Metereologia 24 h

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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Escassez no Reino Unido: mais uma coisa em falta

 

Há coisa de mês e meio foi a água. Podem recordar neste post. 
Agora sabem o que é?

Tubos para colectagem de sangue!
Aqueles necessários para se fazerem análises. 

Acabei de ligar para o GP (médico) e tive uma consulta (convenientemente online desde que o Covid surgiu). Os sintomas descrevi-os por escrito quando fiz a marcação online na Livo app, três horas antes. Logo de início, a doutora diz-me que tenho dois sintomas distintos e só posso escolher um. Aqui surge a primeira condição que me desagrada neste sistema de saúde: eles focam-se num sintoma apenas. Então se tens muitos, esquece. Precisas de marcar uma consulta para cada um deles. O médico só vai focar-se num. Isso acontecia mesmo antes do Covid, com marcações no hospital.

A médica sugere que escolha o da mentruação - mas eu escolho o segundo - que me preocupa mais. Tem a ver, indirectamente, com o facto de me perguntarem se estou grávida, três dias seguidos, três pessoas diferentes. É aquela situação de "ar nas tripas" que mencionei em algum post anterior. Isso e ir ao WC cada vez que ingiro alimentos, com a agravante destes sintomas não terem passado em mais de um mês, fez-me imaginar que posso estar com algo que precisa ser descoberto. Daí fazer a marcação médica neste que foi o meu primeiro dia de folga em... duas semanas.

Seja como for, a escassez de tubos para análises ao sangue - disse-me ela com o maior à vontade, como se nada de relevante fosse, vai durar até "três semanas", diz ela sem qualquer alteração na expressão facial. O NHS - o sistema Nacional de Saúde do UK, só está autorizado a usar em casos de "life treatning" - risco de vida. 

Eu me pergunto, atónita, como isso pode ser possível.
Digam-me lá.

Expliquem-me porque sou ignorante. 

Se algo semelhante acontecer em Portugal, creio que a primeira coisa que se sabe é o porquê. Faz parte do básico no jornalismo. Aqui não dizem muito porquê. Não se focam nisso. Não gostam de criar "caus", pânico, então são blasés com tudo e simplesmente dizem "não há" "só daqui a quatro a cinco semanas" - como se fosse a coisa mais natural do mundo!

No que se focam é nisto: Dizer que o pessoal médico está a ser vítima de ABUSOS quando telefonam aos pacientes para lhes dizer que não vão fazer testes ao sangue. 

 É que aqui, se refilas, é visto como um hulygan e os que te atendem, mesmo se te provocarem, são uns coitados automaticamente rotulados de "vítimas de abuso" que aqui é levado sério e chamam a polícia se alguém te levantar a voz. Com isto não podes mostrar frustração, irritabilidade, ou és preso por desacato! Nem tanto ao mar nem tanto à terra mas... é uma forma de controlar as massas que, a meu ver, vai contra a liberdade de expressão. 

(Isto está a transformar a sociedade britânica em cordeirinhos comedidos, que, à frente de todos são obedientes, mas que por detrás aprontam das suas e para expressar as suas frustrações consomem cada vez mais drogas leves e pesadas).

Não há um responsável para fazer um inventário de material?

Compreendo quando existiu escassez de luvas, máscaras, gel desinfectante - porque se deu uma pandemia e a necessidade quadriplicou subitamente. Mas tubos para sangue?? Nem foram tão usados devido à pandemia em si! Ninguém podia ir para o hospital a menos que estivesse a morrer. 

Não compreendo. Não esperava tal situação num país desenvolvido como o Reino Unido. Fiquei de boca aberta. Fui pesquisar e a situação não é nova, já dura há duas semanas. 



Duas semanas! Ela disse-me que provavelmente ia poder fazer o teste ao sangue daqui a três. Se for a tomar como exemplo o caso da água - em que me disseram uma semana e foi três, vai demorar dois meses para que todas as pessoas deste país que tenham testes ao sangue para realizar, vejam as suas necessidades correspondidas. 


Os britânicos gozam de boa fama em muitas coisas. Pontualidade é uma delas. É falso. Mas totalmente F A L S O. 

Estão-se a borrifar para a pontualidade. Até para sair não são pontuais. Gostam de sair mais cedo. Vejo pelos jovens. Mal encontram um emprego baldam-se e os adultos são os maiores culpados, por serem indulgentes com este tipo de comportamento. Faz cinco anos que vivo aqui e não tem existido excepção à regra. 

Não são preparados para todas as emergências - ou não existiria falta de um bem essencial como água e tubos para colectar sangue. A única coisa verdadeira sobre os britânicos é aquele poster feito durante a guerra, para acalmar a população caso o país fosse invadido pelos nazis:

Keep calm and... carry on. 


                                          " calma e prossiga"


terça-feira, 17 de março de 2020


Ovos, farinha, carne, peixe, pizzas, amendoins, bolachas, leite, comida pré-congelada, agua engarrafada, comida congelada, vegetais congelados, massas, arroz, produtos de higiene como papel higienico, tampoes, pensos, desinfectantes, produtos de limpeza, fraldas, fórmula para bebé. Acabei de listar tudo o que não se encontra nos supermercados no Reino Unido.

Esquerda: supermercado hoje ao meio-dia.
Direita: as mesmas prateleiras ontem, às 7h da manhã.
Supostamente deviam ter papel higiénico, foi tudo preenchido com chocolates.
É o único artigo que não está a ser comprado.

Sinto-me parva. 
Sou uma pessoa que gosta de armazenar. Mas vivendo numa casa partilhada onde o espaço é limitado, não tenho os hábitos que teria caso vivesse sozinha.

Secção dos legumes congelados
Nao tenho por isso arroz, nem ovos, nem farinha, agua. Papel higiênico tenho porque esse armazeno no quarto, onde o espaço é partilhado comigo apenas. Nao tenho muito mas penso que dará para umas semanas. Mas já nem sei. Da maneira como isto está, talvez este nao volte as prateleiras ou custe ouro.

É tudo uma incógnita.

Prateleira dos pacotes de bolachas, foto tirada ao meio-dia de hoje.
Às seis da manhã estava cheio.

Cá por casa já estão dois. Um vive fechado no quarto o dia inteiro. Só sai quando sente que a costa está italiana lá pela hora do jantar. Mas é a rapariga que teve sorte no meio de tudo isto. Não só conseguiu meter cá toda a familia por duas semanas antes mesmo da Itália decretar o fecho das fronteiras, como na mesma altura conseguiu contrato de trabalho. Agora está por casa, descansada, 24h na companhia do namorado. Relax. Nao tem de ir trabalhar, nao vai ser demitida e vao continuar a pagar-lhe. Encontrou um hobbie dos que duram um tempo indeterminado e ocupam a mente. Mas mesmo que não o arranjasse, tem cá o namorado a viver, sempre lhe faz companhia e algo mais. Mantem contacto com a familia e esta envia-lhe coisas pelos correios. Digamos que podia ser muito mais "chato", se o isolamento fosse maior. 

Para alguns isto pode ser encarado como uma espécie de férias. Eu continuo a tentar trabalhar o máximo que conseguir. Viro-me agora para o meu segundo emprego.

Com precauções, sempre.
A Páscoa está para vir.

Ao descer as escadas percebi que sentia os joelhos. Também julgo ter a sensação que sinto os pulmões. Pelo sim, pelo não, fiz o "teste" da respiração que encontrei online: Se conseguires respirar fundo e prender a respiração por mais de 15s, quer dizer que ainda não tens o "vírus" porque este, antes de deixar os sintomas aparecerem, prejudica os pulmões.

Verdade ou mentira, não sei. Mas bati o recorde da minha vida ao manter a respiração presa durante 1 minuto.

Hoje, quando me aventurei na busca de mantimentos
A praça pública e as esplanadas estão mais cheias de gente do que o que seria normal num dia de semana. Carrinhos de bebé por todo o lado. O supermercado lotado de bebés. As pessoas não temem o virus. Temem não ter o que comer caso fiquem meses por casa. Fui trabalhar às 2 da manhã. Quando passei pela rua principal, fiquei surpresa ao escutar o barulho de festa, vozes no convívio. Um dos bares ainda estava aberto. Não é comum. No Reino Unido um bar não fica aberto depois das 22, 23h. A uma segunda-feira no meio do caus do Cóvid-19, abriram uma excepção: a malta jovem estava toda reunida cá fora, na esplanada, a beber e a escutar música quase às 2h da manhã.


Enfim...
Sem muito mais para se dizer ou fazer, vai-se blogando.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

As prateleiras no supermercado



As prateleiras no supermercado andam vazias de variados artigos.
Mas só esta semana fiquei a pensar no que existe por detrás deste sintoma aparentemente banal.

É que aqui no Reino Unido sempre achei que o comportamento dos retalhistas não é dos melhores. Não lhes parece desadequado manter umas prateleiras vazias de vez em quando em qualquer hora, mesmo nas de maior afluência. Também não parecem ter problemas com o deixarem os carrinhos e carrões com material no meio do caminho, as caixas vazias pelo chão, artigos caidos a torto e a direito, tudo amontoado e sem ordem. 

Por isso passou-me despercebido o facto desta ausência de mantimentos poder estar relacionada com o Brexit



Será que está?
Bom, para um país que importa praticamente tudo, é bem possível. 
Portugal costumava ser diferente mas hoje em dia vai-se aos supermercados e não se encontra produtos nacionais. Legumes, que existiam com fartura, fruta que era em ambudância... Agora as bananas da madeira são raras, pelo que ouvi dizer até a cereja do Fundão este ano anda desaparecida e enfim... vem tudo de fora. Bananas da colômbia e cerejas de Espanha - talvez.



O que acham?
Pensam que o Reino Unido corre risco de ficar mal fornecido de bens de primeira necessidade enquanto tenta sair da UE sem ser afectado?

Deveria Portugal seguir o exemplo e abandonar a Uniao Europeia?


Será o nosso futuro ficar de prateleiras vazias e sem produção própria??