quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Máscaras e o Corona Virus



Tenho vindo a querer comprar uma coisa para uso próprio e tenho adiado. Inicialmente pensei em adquirir uma daquelas máscaras para motoqueiros, que só deixa à vista os olhos. Mas depressa mudei de ideias, porque as percebi pouco práticas e só me protegeriam do vento frio. Optei depois pelas golas altas, mas também mudei de ideias, eram demasiado caras para a simplicidade e nada dava garantias de que iam ficar seguras acima do nariz, sem escorrerem pescoço abaixo. Para isso, já me basta o gorro do casaco, que hoje ao soltar-se até fez cair ao chão um outro gorro que uso por dentro. Por sorte, dei conta e voltando atrás, foi possível apanhá-lo do chão.  



Como caminho muito, quase sempre perto de vias rápidas, incomoda-me bastante quando recebo baforadas tóxicas dos tubos de escape dos carros a passar. Pessoas a fumar, a mesma coisa. Mas de há uma semana para cá, tenho andado a tossir, sinto-me mal, tenho uma narina a querer entupir mais que a outra, espirro muito, fico com os olhos inchados, parece que sinto pó nas pestanas e por mais que passe água a sensação permanece. Incomoda-me todo o tipo de "pó" que me chega ao nariz. O pó do café, o pó da madeira lixada todo o fim-de-semana na casa, por o senhorio estar a fazer renovações, o pó no emprego - que é imenso e que, feita parva, decidi passar uma vassoura pelo chão. No dia seguinte, senti as amígdalas inchadas, falhava-me a voz, parecia ter vidro na garganta e estava adoentada. 

Mas não era início de constipação - como cheguei a temer por o local de trabalho ser frio. Ou melhor: a minha área, que fica perto de portas, é fria, mas cada vez que vou ao WC passo pela zona quente das máquinas de produção. Seria fácil deduzir que a exposição contínua a súbitas alterações de temperaturas resulta no que pode ser o início de uma constipação de inverno. 



Mas a intolerância ao pó... ao cheiros fortes, já me indica o verdadeiro culpado: POLUIÇÃO. Partículas agressivas na atmosfera.



E é por isso que decidi. Vou deixar a vergonha para trás - que neste país, a pesar de ninguém usar, usam burkas e outras coisas mais, velhotas pintam o cabelo nas cores do arco-íris, por isso não é caso de estranharem ver uma pessoa na rua a usar uma... máscara respiratória no rosto. 


Preciso proteger-me destas agressões!!!
É inacreditável, mas estou muito mais exposta aos perigos da poluição do que um fumador inveterado que vai e volta a todo o lado de carro. Sou fisicamente activa, gosto de andar na rua, mas isso não me traz mais saúde. Pelo contrário: pode tirar-ma. 


Na busca por uma máscara eficaz e de preferência, de uso múltiplo, calhei ler o que acontece quando se respira demasiado as partículas nocivas. O pulmão pode inflamar. Posso até ganhar cancro. Corro o risco de contrair a Doença Crónica obstrutiva dos Pulmões, que praticamente me retira TUDO aquilo que mais gosto em mim e me define: a minha energia. Acabam-se as caminhadas (se conseguir dar dois passos é muito), acaba-se qualquer esforço. Tudo o que quiser fazer não irei fazer. Vou precisar respirar por garrafas de oxigénio. E ver a vida passar por mim.

Não quero isso!
Não mereço isso. 

Mas estou à mercê, tudo indica que é provável. E o corpo está a dar os seus sinais. 
É melhor escutar.

Vergonha? Encabulada?
Que se lixe!!


E onde entra o Virus Corona nisto?
Simples. As máscaras de rosto esgotaram em TODO O LADO. Até online. O preço das mesmas também inflacionou bastante. Esta epidemia foi logo calhar na altura em que eu decidi-me definitivamente pelo uso de máscaras de protecção no nariz, sem me importar com as «aparências». Está tudo esgotado mas ainda se encontram online. Quase todas da China, claro... Foi a única alternativa que tive e acabei por comprar no Ebay uma máscara com respiradoro e de uso contínuo, porque penso que ma vão entregar antes que o fim-de-semana chegue, pois pretendo ir para Londres. 

Decidi ir passear lá e fui logo escolher ir para a cidade-grande num fim-de-semana de mais chuva e na altura em que o vírus Corona paira ameaçadoramente no ar... Mas não me vai travar. Se ficar em casa, vai ser o terceiro fim-de-semana com o pó das madeiras a correr livre, a vê-lo na mobília que acabei de limpar, na roupa da cama que quero lavar. Não me apetece. Mesmo. O que me apetece é subir ao topo de um edifício alto e olhar para baixo, ver tudo minúsculo, ir a jardins, conhecer locais por onde ainda não passei...

E por isso, Londres, aí vou eu!

E vocês?
Como andam a lidar com esta epidemia?

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