domingo, 13 de outubro de 2019

Um Domingo Produzindo



Este Domingo fui trabalhar.
Não sabia ao certo para que necessitavam de mim. Mas depressa percebi que iam filmar uma espécie de vídeo promocional ao produto que tenho andado a empacotar: Ténis Adidas. 


Além de mim e dos habituais colegas do armazém, precisavam de mais mão-de-obra, e por isso sabia que tinham contactado outra agência de emprego para mandar vir mais umas tantas pessoas. Quando vejo quatro rapazitos a entrar pelo armazém a dentro, penso comigo mesma:
-"São cada vez mais novos! Vêm para aqui ganhar uns tostões extra por não terem escola ao domingo".

Estava enganada. Quando começamos a montar o "cenário", percebo que a coisa não vai correr bem. E sou rápida a mencioná-lo. Um dos rapazes, bem novinho por sinal, apresentou-se e disse-me que ia resultar porque tinham calculado os números. Respondi: "Ainda bem. Eu também!". 

Disse-me que tinham voado diretamente dos Estados Unidos da América propositadamente para fazer aquilo. Com eles, vinha um lamborghini.

lamborghini: carro bem feínho, barulhento e poluente

Afinal, os "putos", não eram o que eu esperava. Eram miúdos com responsabilidades de graúdos, com um trabalho para fazer. Não sei ao certo se algum deles era craque em algum desporto - para estarem a fazer aquilo, ou se simplesmente tinham ligações com a marca e precisavam de divulgar um vídeo promocional num site qualquer.

Virem do longínquo EUA para a chuvosa Inglaterra, onde a luz natural começa a escapar por volta das 16h da tarde, para filmar um vídeo, não deixa de ser curioso. Vi que eram amadores - como quase todos hoje em dia são. Têm um telemóvel e pronto: pensam que este faz tudo. Mas o material profissional faz muita falta. Por não conseguirem tirar um plano de jeito, precisaram de duas horas até se darem por cansados satisfeitos. Pensando bem, acho que não conseguiram tirar nada de muito valor dali. A experiência fez-me recordar outras no passado, em que estive ativamente envolvida na produção de vídeos promocionais e publicitários. Pensei em dar umas sugestões, mas não podia intrometer-me demais. E sinceramente, já faz tanto tempo que andei nessas andanças, que a minha mente já anda esquecida de truques e qual a melhor forma de tirar proveito do que há disponível.

Mas foi divertido e diferente, para variar.

Num toque mais pessoal, comecei a trabalhar neste armazém no pico do meu desgosto emocional. Quando cheguei ao local, vi alguém com o seu tipo físico perto da porta e essa semelhança fez-me projectar algum dissabor para com o indivíduo. Soube de imediato que nem queria falar com ele, nem olhar-lhe na cara. Na altura pensei que deviam ter-me achado antipática e mal educada, porque não passei mesmo cartão a ninguém. 

Ontem proporcionei-me à oportunidade de olhar no rosto do indivíduo. Achei-o atraente. Lembro-me de estar a pensar nisto, olhar para ele, dar um esboço de sorriso como cumprimento e depois entrar no WC, onde um grande espelho mostrou-me a expressão que tinha. Era demasiado séria e feia.

-"Deus! Se é esta a minha expressão facial quando acho acho um homem atraente não admira que me considerem desinteressada!"

Hoje dei-me mais liberdade. Falei com o rapaz e devo dizer que simpatizei com ele. É muito mais  social que o "outro" (o que não é nada difícil), mais educado e mais bonito (também não é difícil). É originário da hungria mas fala num inglês que achei bom e sedutor. Gostei do sorriso, do facto de ser sossegado. Da simpatia no olhar azul. Se não for assim para o "quieto e reservado", geralmente não me chama a atenção. Mas neste tipo, é preciso saber diferenciar quem é seguro de quem é perigoso. A linha é ténue.

Já vos disse que sei que fui embruxada?
Pois então... Falei muito bem com ele e ele comigo. Foi tudo com naturalidade. Sem forçadas, sem momentos esquisitos quando não se sabe o que dizer ou fazer. Até que num certo momento, captei algo no ar e fui ter com ele para lhe perguntar se vai deixar a companhia.

Hoje foi o seu último dia!
Foi embora.

Agora digam lá se sou ou não sou uma pessoa que mal se interessa por outra, esta afasta-se?
É bruxedo. Sei que é!

2 comentários:

  1. No aeroporto no Qatar estavam a sortear Aston Martin no Duty Free.
    Outro mundo.
    Boa semana

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    Respostas
    1. Já de volta a Macau, pedro?
      Por instantes ainda tive essa esperança. Mas sabe? Achei o veículo bem feio. Faço mais o estilo prático e confortável. Sou mais "camião" do que carro de corrida :) Embora adore velocidade, detesto motores ruidosos e cheiro de gasolina queimada.
      Boa semana

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