma pessoa provavelmente com pais de nacionalidades diferentes. Um brasileiro e uma italiana? Ele estava a falar com alguém sobre família em itália. 

    Depois de terminar de falar ao telemóvel, ele coloca uma máscara no rosto. Um homem à frente dele também havia colocado uma daquelas máscaras cirúrgicas. Uma vez dentro do avião, ele removeu a máscara algumas vezes. Mantive a minha durante a viagem inteira e até o momento de entrar no carro, já no destino. Não ia arriscar nada, removendo a dita por um motivo qualquer. Nem para comer.

    Quando precisei ser informada sobre as regras da Easyjet no balcão, o rapaz que me atendeu foi um tanto antipático. A minha pergunta era específica e a resposta que me deu, generalista. Quando perguntei novamente tentando fazer-me entender, ele recusa-se a explicar-me de outra forma, repete-se como um disco riscado e dispensou-me com um "próximo!" - acompanhado da total ausência de contacto visual.

    Não tive direito a um "adeus", "faça uma boa viagem", nada. Foi mesmo "vai-te embora".
    Achei que essa antipatia deve ter sido efeito da máscara no rosto. Da estranheza e desconforto que causa nas pessoas. Era a única viajante em todo o aeroporto com uma.

    Segui para a porta de embarque. Lembrei-me que, para sair no meu destino em Lisboa, tenho de fazer a leitura aos olhos/rosto pelas máquinas de scanner. Uma funcionária da segurança estava mesmo ali, não havia nenhum outro passageiro por perto, então aproximei-me dizendo-lhe que estava a usar a máscara a pensar na minha família e perguntei-lhe se, com ela posta, seria possível fazer a leitura de scanner nas máquinas, visto que os olhos continuavam à vista. Ela quis saber qual o meu destino e respondeu-me que só os vôos domésticos (dentro do Reino Unido) usam scanner. Uma nulidade informativa - foi o que pensei. Mas também ela já estava a mover os braços sinalizando para que continuasse viagem e quando avanço, escuto uma gargalhada de uma viajante que entretanto aproximava-se. Não sei se relacionada mas, seja como for, não caiu bem.

    Durante o processo de remover a roupa e colocar os pertences no tabuleiro da máquina de raio-x, tudo foi normal. Nada a relatar. Excepto uma mulher ao meu lado que se virou para mim e disse algo numa língua estrangeira que não entendi e quando lhe respondi: "Desculpe??" ela ficou a olhar para mim uns segundos e foi embora, sem nada dizer. Mas não creio que esse comportamento estivesse relacionado com a máscara.

    Uma vez colocando uma, não se nota que a tens. Eu pelo menos, não sinto qualquer incómodo. Vou confessar que até é agradável. Esteticamente pode parecer horrível mas usar uma é melhor do que imaginava. Permite um respirar mais dinâmico. Não sei se melhor ou pior, mas quando a usei de casa para o emprego para me proteger da poluição, foi quando descobri que chegava ao destino com mais energia do que quando não a colocava.

    Outras pessoas que não revelaram qualquer problema com o uso da máscara foi uma senhora no duty free a vender perfurmes de marca "compre dois leve um terceiro grátis", pela módica quantia de 65 libras cada. Mas não gostei do aroma. Um horror!

    Uma das mulheres que estava a lançar para o ar um brinquedo boomerang que voltava para as suas mãos, a quem me dirigi interessada em saber sobre o mesmo, também falou comigo com naturalidade.

    Mas tirando isso, foram os próprios funcionários da companhia aérea da Easyjet os únicos a causar desconforto à minha viagem. Uma vez dentro do avião, desconhecendo que o uso do telemóvel para gravar vídeo era proibido, achei curioso um detalhe e filmei um bocado do corredor. Não aparece nenhum rosto de passageiro (tenho esse cuidado) e a tripulação só apareceu ao longe. Subitamente uma delas aproxima-se e pergunta: está a filmar? Sim - respondi. Posso ver? Acho que me vi no vídeo.

    Mostrei-lhe, ela "pediu" com autoridade, como se eu fosse uma criminosa que tinha acabado de cometer um delito terrível. "Basicamente é isto" - surgia apenas o meu rosto, parte do corredor... e parei o vídeo. Ela ordenou: "não desligue, mostre-me o resto". E lá mostrei. Enquanto isto acontece, chamando as atenções, ela pergunta-me, sempre num tom agressivo, se sei que é proibido filmar a bordo. Respondi que não sabia. (e não, não é coisa que informem na mensagem audio, não se vêm símbolos informativos antes do embarque, etc, etc). Achei que era bom senso apenas. No youtube encontram-se centenas de vídeos domésticos dentro de aviões e eu, pessoalmente, fartei-me de filmar decolagens. Nunca nenhum assistente de bordo da easyjet mandou-me baixar o telemóvel, exigindo que parasse de fazer um filme.

    Ela mandou-me apagar o vídeo, ordenou que baixasse o telemóvel para ouvir as instruções de segurança. Foi desnecessariamente agressiva no tom. Sabem a doçura, a gentileza que ainda existe na mítica ideia do início dos vôos, quando a Pan-Am era toda gentil com cada passageiro? Pois, isso não existe mais. É como querer ver um dinossauro de volta à vida. Está extinto.

    Antes de ter feito aquele pequeno filme (pode-se fotografar mas não filmar? Estranho...) estava já em posição de descanso, de olhos fechados, pronta a relaxar. Reassumi essa posição e durante a hora seguinte permaneci assim. Geralmente, em todos os vôos que faço, é sempre assim que estou: sentada no meu banco, não me levanto, não chamo um assistente... faço a viagem toda sossegada e sem incomodar ninguém. Mas cada vez que acontece "qualquer interacção", parece que somos imediatamente assinalados como "passageiros problemáticos". A postura dos profissionais é passivo-agressiva por defeito. Em todos os vôos. A simpatia é falsa como Judas. O que lhes interessa é vender, e vender rápido. Têm um gravador que repetem até a exaustão, onde colam entoações de falsa simpatia para agradecer e desejar uma boa viagem ao passageiro que acabou de lhes dar uma comissãozinha por lhe comprar um perfume, uma sandes, uma bebida, etc, etc.

    Eu como sou das quietas, que senta e levanta no final da viagem - não causa problemas mas também não se deixa levar pelas "fabulosas venda de produtos" a bordo, tornei-me o tipo de passageiro que não agrada ao tripulante. Aquele que só viaja. Não compra nada.

    A única interacção que voltei a ter com a tripulante, foi quando passou com o saco para o lixo. Tinha um pequeno lenço de papel e decidi tirar proveito, visto que foi a primeira vez em todas as viagens que fiz com a easyjet, que eles realmente ESPERARAM com o saco aberto na mão, e não passaram a correr, sem dar tempo a ninguém para realmente dar uso ao mesmo. Deve ser por causa do Corona Virus, aposto!

    Mas sabem o que ela fez? Ela estendeu o saco aos passageiros na fila da frente, impedindo assim que eu pudesse colocar o lixo se o saco ficasse ao centro. Eu já estava com o papel na mão erguida, bastava enfiar. Mas ela estendeu os braços com o saco perto do rosto das pessoas na fila da frente e também ao rapaz da mesma fila que eu, mas do lado oposto. Mas não estendeu o saco a mim, que estive o tempo todo de braço erguido. Podia ter atirado o papel para o interior da abertura, mas depois ainda falhava e ela aproveitava-se para me "acusar" de ser precipitada e não esperar. Tive de esperar e ela lá avançou um passo, sem grande vontade, lá colocou a abertura de forma a poder usá-la.

    Achei mesquinho demais mas típico e de se esperar do que hoje em dia é a postura de uma "assistente de bordo". Para o final da viagem, notei que o papel publicitário do assento à minha frente era o único em todo o avião - que pudesse avistar, que estava dobrado. Sabem aqueles papeluchos de publicidade colados no encosto da cabeça? O meu estava todo dobrado para fora. Pode ser cá coisa minha, mas achei que era a forma deles assinalarem uns aos outros os "passageiros problemáticos".

    "Fui marcada" - imaginei, sem me ralar muito.

    Hoje em dia é o passageiro que tem motivos para querer "assinalar" os assistentes de bordo, por toda uma postura agressiva que assumem como piloto automático. A gentileza é tão falsa que causa impressão. O homem ao meu lado, achou que tinha alguma intimidade com a tripulação por trabalhar no aeroporto e disse à hospedeira. "Eu daqui a bocado vou já ter convosco para conversarmos um bocadinho". E eu pensei cá com os meus botões: «Ela deve estar mesmo ansiosa para conversar com um passageiro. Quer mais é ficar lá atrás sossegada. Na sua cabeça já te está a maldizer e já sabe como te despachar». E na verdade, o homem não saiu do seu assento por muito tempo.

    Fiquei a pensar também se o uso da máscara facilitou este tipo de comportamento. Talvez não. Talvez sim. Máscara, luvas... as pessoas são mesmo estranhas. Aqui estávamos todos dentro de uma atmosfera fechada, impossível de controlar, num cenário de pandemia mundial. E era a pessoa a demonstrar mais consideração pelos outros aquela que estava a receber mais olhares.

      

    quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

    Máscaras e o Corona Virus



    Tenho vindo a querer comprar uma coisa para uso próprio e tenho adiado. Inicialmente pensei em adquirir uma daquelas máscaras para motoqueiros, que só deixa à vista os olhos. Mas depressa mudei de ideias, porque as percebi pouco práticas e só me protegeriam do vento frio. Optei depois pelas golas altas, mas também mudei de ideias, eram demasiado caras para a simplicidade e nada dava garantias de que iam ficar seguras acima do nariz, sem escorrerem pescoço abaixo. Para isso, já me basta o gorro do casaco, que hoje ao soltar-se até fez cair ao chão um outro gorro que uso por dentro. Por sorte, dei conta e voltando atrás, foi possível apanhá-lo do chão.  



    Como caminho muito, quase sempre perto de vias rápidas, incomoda-me bastante quando recebo baforadas tóxicas dos tubos de escape dos carros a passar. Pessoas a fumar, a mesma coisa. Mas de há uma semana para cá, tenho andado a tossir, sinto-me mal, tenho uma narina a querer entupir mais que a outra, espirro muito, fico com os olhos inchados, parece que sinto pó nas pestanas e por mais que passe água a sensação permanece. Incomoda-me todo o tipo de "pó" que me chega ao nariz. O pó do café, o pó da madeira lixada todo o fim-de-semana na casa, por o senhorio estar a fazer renovações, o pó no emprego - que é imenso e que, feita parva, decidi passar uma vassoura pelo chão. No dia seguinte, senti as amígdalas inchadas, falhava-me a voz, parecia ter vidro na garganta e estava adoentada. 

    Mas não era início de constipação - como cheguei a temer por o local de trabalho ser frio. Ou melhor: a minha área, que fica perto de portas, é fria, mas cada vez que vou ao WC passo pela zona quente das máquinas de produção. Seria fácil deduzir que a exposição contínua a súbitas alterações de temperaturas resulta no que pode ser o início de uma constipação de inverno. 



    Mas a intolerância ao pó... ao cheiros fortes, já me indica o verdadeiro culpado: POLUIÇÃO. Partículas agressivas na atmosfera.



    E é por isso que decidi. Vou deixar a vergonha para trás - que neste país, a pesar de ninguém usar, usam burkas e outras coisas mais, velhotas pintam o cabelo nas cores do arco-íris, por isso não é caso de estranharem ver uma pessoa na rua a usar uma... máscara respiratória no rosto. 


    Preciso proteger-me destas agressões!!!
    É inacreditável, mas estou muito mais exposta aos perigos da poluição do que um fumador inveterado que vai e volta a todo o lado de carro. Sou fisicamente activa, gosto de andar na rua, mas isso não me traz mais saúde. Pelo contrário: pode tirar-ma. 


    Na busca por uma máscara eficaz e de preferência, de uso múltiplo, calhei ler o que acontece quando se respira demasiado as partículas nocivas. O pulmão pode inflamar. Posso até ganhar cancro. Corro o risco de contrair a Doença Crónica obstrutiva dos Pulmões, que praticamente me retira TUDO aquilo que mais gosto em mim e me define: a minha energia. Acabam-se as caminhadas (se conseguir dar dois passos é muito), acaba-se qualquer esforço. Tudo o que quiser fazer não irei fazer. Vou precisar respirar por garrafas de oxigénio. E ver a vida passar por mim.

    Não quero isso!
    Não mereço isso. 

    Mas estou à mercê, tudo indica que é provável. E o corpo está a dar os seus sinais. 
    É melhor escutar.

    Vergonha? Encabulada?
    Que se lixe!!


    E onde entra o Virus Corona nisto?
    Simples. As máscaras de rosto esgotaram em TODO O LADO. Até online. O preço das mesmas também inflacionou bastante. Esta epidemia foi logo calhar na altura em que eu decidi-me definitivamente pelo uso de máscaras de protecção no nariz, sem me importar com as «aparências». Está tudo esgotado mas ainda se encontram online. Quase todas da China, claro... Foi a única alternativa que tive e acabei por comprar no Ebay uma máscara com respiradoro e de uso contínuo, porque penso que ma vão entregar antes que o fim-de-semana chegue, pois pretendo ir para Londres. 

    Decidi ir passear lá e fui logo escolher ir para a cidade-grande num fim-de-semana de mais chuva e na altura em que o vírus Corona paira ameaçadoramente no ar... Mas não me vai travar. Se ficar em casa, vai ser o terceiro fim-de-semana com o pó das madeiras a correr livre, a vê-lo na mobília que acabei de limpar, na roupa da cama que quero lavar. Não me apetece. Mesmo. O que me apetece é subir ao topo de um edifício alto e olhar para baixo, ver tudo minúsculo, ir a jardins, conhecer locais por onde ainda não passei...

    E por isso, Londres, aí vou eu!

    E vocês?
    Como andam a lidar com esta epidemia?