Hoje um colega estava de volta da tomada de electricidade de um electrodoméstico que a empresa onde trabalho vende. Cheguei perto e perguntei o que fazia.
-"Estás a montar ou a desmontar"? - perguntei, sem saber se fazia consertos em aparelhos avariados, ou se estava a montar um aparelho novo.
Ele mostra-se reticente em revelar muito mas acaba por me mostrar. Todos os electrodomésticos tinham tomada europeia.
"Vem da China" - diz ele.
Como o UK tem tomada de três pinos (lembrem-se, este país quer sempre mostrar-se diferente), os electrodomésticos, "publicitados" ao grande público como "montados manualmente" no Reino Unido, não podem ter tomada europeia!
Trata-se de criar a ilusão de que o consumidor paga mais, mas por um produto diferenciado. Algo nacional, que está a apoiar as empresa locais - não as chinesas.
Tudo ILUSÕES.
Tal como os rótulos dos ingredientes dos alimentos.
(Mas este é outro tema).
Estando o Reino Unido "mergulhado" numa febre de nacionalismo, tudo o que poder ter o rótulo de "nacional", agrada a muitos. Que não se importam de pagar mais por um produto, se o gesto significar estar a contribuir para a economia local, e não estrangeira.
Estão a ser ludibriados!!
No primeiro emprego temporário que tive depois do verão, a firma pertencia a jovens Chineses e fazia exportação de diversos produtos para fora, nomeadamente para a China. Imagino que recorria a múltiplas plataformas online para o fazer.
O que talvez ninguém tenha percepção, é que praticamente todos os produtos exportados daqui do Reino Unido para lá, eram feitos na própria China, país para o qual os re-exportavam!! Depois da importação para o Reino Unido, onde foram colocados à venda nos grandes armazéns como o Harrods, Selfridges, Debenhams, esta empresa Chinesa ia comprá-los a esses armazéns e revendia-os de volta para a China, com um preço mais elevado.
Apanhei muitos recibos dessas compras. Os quais foi-me dito para "deitar fora". O principal produto exportado era modelos de ténis de marca cara, (ver aqui), quase todos Adidas.
Os ténis eram simplesmente adquiridos por estes chineses do Reino Unido nas lojas caras do país - como o Selfridges, em Londres - e são revendidos para o cliente chinês, que certamente tem mais poder de compra e fica todo "contente" por ir comprar algo "estrangeiro de melhor qualidade".
Posso garantir que apanhei muitos recibos de compra desses ténis ainda dentro das caixas e os preços apontavam para quase 200 libras de custo. Claro que, sendo revendidos e exportados, fosse para a China ou outro país qualquer, certamente que o valor cobrado vai com uma boa margem de lucro.
A empresa também exportava peças de roupa - como os casacos da marca The North Face. Vinham em caixas todas bonitas originárias da China. Uma vez chegadas aos armazéns de cá, abriam-se as caixas de papelão, deitava-se todo o conteúdo extra fora, e volta-se a empacotar o casaco, sem cerimónias algumas, numa caixa simples, sem logotipo de loja.
Tudo feito na China, comprado lá, enviado para cá, desempacotados, colocados em embalagens neutras e re-enviados de volta para a China.
Causa-me um pouco de asco. Mas é o mundo capitalista que temos. E é todo Chinês.
Todas as firmas fazem algo semelhante - por mais que "arrotem" termos nacionalistas. Procuram "diluir" a intervenção chinesa na informação passada para o grande público. Seja no rótulo de roupa, seja na embalagem que embala o electrodoméstico de marca nacional.
Agora estou numa empresa britânica, que diz que constrói manualmente os próprios electrodomésticos. E é verdade: vejo-os nas máquinas, a cortar as peças. Mas o que não é dito é que o material em si, vem de onde? Adivinharam: da China.
As partes que eles não compram em "chapa" para cortar, compram já moldadas. Todo o exterior de um electrodoméstico em particular é feito na China. Aqui limitam-se a fazer a pintura. (Por vezes mal). Os restantes electrodomésticos não são montados cá: vêm por inteiros de lá e trocam-lhes as tomadas aqui.
Noutro dia estava a observar através da porta de vidro um colega a testar um electrodoméstico. O que me chamou a atenção não foi isso, mas o enorme caixote de cartão que estava ao lado. Fita adesiva com a palavra "quarentena" colada a toda a volta.
Veio da China - o país que começou a alastrar o vírus CORONA.
O Corona está ativo e a alastrar-se.
Não é um risco menor aos que estão "longe" da China. Porque a China não está longe de lado algum: está em todo o lado.
Nunca ouviu dizer que Deus criou o Céu e a Terra e que o resto é feito na China?
ResponderEliminarDesconhecia. Mas é certeiro.
EliminarNão sei se ria, não sei se choro.
Fico triste.
Tudo!
ResponderEliminarA china tem mais de 1 bilião de habitantes... mão de obra barata... e uma força de produção brutal!
Estamos num mundo global e isso a mim não me incomoda por aí além.
O que me incomoda é a pegada ecológica que o transporte dessa mercadoria deixa. E principalmente por isso tento comprar local - na comida sou bastante rigorosa com isso - às vezes não compro mesmo por não haver nacional - especialmente nos frescos.
Não se encontra produtos nacionais com facilidade. Mesmo querendo fazer isso, só se conhecer alguém que os plante! Cenouras, legumes em geral, fruta... A pegada ecológica vai muuuuito mais fundo. Eu vi. A quantidade de papelão desperdiçado. Só troca de caixas! Toneladas e toneladas. Por dia enchiam-se daqueles contentores para as obras, só com cartão. E tudo o que lá ia dentro, passou para outros cartões. Só desperdício e crimes ambientais.
EliminarAbraço
Tudo vem da China, é verdade, basta ir ao Aliexpress, uma das plataformas deles é encontramos lá coisas à venda em Portugal em lojas caras. Para quê mascarar as coisas?
ResponderEliminarMascaram-se e muito. E já vai para décadas.
EliminarEntramos na EU e tudo mudou (nesse aspecto).