Por vezes tenho impulsos, gerados pela indignação ou outro sentimento profundo.
E isso leva-me a agir impulsivamente, parece fazer sentido na altura - mas segundos depois, lamento ter agido sem pensar e o meu lado racional toma conta e acalma a ira, a noção de intolerância para com a injustiça.
Uma coisa que me arrependi de fazer - embora não tenha realmente feito nada - é mal a mim mesma. Em várias ocasiões na vida, fustiguei-me devido ao quão profundo estava o sofrimento. Os métodos são tão banais e comuns, que ninguém percebe. Passou por ficar uma década a marcar o rosto com cicatrizes. Mas ninguém percebeu nada, porque essas cicatrizes confundiam-se com acne e eram criadas pelo impulso de espremer os poros durante horas e horas. Davam-me muitos conselhos, mencionavam o estado do meu rosto, mas não percebiam a origem - para mim tão obvia, nem eram capazes de entender que nada ia impedir-me de "tocar no rosto". Tinha-se tornado uma necessidade proporcionada por sentimentos de angústia diários, com origem nas atitudes de algumas pessoas mais próximas e sabia que não ia abandonar-me tão cedo. Mas eventualmente, iria.
As pessoas estão preparadas para escutar "corta-se com uma lâmina" ou "usa um chicote nas costas" - coisas que os filmes mostram. Mas não são tão hábeis para detectar o mesmo em gestos corriqueiros que os filmes não trazem a lume. Até mesmo drogas e álcool - podem ser sintomas de um mesmo problema.
Há poucos dias, sem dar conta, ou melhor, sem pensar e sem ir até ao fim, por impulso comecei a traçar marcas no braço pressionando com força um objecto afiado e movendo-o sobre a pele. Não cortei, só senti a pressão, e mantive-me a fazer isso até que pareceu aliviar a angústia. Não pensei mais no assunto, foi só uma coisa impensada e sem qualquer intenção de ser flagelo. Mas está ali na barreira e só dei conta depois. Quando senti o braço a incomodar-me e surpreendi-me por estar com marcas vermelhas. Vão demorar a desaparecer. Estas não podem ser confundidas com acne. Posso sempre dizer que me arranhei, ao mexer no mato no jardim e no emprego. Aliás, é costume sofrer cortes de lâmina e papel de tanto manusear os instrumentos de trabalho. Ninguém pensa muito nisso e o quanto é impressionante que uma folha de papel possa cortar tão profundamente que te vai sangrar.
O problema é mesmo esse. As pessoas não pensam duas vezes quando se trata de magoar os sentimentos dos outros.
Outro impulso que tive mas logo a seguir fui desfazer, prende-se com algo mais "malvado". Numa ocasião de revolta com o cinismo e malícia cá de casa, pensei comigo mesmo: "vão comer merda!". Estava a sair do WC, incomodada até fisicamente com este ambiente e subitamente pareceu fazer sentido. Cheguei perto de realizar o meu intento, mas depois travei-me. A pensar no absurdo. Eu não sou assim! Eles não iam fazer-me rebaixar a esse ponto.
Por vezes quando continuam este bulling mascarado, por um milésimo de segundo sinto que devia ter ido até ao fim. Que comessem merda, literalmente! Seria cá uma "vingança"!
Alguma vez se vingaram de alguém com requintes de malvadez?
Contem tudo!!!
Quero e preciso saber.
Contem tudo!!!
Quero e preciso saber.
PS: Não dêm muita importância à parte da fustigação, é tão ligeira que só os profissionais classificariam-na como tal.
Contem tudo! Hoje é o Halloween e até caem bem histórias de horror, nojo e medo eheh.